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Resumo da Malu – 2020.2 Sinalização Celular da Insulina Via da Insulina • Bioquímicos reconhecem a via da insulina como resultado de fosforilações sucessivas de enzimas-alvo por PTNs quinases • O alvo da fosforilação, normalmente é outra proteína quinase que na sequencia fosforila uma terceira proteína quinase, e daí por diante • O resultado é uma cascata de reações que amplifica muito o sinal inicial, chamada de cascatas MAPK (mitogen-activated protein kinases ou proteínas quinases ativadas por mitógenos) • O mitógenos são sinais que atuam do lado externo da célula para induzir mitose e divisão celular Sinalização Comandada pela Insulina • Através desse tipo de mecanismo a insulina pode: - Afetar a atividade de enzimas existentes (ação rápida) - Modular a expressão genica alterando as quantidades de certas enzimas (ação mais lenta) → Ação sobre a atividade de enzimas existentes: 1. Ativação da fosfodiesterase de AMPc: • Muitos dos efeitos metabólicos da insulina, especialmente os que ocorrem rapidamente, são mediados por alteração da atividade enzimática de proteínas atarves de reações de fosforilação e desfosforilação • Em alguns casos, a insulina diminui os níveis intracelulares de AMPc ativando a fosfodiesterase de AMPc, diminuindo assim o estado de atividade da PTN quinase dependente de AMPc • Essa é uma das formas da insulina de alterar a atividade de enzimas como a glicogênio sintase (enzima chave da glicogênese) e da fosforilase de glicogênio (enzima chave da glicogenólise) • A insulina atua de forma contrária ao glucagon • O glucagon é um dos hormônios contra-regulatórios da ação da insulina • No fígado, para reverter uma situação de hipoglicemia associada a um estado de jejum prolongado, o glucagon pode se ligar à sua proteína receptora de membrana promovendo uma mudança alostérica na mesma • Essa mudança alostérica, é propagada para a proteína Gs que está ligada a esse receptor • A proteína Gs é formada pelas subunidades alfa, beta e gama, inicialmente ligada ao GDP • Com a mudança conformacional sofrida, a subunidade alfa se separa das outras, perde afinidade pelo GDP e se associa ao GTP • Dessa forma, a subunidade alfa associada ao GTP percorre a membrana plasmática até encontrar e se associar com a enzima adenilato ciclase, promovendo sua ativação • Uma vez ativada, a adenilato ciclase começa a catalisar a conversão de ATP em AMPc • Os níveis intracelulares de AMPc aumentados provocam a ativação da proteína quinase A, e essa enzima ativada promove a fosforilação da fosforilase de glicogênio e do glicogênio sintase • Após fosforilada, a fosforilase de glicogênio fica ativada, ativando a glicogenólise para produção de glicose hepática, afim de reverter a hipoglicemia • Após fosforilada, a glicogênio sintase é inibida, dessa forma, a glicogênese também fica inibida • Assim, ativando a glicogenólise e inibindo a glicogênese, que são vias metabólicas antagônicas, o glucagon pode atuar para reverter a hipoglicemia • A insulina, uma vez secretada, realiza a ação oposta ao glucagon • Uma das formas de promover isso, é através da ativação da fosfodiesterase de AMPc, que promove a degradação do AMPc • Como o AMPc é o mensageiro secundário utilizado pelo glucagon para promover suas ações no meio intracelular, ao degradá-lo a insulina consegue interromper e reverter esse processo 2. Ativação de proteínas quinase não-dependentes de AMPc: • Em outros casos essa ação pode ser independente de AMPc, sendo exercida pela ativação de certas proteínas quinases como no caso do receptor de insulina que é uma tirosina quinas e Resumo da Malu – 2020.2 • O receptor de insulina é uma proteína quinase especifica de tirosina • O receptor de insulina ativo é formado por: » 2 cadeias alfa idênticas: - Localizadas na face externa da membrana plasmática - Contém o domínio ligante de insulina » 2 subunidades beta transmembrana: - Possui terminações carboxila na sua extremidade que se estendem para dentro do citosol - Seus domínios intracelulares contém a atividade de proteína quinase que transferem um grupo fosfato do ATP para o grupo hidroxil de resíduos de tirosina de proteínas alvo específicas • A sinalização através do receptor de insulina começa quando a ligação da insulina às cadeias alfa, ativa a atividade de tirosina quinase das cadeias beta • Cada monômero alfa-beta fosforila 3 resíduos de tirosina críticos próximos do terminal carboxila da cadeia beta de seu parceiro no dímero • Essa autofosforilação, abre o sitio ativo de forma que a enzima pode fosforilar resíduos de tirosina de outras proteínas-alvo 3. Inibição de proteínas quinase via PI-3K-PKB: • A ação da insulina também pode ocorrer de forma rápida pela inibição de outras proteínas quinases • Após a ligação da insulina e a autofosforilação do seu receptor de membrana, esse receptor de insulina ativado pode fosforilar resíduos de tirosina de outras proteínas- alvo, e uma dessas proteínas-alvo, é o substrato 1 do receptor de insulina (IRS-1) • Após fosforilado em seus resíduos de tirosina, o IRS-1 se liga ao PI-3K (enzima fosfoinositídeo-3-quinase) através de seu domínio precedente SH2 • Uma vez ativada através dessa ligação, a PI-3K irá converter o lipídeo de membrana PIP2 (fosfatidilinositol 4,5-difosfato) em PIP3 (fosfatidilinositol 3,4,5-trifosfato) • Quando ligado ao PIP3, a PKB (proteína quinase B) é fosforilada e ativada por uma outra proteína quinase, que é a PDK1 (piruvato desidrogenase quinase 1) • A PKB ativada, fosforila resíduos de serina ou treonina em suas proteínas-alvo, uma das quais é a GSK3 (glicogênio sintase quinase 3) • Em sua forma não fosforilada ativa, a GSK3 fosforila a glicogênio sintase, inativando-a e contribuindo para a diminuição da síntese do glicogênio • Quando fosforilada pela PKB, a GSK3 é inativada, dessa forma, esse processo impede a inativação do glicogênio sintase no fígado e nos músculos esqueléticos, e a cascata de fosforilação de proteínas iniciada pela insulina estimula a síntese de glicogênio • Nos músculos, a PKB dispara o movimento do GLUT-4 (transportador de glicose), de vesículas internas para a membrana plasmática, estimulando a absorção de glicose do sangue 4. Estimulação da atividade de fosfoproteínas fosfatases: • A insulina é capaz de exercer sua ação de forma rápida pela ativação de fosfoproteínas fosfatases • Fosfoproteínas fosfatases – são capazes de manter a glicogênese ativa através da desfosforilação direta do glicogênio sintase que tenha sido fosforilada e inativada no momento adequado • Enzimas cuja atividade é influenciada pela ação da insulina: Resumo da Malu – 2020.2 → Ação sobre a expressão gênica: • Através dos seus mediadores nucleares, a insulina é capaz de afetar processos nucleares específicos 1. Afeta a transcrição de genes: • Isso pode ocorrer através da regulação da síntese de RNAm • É dessa forma, que a síntese da PEPCK (fosfoenolpiruvato carboxiquinase), uma importante enzima regulatória da gliconeogênese, é diminuída pela insulina, inibindo o funcionamento dessa via metabólica • Via Grb2-Sos-Ras-MAPK 2. Efeitos na embriogênese, diferenciação, crescimento e replicação celular: • A insulina é capaz de estimular a proliferação de certo numero de células em cultura • Fibroblastos cultivados, são as células mais usadas nesses estudos • Isso ocorre, pois nos fibroblastos a insulina potencializa a capacidade que certas substancias, como o fator de crescimento de fibroblastos e o fator de crescimento derivado de plaquetas, possuem para a estimulação da progressão do ciclo celular quando essas células ficam presas na fase G1 do ciclo pela privação de soro • A potencializaçãoda ação desses compostos no desenvolvimento celular parece estar associada a similaridade entre os receptores de insulina e os receptores desses compostos, visto que ambos apresentam atividade de tirosina quinase » Regulação da expressão gênica pela insulina: • O receptor de insulina de liga à insulina, disparando uma mudança conformacional que permite a autofosforilação de resíduos de tirosina nos domínios carboxi terminais das subunidades beta • Com isso, o receptor de insulina fica apto a fosforilar o IRS-1, que uma vez fosforilado em seus resíduos de tirosina, o IRS-1 torna-se o ponto de nucleação para um complexo de proteínas que carrega a mensagem do receptor de insulina a alvos finais no citosol e núcleo, através de uma longa série de proteínas intermediarias • Primeiro, um resíduo de fosfotirosina no IRS-1 é ligado pelo domínio SH2 da proteína Grb2 • A Grb2 contém um segundo domínio ligante de proteína, que é o SH3, que se liga a regiões ricas em resíduos de prolina • A Grb2 se liga a uma região rica em prolina da Sos, recrutando Sos para o complexo em crescimento • Quando ligada à Grb2, a Sos catalisa a substituição do GDP ligado na Ras por GTP • A Ras é uma das proteínas de uma família de proteínas ligantes de guanosina (proteínas G) que medeiam uma ampla variedade de transduções de sinais • Quando o GTP está ligado, a Ras pode ativar a proteína quinase Raf1, a primeira de três proteínas quinases, Raf1, MEK e ERK, que formam uma cascata na qual cada quinase ativa a próxima através de fosforilação • A proteína quinase ERK é ativada pela fosforilação de um resíduo de treonina e um de tirosina • Quando ativada, a ERK ela medeia algum dos efeitos biológicos da insulina, entrando no núcleo e fosforilando proteínas como a Elk-1, que modula a transcrição de cerca de 100 genes regulados pela insulina • A proteína Raf1, MEK e ERK são membros de 3 famílias grandes, para as quais várias nomenclaturas são empregadas • ERK: - Membro da família MAPK - Logo após a descoberta da primeira MAPK, descobriu- se que tal enzima era ativada por uma outra proteína quinase, que foi chamada de MAP-quinase-quinase • MEK: - Membro da família MAP-quinase-quinase (MAPKK) • Raf1: - Família MAP-quinase-quinase-quinase (MAPKKK) - Logo após descobrir que uma terceira quinase ativava a MAP-quinase-quinase, deu-se a ela o nome de MAP- quinase-quinase-quinase • As quinases das famílias MAPK e MAPKKK são especificas para resíduos de serina ou treonina • A quinase da família MAPKK fosforila um resíduo de serina e um de tirosina em seus substratos MAPK • Esse esquema complexo, permite que um receptor ativado ative varias moléculas de IRS-1, amplificando o sinal da insulina e ele prepara para a integração de sinais de vários receptores, que podem fosforilar o IRS-1 • Além disso, devido ao fato de o IRS-1 poder ativar qualquer uma de várias proteínas que contenham os domínios SH2, um único receptor atuando através de IRS-1 pode disparar uma ou mais vias de sinalização • A insulina afeta a expressão genica através da via Grb2- Sos-Ras-MAPK e o metabolismo do glicogênio através da via PI3K-PKB » RNAs mensageiros regulados pela insulina: • Mais de 100 RNAs mensageiros específicos são afetados pela insulina Resumo da Malu – 2020.2 • Esse efeito da insulina envolve enzimas contidas nas células, enzimas e proteínas secretadas, proteínas envolvidas no processo reprodutivo e proteínas estruturais • Vários órgãos ou tecidos estão envolvidos • O efeito ocorre em muitas espécies • A regulação da transcrição de genes para a formação de RNAs mensageiros específicos pela insulina, já está bem estabelecida e como um meio de modular a atividade enzimática, ela se iguala aos processos de fosforilação e desfosforilação em importância • Proteínas intracelulares – síntese de ácidos graxos, fosfoenolpiruvato carboxiquinase, glicerol-3-fosfato desidrogenase, piruvato quinase, e glicoquinase • Proteínas secretadas – albumina, amilase e hormônio do crescimento 3. Afeta a tradução do RNAm: • Consequentemente, afeta a síntese geral de proteínas em diversos órgãos, incluindo o fígado, tecido adiposo e musculatura esquelética • A insulina ativa uma via de proteína quinase que resulta na ativação do fator 4E de iniciação da tradução em eucariontes (eIF-4E) → esse fator é essencial para a etapa limitante do fluxo na síntese de proteínas → Ação sobre o apetite: • A insulina atua em receptores específicos no hipotálamo para inibir o ato de comer, regulando assim a alimentação e a conservação de energia • A ligação da insulina aos seus receptores do núcleo arqueado dessa glândula endócrina influencia o apetite • Os receptores de insulina nos neurônios orexigênicos do núcleo arqueado do hipotálamo, inibem a liberação do neuropeptídeo Y (NPY) • Esses neurônios são estimuladores de apetite e exercem essa função produzindo e liberando o NPY, que faz com que o próximo neurônio no circuito envie o sinal ao cérebro para o individuo se alimentar • Em jejum, os níveis de NPY no sangue está aumentado • Já os receptores de insulina dos neurônios anorexigênicos, supressores de apetite dessa glândula, estimulam a produção do hormônio estimulador de alfa-melanócito (alfa-MSH), diminuindo a ingestão de combustível e aumentando a termogênese • O MSH é formado a partir do seu precursor polipeptídico pró-opiomelanocortina (POMC), a liberação desse neurônio faz com que o próximo neurônio nesse circuito envie sinal ao cérebro para o individuo parar de se alimentar • A insulina não trabalha sozinha na inibição do ato de comer, sua ação sobre esses neurônios é potencializadora da ação do hormônio leptina sobre o apetite • A leptina é produzida e liberada pelo tecido adiposo para provocar uma inibição do apetite do individuo quando as reservas de gordura do organismo são reestabelecidas após a ingestão de alimentos • A sinalização neuronal desses dois hormônios está interligada (“crosstalk”) devido à similaridade dos seus receptores e a utilização de mensageiros secundários comuns • É a ação conjunta da leptina com a insulina que mantem um perfeito acoplamento entre a ingestão alimentar e a termogênese, resultando na estabilidade do peso corpóreo