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RESUMO PATORAL - Cistos do desenvolvimento

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Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Patologia Oral – 2020.2 
Cistos do desenvolvimento 
Os cistos são lesões patológicas que são 
caracterizados pela presença de uma cavidade, 
que possui um revestimento interno de tecido 
epitelial, e ainda possui o revestimento de capsula 
ou de parede cística, que, em sua maioria, é 
formada de tecido conjuntivo fibroso denso. 
Os cistos do desenvolvimento são resultados 
de remanescentes embrionários epiteliais que se 
localizam nos locais da linha de fusão dos 
processos de formação e desenvolvimento da face. 
• Origem dos cistos: 
Podem originar (1) dos processos de 
desenvolvimento da face (processo frontal, nasal, 
maxilar, mandibular, palatinos), pela retenção de 
remanescentes embrionários; (2) da proliferação 
dos epitélios de revestimento dos ductos da face; 
(3) outros epitélios da cavidade oral que sofrem 
traumas. 
 
 
 
 
 
1. Cavidade ou lúmen; 2. Revestimento epitelial; 3. Parede ou 
capsula. 
Cistos dos maxilares 
São divididos em dois grandes grupos, que 
se diferenciam pela origem do epitélio. 
• Cistos odontogênicos; 
São classificados como inflamatórios e não 
inflamatórios (do desenvolvimento); originam dos 
tecidos que participaram da odontogênese. 
• Cistos não odontogênicos; 
São classificados como do desenvolvimento 
e pseudocistos; sua origem é de epitélios que não 
participam da odontogênese. 
 
Cistos do desenvolvimento 
• Cisto do ducto nasopalatino (canal 
incisivo); 
É o cisto mais comum na cavidade oral, 
ocorrendo em 1% da população. Ele origina dos 
remanescentes do ducto nasopalatino. Conforme a 
mandíbula se desenvolve e a língua desce, os 
processos palatinos crescem horizontalmente, 
fusionando-se com o septo nasal da linha média e 
com o palato 
primário ao longo da 
sua superfície 
anterior. Dois 
trajetos persistem 
na linha média entre 
o palato primário e 
secundário, que são 
os canais incisivos. 
Os ductos nasopalatinos são estruturas 
epiteliais que se formam pela fusão e se encontram 
dentro dos canais incisivos. Normalmente, eles 
regridem nos humanos, mas podem deixar 
remanescentes epiteliais nos canais incisivos. 
Embora sua origem seja desconhecida, pode-se 
considerar a proliferação de remanescente 
epiteliais do canal nasopalatino causada por 
traumas, infecção do ducto e retenção de muco nas 
glândulas salivares menores adjacentes. Assim, se 
desenvolve entre as raízes dos ICS. 
OBS.: a formação da cavidade se dá, pois, o tecido conjuntivo, por 
não haver vascularização própria, as células centrais ficam 
comprometidas, não recebendo suprimento sanguíneo do tecido 
vizinho; assim, entram em necrose e dão origem a cavidade dos 
cistos. 
Característica clínica: são lesões de crescimento 
lento, e não geram dor, dessa forma o paciente só 
percebe o crescimento/aumento de volume na 
região com o passar do tempo; é endurecida (o que 
sugere uma lesão intraossea), dessa forma o 
diagnóstico é feito por exame de imagem (a 
radiografia oclusal é resolutiva). (maior prevalência 
em homens entre 40 ~ 60 anos). 
Característica da imagem: lesão radiolúcida, bem 
delimitada, localizada entre os ICS, sendo 
unilocular, pode-se apresentar de forma oval ou em 
formato de coração, com margem esclerótica. 
 
Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Patologia Oral – 2020.2 
OBS.: lesões intraosseas são diagnosticadas com exames de 
imagens. 
 
Característica histopatológica: o epitélio de 
revestimento dos cistos do ducto nasopalatino é 
variável; podendo ser constituído de: epitélio 
escamoso estratificado; epitélio colunar 
pseudoestratificado; epitélio colunar simples; 
epitélio cúbico simples. 
É comum que mais de um tipo de epitélio 
possa ser encontrado no mesmo cisto. O epitélio 
escamoso estratificado é o mais comum, estando 
presente em ¾ de todos os cistos. O epitélio colunar 
pseudoestratificado tem sido relatado desde 1/3 até 
¾ de todos os casos. O epitélio cúbico simples e o 
epitélio colunar são observados mais raramente. 
 
 
 
 
 
 
OBS.: células caliciformes e cílios podem ser encontrados em 
associação do epitélio colunar. 
OBS.: tipo de epitélio pode estar relacionado com a posição vertical 
do cisto dentro do canal incisivo. 
OBS.: cistos que se desenvolvem mais superiormente no canal, 
próximos à cavidade nasal, tendem a apresentar epitélio respiratório, 
enquanto que aqueles localizados próximos à cavidade oral, 
geralmente, exibem epitélio escamoso. 
Tratamento: enucleação cirúrgica; deve ser feita 
uma biópsia do material para confirmar o 
diagnóstico. 
• Cisto nasolabial (nasoalveolar); 
É um cisto do desenvolvimento raro que 
ocorre no lábio superior, lateral à linha média, 
próxima a asa do nariz, na região de sulco 
nasogeniano próximo aos caninos superiores. 
Existem duas hipóteses para o 
desenvolvimento desses cistos; (1) pode ser 
originado de remanescentes epiteliais aprisionados 
ao longo da linha de fusão do processo maxilar, 
processo nasal mediano e/ou processo nasal 
lateral; (2) podem se desenvolver pela deposição 
ectópica do epitélio do ducto nasolacrimal, devido à 
sua localização e aspecto histológico semelhantes. 
Características clínicas: gera um aumento de 
volume no lábio superior, lateral a linha média, o 
que faz com que a asa do nariz seja elevada, 
também, o apagamento do fundo do vestíbulo; 
raramente o paciente relata dor, apenas quando a 
lesão já está infectada secundariamente; pode ser 
romper e drenar para a cavidade oral (maior 
prevalência em mulheres). 
 
Características histopatológicas: é revestido por 
epitélio colunar pseudoestratificado, exibindo 
muitas vezes células caliciformes e ciliadas; é 
comum encontrar áreas de epitélio cubico e 
metaplasia escamosa. A parede cística é formada 
por tecido conjuntivo fibroso, com tecido muscular 
esquelético adjacente. 
 
 
 
 
 
 
OBS.: pode haver inflamação quando a lesão está infectada 
secundariamente. 
Tratamento: remoção cirúrgica total por acesso 
intraoral. 
OBS.: é necessária a remoção de uma parte da mucosa nasal para 
garantir a remoção completa da lesão. 
 
Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Patologia Oral – 2020.2 
• Cisto linfoepitelial oral; 
É uma lesão rara da cavidade oral, que se 
desenvolve dentro do tecido linfoide oral. 
É originado da relação do tecido linfoide oral 
com o epitélio de revestimento da mucosa.; ele 
apresenta invaginações para o tecido amigdaliano, 
resultando em bolsas cegas ou criptas 
amigdalianas que podem estar preenchidas com 
restos de ceratina; podendo se tornar obstruídas ou 
estreitadas na superfície produzindo um cisto 
preenchido por ceratina dentro do tecido linfoide, 
logo abaixo da superfície mucosa. Também é 
possível que os cistos linfoepiteliais orais possam 
se desenvolver de epitélio da mucosa de superfície 
ou do epitélio de glândula salivar que ficou retido no 
tecido linfoide durante a embriogênese. 
Características clínicas: apresenta-se como uma 
massa submucosa pequena, geralmente menor 
que 1 cm de diâmetro; pode ser firme ou mole à 
palpação, e a mucosa de revestimento é macia e 
não ulcerada, é a lesão é branca ou amarela e 
muitas vezes contém em sua luz ceratina com 
aspecto caseoso ou cremoso; geralmente é 
assintomático. Está comumente no assoalho bucal; 
podendo se desenvolver na amígdala palatina ou 
no palato mole (maior prevalência em jovens e 
adolescentes). 
 
Características histopatológicas: o exame 
microscópico demonstra uma cavidade cística 
revestida por epitélio escamoso estratificado sem 
projeções para o conjuntivo. Este epitélio é 
paraqueratinizado com células epiteliaisdescamadas preenchendo a luz do cisto. Nota-se a 
presença de tecido linfoide na parede cística; na 
maioria dos casos, este tecido linfoide circunda o 
cisto. 
 
 
Tratamento: é tratado pela excisão cirúrgica e a 
recidiva geralmente não ocorre. 
OBS.: pelo fato de a lesão ser assintomática e inócua, a biópsia nem 
sempre é necessária, desde que a lesão seja característica o 
bastante para o diagnóstico ser feito com base na clínica. 
• Cisto dermoide/epidermóide; 
É uma malformação cística do 
desenvolvimento incomum; ele é revestido por 
epitélio semelhante à epiderme, e na parede 
contém anexos cutâneos. Eles não contêm tecido 
dos três folhetos germinativos, provavelmente 
representam uma forma frustra de um teratoma. 
Na cavidade oral podem ser observados 
cistos semelhantes revestidos por epitélio idêntico 
à epiderme, porém anexos cutâneos não são 
observados na parede do cisto. São chamadas de 
cistos epidermoides e representam a menor 
expressão do espectro do teratoma. Estes cistos 
epidermoides intraorais não devem ser confundidos 
com a forma mais comum, cisto epidermoide da 
pele, uma lesão não teratomatosa que se origina do 
folículo piloso. 
OBS.: geralmente, o cisto epidermoide é considerado uma forma 
cística benigna do teratoma. 
Os cistos dermoides ocorrem na linha média 
do assoalho bucal, podendo até se localizarem 
lateralmente do soalho bucal ou em outras 
localizações. 
OBS.: quando o cisto se desenvolve abaixo do músculo gênio-
hioideo, uma tumefação sublingual pode deslocar a língua 
superiormente e causar dificuldades na alimentação, na fonação ou 
até na respiração. Os cistos que surgem acima do músculo gênio-
hioideo produzem, muitas vezes, uma tumefação submentoniana, 
com aparência de “queixo duplo”. 
Características clínicas: os cistos dermoides da 
cavidade oral podem variar de poucos milímetros 
até 12 cm de diâmetro. Em geral, a lesão cresce 
lentamente sem provocar dor, apresentando-se 
 
Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Patologia Oral – 2020.2 
como uma massa borrachoide ou pastosa, que 
frequentemente retém a marca dos dedos sob 
pressão digital. Pode haver infecção secundária e a 
lesão pode drenar para o interior da cavidade oral 
ou para a pele (maior prevalência em crianças e 
jovens adultos). 
Características histopatológicas: são revestidos por 
epitélio escamoso estratificado ortoqueratinizado, 
com uma camada granulosa proeminente. É 
comum encontrar queratina abundante no interior 
da luz do cisto. A parede cística é composta por 
tecido conjuntivo fibroso que contém um ou mais 
anexos cutâneos, tais como glândulas sebáceas, 
folículos pilosos ou glândulas sudoríparas. 
Tratamento: são tratados por remoção cirúrgica. 
Aqueles localizados acima do músculo gênio-
hioideo podem ser removidos por incisão intraoral, 
e os situados abaixo do músculo gênio-hioideo 
podem necessitar de um acesso extraoral. 
Cisto dermoide: Tumefação flutuante na 
linha média do soalho bucal. 
Epidermoide: NÃO possui anexos 
cutâneos. 
Dermoide: Possui anexos cutâneos 
 
Referências: 
NEVILLE, B. W.; ALLEN, C. M.; DAMM, D. D.; et al. 
Patologia: Oral & Maxilofacial. 4ª Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2016. 
DERMOIDE EPIDERMOIDE 
EPIDERMOIDE 
DERMOIDE

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