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LÚRIA NIEMIC ONOFRE – MED UNIC 34 1 MÓDULO 16 – PROBLEMAS MENTAIS E DE COMPORTAMENTO PROBLEMA 4 TRANSTORNOS RELACIONADOS AO ÁLCOOL O álcool é uma droga potente que causa alterações tanto agudas quanto crônicas em quase todos os sistemas neuroquímicos. Dessa forma, o abuso de álcool pode produzir sintomas psicológicos temporários graves, incluindo depressão, ansiedade e psicoses. Em longo prazo, níveis cada vez maiores podem produzir tolerância, bem como adaptação do corpo tão intensa que a interrupção do uso pode precipitar uma síndrome de abstinência normalmente caracterizada por insônia, evidência da hiperatividade do SN autônomo e ansiedade. ETIOLOGIA TEORIAS PSICOLÓGICAS – Relacionam o uso de álcool à intenção de reduzir a tensão, aumentar os sentimentos de poder e reduzir os efeitos de dor psicológica. A ingestão de baixas doses em um contexto social tenso ou após um dia difícil pode ser associada a uma sensação de bem-estar e uma facilidade de interações. No entanto, em doses elevadas, especialmente quando os níveis de álcool no sangue caem, a maioria das medições de tensão muscular e sentimentos psicológicos de nervosismo e tensão aumentam. TEORIAS COMPORTAMENTAIS – Expectativas quanto aos efeitos de recompensa, atitudes cognitivas voltadas para a responsabilidade pelo comportamento e subsequentes reforços após a ingestão de álcool contribuem para a decisão de beber novamente após a primeira experiência com álcool e continuar seu consumo apesar dos problemas que a experiência origina. HISTÓRIA INFANTIL – Achados sugerem que, do ponto de vista biológico, uma função cerebral hereditária pode predispor um indivíduo a um transtorno relacionado ao álcool. Uma história infantil de TDAH, transtorno da conduta, ou ambos, aumenta o risco de a criança desenvolver um transtorno relacionado ao álcool na idade adulta. Transtornos da personalidade, particularmente o antissocial, também predispõem a um transtorno relacionado ao álcool. INFLUÊNCIAS GENÉTICAS – Um risco 3-4x > para problemas graves com álcool é observado em parentes próximos de alcoolistas. O índice de problemas com álcool aumenta com a quantidade de parentes alcoolistas, com a severidade da doença e com a proximidade da relação genética. A taxa de semelhança para diversos problemas relacionados ao álcool é mais elevada em gêmeos idênticos de indivíduos alcoolistas do que em gêmeos fraternos. FISIOPATOLOGIA – EFEITOS DO ALCOOL Álcool etílico (etanol), é a forma comum do álcool; ele que é utilizado para ingestão. ABSORÇÃO – 10% do álcool consumido é absorvido no estômago e o restante no intestino delgado. O auge da concentração de álcool no sangue é atingido após 30-90 minutos e normalmente entre 45-60 minutos, dependendo se o álcool foi ingerido com o estômago vazio (intensifica a absorção). O tempo até o pico de concentração sanguínea também depende do tempo que levou para o álcool ser consumido; a ingestão rápida reduz o tempo até a o pico de concentração, e a ingestão lenta aumenta. A absorção é mais rápida com bebidas que contêm de 15-30% de álcool. O corpo dispõe de mecanismos de proteção contra grandes quantidades de álcool. Por exemplo, se a concentração de álcool no estômago se torna elevada demais, é secretado muco e a válvula pilórica se fecha. Isso reduz a absorção e impede que o álcool passe para o intestino delgado, onde não há obstáculos significativos para a absorção. Dessa forma, uma grande quantidade de álcool pode permanecer sem absorção no estômago durante horas. O piloroespasmo costuma resultar em náusea e vômito. Assim que o álcool é absorvido na circulação, é distribuído para todos os tecidos. Como ele se dissolve uniformemente na água corporal, tecidos contendo uma grande proporção de água recebem uma concentração elevada de álcool. Os efeitos intoxicantes são maiores quando a concentração de álcool no sangue aumenta do que quando se reduz (efeitos Mellanby). Por isso, a taxa de absorção influencia diretamente a resposta de intoxicação. METABOLISMO – 90% do álcool absorvido é oxidado no fígado; 10% são excretados inalterados pelos rins e pulmões. A taxa de oxidação pelo fígado é constante e independe das exigências de energia do corpo. O corpo pode metabolizar 15 mg/dL/hora, com uma variação de 10-34 mg/dL/hora. Ou seja, uma pessoa comum oxida 22 mL de 40% de álcool em 1 hora. Em indivíduos com história de consumo excessivo de álcool, a suprarregulação das enzimas necessárias resulta em rápido metabolismo da substância. O álcool é metabolizado por 2 enzimas: álcool desidrogenase (ADH) e aldeído desidrogenase. A ADH catalisa a conversão de álcool em acetaldeído (tóxico); a aldeído desidrogenase catalisa a conversão de acetaldeído em ácido acético. A aldeído desidrogenase é inibida por dissulfiram, utilizado no tratamento de transtornos relacionados ao álcool. LÚRIA NIEMIC ONOFRE – MED UNIC 34 2 MÓDULO 16 – PROBLEMAS MENTAIS E DE COMPORTAMENTO Foi demonstrado que mulheres apresentam uma concentração sanguínea de ADH < homens, o que explica ela ficar mais intoxicada após ingerir a mesma quantidade de álcool. EFEITOS SOBRE O CÉREBRO – O álcool produz seus efeitos ao se intercalar nas membranas e, desse modo, aumentar a fluidez delas com o uso de curto prazo. Com o uso prolongado, foi proposto que as membranas se tornam rígidas ou endurecidas. Visto que, a fluidez das membranas é essencial para o funcionamento normal dos receptores, dos canais iônicos e de outras proteínas funcionais ligadas a membranas. Foi visto também que, atividades nos canais iônicos associadas aos receptores de ACh nicotínica, serotonina 5-HT3 e GABAA são intensificadas pelo álcool, enquanto atividades dos canais iônicos associadas aos receptores de glutamato e canais de cálcio disparados por voltagem são inibidas. Como resultado final das atividades moleculares, o álcool funciona como depressor, assim como os barbitúricos e benzodiazepínicos, com os quais o álcool apresenta tolerância e dependência cruzadas. → Com 0,05% de álcool no sangue, pensamento, discernimento e inibição são relaxados e às vezes perturbados. → Com 0,1%, atos motores voluntários normalmente se tornam perceptivelmente desajeitados. → Com 0,2%, a depressão da função de toda a área motora pode ser medida e as partes que controlam o comportamento emocional também são afetadas. → Com 0,3%, o indivíduo normalmente fica confuso ou entra em estupor; em 0,4 a 0,5%, entra em coma. → Em níveis mais elevados, os centros primitivos que controlam a FR e a FC são afetados, e ocorre morte secundária a depressão respiratória direta ou a aspiração de vômito. Indivíduos com histórias antigas de abuso de álcool, podem tolerar concentrações muito mais elevadas do que pessoas com baixo consumo de álcool; sua tolerância pode causar a impressão errônea de que estão menos intoxicados do que de fato estão. Embora o álcool consumido à noite normalmente aumente a facilidade em adormecer (redução da latência do sono), também tem efeitos adversos sobre a arquitetura do sono. Especificamente, o uso de álcool está associado a diminuição do sono REM e do sono profundo (estágio 4) e maior fragmentação do sono, com episódios mais frequentes e mais longos de vigília. Portanto, a noção de que ingerir álcool ajuda a dormir é um mito. EFEITOS FISIOLÓGICOS SOBRE O FÍGADO – O uso de álcool, mesmo que de curta duração, como episódios semanais de aumento de consumo, pode resultar em acúmulo de gorduras e proteínas, as quais produzem a aparência de um fígado gorduroso, às vezes encontrado em exames físicos como uma hepatomegalia. O uso de álcool está associado ao desenvolvimento de hepatite alcoólica e cirrose hepática. TGI – O consumo intenso de álcool em longo prazo está associado ao desenvolvimento de esofagite, gastrite, acloridria e úlceras gástricas. O desenvolvimento de varizes esofágicas pode acompanhar abuso de álcool intenso;a ruptura dessas varizes é uma emergência médica que costuma resultar em morte por hemorragia. Distúrbios do intestino delgado ocorrem eventualmente, e pancreatite, insuficiência pancreática e câncer pancreático também estão associados ao uso intenso da substância. A ingestão intensa pode interferir nos processos normais de digestão e absorção dos alimentos; como resultado, os alimentos consumidos são digeridos de forma inadequada. Também parece inibir a capacidade do intestino de absorver diversos nutrientes, como vitaminas e aminoácidos. Esse efeito, em conjunto com hábitos alimentares com frequência inadequados, pode causar graves deficiências vitamínicas, sobretudo do complexo B. OUTROS SISTEMAS – A ingestão significativa de álcool foi associada a aumento da PA, desregulação do metabolismo de lipoproteínas e triglicerídeos e aumento do risco de IAM e de doença cerebrovascular. Ele afeta o coração de indivíduos não alcoolistas que normalmente não ingerem álcool, aumentando a descarga cardíaca em repouso, a FC e o consumo de O2 do miocárdio. Sua ingestão pode afetar de modo adverso o sistema hematopoiético e aumentar a incidência de câncer, especialmente na cabeça, pescoço, esôfago, estômago, fígado, colo e pulmão. Intoxicação aguda também pode estar associada a hipoglicemia, que, quando não identificada, pode ser responsável por parte das mortes súbitas. Também pode haver fraqueza muscular. Evidências mostram que sua ingestão aumenta a concentração sanguínea de estradiol em mulheres. TESTES LABORATORIAIS – Os efeitos adversos do álcool aparecem em testes de laboratório comuns, que podem auxiliar no diagnóstico para identificar indivíduos com transtornos relacionados ao álcool. Os níveis de γ-glutamil (GAMA GT) transpeptidase são elevados em 80%, e o volume corpuscular médio (VCM) é elevado em 60%, mais em mulheres do que em homens. Outros valores de testes laboratoriais que podem ter resultados elevados são os de ácido úrico, triglicerídeos, TGO e TGP. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS – Determinadas substâncias, como álcool e fenobarbital, são metabolizadas pelo fígado, e seu uso prolongado pode levar à aceleração do metabolismo. LÚRIA NIEMIC ONOFRE – MED UNIC 34 3 MÓDULO 16 – PROBLEMAS MENTAIS E DE COMPORTAMENTO Quando o indivíduo com transtorno relacionado ao álcool está sóbrio, esse metabolismo acelerado o deixa tolerante a vários fármacos, como sedativos e hipnóticos; durante a intoxicação esses fármacos competem com o álcool pelos mesmos mecanismos de desintoxicação, e concentrações potencialmente tóxicas de todas as substâncias envolvidas podem se acumular no sangue. Os efeitos do álcool e de outros depressores do SNC costumam ser sinérgicos. Sedativos, hipnóticos e fármacos que proporcionam o alívio de dor, de náusea causada por movimento, de resfriados e de sintomas alérgicos devem ser usados com cautela por indivíduos com transtornos relacionados ao álcool. Narcóticos deprimem as áreas sensoriais do córtex cerebral e podem produzir analgesia, sedação, apatia, entorpecimento e sono; doses elevadas podem resultar em falência respiratória e morte. Aumentar a dosagem de fármacos sedativo-hipnóticos, como hidrato de cloral e benzodiazepínicos, especialmente quando combinados com álcool, produz vários efeitos desde sedação, passando por prejuízo motor e intelectual, até estupor, coma e morte. SISTEMA DE RECOMPENSA CEREBRAL Cada droga de abuso tem o seu mecanismo de ação particular, mas todas elas atuam, direta ou indiretamente, ativando uma mesma região do cérebro: o sistema de recompensa cerebral, que é formado por circuitos neuronais responsáveis pelas ações reforçadas positiva e negativamente. Quando nos deparamos com um estímulo prazeroso nosso cérebro lança um sinal (aumento de dopamina) no núcleo accumbens (região central do sistema de recompensa e importante para os efeitos das drogas de abuso). Normalmente existe um aumento de dopamina com estímulos prazerosos: comida, sexo, estímulos ambientais agradáveis, como escutar uma música. As drogas de abuso agem no neurônio dopaminérgico, induzindo um aumento brusco e exacerbado de dopamina no núcleo accumbens, mecanismo comum para praticamente todas as drogas de abuso. Esse sinal é reforçador, associado a sensações de prazer, fazendo com que a busca pela droga se torne cada vez mais provável. Inúmeros estudos demonstraram que as drogas de abuso ou estímulos ambientais naturais reconhecidos pelo organismo como prazerosos, geram mudanças nos neurotransmissores responsáveis pela comunicação entre os neurônios. As drogas de abuso agem sobre muitas estruturas do SNC, mas a ação sobre o sistema mesolímbico e o sistema mesocortical, que juntos constituem o sistema de recompensa cerebral, é de fundamental importância. O sistema mesolímbico (seta verde) é composto por projeções dopaminérgicas que partem da área tegmentar ventral e chegam, principalmente, ao núcleo accumbens. A área tegmentar ventral é onde se localizam os corpos neuronais dopaminérgicos e é responsável pelas projeções desses neurônios para as demais estruturas do sistema de recompensa e o núcleo accumbens é responsável pelo aprendizado, motivação e valorização de cada estímulo. Visto que existem projeções dopaminérgicas para outras estruturas cerebrais, como o hipocampo, associada com aprendizagem e memória espaciais; e a amígdala, responsável pelo processamento do conteúdo emocional de estímulos ambientais. O sistema mesolímbico está relacionado ao mecanismo de condicionamento ao uso da substância, bem como à fissura, à memória e às emoções ligadas ao uso. O sistema mesocortical (seta azul) é composto pela área tegmentar ventral, pelo córtex pré-frontal, pelo giro do cíngulo e pelo córtex orbitofrontal. O córtex pré- frontal é responsável pelas funções cognitivas superiores e pelo controle do sequenciamento de ações. O giro do cíngulo, por estar localizado acima do corpo caloso, tem conexões com diversas outras estruturas do sistema límbico e tem as funções: atenção, memória, regulação da atividade cognitiva e emocional; o córtex orbitofrontal é responsável pelo controle do impulso e da tomada de decisão. Portanto, as alterações que ocorrem nesse sistema em decorrência do consumo de substâncias psicoativas estão relacionadas com os efeitos de substâncias psicoativas, compulsão e perda do controle para o consumo de drogas. LÚRIA NIEMIC ONOFRE – MED UNIC 34 4 MÓDULO 16 – PROBLEMAS MENTAIS E DE COMPORTAMENTO Ambos os sistemas se relacionam, funcionando paralelamente entre si e com as demais estruturas cerebrais e configuram o sistema de recompensa cerebral. A dopamina é o principal neurotransmissor presente no sistema de recompensa cerebral, porém não é o único responsável por sua ação. Neurotransmissores como a serotonina, noradrenalina, glutamato e o GABA são responsáveis pela modulação do SNC e também estão presentes. MECANISMO DE TOLERÂNCIA Os efeitos intoxicantes do álcool consistem na potencialização do fluxo de cloro nos canais dos neurônios que utilizam o receptor GABA. A nível celular, isso apresenta uma dificuldade na despolarização da membrana dos neurônios, com consequente inibição dos canais operados por voltagem – mais importantes são os de Na+ e Ca++ nos corpos dos neurônios e nos terminais axônicos. A tolerância deve ser entendida como uma tentativa do cérebro de compensar os efeitos da droga por meio de 2 tipos de mecanismos: O primeiro refere-se a uma diminuição da eficácia da droga por meio de uma dessensibilização destes receptores ou reduzindo os efeitos sobre os processos fisiológicos nas células onde o álcool atua. O segundo envolve o condicionamento, uma forma de aprendizagem. Acontece quando o dependente do álcool entra em contato com estímulos associados à sua ingestão (bar, copo, pessoas) vivencia um conjunto de sintomas de abstinência influenciando para que o consumo ocorra.A principal ação do álcool que evidencia a tolerância é a redução da excitação da membrana pré-sináptica dos dendritos e dos somas, e a redução na liberação de neurotransmissores dos terminais nervosos explicando como o álcool age deprimindo o SNC, juntamente com os barbiturados, tranquilizantes e anestésicos gerais. A tolerância pode ser causada pela adaptação do canal protéico (ou na membrana que o envolve) por onde ocorre o fluxo de Cl-, tornando-o indiferente e insensível à presença do álcool. Outras alterações na sensibilidade desses receptores e nos canais iônicos de Na+ e Ca++ podem também causar a tolerância ao etanol. Este estado de tolerância envolve mudanças adaptativas em componentes das células nervosas como a membrana lipídica, neuromoduladores, receptores de neurotransmissores, canais iônicos, proteínas G e os segundos mensageiros intracelulares. Uma vez instalada a tolerância ao álcool o consumidor terá que aumentar a ingestão da bebida para obter as mesmas perturbações funcionais que foram produzidas na 1ª exposição da célula à droga. Pode ser classificada como metabólica ou funcional: A tolerância metabólica ocorre devido o aprimoramento dos mecanismos de destruição (metabolização) e eliminação da droga, diminuindo seu tempo de ação sobre o cérebro, ou seja, a ingestão abusiva do álcool levaria ao aumento na velocidade de biotransformação. Já a tolerância funcional ocorre pelo desenvolvimento de neuroadaptações, que são responsáveis por deixar os neurônios menos sensíveis à ação da droga. Geralmente, descreve-se a tolerância completa para os efeitos que trazem prazer ao usuário, como o relaxamento e diminuição da ansiedade. Porém, outras sensações como calor, rubor facial, etc, sofrem tolerância parcial. Quando o usuário apresenta a tolerância ao álcool, está se estende aos barbitúricos e benzodiazepínicos, pois apresentam propriedades farmacológicas semelhantes. MECANISMO DE DEPENDÊNCIA O consumo de grandes quantidades de álcool em poucos dias ou de quantidades menores em pequenos intervalos induz ao estado de dependência física manifestada por sintomas clínicos quando a concentração de álcool no cérebro declina. A dependência é explicada fisiologicamente porque o álcool produz na região do núcleo acumbens um estímulo de reforço para a atitude compulsiva de beber. O etanol promove a liberação de dopamina no núcleo acumbens, promovendo a sensação de prazer. Essa mesma liberação ocorre naturalmente com alimento, parceiro sexual ou água, que são uma estimulação cerebral reforçadora. Um sistema de reforço deve desempenhar 2 funções: detectar a presença do estímulo e fortalecer as conexões entre os neurônios que detectam os estímulos significativos (ver copo com pinga) e os que produzem a resposta instrumental (beber a pinga). É importante detectar e diferenciar um estímulo reforçador de outro que não é, por exemplo, a presença de alimento reforçará o comportamento de um organismo faminto, mas não daquele que acabou de se alimentar. Assim, o sistema de reforço não é ativado automaticamente, quando um determinado estímulo está presente, mas dependerá do estado do organismo. O reforço neuronal causado pelo consumo da bebida é classificado como positivo, pois os sintomas desagradáveis só aparecem muito tempo após o consumo, sendo vivenciado efeitos iniciais de euforia, relaxamento, etc. LÚRIA NIEMIC ONOFRE – MED UNIC 34 5 MÓDULO 16 – PROBLEMAS MENTAIS E DE COMPORTAMENTO Atualmente, pode-se dizer que alguém é dependente do álcool, quando após uma parada abrupta no seu consumo aparecem os sintomas da abstinência, que no início são espaçados e leves, causam pouca incapacitação, mas com o aumento da dependência, aumentam suas frequências e gravidades. Tais sintomas não são exclusivos da interrupção do ato de beber, mas também ocorrem quando há uma redução na quantidade ingerida, fazendo com que estes se manifestem de forma mais grave ou não. A síndrome da dependência física é caracterizada por tremor generalizado, acompanhado de perturbações perceptivas, náuseas, vômitos e agitação. O tremor no início é leve, aparecendo todas as manhãs, antes do primeiro gole. Apresenta-se nas mãos, na face até o estágio generalizado. A desordem perceptiva pode se configurar em pesadelos, ilusões visuais ou auditivas e alucinações. Já as náuseas principalmente ao escovar os dentes pela manhã, fazendo com que a pessoa deixe de tomar o café da manhã por medo de vomitar. Os sintomas começam a aparecer dentro de horas após a interrupção do hábito de beber. A maior parte descreve suas manifestações após 24-36 horas. O aparecimento desses sinais e sintomas deveriam ser um sinal de alerta para se evitar um grau mais severo de dependência. Mas não é isso que acontece. Ao perceber esses sintomas o indivíduo faz uso de uma ingestão de alívio, que desaparece ou diminui o mal-estar. Essa ingestão é perigosa, pois leva o indivíduo a iniciar a sua rotina de beber mais cedo, possivelmente antes de escovar os dentes ou misturado ao café da manhã. Essa supressão dos sintomas que ocorre com o retorno ao consumo de álcool também pode ocorrer por administração de benzodiazepínicos, beta-receptor adrenérgico antagonista ou alfa 2-receptor adrenérgico agonista. Essas substâncias apresentam semelhanças farmacológicas com o álcool, portanto suavizam os sintomas. A avançada ingestão diária de álcool ocorre de modo a manter o alto nível de alcoolemia, para se desfazer dos sintomas que o incomodam ou por uma alteração na personalidade do indivíduo que supervaloriza a bebida, que é um dos elementos que faz com que a dependência avance os padrões e se enraíze. QUADRO CLÍNICO E CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS ➼ TRANSTORNO POR USO DE ÁLCOOL A abstinência de álcool caracteriza-se por sintomas de abstinência que se desenvolvem 4-12 horas após a redução do consumo que se segue a uma ingestão prolongada e excessiva de álcool. Como ela pode ser desagradável e intensa, os indivíduos podem continuar o consumo apesar de consequências adversas para evitar ou aliviar os sintomas. Alguns desses sintomas podem persistir com intensidade menor durante meses e contribuir para a recaída. Assim que um padrão de uso repetitivo e intenso se desenvolve, indivíduos com esse podem dedicar grandes períodos de tempo para obter e consumir bebidas alcoólicas. A fissura por álcool é indicada por um desejo intenso de beber, tornando difícil pensar em outras coisas e resulta no início do consumo. O desempenho escolar e profissional também pode sofrer tanto devido aos efeitos posteriores ao consumo como devido à intoxicação em si; pode haver negligência dos cuidados com os filhos ou dos afazeres domésticos; e ausências relacionadas ao álcool podem ocorrer na escola ou no trabalho. O indivíduo pode usar álcool em circunstâncias que representam perigo para a integridade física (conduzir veículos, nadar, operar máquinas). Por fim, indivíduos com esse transtorno podem continuar a consumir a substância apesar do conhecimento de que o consumo contínuo representa problema significativo de ordem física, psicológica (ex. depressão), social ou interpessoal (ex. brigas violentas, abuso infantil). O transtorno apresenta um curso variável, caracterizado por períodos de remissão e recaídas. Uma decisão de parar de beber, frequentemente em resposta a uma crise, tende a ser seguida por um período de semanas ou meses de abstinência, em geral seguido por períodos limitados de consumo controlado e não problemático. Contudo, assim que a ingestão de álcool é retomada, é muito provável que o consumo aumente rapidamente e que voltem a ocorrer problemas graves. Ele costuma ser erroneamente percebido como uma condição intratável, com base no fato de que os indivíduos que se apresentam para tratamento têm, geralmente, história de muitos anos de problemas graves relacionados ao álcool. Entretanto, esses casos mais graves representam apenasuma pequena parcela das pessoas com o transtorno, e o paciente típico tem um prognóstico muito mais promissor. Mudanças físicas relacionadas à idade em indivíduos mais velhos resultam em suscetibilidade mais elevada do cérebro aos efeitos depressores do álcool; taxas menores de metabolismo hepático de uma variedade de substâncias, incluindo o álcool; e redução do percentual de água no corpo. Essas alterações podem fazer pessoas mais velhas desenvolverem intoxicação mais grave e problemas subsequentes com níveis menores de consumo. LÚRIA NIEMIC ONOFRE – MED UNIC 34 6 MÓDULO 16 – PROBLEMAS MENTAIS E DE COMPORTAMENTO DSM V A. Um padrão problemático de uso de álcool, levando a comprometimento ou sofrimento clinicamente significativos, manifestado por pelo menos dois dos seguintes critérios, ocorrendo durante um período de 12 meses: 1. Álcool é frequentemente consumido em maiores quantidades ou por um período mais longo do que o pretendido. 2. Existe um desejo persistente ou esforços malsucedidos no sentido de reduzir ou controlar o uso de álcool. 3. Muito tempo é gasto em atividades necessárias para a obtenção de álcool, na utilização de álcool ou na recuperação de seus efeitos. 4. Fissura ou um forte desejo ou necessidade de usar álcool. 5. Uso recorrente de álcool, resultando no fracasso em desempenhar papéis importantes no trabalho, na escola ou em casa. 6. Uso continuado de álcool, apesar de problemas sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes causados ou exacerbados por seus efeitos. 7. Importantes atividades sociais, profissionais ou recreacionais são abandonadas ou reduzidas em virtude do uso de álcool. 8. Uso recorrente de álcool em situações nas quais isso representa perigo para a integridade física. 9. O uso de álcool é mantido apesar da consciência de ter um problema físico ou psicológico persistente ou recorrente que tende a ser causado ou exacerbado pelo álcool. 10. Tolerância, definida por qualquer um dos seguintes aspectos: a. Necessidade de quantidades progressivamente maiores de álcool para alcançar a intoxicação ou o efeito desejado. b. Efeito acentuadamente menor com o uso continuado da mesma quantidade de álcool. 11. Abstinência, manifestada por qualquer um dos seguintes aspectos: a. Síndrome de abstinência característica de álcool. b. Álcool (ou uma substância estreitamente relacionada, como benzodiazepínicos) é consumido para aliviar ou evitar os sintomas de abstinência. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL – Uso de álcool não patológico: O elemento principal do transtorno por uso de álcool é o uso de doses elevadas da substância que resultam em sofrimento significativo e repetido ou funcionamento prejudicado. Enquanto a maioria dos usuários às vezes consome álcool o suficiente para se sentir intoxicado, apenas uma minoria (< 20%) chega a desenvolver o transtorno. Portanto, a ingestão de bebidas alcoólicas, mesmo que diariamente, em pequenas doses, e intoxicação eventual não fecham esse diagnóstico. ➼ INTOXICAÇÃO POR ÁLCOOL A intoxicação costuma ocorrer como um episódio que normalmente se desenvolve ao longo de minutos a horas e tem duração típica de várias horas, sendo que a prevalência mais alta ocorre entre os 18-25 anos. A frequência e a intensidade costumam diminuir com o avanço da idade. Quanto mais cedo o início de intoxicações regulares, maior a probabilidade de que o indivíduo desenvolva transtorno por uso de álcool. DSM V A. Ingestão recente de álcool. B. Alterações comportamentais ou psicológicas clinicamente significativas e problemáticas (ex. comportamento sexual ou agressivo inadequado, humor instável, julgamento prejudicado) desenvolvidas durante ou logo após a ingestão de álcool. C. 1 (ou +) dos sinais ou sintomas, desenvolvidos durante ou logo após o uso de álcool: 1. Fala arrastada. 2. Incoordenação. 3. Instabilidade na marcha. 4. Nistagmo. 5. Comprometimento da atenção ou da memória. 6. Estupor ou coma. D. Os sinais ou sintomas não são atribuíveis a outra condição médica nem são mais bem explicados por outro transtorno mental, incluindo intoxicação por outra substância DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL – Intoxicação por sedativos, hipnóticos ou ansiolíticos: Essa intoxicação pode ser confundida com intoxicação por álcool. Requer a detecção de álcool no ar expirado, medição dos níveis de álcool no sangue e no ar expirado, solicitação de exames clínicos e obtenção de uma boa história. Os sinais e sintomas da intoxicação por sedativos e hipnóticos são muito semelhantes aos observados com álcool e incluem mudanças comportamentais ou psicológicas problemáticas semelhantes. Essas alterações são acompanhadas por evidências de prejuízo no funcionamento e no julgamento – que, conforme a intensidade, podem resultar em coma potencialmente letal – e níveis de incoordenação que podem interferir na capacidade de condução de veículos e desempenho de atividades habituais. Contudo, não há odor como no caso do álcool, mas provavelmente existem evidências de mau uso do fármaco depressor nas análises toxicológicas de sangue ou urina. LÚRIA NIEMIC ONOFRE – MED UNIC 34 7 MÓDULO 16 – PROBLEMAS MENTAIS E DE COMPORTAMENTO ➼ ABSTINÊNCIA DE ÁLCOOL Ocorre na forma de episódio com duração de 4-5 dias e apenas após períodos prolongados de consumo pesado. A abstinência é relativamente rara em indivíduos com idade < 30 anos, e o risco e a gravidade aumentam com a idade. DSM V A. Cessação (ou redução) do uso pesado e prolongado de álcool. B. 2 (ou +) dos seguintes sintomas, desenvolvidos no período de algumas horas a alguns dias após a cessação (ou redução) do uso de álcool descrita no Critério A: 1. Hiperatividade autonômica (ex. sudorese ou frequência cardíaca maior que 100 bpm). 2. Tremor aumentado nas mãos. 3. Insônia. 4. Náusea ou vômitos. 5. Alucinações ou ilusões visuais, táteis ou auditivas transitórias. 6. Agitação psicomotora. 7. Ansiedade. 8. Convulsões tônico-clônicas generalizadas. C. Os sinais ou sintomas do Critério B causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. D. Os sinais ou sintomas não são atribuíveis a outra condição médica nem são mais bem explicados por outro transtorno mental, incluindo intoxicação por ou abstinência de outra substância. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL – Outras condições médicas: Os sintomas de abstinência de álcool também podem ser mimetizados por outras condições médicas (ex. hipoglicemia e cetoacidose diabética). Tremor essencial, um transtorno com padrão frequentemente familiar, pode sugerir equivocadamente os tremores associados à abstinência de álcool. ➼ DELIRIUM TREMENS Pacientes com sintomas reconhecidos de abstinência de álcool devem ser monitorados com atenção para impedir a progressão para delirium por abstinência de álcool, a forma mais grave da síndrome de abstinência, também conhecido como DTs. A característica fundamental da síndrome é delirium com ocorrência no período de 1 semana depois da cessação ou redução da ingestão de álcool. Além dos sintomas de delirium, incluem também hiperatividade autonômica, como taquicardia, diaforese, febre, ansiedade, insônia e hipertensão; distorções da percepção, mais frequentemente alucinações visuais ou táteis; e níveis flutuantes de atividade psicomotora, que vão de hiperexcitabilidade a letargia. 5% dos indivíduos com transtornos relacionados ao álcool que requerem hospitalização têm DTs. Como a síndrome normalmente se desenvolve no 3º dia de internação, um paciente admitido devido a uma condição não relacionada pode inesperadamente ter um episódio de delirium, o primeiro sinal de um transtorno relacionado ao álcool não diagnosticado. Episódios de DTs costumam ter início nos 30-40 anos, após 5-15 anos de consumo intenso, geralmentedo tipo compulsivo. Uma doença física (ex. hepatite ou pancreatite) predispõe à síndrome; um indivíduo de boa saúde raramente tem DTs durante a abstinência de álcool. O melhor tratamento para DTs é prevenção. O paciente em abstinência de álcool que exibe fenômenos de descontinuação deve ser medicado com benzodiazepínicos, como 25-50 mg de clordiazepóxido a cada 2-4 horas até que esteja fora de perigo. Assim que o delirium surge, 50-100 mg de clordiazepóxido devem ser ministrados a cada 4 horas VO, ou lorazepam deve ser administrado via IV caso medicação oral não seja possível. Medicamentos antipsicóticos que podem reduzir o limiar convulsivo devem ser evitados. Uma alimentação rica em calorias e carboidratos, complementada por multivitamínicos, também é importante. Conter fisicamente o paciente com DTs é arriscado; ele pode lutar contra as contenções até um nível perigoso de exaustão. Quando está turbulento e fora de controle, pode-se usar uma sala de reclusão. A desidratação, exacerbada por diaforese e febre, pode ser corrigida com administração O ou IV de líquidos. Anorexia, vômito e diarreia costumam ocorrer durante a abstinência. O surgimento de sintomas neurológicos focais, lateralidade de convulsões, aumento da pressão intracraniana ou evidências de fraturas no crânio ou outras indicações de patologia do SNC devem levar o clínico a examinar o paciente em busca de uma nova doença neurológica. Medicamentos anticonvulsivantes não benzodiazepínicos não ajudam a impedir nem tratar convulsões resultantes de abstinência de álcool, embora benzodiazepínicos costumem ser eficazes. A psicoterapia de apoio no tratamento de DTs é fundamental. O paciente costuma ficar desnorteado, assustado e ansioso devido aos sintomas perturbadores, e o apoio verbal competente se faz imperativo. LÚRIA NIEMIC ONOFRE – MED UNIC 34 8 MÓDULO 16 – PROBLEMAS MENTAIS E DE COMPORTAMENTO ➼ OUTROS TRANSTORNOS INDUZIDOS POR ÁLCOOL Transtorno psicótico induzido por álcool; transtorno bipolar induzido por álcool; transtorno depressivo induzido por álcool; transtorno de ansiedade induzido por álcool; transtorno do sono induzido por álcool; disfunção sexual induzida por álcool; e transtorno neurocognitivo maior ou leve induzido por álcool. Esses transtornos induzidos por álcool são diagnosticados em lugar de intoxicação por álcool ou abstinência de álcool apenas quando os sintomas são suficientemente graves para justificar atenção clínica independente. O transtorno induzido por álcool é temporário e constatado após intoxicação e/ou abstinência de álcool graves. Embora os sintomas possam ser idênticos aos daqueles de transtornos mentais independentes (ex. psicoses, transtorno depressivo maior), e também possam apresentar as mesmas consequências graves (ex. suicídio), as condições induzidas por álcool tendem a melhorar sem tratamento formal em questão de dias a semanas após a interrupção da intoxicação grave e/ou da abstinência. TRATAMENTO O tratamento da dependência do álcool é complexo, devido aos frequentes episódios de intoxicação, abstinência e recaídas. Os objetivos devem ser a abstinência, a prevenção de recaídas e a reabilitação. A diminuição da quantidade de álcool ingerida (ou beber controlado) é uma questão muito discutível, parecendo estar indicada em alguns grupos de pacientes, quando a melhora do estado clínico e psicológico é significativa. No entanto, para a maioria dos pacientes, a meta deve ser a abstinência total. MOTIVAÇÃO – Constitui uma etapa importante do tratamento, devendo ser uma responsabilidade do paciente e do médico. 1) Pré-contemplação: ainda não dimensiona as consequências negativas de beber e não planeja mudar seu comportamento; 2) Contemplação: começa a comparar as vantagens e desvantagens de beber e a possibilidade de realizar alguma mudança já é mais real; 3) Preparação: desenvolver um plano para a mudança de comportamento; 4) Ação: quando mudanças objetivas no comportamento são realizadas; 5) Manutenção: quando alterações mais profundas no estilo de vida são concretizadas a fim de possibilitar a abstinência. RECAÍDAS – Antigamente eram vistas como fracasso do tratamento, mas hoje se sabe que são muito frequentes e apenas significam que estratégias de prevenção devem ser empregadas. DESINTOXICAÇÃO – Os 2 principais objetivos são a melhora das condições gerais do paciente e emprego de medicações que possam aliviar os sintomas de abstinência. INTERVENÇÃO – Geralmente realizada em 1-3 sessões, inclui avaliar a gravidade do alcoolismo e oferecer feedback motivacional e aconselhamento. GRUPOS DE AUTOAJUDA – Geralmente funcionam em esquema de reuniões diárias, nos quais são compartilhadas as experiências de cada um no processo de dependência e recuperação (ex. Alcoólicos Anônimos). MEDICAMENTOS – De modo geral, o uso de medicamento está indicado para pacientes com consumo moderado a severo, que estão motivados a reduzirem a ingestão de álcool e que não tem contraindicação ao uso individual do medicamento. Naltrexona: antagonista opioide que tem a função de diminuir o prazer ao beber, por meio da liberação das endorfinas e consequente bloqueio da liberação de dopamina. A dose usual é de 50 mg/dia, mas pode chegar a 100 mg/dia. Não deve ser utilizado junto com opioides, e é contraindicado para indivíduos portadores de hepatite ou insuficiência hepática. Acamprosato: ao contrário da naltrexona, reduz o desejo compulsivo que aparece na abstinência, por meio da redução da atividade glutamatérgica e aumento da gabaérgica. Seu principal cuidado são os pacientes com insuficiência renal. Dissulfiram (antabuse): age inibindo a enzima acetaldeído desidrogenase, o que faz com que o acetaldeído se acumule no organismo, provocando vários efeitos colaterais, como rubor facial, cefaleia, tonturas, náuseas, vômitos, fraqueza, sonolência, sudorese, visão turva, taquicardia e sensação de morte eminente. Não deve ser utilizado em portadores de miocardiopatia grave, assim como em portadores de doença coronariana.
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