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Kamilla Dutra Cornel – Fisiologia Animal II – Processos Fermentativos - https://youtu.be/lHorxAWaiDA DIGESTÃO- OS PROCESSOS FERMENTATIVOS • Existem dois tipos distintos de digestões, sendo a digestão glandular e digestão fermentativa. A digestão química acontece por enzimas do próprio animal, a digestão fermentativa acontece por ações de bactérias e outros microrganismos em cima do substrato. Para que esse processo aconteça é necessário que existam compartimentos que favoreçam o crescimento microbiano. Nos animais ruminantes existem os chamados pré-estômagos, que são o rúmen, retículo e omaso. Já em outros animais como o rato, porco e cavalo (monogástricos), não existem pré-estômagos, porém possuem uma região não glandular que se localiza no estômago proximal. Nessas regiões ocorrem algum tipo de fermentação, no entanto essas espécies possuem compartimentos fermentativos após o intestino delgado que são o ceco e o cólon. Esses compartimentos possuem uma grande quantidade de microrganismos, dessa forma é criado um ecossistema. Se tem um ambiente rico em bactérias, fungos e protozoários. Nesse ecossistema uma espécie possui inter-relação com a outra, muitas vezes o resíduo gerado por um microrganismo serve de substrato para outro, isso dá origem a um sistema complexo, tanto no intestino como nos pré-estômagos. Não se conhece muito sobre os protozoários que habitam os compartimentos, porém se sabe que um dos seus papéis é ingerir bactérias para manter um nível populacional equilibrado. Já os fungos são importantes pra digerir a parede celular de células vegetais. O principal substrato que precisa passar pela digestão fermentativa são as fibras. A célula vegetal, diferente da célula animal, possui uma parede celular que é formada pelas fibras, dentre as fibras estão a celulose que ada sustentação, a hemicelulose, a pectina e a lignina, que funcionam como uma espécie de cimento para a celulose. Além das fibras, outros nutrientes que caem nesses compartimentos também estão sujeitos a fermentação, quando os carboidratos ou até mesmo as proteínas caem nesses locais, as moléculas são atacadas por enzimas hidrolíticas, que são originadas dos micro-organismos. Quando esses nutrientes são metabolizados, o produto final são os AGVs (ácido propiônico, butírico e acético), sendo esse último relacionado a produção do gás metano. Esses produtos (AGVs) são substratos energéticos para o animal, então podemos dizer que existe uma relação simbiótica entre os microrganismos e o animal. Nessa relação, o hospedeiro dá condições para o crescimento microbiano enquanto ele se beneficia da energia química contida nos ácidos graxos voláteis. Esse metabólito é capaz de desempenhar o mesmo papel da glicose nos animais monogástricos, e esses ácidos graxos são absorvidos diretamente do epitélio dos pré- estômagos. Apesar dos AGVs representarem a principal fonte de energia dos ruminantes, ele não é a única necessidade nutricional, as proteínas também fazem parte da dieta desses animais, porém diferente do que ocorre com outras espécies, esses animais dependem da proteína de origem microbiana. Esse aproveitamento acontece quando os microrganismos são levados e direção ao abomaso e ao intestino, onde são digeridos. Os microrganismos ainda podem sintetizar proteínas de fontes não proteica de nitrogênio como amônia, ureia e os nitratos. Dentro do rúmen, o conteúdo é dividido de acordo com a fase em que ele se encontra. Na parte mais dorsal fica o conteúdo gasoso originado da fermentação. No meio fica o conteúdo sólido e na parte mais inferior fica o conteúdo líquido. Para que a fermentação ocorra de uma forma eficiente é necessário que aconteça alguns movimentos de regente mistura. São descritos dois tipos de movimentos: as contrações primárias, que são movimentos de mistura que também ajudam na separação se partículas grandes das pequenas, e as contrações secundárias, que consistem em contrações em direção cranial que forçam as bolhas de gás para frente dando origem a eructação. Existe ainda um outro tipo de movimento que é a contração do retículo e o relaxamento da cárdia, e aliado a isso ocorre o movimento da ingesta em sentido oral através do esôfago em direção a boca, ocorrendo assim a ruminação. Os movimentos dos sacos do rúmen vão selecionando as partículas menores e deslocando em direção aos outros compartimentos até que elas alcancem o estômago verdadeiro. Nos filhotes de ruminantes existe uma estrutura chamada goteira esofágica, que é uma invaginação semelhante a uma calha. Essa se localiza na parede do retículo e vai desde a cárdia até o orifício retículo-omasal. Quando estimulada, os músculos da goteira se contraem formando um tubo, sendo assim a função dessa estrutura é direcionar o leite até o omaso para que o leite não caia no rúmen, permitindo que o rúmen se desenvolva de forma adequada e na hora certa. Nos equinos, o ceco e o cólon além das funções de absorção de água e eletrólitos, foram desenvolvidos para fazer fermentação assim como os pré-estômagos, porém o aproveitamento dos nutrientes tem algumas diferenças, já que a ingesta passa primeiro pelo estômago depois pelo intestino, portanto os carboidratos e as proteínas sofrem digestão e absorção antes que cheguem no intestino grosso. No entanto, a digestão glandular de carboidratos nos equinos não é tão eficiente e também as grandes quantidades de fibras ingeridas interferem na digestão desses carboidratos, portanto grandes quantidades de açúcares e amidos acabam chegando no intestino grosso além das fibras. https://youtu.be/lHorxAWaiDA Kamilla Dutra Cornel – Fisiologia Animal II – Processos Fermentativos - https://youtu.be/lHorxAWaiDA Quanto as proteínas, elas sofrem digestão e absorção no intestino delgado, o que significa que os microrganismos não aproveitam as proteínas da dieta, mas por conta de um mecanismo de reciclagem de ureia onde esse composto é jogado no intestino grosso, elas conseguem sintetizar as próprias proteínas. A principal diferença entre equinos e ruminantes quanto ao aproveitamento de proteínas é que os equinos não conseguem aproveitar a proteína de origem bacteriana, então ela acaba sendo eliminada nas fezes. DIGESTÃO GLANDULAR X DIGESTÃO FERMENTATIVA Digestão fermentativa- diversidade de microrganismos (bactérias, fungos e protozoários) INTER-RELAÇÕES. Principais AGVs- Ácido propiônico, butílico e acético (gás metano) ENERGIA. Contrações- primárias (mistura e separação), secundárias, contração do retículo e relaxamento da cárdia (ruminação) Equino- seco e cólon (absorção e fermentação com menor aproveitamento o que nos ruminantes) https://youtu.be/lHorxAWaiDA
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