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Introdução Ela acontece sem infecção, mas com a evolução pode gerar uma infecção. O cavalo tem uma postura de 'andar em ovos' ou muitas vezes de jogar o peso do corpo nos membros pélvicos, pois geralmente a laminite acomete os membros torácicos. As lâminas do casco são estruturas complexas e resistentes. Conseguimos ver o encaixe das lâminas. Cada um dos vilos do epitélio tem outros pequenos encaixes que vão entrando um dentro do outro de forma justaposta criando resistência. O cavalo não apoia a terceira falange no chão, ela fica suspensa dentro do casco através das estruturas das lâminas. https://nionfern.wixsite.com/animalcidadao/single-post/2017/02/12/laminite-o-que-%C3%A9-e-como-tratar Etiopatogenia Existem três tipos de laminites: Laminites relacionadas com infecções- Laminites relacionadas a sobrecarga de peso- Laminites relacionadas a distúrbios metabólicos, ou chamadas de laminites endocrinopáticas.- Nos casos de laminite endocrinopática, existem cavalos que tem uma produção maior de insulina, e com isso ocorre uma mutação do formato dos queratinócitos que ficam na região de lâminas do casco. Esses queratinócitos começam a produzir substâncias que não são saudáveis para a manutenção da integridade do casco. Cavalos obesos, com resistência à insulina tem uma maior predisposição a desenvolver laminite. Algumas situações causam inflamação nas lâminas do casco e interferem na saúde das mesmas, levando ao quadro de laminite, modificando ou diminuindo a irrigação dessas lâminas, que vão entrar em isquemia, vão começar a necrosar e o animal vai perder essa sustentação. Exemplos dessas situações podem ser alterações na dinâmica vascular e microtrombose induzida por endotoxinas. Microtrombose induzida por endotoxinas: Caroline Vieira Laminite - Pododermatite asséptica difusa sábado, 31 de julho de 2021 23:56 Página 1 de Clínica de Grandes https://nionfern.wixsite.com/animalcidadao/single-post/2017/02/12/laminite-o-que-%C3%A9-e-como-tratar Microtrombose induzida por endotoxinas: Alta ingestão de carboidratos > Cavalos que ingerem muito carboidrato podem ter aumento de bactérias produtoras de ácido láctico no ceco, que vão levar a uma redução de pH nesse órgão. Essas bactérias são Gram (+) e devido a esse pH baixo, as bactérias Gram (-) vão começar a morrer, liberando endotoxinas que vão causando lesões na mucosa cecal. Com isso, essas endotoxinas começam a ser absorvidas pela parede do ceco caindo na circulação sanguínea, favorecendo assim a formação de microtrombos. Como a parede do casco possui vasos minúsculos e capilares, esses microtrombos vão parar nesses vasos causando áreas isquêmicas e degeneração das lâminas do casco. Animais que tenham processos patológicos > como pneumonias, problemas gastrointestinais (cólica), metrite, retenção de placenta e outros, terão quadros infecciosos com liberação de endotoxinas devido a proliferação de bactérias Gram (-). Com isso vamos ter a formação de microtrombos que vão cair na circulação causando isquemias e repetindo o processo citado no final do parágrafo anterior. Alterações na dinâmica vascular: Desvios por meio de anastomoses arteriovenosas > temos uma hipoperfusão capilar laminar de determinada região, causando uma necrose isquêmica da lâmina epidérmica e morte tecidual. A irrigação chega pela artéria, vai até o final dos últimos capilares fazendo a irrigação de toda região e volta pela veia. Como fuga, temos a anastomose entre as duas para evitar que, em casos de fluxo grande de sangue, haja sobrecarga da região ou hipoperfusão em alguma outra região. Porém, devido a problemas de infecções, temos uma dilatação da anastomose venosa. Então o sangue que vinha pela artéria e passava para irrigar os tecidos, não consegue passar em quantidade adequada, teremos menos oxigenação na região e a lâmina do casco começa a necrosar, destruindo os entrelaçamentos e causando problemas graves de laminite. Vasoconstrição e edema perivascular > quando temos uma constrição das veias digitais, isso atrapalha o retorno do sangue venoso e acaba extravasando líquido para fora desses vasos. Esse fluido intersticial vai causar edema em uma região que tem pouco espaço para expandir, comprimindo as estruturas localizadas nesse local, diminuindo a vascularização da região, levando a isquemia local, necrose e morte dos tecidos. Destruição da membrana basal ativada por enzimas > os vasos lamelares dilatados carregam os fatores circulatórios responsáveis pela laminite. Quando esses vasos são dilatados ou quando sofrem algum problema, eles liberam essas enzimas que vão causar a lise da membrana basal entre a parede do casco e a falange distal. Vamos ter a perda da proteção, vai diminuir a oxigenação dessa região, inflamação das lâminas causando a laminite. As principais enzimas envolvidas são as metaloproteinases 2 e 9. Provavelmente todos esses fatores agem em conjunto. Em todos as situações citadas acima, teremos posteriormente à necrose, rotação da terceira falange. A partir do momento que as lâminas têm lesão, não tem Página 2 de Clínica de Grandes posteriormente à necrose, rotação da terceira falange. A partir do momento que as lâminas têm lesão, não tem mais a sustentação da terceira falange, então teremos afundamento ou rotação da terceira falange. Fatores predisponentes De maneira geral, qualquer processo infeccioso pode causar laminite. É importante ficar atento em quadros de cólica também, por isso manter um manejo preventivo é importante. Outros fatores predisponentes são: Condições inflamatórias do trato gastrointestinal > cólicas- Sobrecarga de grãos- Retenção de placenta- Metrite- Pleuropneumonia- Sepse- Apoio prolongado de peso em um só membro > sobrecarga de peso- Doença de Cushing > laminite endocrinopática- Classificação da Laminite Subaguda: Sinais clínicos menos graves > o animal fica trocando de apoio com mais frequência- Sem rotação da terceira falange- Aguda: Sinais clínicos graves > não responde tão rapidamente ao tratamento - Pode ocorrer rotação da terceira falange- Crônica: Continuação do estágio agudo- Tem rotação ou afundamento da terceira falange- Sinais Clínicos Laminite aguda: Pulsos digitais aumentados > avaliamos na região de quartela ou boleto > artéria digital lateral ou medial- Mudança de apoio dos membros torácicos > o tempo todo ele troca de apoio- Claudicação > durante a locomoção- Dor > detectada sobre a região da pinça > quando rotaciona a terceira falange ele sente mais dor nesse local- Aumento de temperatura sobre a parede do casco e banda coronária > quando tem laminite crônica com afundamento ou rotação grave, conseguimos identificar que a própria banda coronária está afundada - Laminite crônica (continuação da aguda): Rotação de terceira falange > ou afundamento- Abscessos de sola Página 3 de Clínica de Grandes Abscessos de sola- Afundamento de banda coronária- Estufamento da sola > pode acontecer quando tem rotação de terceira falange > esse osso pode até perfurar o casco em casos mais graves - Podemos ver linhas de estresse de crescimento do casco > muito evidentes em laminite endocrinopática- Em casos graves, sem manejo adequado, o casco pode cair inteiro- https://www.criacaodecavalos.com.br/laminite-equina-informe-se Graduação de OBEL para gravidade da claudicação Vamos classificar de acordo com a clínica do animal. Vamos avaliar em repouso primeiro, tentamos retirar os membros dele do chão e depois vamos ver ele andando. Com isso vamos classificar nas seguintes graduações: Grau 1 > em repouso, o equino suspende o membro de forma alternada e incessante (fica trocando de apoio), geralmente em intervalos de poucos segundos. A claudicação não está evidente ao andar, mas um andamento forçado é notado ao trote. Esse cavalo vai ter aumento de temperatura e pulso no casco. - Grau 2 > equino se move prontamente ao andar, mas o andamento é artificial >tipo pisar em ovos. O membro pode ser erguido do solo sem dificuldade > o animal permite o manuseio do membro. - Grau 3 > o equino se move com relutância e resiste vigorosamente à tentativa de manter o membro erguido do solo > ele não aceita retirar o membro de apoio do chão. - Grau 4 > o equino se nega a movimentar-se e não o fará a não ser que seja forçado.- Diagnóstico Sinais clínicos + radiografia Os sinais clínicos são fundamentais para o diagnóstico da laminite. Só os sinais clínicos podem ser usados para o diagnóstico da enfermidade, mas para diagnosticar a gravidade, é necessário a radiografia. Para fazer essa radiografia, vamos apoiar o membro para deixá-lo em posição mais adequada. É necessário colocar uma referência, pode ser uma linha de metal ou pasta de contraste, para evidenciar o casco. Essa referência é importante par auxiliar as mensurações de rotação ou afundamento no exame radiográfico. Página 4 de Clínica de Grandes https://www.criacaodecavalos.com.br/laminite-equina-informe-se Cálculo do grau de rotação da terceira falange: Vamos traçar uma linha paralela em relação a parede do casco, uma linha paralela à superfície dorsal da terceira falange e uma linha paralela ao solo. Vamos medir as duas angulações formadas entre as três linhas, e subtrair uma angulação pela outra. Diferença acima de cinco graus já é considerado grave. https://www.cavalosdosul.com.br/artigos/saude/laminite-o-que-e-e-como-tratar?/artigo/laminite-o-que-e-e-como-tratar Outro tipo de mensuração que pode ser feita durante a radiografia para verificar se há rotação da terceira falange é a distância entre a parede do casco e a superfície dorsal da terceira falange. Vamos traçar duas linhas paralelas entre si, uma passando sobre a parede do casco e a outra sobre a terceira falange. Vamos traçar três linhas para medir a distância entre esses três pontos selecionados e os três valores obtidos devem ser bem próximos. Em raças mais conhecidas como manga larga e quarto de milha, esperamos que a distância seja de aproximadamente 18mm. Venografia: Vamos utilizar o raio x contrastado para saber como está a integridade da irrigação do casco. Quando temos essa irrigação comprometida, o contraste não vai chegar aos vamos mais distais do casco. Para esse exame, geralmente fazemos duas projeções: lateromedial e dorsopalmar. Além de auxiliar no diagnóstico, a venografia tem um efeito terapêutico. Quando injetamos o contraste, a pressão exercida por ele auxiliar na desobstrução de microvasos para melhorar a circulação local. Geralmente utilizamos 20mL de contraste omnipaque > vamos fazer um garrote na região de boleto com o auxílio de uma liga de smarch, deixando bem garroteado > vamos colocar um scalpe em uma veia lateral > vamos tirar um pouquinho de sangue (10mL se for possível), e injetar o contraste com seringa de 10mL >> não usar a de 20mL pois a pressão é muito grande > vamos colocar um PRN ou uma pinça no scalpe e correr para fazer as projeções para evitar que haja absorção do contraste. Podemos utilizar um bloqueio anestésico em nervo digital palmar lateral e medial para dar um conforto ao animal. Página 5 de Clínica de Grandes https://www.cavalosdosul.com.br/artigos/saude/laminite-o-que-e-e-como-tratar?/artigo/laminite-o-que-e-e-como-tratar palmar lateral e medial para dar um conforto ao animal. https://docplayer.com.br/113374801-A-venografia-digital-no-diagnostico-de-laminite-em-cavalos.html Tratamento O tratamento tem alguns objetivos: Prevenir o desenvolvimento da laminite- Reduzir a dor > animal com dor crônica vai ter dificuldade em se alimentar adequadamente e terá liberação de corticoide que pode agravar o quadro de laminite - Evitar o dano laminar permanente - Melhorar a perfusão digital > levar irrigação para os tecidos que estão com hipoperfusão- Prevenir a rotação da terceira falange- Tratamento: AINES > fenilbutazona, flunixim e cetoprofeno- DMSO > anti radicais livres > atua como anti-inflamatório e auxilia as medicações a ultrapassarem as barreiras como a hematoencefálica Um problema dele é a redução da meia vida dos antibióticos○ Pode ser feito diluído a 8% ou no máximo 10% em solução fisiológica > 1g/kg de peso○ - Terapia vasodilatadora > esperamos que tenha um aumento da irrigação na região de casco Acepromazina > 0,05mg/kg/TID SC ou IM○ Isoxsuprina > 1,2mg/kg/BID > manipulada em farmácia humana○ Nitroglicerina > como se fosse um adesivo que colocamos sobre as artérias e veias digitais palmar e laterais > vamos fazer a tricotomia, colar os adesivos, passar uma faixa e deixar por 24h ○ - Crioterapia > gelo > bastante utilizada como preventivo ou naqueles casos de laminite subaguda que está iniciando > vamos fazer uma terapia vasoconstritora > vamos preparar botas ou cochos com gelo e vamos manter o animal por até 48h com os cascos mergulhados no gelo até a altura do boleto Animais que fizeram cirurgia de cólica são ótimos candidatos a essa crioterapia.○ Aqueles que já tem a laminite instalada, com rotação ou afundamento de terceira falange, não devem ser submetidos a esse tipo de tratamento > não tem resultados positivos ○ - Terapia anticoagulante Aspirina > 10 a 20mg/kg VO em dias alternados - Página 6 de Clínica de Grandes https://docplayer.com.br/113374801-A-venografia-digital-no-diagnostico-de-laminite-em-cavalos.html Aspirina > 10 a 20mg/kg VO em dias alternados○ Heparina > 40 a 80 UI/kg IV ou SC > TID ou BID > mais cara e mais difícil de administrar corretamente a aplicação, pois é feita por várias vezes ao dia ○ Suplementação com metionina e biotina > melhora a qualidade e quantidade do crescimento do casco > importante na recuperação > muito importante nos casos de laminite crônica No tratamento de uma laminite crônica onde temos rotação ou afundamento, vamos precisar corrigir essas alterações com casqueamento, então quando mais rápido e mais saudável esse casco crescer, mais rápido vamos conseguir corrigir essas alterações na terceira falange - Bio Hoof ou Kerabol- Cuidados com os cascos: Aparar a pinça da parede do casco em 15 a 20º > vamos desgastar a ponta da pinça o máximo possível para reduzir o máximo da resistência quando ele fizer o movimento do andar Reduz força de sustentação sobre a parede dorsal do casco○ Diminui o alçamento necessário para o Breakover > breakover é o momento em que o animal tira o membro do solo para dar o passo ○ Diminui a tensão sobre o TFDP durante o Breakover > quanto maior a tensão sobre esse tendão, maior o agravamento da rotação da terceira falange ○ - Drenar abscessos de sola > explorar a sola do casco pois muitas vezes tem perfuração da sola que permite a entrada de bactérias e formam os abscessos Botinhas podem ser necessárias ○ - Cama das baias: Cama alta e confortável > mínimo 20cm > se a baia tiver suja ou for uma cama baixa, o animal não deita- Não forçar o animal a andar > restringir a movimentação do animal- Permanecer em decúbito pode ser benéfico > quando o animal deita, ele tira a pressão sobre os membros e auxilia na melhora do quadro - Tratar escaras > passar antisséptico para melhorar a situação do local- Ferraduras - Órteses ortopédicas: Papel importante no tratamento de laminites crônicas - Precisamos de uma ferradura que dê suporte para o dígito todo e dê conforto para o animal caminhar Ferraduras com barra em formato de coração > possui um apoio para a ranilha○ Ferraduras invertidas com palmilhas > coloca a parte da frente para trás, deixando um pequeno vão > quando o cavalo se movimentar a relação do breakover vai ser melhor ○ Ferraduras com barra em formato oval > vai distribuir o peso no casco○ Sistema de sustentação de dígito > colocamos um taco de madeira - Página 7 de Clínica de Grandes Sistema de sustentação de dígito > colocamos um taco de madeira○ Órteses possuem um salto > isso ajuda a aliviar a tensão sobre o TFDP elevando o talão-Podemos fazer botinhas gessadas com silicone na sola para a pisada ficar mais macia- Isopor > pode ser utilizado no início da laminite aguda- Tratamento cirúrgico: Desmotomia do ligamento cárpico acessório Diminui a tensão sobre TFDP > laminite crônica moderada de baixo grau○ - Tenotomia do TFDP > não teremos mais o tendão puxando e a rotação da terceira falange vai parar Mais eficaz nos casos de laminite crônica○ - Sulcagem coronária > quando o animal pisa, tem uma força que reverbera pra cima e fazendo a sulcagem, bloqueamos essa força e aceleramos o crescimento do casco - Prognóstico Grau de rotação de falange Favorável > até 5,5º○ Desfavorável > mais que 11,5º ○ - Graduação de Obel > grau 4 é desfavorável, diferente do grau 1 que é favorável- Danos nas lâminas do casco não são completamente reversíveis Ficam mais susceptíveis a novos episódios > principalmente se for laminite endocrinopática○ - ______________________________________________________ Página 8 de Clínica de Grandes
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