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Artigo teste - formacao escolar x desigualdade social

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O papel da escola na formação do individuo frente à problemática das desigualdades sociais
Inicialmente, cumpre ressaltar que a escola exerce dois papéis fundamentais na sociedade: socializar e democratizar o acesso ao conhecimento e promover a construção moral e ética nos estudantes.
Esses dois papéis compõem a formação de pessoas críticas, engajadas, conscientes e com potencial de transformação de si mesmas e da sociedade.
Nesse sentido, temos que a escola é o ambiente primário da socialização fora da família, sendo um dos espaços primordiais para a construção da personalidade de cada um. Assim sendo, cada indivíduo que ingressa nesse ambiente, tem a oportunidade de construir as próprias opiniões, compartilhar ideias e, em último lugar, formar a própria personalidade.
A socialização escolar é fundamental para desenvolver a autonomia na criança, que aprende a reproduzir as relações sociais e, a partir da convivência, consegue construir seu próprio modo de pensar e existir em sociedade. É esse trabalho que levará à formação de indivíduos críticos. Destarte, resta evidente que o papel da escola é fundamental na formação do cidadão, sendo essencial para o bom funcionamento da sociedade. 
Ocorre que, não é possível falar de educação como papel fundamental na formação do indivíduo sem citar a problemática de acesso a ela em nosso país. Com a extensão do nosso território, bem como as características intrínsecas de sua formação, como miscigenação, histórico escravocrata, etc., o cenário de desigualdade social ainda é muito presente na realidade e afeta a inserção na educação.
A desigualdade social é elemento cada vez mais presente no cotidiano das cidades brasileiras. Este fenômeno tem se caracterizado como marca dos grandes centros urbanos, que são capazes de congregar, em uma mesma localidade, diferentes grupos sociais com interesses econômicos, políticos e sociais antagônicos[footnoteRef:1]. [1: Social inequality and brazilian educational system: the urgency of the emancipatory education - Raquel Souza Lobo; Antonio Filho.] 
O sistema educacional, fruto de um processo histórico, configura-se no bojo das relações sociais e de produção, que dividiram e ainda dividem a sociedade em grupos econômicos distintos e, ainda mais, estabelece uma relação entre classes sociais diversas.
Partindo da concepção de que a sociedade capitalista se estrutura a partir das relações de produção, a relação entre os indicadores educacionais e a desigualdade de renda deve ser prioridade em uma análise acerca da desigualdade social e os níveis educacionais da população.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)[footnoteRef:2] revelam um alto índice de evasão escolar no Brasil. A desigualdade de renda também se configura como parte dos índices de defasagem idade/ série. Regiões como o Norte e o Nordeste (duas regiões que concentram o maior número de pobres e miseráveis no país) são as que apresentam um número maior de pessoas na situação de defasagem escolar. Mesmo no caso daquelas regiões consideradas mais ricas, como é o caso do Sul e Sudeste, os índices de defasagem são altos.[footnoteRef:3] [2: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/21255-analfabetismo-cai-em-2017-mas-segue-acima-da-meta-para-2015 ] [3: https://www.ibge.gov.br/indicadores.html ] 
A evasão escolar também é uma realidade neste contexto e ela está, muitas vezes, associada às condições econômicas e sociais das famílias. A necessidade de complementação da renda familiar é uma realidade que permeia o cotidiano das famílias mais pobres, o que interfere diretamente no rendimento escolar dos alunos.
Com os problemas surgidos no ensino fundamental, entrar no ensino médio torna-se cada vez mais distante e a evasão escolar cresce nesta passagem de nível escolar. Aos que conseguem adentrar no ensino médio, carregam a bagagem de despreparo para enfrentar as novas disciplinas. Resultado disso são alunos que saem do ensino médio sem condições acadêmicas suficientes para encarar o ensino superior.
Esse quadro reflete uma situação generalizada de analfabetismo, o quê, em uma sociedade que exige determinados níveis de capacitação técnica e de estudo para a inserção no mercado de trabalho, acaba por servir à lógica dominante, pois mantém uma reserva de mercado e perpetua a divisão social do trabalho, diferenciando o trabalho manual e intelectual. Podemos entender como ocorre um dos mecanismos de "exclusão" desta sociedade, na qual o sistema educacional figura como o ator principal.
Dados tais fatos, com o passar dos anos podemos observar certo grau de precarização das escolas públicas, frequentadas pela maioria da população e, neste sentido, a desigualdade social encontra no sistema educacional brasileiro uma de suas bases de sustentação, o que nos obriga a rever o caráter atual das instituições de ensino, que atuam, passivamente, nesta situação e, muitas vezes, são, de fato, os agentes produtores desta dinâmica social.
Tanto a lógica de mercantilização do ensino, que contribui para o fortalecimento do sistema privado, quanto a desvalorização do ensino público, são elementos que se unem para aprofundar a desigualdade social e instalar uma crise no sistema educacional brasileiro. Diante desse cenário, quais alternativas podemos sugerir?
Cabe, neste momento, refletir sobre a finalidade da Educação para entender quais são seus limites e quais as possibilidades de se utilizar esta ferramenta com vistas ao processo de emancipação humana. Antes, é necessário compreender a natureza da Educação para não cair em um super dimensionamento do papel que ela pode exercer em um processo de transformação social.
Dito que o sistema educacional se subordina ao processo de trabalho, não é necessário ressaltar os limites da ação educativa, que se inscreve na ação sobre a consciência. Neste sentido, fica evidente a função ideológica exercida pela Educação na manutenção do sistema de relações de produção capitalista.
Já sabemos que o professor ocupa um papel estratégico no processo de construção de uma Educação emancipadora. Vale ressaltar, no entanto, que os agentes educacionais, ao mesmo tempo em que são responsáveis por uma mudança nos rumos da Educação, também são vítimas da própria dinâmica capitalista e da precarização do ensino público. Não se trata de uma valorização excessiva do papel do professor no processo de transformação social, trata-se de instigar algumas ações e posicionamentos para a realização de uma prática pedagógica progressista, analisada para além da condição técnica do educador e compreendida a partir de um posicionamento ético - político.
O fundamental a ser destacado é que existem brechas na atividade docente que possibilitam a construção de um processo crítico do conhecimento da realidade. Para tanto, a atuação política e pedagógica pressupõe, portanto, a tomada de consciência dos próprios agentes educacionais acerca do papel que eles exercem nesta sociedade e das condições atuais de trabalho docente, especialmente aqueles que se inserem na rede pública.
Não se trata de uma valorização excessiva do papel do professor no processo de transformação social, trata-se de instigar algumas ações e posicionamentos para a realização de uma prática pedagógica progressista, analisada para além da condição técnica do educador e compreendida a partir de um posicionamento ético - político.
Isso significa dizer que o trabalho dos professores não encontra seus limites nas paredes de uma sala de aula, pelo contrário, inicia-se pelas relações com os alunos e se estende pela mobilização acerca de melhores condições de atuação profissional. Isto inclui um diálogo voltado para uma reflexão em torno do impacto que esta dinâmica social exerce na atuação docente, da necessidade de mobilização e organização dos docentes nas críticas às reformas neoliberais e à própria resistência às mudanças - fator característico da nossa sociedade -, na melhoria das suas condições de trabalho e de planos de carreiras mais consistentese bem remunerados (FREIRE, 2001; 2003)[footnoteRef:4]. [4: Ação cultural para a liberdade e outros escritos. (9ª ed.). São Paulo: Paz e Terra, 2001.
 Política e Educação (7ed.) São Paulo: Cortez, 2003.] 
As reivindicações docentes podem se constituir como elemento deflagrador da consciência sobre os caminhos que precisam ser percorridos com vistas à prática educativa emancipadora. A Educação emancipadora, no entanto, não é tarefa apenas de professores. Ela se constitui em um processo coletivo que assume como norte, a reflexão acerca da necessidade e da possibilidade de a população oprimida despertar para as tarefas necessárias para a modificação da estrutura social vigente. 
A proposta de Educação Emancipadora, engloba alunos, professores ou quaisquer outras pessoas que optem pela transformação social, que entendam a sociedade sob a perspectiva das tensões expressas pela desigualdade social.
Podemos considerar, portanto, a proposta de Educação emancipadora como uma proposta que deve ser incluída no contexto mais amplo da luta da classe trabalhadora, mas que pretende abrir espaços de diálogo acerca das contradições expostas pelo capitalismo, voltados para o avanço da consciência de professores, alunos e comunidade, em uma proposta que dê conta de refletir sobre as necessidades inscritas na vida das camadas populares, tendo como norte, a desnaturalização da desigualdade social.
Ademais, imperioso dizer que a exclusão social é, geralmente, combatida por programas assistenciais. Os planos de combate à pobreza são abrangentes e contribuem para a redução da exclusão social; assim, o caráter multidimensional da privação das necessidades básicas relaciona‑se com os outros fatores da exclusão social. Desta forma, um desempregado que se encontre numa situação de privação financeira não tem condições e oportunidades de escolhas, sendo afetado ao nível psicossocial (baixa autoestima, perda de liberdade) e de precariedade nos serviços de alimentação, saúde, educação, habitação, cultura e lazer (Sen, 2000, p. 45; Hunter, 2000, p. 3).
É inviável combater a pobreza e a exclusão social sem fazer uma análise das desigualdades económicas e sociais. Não é possível admitir em nosso país, principalmente em termos de educação, o tratamento dos “desiguais como iguais”, como se as diferenças não existissem.
As diferenças sociais necessitam sim de uma educação de qualidade com iguais oportunidades para todos, dentro dos parâmetros de universalização do ensino que é apregoado pelo PNE[footnoteRef:5]. Mas, antes de tudo, é preciso que o ambiente familiar seja tão de qualidade quanto, que o ambiente social seja tão oportuno quanto. [5: http://pne.mec.gov.br/ ] 
A educação sem dúvidas é o agente de modificação de toda a nossa sociedade, propiciando melhores condições de vida, mas se em seus parâmetros as desigualdades sociais não forem consideradas, não haverá um grande salto.

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