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Parlendas cantigas de roda e brincadeiras

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Parlendas, cantigas de roda e brincadeiras
	
É necessário compreender o processo de alfabetização a partir de usos e valores da leitura e da escrita. A leitura e a escrita possuem uma existência social. Desse modo, seus usos e funções não podem ser desconsiderados pela escola, pois alguém só aprende a ler e escrever porque entende o para quê e o porquê faz isso. Para que o indivíduo (aluno) descubra as funções da língua escrita – registrar, transmitir, obter conhecimentos, comunicar ideias, fatos, sentimentos e divertir – é preciso criar situações em que a escrita seja usada funcionalmente, com finalidades que se assemelhem aos usos que lhe são atribuídos no dia-a-dia de uma sociedade letrada. Assim, mais do que ler, é necessário leiturizar, ou seja, compreender o processo de alfabetização a partir de usos e valores da leitura e da escrita. Propõe-se, entretanto, deixar a criança fascinada pela leitura e pela escrita, a fim de que como leitor e como escritor, possa escrever com maior plenitude seus direitos e deveres de cidadão. [...] É no brincar, e talvez apenas no brincar que a criança ou o adulto frui a liberdade de criação. No brincar, a criança expressa suas emoções e necessidades, utilizando sua sensibilidade e intelecto. A brincadeira é a forma própria de a criança dar sentido ao mundo. Ela é mediadora da relação criança/mundo. Através da brincadeira, a criança poderá penetrar em textos, cabendo, dessa forma, ao professor experimentar as mais variadas formas de linguagem. As cantigas de roda, as parlendas e as brincadeiras apresentam-se como recurso para a leitura “lúdica” (os jogos) e para a introdução da criança no mundo da leitura. As parlendas contêm, de certa forma, um enunciado lúdico pedagógico pela sua forma, ritmo, desenvolvendo o aspecto psicossocial da criança, pois a sua linguagem é simples e atraente. Em contato com as parlendas, a criança poderá dar os primeiros passos para a comunicação verbal. A convivência com as parlendas, as cantigas de roda e as brincadeiras, remete a criança a uma relação com a linguagem lúdica (os jogos) e poética. Vê-se dessa forma que, ao trabalhar “as parlendas” em sala de aula, o professor coloca a criança em contato com o saber popular, esse popular que muitas vezes é imprescindível no avanço da Literatura Infantil, pois, muitos dos clássicos da Literatura Infantil “nasceram no meio popular (ou em meio culto e depois se popularizaram em adaptações)” Nelly Novaes Coelho; p. 20, 1982. Pode-se dizer que o primeiro contato que a criança tem com a poesia ocorre no berço, através das cantigas de ninar e prosseguir com as cantigas de roda e quadrinhas populares. Os jogos de palavras, as nomatopéias, as repetições e as rimas contidas nessas cantigas nas parlendas agradam muito às crianças. Através da repetição, a criança memoriza quadrinhas e canções inteiras, muitas vezes sem entender-lhes o significado, pois o que importa nesse momento é a sonoridade, a cadência e o ritmo dessas composições (parlendas). Fica evidente que parlendas, cantigas de roda podem ter um papel importante no processo de alfabetização, não só pela sua familiaridade com o discurso da criança, mas também porque permite à criança conquista de linguagem. Estudos realizados por Emília Ferreiro. “A criança não vivencia o processo de alfabetização como uma sucessão de conquistas, mas como uma experiência de conflitos”. Logo, não se pode pensar a alfabetização sem considerar a criança sujeito cognoscente – alguém que constrói, interpreta e dá significados ao que lê. Se a leitura do signo linguístico implica a leitura do mundo que esse signo nomeia, o processo de alfabetização passa a ser entendida como um “tomar posse” do mundo através da linguagem escrita. Restabelecendo o elo entre ler e escrever, a aprendizagem torna-se centro do processo sujeito de sua escrita e do seu dizer. Fica evidente que desse modo, é importante perceber a importância do papel que a Literatura pode desempenhar para os seres em formação. Daí a necessidade da Literatura Infantil junto ao processo de alfabetização, pois a mesma poderá alegrar, divertir ou emocionar o espírito de pequenos leitores ouvintes, levando-os de maneira lúdica, fácil, a perceberem e a interrogarem a si mesmos e ao mundo que os rodeia, orientando seus interesses, suas aspirações, sua necessidade de autoafirmação ou de segurança, ao lhes propor objetivo, ideias ou formas possíveis (ou desejáveis) de participação social. Ao se estudar a história das culturas e o modo pelo qual elas foram sendo transmitidas de geração para geração, verifica-se que, na transmissão de seus valores de bases, a literatura foi o seu principal veículo literatura oral ou literatura escrita foram as principais formas pelas quais recebeu-se a herança da tradição que cabe transformar, tal qual foi feito anteriormente, com os valores herdados e, por sua vez, renovados. É preciso que seja instrumento de fundamental valor para uma nova concepção de alfabetização, a qual leve em consideração o referencial trazido pela criança, através das canções, quadrinhas, etc. Portanto, faz-se necessário um passeio pelo universo infantil (mundo das fadas), oportunizando à criança vez e voz, a fim de que ela viva a leiturização na sala de aula.

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