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EQUILÍBRIO DO CÁLCIO O cálcio é o quinto elemento mais abundante no organismo humano e, dessa forma, é de fundamental importância. É um íon que tem importante papel em muitos processos fisiológicos, como: Formação óssea Divisão e crescimento celular Coagulação sanguínea Contração muscular Liberação de neurotransmissores É justamente devido a tamanha importância que a concentração de cálcio no líquido extracelular é, normalmente, regulada de forma muito precisa. Uma característica importante da regulação extracelular do cálcio é o fato de que: Apenas 0,1% deste elemento corporal total encontra-se no líquido extracelular. Cerca de 1% nas células e suas organelas. E o restante é armazenado nos ossos. O cálcio no plasma está presente em três formas: Cerca de 41% (1 mmol/L) do cálcio encontram-se combinado às proteínas plasmáticas e, nessa forma, não é difusível através da membrana dos capilares; Aproximadamente 9% do cálcio (0,2 mmol/L) são difusíveis através da membrana dos capilares, mas está combinado às substâncias aniônicas do plasma e líquidos intersticiais e, desse modo, não é ionizado. Os 50% restantes do cálcio no plasma apresentam-se como difusíveis através da membrana dos capilares e ionizados. Até leves aumentos ou quedas do íon cálcio no líquido extracelular podem causar efeitos fisiológicos extremos e imediatos. HIPOCALCEMIA Quando a concentração de íons cálcio no líquido extracelular cai abaixo do normal (hipocalcemia): O sistema nervoso fica progressivamente mais excitável. Isso leva ao aumento da permeabilidade da membrana neuronal dos íons sódio, permitindo o desencadeamento natural de potenciais de ação. Em concentrações plasmáticas do cálcio iônico de aproximadamente 50% abaixo do normal, as fibras nervosas periféricas ficam tão excitáveis, a ponto de induzir descargas espontâneas, desencadeando uma série de impulsos nervosos; Esses impulsos, por sua vez, são transmitidos até os músculos esqueléticos periféricos, provocando a contração muscular tetânica. Consequentemente, a hipocalcemia causa tetania e, ocasionalmente, crises epilépticas devido à sua ação de aumento da excitabilidade do cérebro. Em geral, a tetania ocorre quando a concentração sanguínea de cálcio diminui de seu nível normal de 9,4 mg/dL para cerca de 6 mg/dL, o que corresponde a apenas 35% abaixo da concentração normal desse elemento. A concentração letal costuma ser de aproximadamente 4 mg/dL. HIPERCALCEMIA Quando o nível de cálcio nos líquidos corporais se eleva acima do normal (hipercalcemia): O sistema nervoso fica deprimido. Isso torna as atividades reflexas do sistema nervoso central mais lentas. Falta de apetite e constipação (em decorrência da contratilidade deprimida das paredes musculares do TGI) costumam ocorrer na hipercalcemia. Esses efeitos depressores começam a aparecer quando o nível sanguíneo do cálcio se eleva acima de 12 mg/dL, podendo ser intensificados no momento em que o nível desse elemento passa de 15 mg/dL. A regulação do cálcio é realizada por 3 hormônios: Paratormônio, vitamina D e Calcitonina. Sua ação é nos seguintes órgãos principalmente: Ossos, rins e intestinos. Necessidades nutricionais de cálcio variam durante a vida dos indivíduos. Há maiores necessidades durante períodos de rápido crescimento como infância e na adolescência, e também durante a gravidez e lactação. Os valores usuais: 1.000 mg/dia de cálcio. Homeostasia do cálcio ABSORÇÃO DE CÁLCIO E EXCREÇÃO FECAL Normalmente, os cátions bivalentes, como os íons cálcio, são mal absorvidos pelos intestinos. Entretanto, a vitamina D promove a absorção de cálcio pelos intestinos, e cerca de 35% (350 mg/dia) do cálcio ingerido costuma ser absorvido. O cálcio, remanescente no intestino, é excretado nas fezes. EXCREÇÃO DE CÁLCIO Normalmente, os túbulos renais reabsorvem 99% do cálcio filtrado e em torno de 100 mg/dia são excretados na urina. Aproximadamente 90% do cálcio no filtrado glomerular são reabsorvidos nos túbulos proximais, nas alças de Henle e nos túbulos distais iniciais. Nos túbulos distais finais e nos ductos coletores iniciais, a reabsorção dos 10% remanescentes é seletiva, dependendo da concentração do cálcio iônico no sangue. VITAMINA D Formação e ativação A vitamina D tem potente efeito de aumentar a absorção de cálcio no TGI. Além disso, ela apresenta efeitos significativos na deposição e absorção ósseas. Entretanto, essa vitamina, em si, não é a substância ativa real indutora desses efeitos. A vitamina D deve passar por uma série de reações no fígado e nos rins. Convertendo-se, assim, no produto final ativo, o 1,25-di-hidroxicolecalciferol, também conhecido como 1,25(OH2)D3. Diversos compostos derivados de esteróis pertencem à família da vitamina D. A vitamina D3 (também denominada colecalciferol) é o mais importante desses compostos, sendo formada na pele, em consequência da irradiação do 7- desidrocolesterol, substância presente normalmente na pele pelos raios ultravioleta provenientes do sol. Portanto, a exposição adequada ao sol evita a deficiência de vitamina D. O primeiro passo na ativação do colecalciferol é convertê-lo em 25-hidroxicolecalciferol, o que ocorre no fígado. A conversão do 25-hidroxicolecalciferol em 1,25- di-hidroxicolecalciferol ocorre nos túbulos proximais dos rins. Indubitavelmente, essa última substância é a forma mais ativa da vitamina D, visto que os produtos antecedentes, apresentam menos de 1/1.000 do efeito dessa vitamina. Portanto, a vitamina D perde quase toda a sua eficácia na ausência dos rins. A conversão do 25-hidroxicolecalciferol em 1,25- di-hidroxicolecalciferol requer a presença do PTH. Na ausência do PTH, quase não se forma o 1,25- dihidroxicolecalciferol. Por essa razão, o PTH exerce influência potente na determinação dos efeitos funcionais da vitamina D no organismo. AÇÕES Receptores de vitamina D estão presentes na maioria das células do corpo e localizados, principalmente, no núcleo das células-alvo. Efeito “Hormonal” da Vitamina D para Promover a Absorção Intestinal de Cálcio: 1,25-di-hidroxicolecalciferol atua como um tipo de “hormônio” para promover a absorção intestinal de cálcio. Favorece essa absorção, em grande parte, por meio do aumento, em torno de dois dias, da formação de calbindina, uma proteína ligante do cálcio, nas células epiteliais intestinais. Essa proteína atua na borda em escova dessas células para transportar o cálcio para o citoplasma celular. A absorção de cálcio é diretamente proporcional à quantidade dessa proteína ligante. Além disso, essa proteína permanece nas células por algumas semanas, após a remoção do 1,25- di-hidroxicolecalciferol do corpo, causando um efeito prolongado de absorção do cálcio. A Vitamina D Diminui a Excreção Renal de Cálcio e Fosfato: Essa vitamina também aumenta a absorção de cálcio e fosfato pelas células epiteliais dos túbulos renais e, dessa forma, tende a diminuir a excreção de tais substâncias na urina. Efeito da Vitamina D no Osso e sua Relação com a Atividade do Paratormônio. A vitamina D desempenha papéis relevantes na absorção e na deposição ósseas. A administração de quantidades extremas dessa vitamina provoca a absorção do osso. Na ausência da vitamina mencionada, o efeito do PTH na indução da absorção óssea (assunto a ser discutido na próxima seção) é bastante reduzido ou até mesmo impedido. A vitamina D em quantidades menores promove a calcificação óssea. Para tanto, um dos mecanismos implicados nessa calcificação consiste no aumento da absorção de cálcio e de fosfato pelos intestinos. PARATORMÔNIO O paratormônio representa um potente mecanismo para o controle das concentrações extracelulares de cálcioe de fosfato, mediante redução da reabsorção intestinal, da excreção renal e do intercâmbio desses íons entre o líquido extracelular e o osso. Anatomia Fisiológica das Glândulas Paratireoides. Normalmente, existem quatro glândulas paratireoides em seres humanos, situadas bem atrás da glândula tireoide — uma atrás de cada polo superior e inferior da tireoide. A retirada de metade das glândulas paratireoides não costuma provocar grandes anormalidades fisiológicas. Todavia, a remoção de três das quatro glândulas normais causa hipoparatireoidismo transitório. Mas até mesmo uma pequena quantidade de tecido paratireóideo remanescente, em geral, é capaz de apresentar hipertrofia satisfatória, a ponto de cumprir a função de todas as glândulas. Células principais, que produzem o PTH e um número pequeno a moderado de células oxifílicas, que não possuem função conhecida. Química do Paratormônio. O PTH é sintetizado primeiro nos ribossomas na forma de pré-pró-hormônio, uma cadeia polipeptídica de 110 aminoácidos. Esse pré-pró-hormônio passa pela primeira clivagem, transformando-se em pró-hormônio com 90 aminoácidos. Em seguida, há a conversão no próprio hormônio com 84 aminoácidos pelo retículo endoplasmático e pelo complexo de Golgi. Por fim, o hormônio é armazenado em grânulos secretores no citoplasma das células. Efeito do paratormônio nas concentrações de cálcio e fosfato no líquido extracelular O aumento da concentração do cálcio é ocasionado, principalmente, por dois efeitos do PTH: (1) aumenta a absorção de cálcio e de fosfato a partir do osso; (2) diminui com rapidez a excreção de cálcio pelos rins. O Paratormônio Mobiliza o Cálcio e o Fosfato do Osso em duas fases: FASE RÁPIDA – OSTEÓLISE: Ao se injetar grande quantidade de PTH, a concentração do cálcio iônico no sangue começa a se elevar dentro de minutos. O PTH causa a remoção dos sais ósseos de duas áreas: (1) da matriz óssea nas proximidades dos osteócitos situados no osso; (2) nas adjacências dos osteoblastos presentes ao longo da superfície óssea. Longos e delgados processos se estendem de osteócito para osteócito por toda a estrutura óssea, e tais processos também se unem aos osteócitos e osteoblastos da superfície. Esse extenso sistema recebe o nome de sistema da membrana osteocítica, e acredita-se que ele produza uma membrana de isolamento entre o osso e o líquido extracelular. Entre a membrana osteocítica e o osso, existe uma pequena quantidade de líquido ósseo. Quando a bomba osteocítica fica excessivamente ativada, a concentração de cálcio no líquido ósseo declina ainda mais, e então os sais de fosfato de cálcio são liberados do osso. Esse efeito recebe o nome de osteólise e ocorre sem absorção da matriz fibrosa e gelatinosa do osso. Quando a bomba é inativada, a concentração de cálcio no líquido ósseo sobe ainda mais, ocorrendo nova deposição dos sais de fosfato de cálcio na matriz. Contudo, onde o PTH se enquadra nesse quadro? Primeiro, as membranas celulares, tanto dos osteoblastos como dos osteócitos, têm receptores proteicos para a ligação do PTH. Esse hormônio, por sua vez, pode ativar intensamente a bomba de cálcio, causando a rápida remoção dos sais de fosfato de cálcio dos cristais ósseos amorfos, situados junto às células. FASE LENTA – ATIVAÇÃO DOS OSTEOCLASTOS: Um efeito muito mais conhecido e evidente do PTH consiste na ativação dos osteoclastos. No entanto, essas células não têm receptores proteicos em suas membranas para o PTH. Em vez disso, acredita-se que os osteoblastos e os osteócitos ativados emitam “sinais” secundários para os osteoclastos. A ativação do sistema osteoclástico ocorre em dois estágios: (1) ativação imediata dos osteoclastos já formados; (2) formação de novos osteoclastos. O Paratormônio Diminui a Excreção de Cálcio e Aumenta a Excreção de Fosfato pelos Rins A administração de PTH causa a rápida perda de fosfato na urina. O PTH também aumenta a reabsorção tubular renal do cálcio, ao mesmo tempo em que diminui a reabsorção de fosfato. A absorção elevada de cálcio ocorre, em grande parte, nos túbulos distais finais, nos túbulos coletores, nos ductos coletores iniciais e possivelmente, em menor escala, na alça ascendente de Henle. O Paratormônio Aumenta a Absorção Intestinal de Cálcio e Fosfato Neste ponto, devemos recordar que o PTH muito intensifica a absorção de cálcio e fosfato, presente nos intestinos, pelo aumento da vitamina D da formação renal do 1,25-di-hidroxicolecalciferol. O Monofosfato de Adenosina Cíclico Medeia os Efeitos do Paratormônio. Grande parte do efeito do PTH em seus órgãos- alvo é mediada pelo mecanismo de segundo mensageiro do monofosfato de adenosina cíclico (AMPc). Dentro de alguns minutos, após a administração do PTH, a concentração do AMPc aumenta nos osteócitos, osteoclastos e em outras células-alvo. CALCITONINA A calcitonina, hormônio peptídico secretado pela glândula tireoide, tende a diminuir a concentração plasmática do cálcio e, em geral, tem efeitos opostos aos do PTH. No entanto, o papel quantitativo da calcitonina nos seres humanos é bem menor que o do PTH na regulação da concentração do cálcio iônico. A síntese e a secreção da calcitonina ocorrem nas células parafoliculares, ou células C, situadas no líquido intersticial entre os folículos da glândula tireoide. O Aumento da Concentração Plasmática do Cálcio Estimula a Secreção de Calcitonina. O principal estímulo para a secreção de calcitonina é a elevação da concentração de cálcio iônico no líquido extracelular. A Calcitonina Diminui a Concentração Plasmática do Cálcio. Em alguns animais jovens, a calcitonina diminui a concentração sanguínea do cálcio iônico com rapidez, começando dentro de minutos após a injeção desse hormônio peptídico, pelo menos por dois modos. 1. O efeito imediato consiste na redução das atividades absortivas dos osteoclastos e possivelmente do efeito osteolítico da membrana osteocítica por todo o osso. 2. O segundo e mais prolongado efeito da calcitonina baseia-se na diminuição da formação de novos osteoclastos.
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