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RESENHA Estrutura burocrática e personalidade (Robert Merton)

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RESENHA: Estrutura burocrática e personalidade (Robert Merton)
 O artigo “Estrutura burocrática e personalidade”, de Robert Merton, começa definindo a estrutura social que deve ser organizada corretamente. Entre eles, existem padrões de atividade relacionados ao objetivo da organização. Esses padrões de atividade são hierarquicamente divididos em posições, de maneira claramente definida, e as obrigações e privilégios são determinados por meio de regras. Portanto, a autoridade é inerente à posição, e não ao indivíduo. O relacionamento interpessoal é de natureza formal e possui uma certa distância social, com o objetivo de reduzir o atrito e proteger os subordinados da dominação arbitrária dos superiores, porque existem regras estritas entre eles.
 A burocracia proposta por Max Weber é apontada como o tipo ideal de organização. Envolve uma clara divisão de atividades, considerada uma obrigação do cargo ocupado, mas sujeita a regimes de controle e sanções. Essas posições são preenchidas com base em qualificações técnicas determinadas por processos formais e não humanos, como competições e exames. Os oficiais burocráticos ideais são nomeados por superiores ou por competição não individual, não por eleições. No entanto, a alta gerência que decide os critérios organizacionais pode ser selecionada de acordo com os desejos da maioria. 
 Além disso, as posições burocráticas exigem certas garantias de posse, pensões, salários e procedimentos de regularização para garantir o bom andamento do trabalho sem interferência da pressão externa. O autor acredita que, além de eliminar relações irracionais (como hostilidade, ansiedade e sentimentos) no exercício de cargos, a burocracia também tem a vantagem de melhorar a eficiência técnica em termos de velocidade, precisão e controle técnico. A burocracia evita debater publicamente sua tecnologia. Isso ocorre devido à necessidade de proteger as informações internas da organização contra concorrentes potencialmente hostis.
 Por outro lado, Merton também aponta para possíveis aspectos negativos da burocracia, baseando-se em três conceitos: deficiência treinada, psicose ocupacional e deformação ocupacional. O primeiro é sobre habilidades treinadas e consolidadas que se tornam insuficientes à medida que as condições mudam. Como a flexibilidade dessas habilidades pode resultar em um ambiente estável, sua força pode levar à adoção de processos inadequados quando aplicados a novas condições. No segundo conceito, a rotina diária dá a uma pessoa preferências especiais, aversão à discriminação e sotaques. Para funcionar, a burocracia deve alcançar um alto grau de confiança no comportamento, o que só é possível com disciplina eficaz, quando os padrões ideais são apoiados por sentimentos fortes.
 Posteriormente Merton, fala sobre a negligência às particularidades dos cidadãos dentro de um sistema extremamente burocratizado, ao serem tratados por funcionários que sofrem pressão para seguirem o padrão estabelecido. Ademais disso, aborda como os funcionários incorporam o poder do cargo que ocupam e agem de maneira hostil, como há dicotomias de poder dentro da estrutura, havendo interferência das relações pessoais, que geram corrupção, favoritismo, nepotismo e bajulação. E por fim, o autor traz à tona algumas questões intrigantes acerca da burocracia, como “até que ponto os distintos tipos de personalidade são selecionados e modificados pelas diferentes burocracias?” e “selecionam as burocracias as personalidades mais ou menos submissas ou dominantes?”.
 O artigo tratado é muito relevante ainda na atualidade, principalmente quanto à necessidade de adaptação de um sistema extremamente normatizado às mudanças contemporâneas. Em uma sociedade em constantes mudanças, os processos rígidos encontram dificuldade de se adequar de forma tão rápida e eficiente. Ainda que hajam mudanças, com a intenção de modernizar os processos, é necessário que as pessoas não adaptadas a essas mudanças também continuem tendo suas demandas atendidas, como no caso de adoção de ferramentas virtuais; pessoas que não possuem conhecimento digital devem ser tomadas em conta. Dessa maneira, é evidente que a burocracia é necessária em alguma medida, mas a extrema burocratização afasta esse sistema de seu objetivo ao dificultar os processos e o acesso do cidadão aos seus direitos, quando que se quer é democratizar e humanizar o atendimento público, para facilitar o acesso de todos aos seus direitos como cidadãos.

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