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teoria geral do direito de empresa • Fundamentos do direito empresarial moderno → teorias que serviram de base para o direito empresarial moderno o Teoria dos atos de comércio (1808) → surgiu na França, no momento pós Revolução Francesa. Características: ▪ Veio acompanhada da bipartição do direito privado, que foi dividido em dois grandes ramos: direito civil e direito empresarial, cada um com uma função. O direito comercial naquele momento tinha como objetivo regulamentar as relações estabelecidas entre os burgueses. O direito civil, por outro lado, tinha como objetivo regulamentar as relações travadas entre os nobres. Mas, como naquela época eram os burgueses que estavam no poder, ao direito comercial foram dados vários benefícios e privilégios, enquanto que ao direito civil foram dados vários deveres e obrigações. • Benefícios comerciais que permanecem até hoje: tratamento tributário favorecido para a atividade econômica e o regime de insolvência empresarial mais benéfico que o civil. • Alguns benefícios comerciais que foram perdidos ao longo do tempo: somente comerciantes matriculados na junta comercial tinham o direito de aguardar o julgamento em cela especial, hoje o rol é bem amplo; somente os comerciantes matriculados na junta comercial podiam passar procuração de próprio punho (procuração por instrumento particular) e os não comerciantes, independente do objeto só poderiam passar procuração por instrumento público. Hoje qualquer pessoa capaz pode passar procuração por instrumento particular, desde que a lei não exija para determinado objeto a forma pública. ▪ Não trouxe um conceito fundamental e essencial para a disciplina de comerciante ou atos de comercio com o objetivo de que os nobres não pudessem se adaptar a esse conceito e que, portanto, tivessem acesso aos benefícios concedidos pelo direito comercial. Assim, somente foram listados os atos que eram considerados de comércio, trazendo uma estrutura casuística do que seriam atos de comércio. Foram listados como atos de comércio os atos tipicamente praticados pelos comerciantes: • Comércio em sentido estrito • Atos de indústria (fabricação e manufatura de bens) • Atividade financeira (atos praticados pelos bancos) • Atividade de seguros (assunção dos riscos) Nessa lista não está a agricultura, o extrativismo, a criação de animais e a prestação de serviços, pois essas eram atividades praticadas pelos nobres. ▪ Essa teoria foi adotada pelo Código Comercial Brasileiro de 1850. ▪ Vários autores e doutrinadores se debruçaram na busca pelo conceito fundamental de atos de comércio e comerciante. Quem mais chegou perto desse conceito fundamental foi um professor italiano chamado Alfredo Rocco. Para ele, atos de comércio são aqueles atos que pressupõem uma interposição na troca. Esse conceito foi bastante criticado pois interposição na troca é uma expressão bastante genérica e que acaba abarcando uma série de atividades que não tem nada de comercial (ex: consumidor, trabalhista). ▪ Os autores, buscando um conceito fundamental de atos de comércio, acabaram percebendo que dentro do sistema da teoria dos atos de comércio não é possível estabelecer esse conceito fundamental. É nesse sentido que nasce a teoria da empresa, pois para estabelecer um conceito fundamental para a disciplina era necessário mudar o sistema. o Teoria da empresa (1942) → surgiu na Itália com objetivo de preencher as lacunas e corrigir os defeitos deixados pela teoria dos atos de comércio, se contrapondo às duas principais características da teoria dos atos de comércio e propondo a: ▪ Reunificação do direito privado → foi uma tentativa pois, na prática, se mostrou um fracasso. A reunificação aconteceu apenas parcialmente e, mesmo assim, exclusivamente no aspecto legislativo. Do ponto de vista didático, profissional e científico as disciplinas de Direito Civil e Direito Empresarial continuam autônomas e independentes. • Cesare Vivante, professor italiano, foi o mais fervoroso defensor da reunificação do direito privado. Entretanto, posteriormente mudou de ideia pois percebeu que a reunificação seria um mal tanto para o direito civil quanto para o direito comercial e, por isso, impossível de ser realizada. O nível de superespecialização dos ramos de direito privado gerado pelas codificações anteriores tornou insustentável a reunificação. • Apesar de Vivante ter sido um grande defensor, o primeiro a propor a reunificação foi um professor brasileiro, Augusto Teixeira de Freitas, em seu projeto de código civil que foi rejeitado no Brasil, mas influenciou as codificações de vários outros países como a Argentina e o Uruguai e que já previa a reunificação do direito privado. ▪ Construção de um conceito fundamental para a disciplina, que é o conceito de empresário, que passou a ser a figura central da disciplina. • Art. 966, CC/02 → considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços ▪ A teoria da empresa foi concebida pelo professor italiano Alberto Asquini. É composta de quatro perfis: • Perfil subjetivo → relacionado com o sujeito da atividade econômica organizada (empresário) • Perfil objetivo → relacionado com o objeto da atividade econômica organizada (estabelecimento empresarial) • Perfil funcional ou abstrato → relacionado com o elemento imaterial, vínculo jurídico que liga o sujeito e o objeto (empresa). Tecnicamente, empresa é o vínculo jurídico, não é sujeito nem objeto. Empresa é o sinônimo de atividade empresarial. • Perfil corporativo • Empresário o Conceito → art. 966, CC/02. É esse conceito que diz quem se submete ao direito civil e quem se submete ao direito empresarial. ▪ Profissionalismo → articular três características: • Habitualidade: periodicidade. Quem atende a demanda periódica da atividade. • Pessoalidade: atividade empresarial será exercida em nome do empresário. É o grande fundamento da responsabilidade. • Monopólio de informações: expressão um pouco equivocada, pois dá a ideia de que o empresário deve saber tudo sobre a atividade e que deve guardar as informações só para si. Entretanto, é justamente o contrário. O empresário não precisa saber tudo e o que é obrigado a saber deve compartilhar com seus consumidores. ▪ Exercício de uma atividade econômica com intuito lucrativo → a atividade econômica perpassa/pressupõe a ideia de lucro, ainda que este lucro não seja repartido. Associações e fundações podem ter lucros, mas estes devem ser reinvestidos na própria atividade. Nesse caso, o lucro é o meio para alcançar o fim. No caso da atividade empresarial, o lucro é o fim em si mesmo. Entretanto, nem toda atividade cuja finalidade é o lucro é empresarial, por exemplo: advogados, que é uma atividade civil que busca lucro. ▪ Organização → articulação dos quatro fatores de produção • Capital → próprio ou alheio • Insumos → matéria prima empregada na atividade • Mão de obra → direta (tem vínculo empregatício) ou indireta (não tem vínculo empregatício). o Existe uma discussão doutrinária sobre se a contratação de mão de obra é um requisito para ser empresário, pois parte da doutrina diz que o empresário pode simplesmente não contratar mão de obra nenhuma, pode fazer tudo sozinho. Essa tese é defendida por Vicenzo Buonocore, que defende que Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. contratar mão de obra é elemento dispensável para aconfiguração do empresário. o Entretanto, no Brasil prevalece a tese de Evaristo de Morais Filho, que defende que contratar mão de obra é sim um requisito para a configuração do empresário. Por isso, quem não contrata mão de obra alheia não pode ser considerado empresário. • Tecnologia → aprimoramento da técnica para atender à demanda ▪ Empresário é um gênero que comporta três espécies: • Empresário individual → pessoa física que exerce atividade empresarial. Responde de maneira ilimitada pelas obrigações decorrentes do negócio. Só recebe CNPJ para fins burocráticos, não o tornando pessoa jurídica (continua sendo pessoa física). • Sociedade empresária → pessoa jurídica que exerce atividade empresarial, sendo essa pessoa jurídica formada por sócios. Os sócios não se confundem com a sociedade, quem tem personalidade jurídica distinta da personalidade jurídica dos sócios. Quem deve atender às regras do art. 966 do CC/02 é a sociedade, não os sócios • EIRELI → pessoa jurídica formada por um único integrante e titular, que tem responsabilidade limitada pelas obrigações negociais. o Atividades civis → atividades não empresariais ▪ Quatro hipóteses de atividades civis (não empresariais) • Excludente → estará excluído da condição de empresário que não atender a qualquer dos requisitos do art. 966, caput, CC. • Profissional intelectual → parágrafo único, art. 966, CC. Não é empresário quem exerce atividade intelectual de natureza científica, literária ou artística (profissionais liberais em geral), ainda que com concurso de colaboradores ou auxiliares. Exceção: se o exercício da atividade intelectual constituir elemento de empresa. • Atividade rural → quem exerce atividade rural pode definir a sua natureza jurídica a partir da escolha do lugar do registro. Poderá ser considerado empresário se fizer o registro na junta comercial (independente de preencher os requisitos) ou não será considerado empresário se fizer o registro no RCPJ (registro civil de pessoa jurídica). Registro é obrigatório, ele só escolhe onde faz, pois em geral o registro é declaratório, mas para quem exerce atividade rural o registro é constitutivo. • Cooperativas → as cooperativas tem natureza jurídica de atividade civil por expressa determinação legal (§único, art. 982, CC) o Vedações ao exercício da atividade empresarial ▪ Incapacidade → proteger o indivíduo que não tem o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil • Incapacidade civil → absolutamente incapazes e relativamente incapazes • Como pessoa física (empresário individual), o incapaz não pode iniciar uma atividade empresarial, só poderá continuar uma atividade iniciada por ele quando capaz ou que tenha sido objeto de herança. o Para que haja a continuação, é imprescindível autorização judicial. o O juiz vai autorizar a continuação da atividade por intermédio de um alvará. o O absolutamente incapaz deve estar representado e o relativamente incapaz deve estar assistido. Se o representante ou assistente forem impedidos de exercer atividade empresarial, o juiz nomeará um assistente. o Patrimônio particular do incapaz ao tempo da sucessão deve ser listado no alvará, pois os bens do incapaz ao tempo da sucessão estarão protegidos do eventual insucesso da atividade. Bens particulares do incapaz não serão alcançados. Entretanto, os bens particulares do incapaz que forem utilizados na atividade não terão essa proteção. • É possível incapaz figurar como integrante de pessoa jurídica (sócio de uma sociedade ou titular de uma EIRELI), desde que atenda às regras estabelecidas pelo §3º, art. 974, CC: o Deve estar representado, se for absolutamente incapaz, ou assistido, se for relativamente incapaz o Incapaz não poderá ser administrador da sociedade o Capital social da sociedade deve estar integralizado ▪ Proibições → proteger a coletividade de indivíduo que já se mostrou nocivo ou potencialmente nocivo • Falido → não pode exercer atividade empresarial até sua reabilitação Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. Sociedades por ações: sociedades divididas em ações → sociedade anônima e sociedade em comandita por ações. Serão sempre sociedades empresárias. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art967 • Condenado por crime incompatível com o exercício da empresa → não pode exercer atividade empresarial até a extinção da punibilidade • Leiloeiro → não pode exercer atividade empresarial pois tem acesso a informações privilegiadas • Funcionário público → proibição não é plena, algumas categorias permitem outras não. Regra geral: regime jurídico único dos servidores públicos federais. O servidor público federal pode ser sócio de uma sociedade, mas apenas sócio investidor, não pode ser sócio administrador e também não pode ser empresário individual. • Estrangeiro → tem uma série de restrições ao exercício da atividade empresarial no país. Uma delas é em relação a empresas jornalísticas e de radiodifusão, onde estrangeiros não podem ter participação superior a 30% e também não podem exercer cargos de direção, nem coordenar a programação. Também há restrição com relação a empresas de aviação civil, onde o estrangeiro não pode controlar esse tipo de empresa (essa restrição está sendo revista) • Devedor do INSS → não pode iniciar outra atividade empresarial enquanto for devedor do INSS • O proibido de exercer atividade empresarial e que mesmo assim o faz não pode alegar a proibição para eximir de obrigação. Deve honrar todas as obrigações assumidas, mesmo que esteja proibido de exercer a atividade empresarial (art. 973, CC) o Prepostos → toda a mão de obra utilizada pelo empresário, tanto a mão de obra direta quanto a indireta. ▪ Mão de obra direta → tem vínculo empregatício ▪ Mão de obra indireta → não tem vínculo empregatício ▪ O ato praticado pelo preposto vincula o empresário ou seja, o empresário é responsável pelos atos praticados pelo preposto. Entretanto, o ato praticado pelo preposto vincula o empresário desde que essencialmente dois requisitos sejam atendidos: • Objeto → ato deve estar relacionado com o objeto da atividade • Lugar → ato deve ser praticado no lugar da atividade Existem atividades que oferecem serviços de vendas pelo telefone, internet e à domicílio. Nesses casos, o empresário está ampliando o lugar de exercício da atividade, sendo responsável pelos lugares ampliados. ▪ O preposto não pode concorrer com o empresário. Só poderá concorrer se houver expressa autorização nesse sentido. Essa conduta é tão séria que a concorrência do preposto foi elevada à categoria de concorrência desleal, sendo considerada crime. ▪ O código civil destacou dois prepostos como os mais importantes para o empresário: • Gerente → preposto que tem função de chefia, inspeciona as ações da empresa. O empresário pode limitar a atuação do gerente, mas para que essa limitação produza efeitos perante terceiros ela deve ser feita por escrito e arquivada na junta comercial. o Qualquer pessoa capaz pode ser gerente, não se exigindo para essa função nenhuma formação específica. É um preposto facultativo. • Contabilista → preposto que cuida da escrituração do empresário e dos lançamentos da atividade empresarial. Para ser contador exige-se habilitação específica em contabilidade e registro no conselho competente. É um preposto obrigatório, salvo nas localidades onde não existir contador, onde o próprio empresário pode fazer sua contabilidade ou pode contratar umprofissional não habilitado. • Obrigações do empresário o Registro → dizer ao Estado que vai iniciar uma atividade econômica organizada ▪ Obrigação de registrar-se na junta comercial. O registro empresarial é regido pela lei 8.934/94, que instituiu o SINREM. ▪ SINREM (Sistema Nacional de Registro de Empresas) • DREI – Departamento de Registro Empresarial e Integração (âmbito federal) → órgão que diz como deve ser realizado o registro • Junta comercial (âmbito estadual) → órgão que executa o registro de acordo com as determinações do DREI. Subordinada tecnicamente ao DREI e administrativamente ao governo estadual (dupla subordinação). Só uma junta comercial não possui dupla subordinação, que é a do Distrito Federal, pois está subordinada tanto tecnicamente quanto administrativamente ao DREI (subordinação una). ▪ Atos de registro → registro é um gênero que comporta três espécies: • Matrícula → ato de registro dos auxiliares do empresário: tradutores públicos, intérpretes comerciais e leiloeiros. • Arquivamento → ato de registro do empresário, seja ele empresário individual, sociedade empresária ou EIRELI. Com relação à sociedade empresária, o arquivamento é tanto para a constituição quanto para a alteração e para a dissolução. o Prazo de 30 dias a contar da prática do ato para fazer o arquivamento (para fazer o pedido de arquivamento). Se for feito dentro do prazo, o arquivamento vai convalidar os atos anteriormente praticados (efeito ex tunc). Se for feito fora do prazo, os atos praticados anteriormente não serão convalidados (efeito ex nunc), sendo considerados esses atos feitos por um empresário irregular. • Autenticação → dupla função. Função de veracidade e função de regularidade. o Livros empresariais (e outros documentos) só serão considerados regulares se autenticados o Livros (manter uma escrituração regular) → obrigação de lançar nos livros as operações realizadas ▪ Funções: • Gerencial → os livros servem para que o empresário possa tomar decisões acerca da sua atividade. As informações contidas nos livros podem ajudar no gerenciamento da atividade. • Documental → livros servem para demonstrar a terceiros o funcionamento da atividade. • Fiscal → decorre da necessidade que tem o Estado de controlar a incidência e o pagamento de tributos. ▪ Espécies (classificação) • Obrigatórios → são impostos pela legislação. A sua ausência acarreta sanção ao empresário. o Comuns → impostos a todos os empresários indistintamente. No ordenamento jurídico brasileiro só existe um livro obrigatório comum: o diário. O diário só não é imposto aos microempresários e empresários de pequeno porte. ME – tem receita anual bruta igual ou inferior a 360.000 reais EPP – tem receita anual bruta superior a 360.000 reais e igual ou inferior a 3.600.000 reais Às ME e MPP foi assegurado tratamento diferenciado pela CF. Esse tratamento diferenciado é administrativo, burocrático, mas principalmente fiscal e tributário. Esse tratamento tributário diferenciado é chamado de Simples Nacional, que é um sistema integrado de pagamento de tributos. Entretanto, nem todo ME e EPP pode fazer a opção pelo Simples Nacional, existindo ME e EPP que estão excluídos desse sistema. Assim, os ME e EPP podem ser divididos em duas categorias com relação à adesão a esse sistema tributário: ▪ Optantes → empresários que fizerem a opção pelo Simples Nacional não precisam escriturar o Diário, mas têm que guardar os documentos que comprovam as operações realizadas. ▪ Não optantes → podem substituir o Diário pelo Livro Caixa o Especiais → são impostos a apenas certas categorias de empresários. Exemplos: ▪ Livro de registro de duplicatas: só é imposto ao empresário que emite duplicatas. ▪ Livro de ata de assembleia de SA: só é imposto para sociedades anônimas • Facultativos → não são impostos pela legislação e, portanto, não há qualquer sanção caso o empresário não queira escritura- lo. Geralmente os livros facultativos acabam ajudando no gerenciamento da atividade, mas não há qualquer sanção no caso de sua ausência. o Balanços (levantar balanços periódicos) → todo empresário deve levantar balanços periódicos. A regra é que o empresário tem que levantar 2 balanços distintos uma vez por ano: um é o balanço patrimonial (demonstra todo o ativo e todo o passivo do empresário) e o outro é o balanço de resultado econômico (demonstra as perdas e os ganhos do empresário – lucro ou prejuízo). Os balanços também são chamados de demonstrativos. ▪ Exceções: o ME e EPP são dispensados de levantar os balanços. Já as instituições financeiras devem levantar os dois balanços a cada 6 meses. • Estabelecimento empresarial → objeto da atividade empresarial o Conceito → conjunto de bens, materiais e imateriais, que servem ao exercício da atividade empresarial. ▪ Não se confunde com o patrimônio empresarial. A diferença entre eles é a destinação. Patrimônio é tudo que pertence ao empresário, enquanto que o estabelecimento é a parcela do que pertence ao empresário que é destinada ao exercício da atividade empresarial. o O valor do estabelecimento empresarial não é a simples soma do valor dos bens que o compõe. Existe um valor agregado ao estabelecimento empresarial chamado de aviamento, dado em razão de sua organização. o Trespasse → alienação do estabelecimento empresarial ▪ Ao alienar o estabelecimento empresarial se está alienando o bem coletivo mais importante do patrimônio do empresário e a principal garantia dos credores do empresário. Por isso para alienar o estabelecimento empresarial, invariavelmente alguns requisitos devem ser atendidos: • Contrato de alienação deve ser escrito para que seja arquivado na junta comercial • Publicação da alienação na imprensa oficial • Anuência ou concordância de todos os credores indistintamente. Essa concordância pode ser expressa ou tácita, quando notificado na alienação não se manifesta no prazo de 30 dias. o Existe a possibilidade de alienação do estabelecimento empresarial sem a necessidade de anuência de todos os credores: se o patrimônio restante for solvente (suficiente para pagar as dívidas do empresário) não haverá necessidade de anuência de todos os credores. ▪ Se está alienando um bem coletivo como é o estabelecimento empresarial, deve-se aplicar a regra do direito privado: acessório segue o principal. Assim, para alienar o estabelecimento empresarial, as dívidas vinculadas ao estabelecimento e devidamente contabilizadas o acompanham na sua alienação. Essas dívidas, portanto, serão transferidas para o adquirente do estabelecimento empresarial, mas continuará o alienante solidariamente responsável por elas pelo período de um ano (prazo a contar do trespasse para as dívidas vencidas e a contar do vencimento de cada uma delas para as dívidas vincendas). Exceções: • Dívidas trabalhistas – seguem o estabelecido na CLT, arts. 10 e 448: também se transferem ao adquirente, mas continuará o alienante subsidiariamente responsável por elas até a sua prescrição; • Dívidas tributárias – seguem o estabelecido no CTN, art 133: a responsabilidade tributária dependerá do comportamento do alienante: o Se ele continuar alguma outra atividade econômica (a mesma não pode por 5 anos, considerado concorrência desleal) significa que ele ainda existe para o fisco enquanto agente econômico fazendo com que a responsabilidade pela dívida tributária continua com o alienante, tendo o adquirente apenas responsabilidade subsidiária (dívida tributária não se transfere). o Se o alienante desistiu de exercer qualquer atividade econômica, o adquirente terá responsabilidade integral, respondendo sozinho pelas dívidas tributárias pois o alienante deixou de existir para o fisco enquanto agente econômico. o Existe um lapso temporal para a verificaçãodo retorno ou não a atividade econômica. A lei estabelece o prazo de 6 meses que é um prazo curto, mas considerando que as dívidas tributárias tem prescrição quinquenal e o estado é lento para cobrar, esse prazo é curto para evitar que a dívida prescreva e o estado perca o crédito. o Se o alienante continuar a exercer alguma outra atividade econômica ou parar e voltar antes de 6 meses é como se ele não houvesse parado, sendo ele o responsável pela dívida tributária e, subsidiariamente, o adquirente. o Se o alienante encerrar definitivamente o exercício de qualquer atividade econômica ou parar e voltar depois de 6 meses a responsabilidade será integralmente do adquirente. o Ponto empresarial → lugar onde a atividade empresarial é exercida. Existe um valor agregado a esse ponto empresarial ▪ Hoje a maioria dos pontos empresariais é alugado, sendo esse aluguel regido pela lei 8.245/91, que prevê dois tipos de locação: • Residencial: utilizada para fins de moradia • Não residencial: utilizada para o exercício de uma atividade econômica o Dentre as várias hipóteses de locação não residencial, há a locação empresarial. Esta locação tem como locatário o empresário e o imóvel é utilizado no exercício da atividade econômica. Sobre essa locação (não residencial em geral), o ordenamento jurídico oferece uma proteção diferenciada chamada de direito de inerência ao ponto ou de renovação compulsória do contrato de locação. É o direito que tem o locatário de renovar o contrato de locação mesmo que o locador não queira, unilateralmente e de forma forçada. É feito para proteger toda a vinculação da clientela ao ponto empresarial específico. Para isso, deve atender a alguns requisitos (art. 51, lei de locações): ▪ Contrato de locação deve ser escrito e deve ter prazo determinado ▪ Ter o locatário pelo menos 5 anos ininterruptos de contrato (ou contratos que somados deem 5 anos), inclusive com diferentes titulares, desde que entre eles tenha se mantido o vínculo jurídico intervivos ou mortis causa. Apesar da lei falar de 5 anos ininterruptos, existem várias decisões judiciais que entendem que uma interrupção do contrato apenas para sua renovação sem a interrupção do exercício da atividade (ou seja, interrupção do vínculo formal, sem a interrupção do vínculo material) não desnatura o direito de inerência ao ponto. ▪ Ter o locatário pelo menos três anos ininterruptos de efetivo exercício da mesma atividade quando da propositura da ação renovatória. o Prazo para a propositura da ação renovatória → de um ano a 6 meses anteriores ao fim do contrato de locação. É um prazo decadencial: não se suspende, não se interrompe e não se prorroga. o Contrato de locação será renovado por igual período. Poderá ser proposta nova ação renovatória ao fim do novo prazo de locação. Não existem limites para a quantidade de ações renovatórias, que podem ser propostas enquanto presentes os requisitos. o O locador continuará sendo remunerado através do pagamento de aluguel, que será majorado durante o contrato de acordo com o índice do contrato e após o contrato de acordo com o valor de mercado. Assim, o aluguel não ficará defasado pois na renovação ele será reajustado de acordo com o valor de mercado. o Ainda assim, existem cinco hipóteses que permitem ao locador reaver o seu imóvel (hipóteses de exceção de retomada) – art. 52 e 72, lei de locações: ▪ Uso próprio → locador quer seu imóvel de volta para usar. Não pode usar para a mesma atividade. O locador fica impedido durante 5 anos de utilizar o imóvel para a mesma atividade exercida pelo locatário, exceto se o locador já exercia essa atividade nesse imóvel antes da locação. ▪ Reforma substancial do prédio locado imposta pelo poder público ou para ampliação do imóvel → deve começar em até 3 meses após a devolução do imóvel ▪ Proposta insuficiente em relação ao valor de mercado ▪ Proposta melhor de terceiro → a preferência é do locatário caso iguale a proposta. Nesse caso, o proprietário e o terceiro proponente respondem solidariamente pela indenização ao locatário pela perda do ponto empresarial. ▪ Transferência de estabelecimento existente há mais de um ano do cônjuge, ascendente ou descendente do proprietário para seu imóvel. Obs: essas hipóteses não permitem a interrupção do contrato, mas apenas a sua não renovação!! • Elementos identificadores da atividade empresarial: o Nome empresarial → elemento identificador do empresário enquanto sujeito da atividade econômica organizada. ▪ É protegido através do registro na junta comercial. ▪ Abrangência da proteção territorial: como é registrado na junta, só tem proteção no território do estado em que foi registrado (proteção estadual). ▪ Nome empresarial é protegido em todas as classes (ramo), independentemente daquela em que foi registrado ▪ Nome empresarial é gênero que comporta duas espécies: • Firma → tem por base o nome civil dos seus integrantes, que pode vir acompanhado ou não do objeto ou ramo da atividade o Individual → só pode ser utilizada pelo empresário individual o Social (razão social) → pode identificar uma sociedade em nome coletivo, em comandita simples, sociedade limitada, comandita por ações e a EIRELI. • Denominação → tem por base um elemento fantasia que deve vir obrigatoriamente acompanhado do objeto ou ramo de atividade. o Exceção: a lei das SA permite de forma excepcional que esse elemento fantasia da denominação na AS seja substituído pelo nome civil do fundador da companhia ou de alguém que muito contribuiu para o seu desenvolvimento. o Pode identificar uma sociedade anônima, sociedade limitada, em comandita por ações e a EIRELI. ▪ Sociedade limitada, em comandita por ações a EIRELI podem usar tanto firma quanto denominação social → escolhem o que usar ▪ Sociedade em nome coletivo e em comandita simples só podem usar firma social ▪ Sociedade anônima só pode utilizar denominação social. ▪ Em alguns casos existe a obrigação de indicar no nome empresarial o tipo societário, por extenso ou abreviado: limitada ou LTDA, comandita por ações ou C/A, sociedade anônima ou S.A. e EIRELI → devem indicar o tipo societário. • SA é sinônimo de companhia (por extenso ou abreviado) se for no início ou no meio do nome empresarial. O companhia só não pode vir no fim para não confundir com o companhia que indica que existem outros sócios (Ex: da fonte, oliveira, ferreira e cia) o Marca → elemento identificador dos produtos e serviços utilizados pelo empresário para desenvolver o seu objeto. ▪ É protegida através do registro no INPI. ▪ Abrangência da proteção territorial: por ser protegida por registro no INPI, tem proteção nacional. • Exceção: marca notoriamente conhecida pode ser protegida além do território nacional, em todos os países signatários da Convenção de Paris sobre propriedade industrial. ▪ É protegida apenas na classe (ramo) em que foi registrada. • Exceção: marca de alto renome é protegida em todas as classes, independentemente daquela em que foi registrada. • Obs: nem toda marca de alto renome será notoriamente conhecida e vice-versa. Mas eventualmente pode ser os dois. o Título de estabelecimento → elemento identificador do ponto empresarial, ou seja, identifica o lugar onde a atividade empresarial é desenvolvida. Não tem um lugar específico de proteção, sendo protegido pelas regras de concorrência desleal. o Nome de domínio → elemento identificador do endereço do empresário na internet – ponto empresarial eletrônico. Protegido através do registro no “nic.br”
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