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Direito Constitucional III | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 1 O art. 5º da Constituição Federal dispõe: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Portanto, os destinatários da proteção são TODAS as pessoas, físicas ou jurídicas. ¨ Quanto a abrangência dos direitos e garantias fundamentais: No art. 5º, estabelece que todos são iguais perante a lei, mas é um rol meramente exemplificativo. O caput, faz referência expressa somente dos brasileiros e os estrangeiros residentes no País. Contudo, o STF vem acrescentando, mediante interpretação sistemática: ® os estrangeiros não residentes (turistas, por exemplo); ® os apátridas; e ® As pessoas jurídicas. 1. Do direito à vida Previsto de forma genérica no art. 5º, caput, abrange tanto o direito de não ser morto, de não ser privado a vida, portanto, o direito de continuar vivo, como também o direito de ter uma VIDA DIGNA. É o mais fundamental de todos, é um pré- requisito à existência e exercício de todos os demais direitos. ® Sobre o direito de não ser privado a vida: é proibido a pena de morte, salvo em caso de guerra declarada (art. 84, XIX, CF). ® Quanto a vida digna, a CF garante as necessidades vitais básicas do ser humano e proíbe qualquer tratamento indigno, como a tortura, trabalhos forçados / cruéis etc. A análise ao direito à vida e seus desdobramentos enaltece o “desacordo moral razoável”, ou seja, leva a amplas discussões. Há a inexistência do consenso. Temas importantes na doutrina: 1. Células-tronco embrionárias (ADI 3. 510); 2. Interrupção da gravidez nos casos de feto anencefálo (ADPF 54) 3. Interrupção voluntária da gestação no primeiro trimestre (GC 124.306). 4. Distanásia, eutanásia, suicídio assistido e ortotanásia. 2. Princípio da Igualdade O art. 5º, caput da CF, consagra serem todos iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. ® Prevê a igualdade de aptidão, igualdade de possibilidade virtuais, ou seja, tratamento idêntico pela lei. E no inciso I, dispõe que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações. Direitos Individuais e Coletivos Direito Constitucional III | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 2 Vale dizer, que não se deve buscar somente a igualdade formal, mas, principalmente, a igualdade material. Para a igualdade substancial, utiliza-se o princípio da isonomia: Tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades. Em diversas hipóteses a CF se encarrega de aprofundar sobre o tema, por exemplo: a) art. 3º, I, III, IV, b) art. 4º, VIII; c) entre outros. Em outras situações, é o próprio constituinte que estabelece as desigualdades, por exemplo, em relação à igualdade entre homens e mulheres em direitos e obrigações: a) art. 5º, L: condições às presidiárias para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação. b) Art. 7º, XVIII e XIX: licença maternidade e licença- paternidade. c) Art. 143, §§1º e 2º: serviço militar obrigatório. Além dessas e de outras hipóteses expressamente previstas na CF, a grande dificuldade consiste em saber até que ponto a DESIGUALDADE NÃO GERA INCONSTITUCIONALIDADE. A cerca do assunto, três questões devem ser observadas a fim de se verificar o respeito ou desrespeito ao princípio da isonomia. 1. O elemento tomado como fator de desigualação; 2. Correlação logica abstrata existente entre o fator erigido em critério discrímen e a disparidade estabelecida no tratamento jurídico diversificado. 3. Consonância desta correlação logica com os interesses absorvidos no sistema constitucional e destarte juridicizados. Os tratamentos normativos diferenciados são compatíveis com a Constituição Federal quando verificada a existência de uma finalidade razoavelmente proporcional ao fim visado. A tríplice finalidade limitadora do princípio da igualdade. ® A limitação ao legislador: No exercício de sua função constitucional de edição normativa, não poderá́ afastar-se do princípio da igualdade, sob pena de flagrante inconstitucionalidade. Assim, normas que criem diferenciações abusivas, arbitrárias, sem qualquer finalidade lícita, serão incompatíveis com a Constituição. ® O intérprete/autoridade pública: Não poderá́ aplicar as leis e atos normativos aos casos concretos de forma a criar ou aumentar desigualdades arbitrárias. ® O particular: Não poderá́ pautar-se por condutas discriminatórias, preconceituosas ou racistas, sob pena de responsabilidade civil e penal, nos termos da legislação em vigor. Direito Constitucional III | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 3 ¨ Ações afirmativas: três importantes precedentes da suprema corte Servem de parâmetros para a aplicação das denominadas discriminações positivas. O constituinte tratou de proteger certos grupos que, a seu entender, mereceriam tratamento diverso. Devido a realidade histórica de marginalização e hipossuficiência de outros fatores. ® Medidas de compensação. Primeiro: COTAS RACIAIS. Segundo: o PROUNI. Terceiro: LEI MARIA DA PENHA. ¨ Princípio da igualdade e limitação de idade em concurso público: A proibição genérica de acesso a determinadas carreiras públicas, tão somente em razão a IDADE do candidato, é INCONSTITUCIONAL. ® Trata de uma discriminação abusiva. Art. 7º, XXX da CF: proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil. Mas vale dizer que as hipóteses em que a limitação de idade se possa legitimar como imposição de natureza e das atribuições do cargo a preencher. ® Súmula 683 do STF. CNJ: entendeu incabível a fixação de idade máxima de 45 anos, como requisito para o ingresso na magistratura. ¨ Tratamento isonômico entre homens e mulheres: art. 5º, inc. I da CF. Na interpretação do art. torna inaceitável a utilização do discrímen sexo, sempre que o mesmo seja eleito com o proposito de desnivelar materialmente o homem e mulher. Aceitando, porem, quando a finalidade pretendida for atenuar os desníveis. ® Art. 7º, XVIII e XIX: cláusula pétrea. ® Art. 40, § 1º; ® Art. 143, §§ 1º e 2º; ® Art. 201, § 7º. Importante: todos os artigos que tratam de direitos e garantias são considerados cláusulas pétreas. Não podem ser restringidos, somente ampliados. Critério para admissão de concurso público: é inconstitucional se o critério de admissão considerar sexo. 1. Art. 5º, I e Art. 39, §3º. Critério para admissão de emprego: Lei nº 9.029/ 95, proíbe a exigência de atestado de gravidez e esterilização e outras praticas discriminatórias.