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Compreendendo a Dor: Classificação e Características


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Stephane Bispo @vidadefisio_study 
 
Introdução 
Segundo a Associação Internacional para o Estudo da 
Dor (IASP), a dor pode ser definida como uma 
“experiência sensorial e emocional desagradável, 
associada a uma lesão tecidual, efetiva ou potencial, ou 
descrita em termos de tal lesão”. Observe que em cada 
dor, podemos observar quatro particularidades: 
✓ A Nocicepção, que permite detectar o estímulo 
nóxico. 
✓ A Percepção, que consiste na forma como o 
organismo sente o estímulo 
✓ O Sofrimento 
✓ O Comportamento 
Estas características surgem sempre na dor mas em 
proporções diferentes consoante o tipo, no entanto, 
torna-se necessário saber que existe um limite, abaixo 
do qual a dor não é sentida, sendo conhecido por limiar 
da percepção, e existe também um limite, acima do 
qual a dor se torna insuportável designado de limiar de 
tolerância. 
Toda experiência dolorosa se inicia nos neurônios 
sensoriais primários, também conhecidos como 
nociceptores, especializados em conduzir a informação 
dolorosa desde a periferia até o SNC, particularmente 
para a medula espinhal. Quando estes neurónios são 
ativados, enviam um sinal através das suas longas 
fibras até à medula espinal e em seguida para o 
cérebro, onde a dor é experienciada. 
Após a detecção de um estímulo nociceptivo, 
ocorre uma série de eventos tanto elétricos como 
químicos. A primeira etapa é a transdução, onde a 
energia do estímulo externo é convertida em 
atividade eletrofisiológica. Qualquer que seja a 
natureza do estímulo, este provoca de imediato 
uma mudança no potencial de membrana. Por 
consequência vai ocorrer uma alteração 
membrana à permeabilidade de íons surgindo 
uma onda de despolarização/repolarização, que é 
transmitida unidirecionalmente ao longo da 
membrana da célula nervosa, desde a periferia até 
ao SNC. 
 
 
 
Os neurônios de primeira ordem são classificados 
em três grandes grupos, segundo seu diâmetro, 
seu grau de mielinização e sua velocidade de 
condução: Fibras Aβ, Fibras Aδ e Fibras C. Uma vez 
instalado o estímulo nociceptivo, diversas 
alterações neuroendócrinas acontecem, 
promovendo um estado de hiperexcitabilidade do 
sistema nervoso central e periférico. 
Na segunda fase, ocorre a transmissão, onde a 
informação codificada é transmitida através da via 
medula espinhal para o tronco encefálico e 
tálamo. Finalmente, as ligações entre o tálamo e 
centros corticais superiores procedem ao controle 
da percepção e da resposta de integração afetiva 
à dor. 
Padrões da Dor (Classificação) 
Quanto ao processo: 
➢ Dor Nociceptiva 
➢ Dor Neuropática 
➢ Dor Nociplástica 
Dor Nociceptiva 
• Resultada pela ativação de nocioceptores; 
• Apresenta um dano real ou potencial em 
terminações nervosas; 
• Não há comprometimentos estrutural ou funcional 
das vias neurológicas somatossensoriais. 
Dor Neuropática 
• Comprometimento das vias neurológicas 
somatossensitivas; 
• Sensações de choque, queimação, alfinetadas, firo. 
Podem ocorrer prurido, paresetesias, dormência; 
 Dor 
Stephane Bispo @vidadefisio_study 
• Exame neurológico da sensibilidade com certa 
alteração. 
Dor Nociplástica 
• Nocicepção alterada, sem preencher critérios para 
a nociceptiva ou neuropática. 
• Ausência de lesões teciduais evidentes. 
Quanto a Origem: 
➢ Dor somática 
➢ Dor visceral 
➢ Dor neuropática 
Dor Somática 
• Relacionada com a pele e sistema 
musculoesqueléticas; 
• Pode ser superficial ou profunda; 
• Facilmente localizada; 
• Normalmente pior ao movimento; 
• Normalmente com intensidade alta. 
Dor Visceral 
• Mal localizada; 
• Pode seguir trajeto dos dermátomos. 
Dor Neuropática 
• Características Variáveis; 
• Sensação de choque, queimação, facada, 
formigamento, calor, frio; 
• Síndrome dolorosa complexa regional (Dor 
intensa, Associada com atividade anormal do SNA) 
Quanto a duração: 
➢ Dor Aguda 
➢ Dor crônica 
➢ Dor recorrente 
Dor Aguda 
• Curta duração (minutos ou semanas); 
• Função protetora e de alerta; 
• Desaparece quando tratada; 
• Mais facilmente localizada; 
• Compromete momentaneamente o indivíduo. 
Dor Crônica 
• Longa duração (meses ou anos); 
• Persiste após a cura da lesão (dor é a doença); 
• Perda da função protetora; 
• Compromete as atividades laborais, sociais e 
comportamentais; 
• Separada do evento causador. 
Dor Recorrente 
• Se repete com frequência; 
• Pode persistir por toda a vida; 
• Diagnóstico difícil. 
Quanto ao local onde é percebida: 
➢ Dor Localizada 
➢ Dor Referida 
➢ Dor Irradiada 
Dor Localizada 
• Percebida no local onde há estimulo Doloroso; 
• Característica depende do estímulo e fibra 
nervosa. 
Dor Referida 
• Percebida em áreas distantes do local da lesão; 
• Dores viscerais podem se apresentar em outros 
locais (sinapses das fibras nervosas da dor visceral 
com dor cutânea); 
• Dermátomo ou formação embrionária. 
Dor Irradiada 
• Acometimento do nervo espinhal ou craniano; 
• Percebida no território de inervação da raiz 
nervosa acometida. 
Dor – Origem Psicossomática 
• Fonte psicossomática da dor; 
• Aflição emocional produz sintomas físicos; 
• Persiste por breves períodos ou anos. 
Avaliação da Dor 
Ela é realizada desde o primeiro dia em que o 
doente se queixa da dor e repete-se ao longo de 
toda a duração do tratamento. Existem alguns 
elementos chave aos quais é preciso dar extrema 
importância, tais como: localização, descrição, 
intensidade, duração, fatores de alívio e 
agravamento. 
Quando se procede à avaliação da dor não se deve 
negligenciar a explicação do paciente sobre o 
padrão, intensidade e natureza da mesma, pois 
devido ao seu carácter subjetivo só o paciente 
consegue descrever a verdadeira forma como ela 
é sentida. As escalas existentes para a avaliação da 
dor podem ajudar na eficácia da intervenção pelos 
profissionais de saúde. 
Stephane Bispo @vidadefisio_study 
Uma das escalas utilizadas é Escala Visual 
Analógica (EVA), que utiliza-se uma linha 
horizontal de 10 cm de comprimento, onde num 
extremo temos a situação sem dor e no outro 
extremo temos a pior dor imaginável, os doentes 
avaliados devem assinalar nesta escala um ponto 
que represente a intensidade da sua dor, havendo 
uma equivalência entre a intensidade da dor e a 
posição assinalada. 
 
Fisiologia da Dor 
• O mecanismo do SN para detectar se estímulos 
são potencialmente nocivos são importantes 
• Respostas protetoras contra danos, ou 
possíveis danos, incluindo comportamentais, 
são geradas 
• Ações reflexas e/ou preventivas 
Estímulos → Terminação nervosas/ Receptor sensitivo 
→ Impulso nervoso → Encéfalo → Integração dos 
impulsos → Sensação/ DOR → Resposta 
Terminações Nervosas 
Tipos 
• Mecanorreceptor 
• Fotorreceptor 
• Quimiorreceptor 
• Termorreceptor 
• Nociceptor - Nocere = prejudicar 
 
 
• Motoras ou eferentes 
• Sensitivas ou aferentes 
o São receptores das diferentes formas de 
sensibilidade 
o Receptores especiais: órgãos especiais do 
sentido 
o Receptores gerais: ocorrem em todo o 
corpo e podem ser livres ou encapsulados 
• Receptores 
o Latim recipere – receber 
o Tecidos nervosos especializados, sensíveis 
a uma determinada alteração 
Fisiologia da dor 
Nocicepção 
• Processo sensorial desencadeado 
Dor 
• Percepção de um sentimento ou sensação 
Nociceptores 
• Terminações nervosas livres que convertem 
estímulos em estímulos nervosos 
Fases 
• Transdução 
• Transmissão 
• Modulação 
• Percepção 
 
 
 
 
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Célula 
• Considerada eletricamente neutra (potencial 
de repouso) 
• Externo - carga positiva (Na+) 
• Interno - carga negativa (K+) 
• ddp = +/- -70mV 
• Impulso nervoso 
• Reversão do potencial da membrana (-70 mV 
+30mV) 
 
Nociceptores 
• São os neurônios do SNP responsáveis pela 
detecção e transmissão dos estímulos 
dolorosos 
• Alto limiar e baixa sensibilidade 
• Fibra nervosa do nociceptor 
• Fibras C 
o Amielizadas, pequeno diâmetroo Impulso nervoso mais lentificado 
o 2m/seg. 
• Fibras Ad 
o Ligeiramente mielinizado, maior diâmetro 
o Impulso nervoso mais rápido 
o 20m/seg. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Stephane Bispo @vidadefisio_study