Buscar

Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente - art 218-A do Código Penal

Prévia do material em texto

C A P Í T U L O I I - D O S C R I M E S S E X U A I S C O N T R A V U L N E R Á V E I S
CRIMES CONTRA A
DIGNIDADE SEXUAL
Satisfação de lascívia mediante presença
de criança ou adolescente 
(Art. 218-A, Código Penal)
Tutela-se a vulnerabilidade, em matéria
sexual, do menor de 14 anos e sua moral
sexual. A vulnerabilidade do tipo tem marco
objetivo e dura até o menir completar 14 anos,
não bastando para afastá-la sua iniciação na
atividade sexual.
Praticar, na presença de alguém menor
de 14 (quatorze) anos, conjunção carnal
ou outro ato libidinoso diverso: o agente
faz sexo (em sentido lato) na presença
do vulnerável, sem, no entanto, induzi-lo
a presenciar (ex.: em um cinema, com
um menor de quatorze na poltrona ao
lado, um casal pratica sexo oral). A
finalidade especial deve estar presente:
a satisfação da própria lascívia ou a de
outrem; 
Induzir alguém menor de 14 (quatorze)
anos a presenciar conjunção carnal ou
outro ato libidinoso diverso: nesta
hipótese, o agente convence a vítima a
presenciar o ato. A finalidade especial
(satisfação da lascívia) deve estar
presente. 
Trata-se de tipo penal misto alternativa.
Portanto, se, em um mesmo contexto
fático, o agente pratica o delito em suas
duas formas, ocorrerá um único crime.
Núcleos do tipo: 
Sujeito ativo: qualquer pessoa, homem ou
mulher, inclusive na modalidade conjunção
carnal, afinal, o que se pune é a prática do ato
sexual na presença do vulnerável. É possível
o concurso de pessoas, quando todos os
envolvidos na prática sexual tem consciência
de que o menor está presente, ou quando
todos participam do induzimento. É essencial
que o agente tenha consciência de que a
vítima é menor de 14 (quatorze) anos.
Sujeito passivo: é a pessoa menor de 14
(quatorze) anos, do sexo masculino ou
feminino. Os demais vulneráveis, do art. 217-
A, § 1o, não foram abrangidos pelo dispositivo.
Vítima corrompida: pouco importa o histórico
sexual da vítima. Ainda que se prostitua,
sendo menor de 14 (quatorze) anos, ocorrerá
o crime, caso ela venha a presenciar o ato
sexual por dolo do agente.
C A P Í T U L O I I - D O S C R I M E S S E X U A I S C O N T R A V U L N E R Á V E I S
Elemento subjetivo: é o dolo, com a especial
finalidade de satisfação da lascívia (própria
ou de outrem). Por ser crime formal, pouco
importa se a lascívia foi satisfeita ou não. No
momento em que o menor presenciar o ato
sexual, o delito estará consumado. Ademais,
não se pune a forma culposa. Por isso, se os
pais, por descuido, deixam a porta do seu
quarto aberta, e o menor presencia o casal
fazendo sexo, não haverá a prática do delito.
CRIMES CONTRA A
DIGNIDADE SEXUAL
Circunstâncias alheias à vontade do indutor
impedirem que ela presencie a prática
libidinosa.
Classificação: Crime comum, formal, de forma
livre, instantâneo, comissivo (em regra),
unissubjetivo e plurissubsistente.
Pena: Reclusão, de 2 a 4 anos.
Vítima que presencia o ato por webcam: não
vejo como afastar a prática do delito do art.
218-A nesta hipótese. Se alguém convence
uma pessoa, menor de 14 (quatorze) anos, a
assistir conjunção carnal ou ato libidinoso
diverso por transmissão em vídeo, pela
Internet, é evidente que o objeto jurídico
tutelado (a dignidade sexual) será atingido.
Por outro lado, caso a vítima, criança (menor
de doze anos), seja convencida a se expor, de
forma pornográfica (ex.: strip-tease), diante
da webcam, desde que presente a finalidade
especial (intenção de praticar ato libidinoso),
o crime será o do art. 241-D, II, do ECA. 
Consumação: Em qualquer de suas
modalidade, o crime consuma-se com a
prática da conjunção carnal ou outro ato
libidinoso na presença da vítima, o menor de
14 anos, fazendo-se necessário, também, que
o ato tenha potencialidade para abalar
psíquica ou moralmente o ofendido.
Tentativa: Só se vislumbra em relação a
modalidade induzir, e se verifica quando,
realizadas pelo agente manobras com o fim
de induzir a vítima, esta não se deixar
convencer ou, ainda, quando já convencida
Quando a finalidade do agente for praticar na
presença de criança ato sexual, o crime não
comporta tentativa, pois, tendo iniciado a
prática de qualquer ato lascivo, consumado 
 estará o crime. Se for impedido enquanto se
prepara para a prática, não terá ultrapassado
atos preparatórios.
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28003202/artigo-241d-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91764/estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-lei-8069-90

Continue navegando