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4ª PEÇA AÇÃO DECLARATÓRIA - ESTÁGIO IV

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4 ª PEÇA – AÇÃO AÇÃO DECLARATÓRIA COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA
AO JUÍZO DA VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO DE JANEIRO
	SUPERMERCADOS CARRINHO CHEIO LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ n.º 45.486.777/0001-10, com sede na Rua X, n.º 0, X, Rio de Janeiro/RJ, CEP: 00000-000, com endereço eletrônico XXXXX, neste ato representado por seu sócio devidamente qualificado no contrato social em anexo (anexo 01), vem, por sua advogada regularmente constituída por instrumento de mandato em anexo, com escritório profissional situado à XXXX, onde receberá as intimações relativas ao feito, propor, com fundamentação nos art. 19 c/c art. 300, do CPC: AÇÃO DECLARATÓRIA COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA em face da UNIÃO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL, pessoa jurídica de direito pública, inscrita no CNPJ sob o nº xxxxxxx, com endereço XXXXX, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:
I - DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO
	Informa que o caso não comporta a aplicação do art. 334, §4º, II, CPC, por se tratar de direito que não admite transação ou composição sem autorização legal específica, como se pode extrair do teor do art. 171, CTN, por isso, deixa a parte de se manifestar sobre seu desejo na realização da mesma.
II - DOS FATOS
	A parte autora é sociedade empresária, cujo objeto social é a venda de mercadorias, e procede rigorosamente com o recolhimento de todos os tributos que incidem sobre sua atividade, dentre os quais estão o ICMS — recolhido mensalmente pelo Estado do Rio de Janeiro — e o PIS e COFINS, arrecadados e fiscalizados pela Receita Federal do Brasil e incidentes sobre o faturamento. Contudo, ocorre que a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e COFINS onera excessivamente o contribuinte, gerando uma sobrecarga fiscal para a empresa, já que o valor pago para o Estado à título de ICMS não deveria ser considerado como faturamento para fins de cálculo das mencionadas contribuições.
III - DO DIREITO
	O autor ingressa com a presente demanda para pleitear o seu direito de não ser compelido ao recolhimento das contribuições mensais de PIS e COFINS, com a incidência na base de cálculo dos valores referentes ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias – ICMS, considerando que o direito vindicado já foi objeto de apreciação pelo Egrégio STF sob a sistemática dos casos repetitivos e com repercussão geral, presente no Tema 69 e decidido no RE nº 574.706, que firmou a seguinte tese: “O ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da COFINS”. 
	Sobre a matéria, após amplo debate, o Supremo Tribunal Federal fixou tese no sentido favorável a pretensão autoral, aduzindo que o ICMS não compõe a base de cálculo das aludidas contribuições. A questão foi decidida em 15.03.17, no RE 574.706/PR, de relatoria da Min. Carmen Lúcia, com repercussão geral reconhecida. De acordo com o precedente, a inclusão do ICMS na base de cálculo das referidas contribuições leva ao entendimento equivocado de que os sujeitos passivos desses tributos faturariam ICMS, o que não ocorre.
	Assim, enquanto o montante de ICMS circula por suas contabilidades, os sujeitos passivos das contribuições apenas obtêm ingresso de caixa de valores que não lhe pertencem. Ou seja, tais quantias não se incorporam ao patrimônio dos sujeitos passivos das contribuições, sendo destinadas ao tesouro dos Estados ou Distrito Federal. Nesse sentido, a parcela correspondente ao ICMS pago não tem natureza de faturamento (nem mesmo de receita), mas de simples ingresso de caixa, não podendo, portanto, compor a base de cálculo do PIS e da COFINS. Vale conferir a ementa do julgado:
“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL. EXCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E COFINS. DEFINIÇÃO DE FATURAMENTO. APURAÇÃO ESCRITURAL DO ICMS E REGIME DE NÃO CUMULATIVIDADE. RECURSO PROVIDO.
1. Inviável a apuração do ICMS tomando-se cada mercadoria ou serviço e a correspondente cadeia, adota-se o sistema de apuração contábil. O montante de ICMS a recolher é apurado mês a mês, considerando-se o total de créditos decorrentes de aquisições e o total de débitos gerados nas saídas de mercadorias ou serviços: análise contábil ou escritural do ICMS. 2. A análise jurídica do princípio da não cumulatividade aplicado ao ICMS há de atentar ao disposto no art. 155, § 2º, inc. I, da Constituição da República, cumprindo-se o princípio da não cumulatividade a cada operação. 3. O regime da não cumulatividade impõe concluir, conquanto se tenha a escrituração da parcela ainda a se compensar do ICMS, não se incluir todo ele na definição de faturamento aproveitado por este Supremo Tribunal Federal. O ICMS não compõe a base de cálculo para incidência do PIS e da COFINS. 3. Se o art. 3º, § 2º, inc. I, in fine, da Lei n. 9.718/1998 excluiu da base de cálculo daquelas contribuições sociais o ICMS transferido integralmente para os Estados, deve ser enfatizado que não há como se excluir a transferência parcial decorrente do regime de não cumulatividade em determinado momento da dinâmica das operações. 4. Recurso provido para excluir o ICMS da base de cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS.” 
(RE 574706, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 15/03/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-223 DIVULG 29-09-2017 PUBLICA 02-10-2017)
	Dessa forma, não restam dúvidas sobre a ilegalidade de se incluir na base de cálculo das contribuições de PIS e COFINS os valores que são destinados para arrecadação do ICMS, que não podem ser considerados como faturamento, por isso manifesto o interesse do autor de obter um provimento declaratório que delimite a obrigação de arrecadação das ditas contribuições com a exclusão mencionada.
IV - DA TUTELA DE URGÊNCIA
	Considerando que Supremo Tribunal Federal fixou tese no sentido favorável a pretensão autoral, aduzindo que o ICMS não compõe a base de cálculo das aludidas contribuições, por meio do RE 574.706/PR, de relatoria da Min. Carmen Lúcia, com repercussão geral reconhecida e que o recolhimento a maior causa a cada mês um prejuízo para o autor e um enriquecimento sem causa para o réu, restam presentes os requisitos do art. 300, CPC para a concessão da medida, a fim de permitir que seja assegurada a suspensão da exigibilidade na forma do art. 151, V, CTN, a fim de garantir que o autor possa recolher mensalmente as ditas contribuições sem o valor do ICMS mensal e não sejam submetidas aos efeitos do inadimplemento.
V - DOS PEDIDOS
1. Concessão da tutela de urgência ante a presença dos requisitos autorizadores a fim de suspender a exigibilidade do crédito tributário, na forma do art. 151, V, CTN;
2. Citação do réu para, querendo, contestar a demanda, sob pena de revelia, declarando o autor seu desinteresse em realizar audiência de conciliação ou mediação na forma do art. 319, VII, CPC;
3. Procedência dos pedidos para declarar o direito do autor de recolher PIS e COFINS sem a inclusão dos valores pagos a título de ICMS na base de cálculo, tornando definitiva a tutela deferida;
4. Condenação do réu na devolução das custas do processo e honorários sucumbenciais, na forma do art. 85, § 3º, CPC;
5. Produção de todos os meios de prova;
Dá-se a causa o valor de R$ xxxx,xx.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Rio de Janeiro, 25 de agosto de 2021
Dafne Guimarães Pinheiro
OAB XXXX (Matrícula: 2016330102)