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PRÁTICAS DE ENSINO COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS

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Prévia do material em texto

PRÁTICA DE ENSINO: 
COMPETÊNCIAS 
SOCIOEMOCIONAIS
PROFESSORA
Dra. Kethlen Leite de Moura
ACESSE AQUI 
O SEU LIVRO 
NA VERSÃO 
DIGITAL!
http://
EXPEDIENTE
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. 
Núcleo de Educação a Distância. MOURA, Kethlen Leite de.
Prática de Ensino: competências socioemocionais. 
Kethlen Leite de Moura.
Maringá - PR.: UniCesumar, 2020. 
200 p.
“Graduação - EaD”. 
1. Socioemocionais 2. Ensino 3. Competências. EaD. I. Título. 
FICHA CATALOGRÁFICA
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 
Coordenador(a) de Conteúdo 
Roney de Carvalho Luiz
Projeto Gráfico e Capa
Arthur Cantareli, Jhonny Coelho
e Thayla Guimarães
Editoração
Juliana Duenha
Design Educacional
Bárbara Neves
Revisão Textual
Meyre Barbosa
Ilustração
Welington Oliveira
Fotos
Shutterstock CDD - 22 ed. 370.15 
CIP - NBR 12899 - AACR/2
ISBN 978-65-5615-044-4
Impresso por: 
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
DIREÇÃO UNICESUMAR
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacio-
nal Débora Leite Diretoria de Graduação Kátia Coelho Diretoria de Pós-Graduação Bruno do Val 
Jorge Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane 
Yoshie Fukushima Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de 
Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina 
da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais 
Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração 
Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva 
Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
BOAS-VINDAS
Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra-
balhamos com princípios éticos e profissiona-
lismo, não somente para oferecer educação de 
qualidade, como, acima de tudo, gerar a con-
versão integral das pessoas ao conhecimento. 
Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis-
sional, emocional e espiritual.
Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com 
dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, 
temos mais de 100 mil estudantes espalhados 
em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais 
(Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e 
em mais de 500 polos de educação a distância 
espalhados por todos os estados do Brasil e, 
também, no exterior, com dezenas de cursos 
de graduação e pós-graduação. Por ano, pro-
duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos 
mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe-
cidos pelo MEC como uma instituição de exce-
lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos 
e estamos entre os 10 maiores grupos educa-
cionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos edu-
cadores soluções inteligentes para as neces-
sidades de todos. Para continuar relevante, a 
instituição de educação precisa ter, pelo menos, 
três virtudes: inovação, coragem e compromis-
so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, 
para os cursos de Engenharia, metodologias ati-
vas, as quais visam reunir o melhor do ensino 
presencial e a distância.
Reitor 
Wilson de Matos Silva
Tudo isso para honrarmos a nossa mis-
são, que é promover a educação de qua-
lidade nas diferentes áreas do conheci-
mento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
P R O F I S S I O N A LT R A J E T Ó R I A
Dra. Kethlen Leite de Moura
Doutora e Mestre em Educação. Especialista em Docência do Ensino Superior 
e formada em Pedagogia. Realiza pesquisas na área de Educação do Campo, 
Primeira Infância, Educação a Distância. Tem experiência na Educação Básica, no 
Ensino Superior e na Pós-Graduação.
http://lattes.cnpq.br/8691750201352997 
A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A
PRÁTICA DE ENSINO: COMPETÊNCIAS 
SOCIOEMOCIONAIS
Olá, estudante!
Desde os anos de 1990, temos discutido, na Educação, a importância do desenvolvimento 
das competências socioemocionais. A partir da publicação do Relatório Jacques Delors e da 
Declaração Mundial de Educação para Todos (UNESCO, 1990; 1996), os debates se intensi-
ficaram, pois a formação integral do ser humano representa um importante avanço para a 
consolidação da cidadania.
Definimos a competência socioemocional como o processo de demonstrar a eficiência pes-
soal nas relações sociais que envolvem a emoção. Essa definição desmistifica, em parte, a 
competência socioemocional. Veremos, portanto, ao longo do material didático, questões 
relacionadas a essas competências.
É importante conhecermos essas definições e suas relações, pois, à medida que a eficácia pessoal 
se desenvolve no processo de relações sociais, os indivíduos aplicarão seus conhecimentos para 
desenvolver habilidades. Aprender sobre as competências socioemocionais é adquirir conheci-
mentos, atitudes, habilidades e emoções que possibilitam realizar o gerenciamento das emoções 
em nosso dia a dia e contribuir para a definição de metas positivas bem como demonstrar empatia 
por outrem e delimitar relacionamentos positivos no âmbito do trabalho e da família. 
As competências socioemocionais visam promover alunos proativos que se envolvam, cada 
vez mais, em atividades complexas. O envolvimento permite que você, estudante, tome deci-
sões coerentes e avalie os resultados. Todo este processo auxilia no despertar da criatividade 
para que experimente novas vivências e possibilidades em seu cotidiano.
O objetivo deste material didático é proporcionar novos caminhos para que se aprenda, ati-
vamente, por meio de problemas reais, desafios e atividades que combinem ações individuais 
e coletivas, permeando projetos individuais e de aprendizagem. 
O que aprenderá neste momento o(a) empoderará para que possa enfrentar os desafios do 
dia a dia. As competências socioemocionais são, extremamente, importantes para que pos-
samos obter resultados positivos em nossas ações; assim, as competências e as habilidades 
permitem-nos entender melhor as informações que nos chegam a fim de tomar decisões 
certas e resolver problemas. 
Desejo sucesso em seus estudos!
ÍCONES
Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece? Este ele-
mento ajudará você a conceituá-la(o) melhor da maneira mais simples.
conceituando
No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida 
para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos. 
quadro-resumo
Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco 
mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos. 
explorando ideias
Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e 
transformar. Aproveite este momento! 
pensando juntos
Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes 
online e aprenderá de maneira interativa usando a tecno-
logia a seu favor. 
conecte-se
Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar 
Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo 
está disponível nas plataformas: Google Play App Store
CONTEÚDO
PROGRAMÁTICO
UNIDADE 01 UNIDADE 02
UNIDADE 03
UNIDADE 05
UNIDADE 04
FECHAMENTO
EDUCAÇÃO PARA O
SÉCULO XXI
8
A SALA DE AULA NO 
CONTEXTO
DA EDUCAÇÃO DO 
SÉCULO XXI
40
80
O MODELO DE 
COMPETÊNCIAS
COGNITIVAS
115
DESENVOLVENDO
COMPETÊNCIAS
PARA A EDUCAÇÃO 
DO SÉCULO XXI
147
COMPETÊNCIAS 
SOCIOEMOCIONAIS
DO FUTURO 
PROFESSOR
180
CONCLUSÃO GERAL
1
EDUCAÇÃO PARA O
SÉCULO XXI
PLANO DE ESTUDO 
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • O Brasil e a Educação para o século 
XXI • Os desafios do professor na Educação para o século XXI • A Educação necessária para o século XXI.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEMCompreender os pressupostos teóricos que formulam a Educação para o século XXI • Entender quais os 
aspectos que envolvem a formação de professores para o século XXI • Apreender quais os mecanismos 
que contribuem para a formulação da Educação para o século XXI.
PROFESSORA 
Dra. Kethlen Leite de Moura
INTRODUÇÃO
A educação tem um papel primordial na sociedade, principalmente, para 
inspirar as pessoas a buscarem o melhor caminho para suas decisões. No 
âmbito educacional, ela visa auxiliar os alunos a reconhecerem suas parti-
cularidades e, assim, superar dificuldades para que possam atingir seu pleno 
potencial de desenvolvimento. A educação não visa a formação mecanicista, 
principalmente, a educação do século XXI, pois requer pessoas que sejam 
criativas e tenham o pensamento crítico. Como será que a nossa Educação 
se encontra? O que para você seria uma Educação Moderna?
Na contemporaneidade, temos ouvido notícias que nos deixam desani-
mados sobre as escolas, isso porque muitas se afastam do mundo real, tendo 
em vista que a matriz curricular está entupida de informações que, muitas 
vezes, destroem o prazer de aprender das crianças, dos jovens e dos adultos, 
fator que contribui para o abandono escolar. A formação desses sujeitos está 
assentada em uma perspectiva que não desenvolve habilidades e compe-
tências para que ele tenha uma vida bem-sucedida no mundo do trabalho.
Mesmo que estas informações sejam preocupantes, também, perce-
bemos melhoras no campo educacional, ou seja, há muitos professores, 
preocupados com esse processo formativo, que buscam alternativas bási-
cas para transformar o processo educacional. Otimizar mudanças, neste 
processo, também requer o auxílio do desenvolvimento tecnológico, pois 
este permite com que professores e alunos desenvolvam um novo cenário 
para a educação, criem oportunidades e contribuam para compreender as 
circunstâncias que envolvem século XXI.
Nossos estudos buscam auxiliar no desenvolvimento de um pensa-
mento criativo e crítico a respeito da educação para o século XXI. Bus-
caremos seguir as tendências que estão acopladas à educação e como se 
mostram em nosso cotidiano. Esperamos que esta combinação de análises, 
apresentações e fundamentos teóricos, além de ser exemplo para ampliar 
sua perspectiva, seja uma ótima oportunidade para que entenda o que é, 
realmente, importante à educação para o século XXI.
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O BRASIL E A
EDUCAÇÃO
para o Século XXI
O primeiro ponto que devemos mencionar é que a educação deve ser considerada 
a base fundamental do desenvolvimento de um país, seja no âmbito econômico, 
político, cultural e social. Logicamente, a educação está atrelada a um processo 
de ensino que precisa de alguns fatores para que o ato de educar aconteça, como: 
currículo, projeto político pedagógico, participação da comunidade no processo 
pedagógico, articulação da escola com a sociedade, avaliação, novas tecnologias 
e formação de professores.
É pertinente ressaltar que a educação para o século XXI não é, apenas, dotar as 
escolas ou salas de aula com tecnologias de última geração, muito menos, comprar 
equipamentos sofisticados, ou aumentar o espaço físico das escolas. O ponto crucial 
é preparar professores para que tirem proveito destas tecnologias em suas aulas.
Como estamos vivendo um momento de globalização, o processo de moder-
nização da nossa sociedade, também, afeta a educação, e isso permite que haja 
a reorganização dos sistemas de ensino, possibilitando a redefinição daquilo que 
aprendemos e como aprendemos. Logo, a educação fica ancorada nas exigências 
dessa sociedade tecnológica, sendo necessário refinar as questões técnicas com 
o mundo do trabalho.
Quando falamos de modernização, Ianni (1997) ressalta que este é um processo 
simultâneo à globalização, ou seja, a modernização é inevitável nesta sociedade, pois, 
ela está acoplada ao processo de crescimento, evolução e progresso dos países. Pode-
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mos relacioná-la, também, à industrialização, mercantilização, tecnologização, dentre 
outros processos que ultrapassam as barreiras físicas dos países, e isso acaba resul-
tando em nações, cada vez mais, interconectadas e articuladas em todos os padrões. 
Para Ianni (1997, p. 88), esse processo é simultâneo e modernizador, ou seja, “[...] 
é inaugurar o novo ou o desconhecido, seja proveniente de fora, seja oriundo de mu-
danças internas”. Para o referido autor esse processo de modernização é “[...] predomi-
nantemente determinada pelo sistema, algo técnico e automático” (IANNI, 1997, p. 91).
Essas novas exigências globais e locais, ao se articularem mundialmente, de-
monstram que, no início dos anos de 1990, vivemos uma segunda revolução 
industrial. Nesse momento, a evolução das tecnologias fez com que o homem 
fosse substituído em seu trabalho, de maneira gradativa, por um mecanismo 
robotizado. As mudanças não se limitaram, apenas, ao âmbito do emprego ou 
do mundo do trabalho, também, recaíram sobre a vida social dos indivíduos a 
estrutura familiar, o planejamento do ócio e a educação.
Para Schaff (1996, p. 22), estamos vivenciando essa revolução até os dias atuais, 
a autora quer dizer o seguinte: “[...] consiste na mudanças de que as capacidades 
intelectuais do homem foram ampliadas e inclusive substituídas por autômatos, 
que eliminam com êxito crescente o trabalho humano”. 
Veja, estudante, a autora apresenta que a revolução pela qual estamos passan-
do mudou, drasticamente, todas as relações que antes conhecíamos, e isso tem 
afetado não, somente, nossa forma de trabalhar, mas de agir e de pensar também, 
logo, estas modificações serão encontradas em todos os setores da vida humana, 
tanto no trabalho quanto fora dele. Portanto, “[...] todas as pessoas pensantes 
do mundo percebem que nos encontramos diante de uma mudança profunda, 
que não é apenas tecnológica, mas que abrange todas as esferas da vida social” 
(SCHAFF, 1996, p. 15).
Bem, estas nossas reflexões, até o momento, é para que possamos pensar sobre 
o processo de produção que temos presenciado em nossa vida. Isso não significa 
que há, apenas, uma expansão do processo econômico, mas se trata de uma mu-
dança na forma de organização das exigências mundiais para que o indivíduo se 
adapte ao processo de transformação social, econômica e cultural.
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Simplificando ao extremo, considera-se “pós-moderna” a incredulidade em relação aos 
metarrelatos. É, sem dúvida, um efeito do progresso das ciências, mas esse progresso, 
por sua vez, a supõe. Ao desuso do dispositivo metanarrativo de legitimação corresponde 
a crise da filosofia metafísica e a da instituição universitária que dela dependia. A função 
narrativa perde seus atores (functeurs) os grandes heróis, os grandes perigos, os gran-
des périplos e o grande objetivo. Ela se dispersa em nuvens de elementos de linguagem 
narrativos, mas também denotativos, prescritivos, descritivos etc., cada uma veiculando 
consigo validades pragmáticas sui generis. Cada um de nós vive em muitas destas encru-
zilhadas, “[...] não formamos combinações de linguagem, necessariamente, estáveis, e as 
propriedades destas por nós formadas não são necessariamente, comunicáveis”.
Fonte: Lyotard (2000, p. 16).
explorando Ideias
Em um mundo, cada vez mais, global, surgem diversos questionamentos 
sobre as questões que envolvem razão, ciência, história, indivíduos, educação 
e sociedade. Isso porque o mundo está se rearticulando em um novo tempo e 
espaço, abrindo caminhos para que possamos dar continuidade à nossa história 
com a intenção de chegarmos a um momento de mudanças. 
É, na base da nossa história, que vemos a nova reconfiguração do tempo, ou seja, 
mudanças ocorrem no âmbito educacional para atender aos preceitos da moder-
nização das sociedades, tendo por finalidade iniciar uma nova era que possa exigir 
dos indivíduos novas habilidades e competências para que dominem as questões da 
modernidade, como a informatização,tanto no mundo do emprego quanto fora dele.
Esse movimento busca enfatizar as novas exigências do saber que estão pautadas 
em técnicas e procedimentos que permitem ao homem adaptar-se às mais diver-
sas mudanças ocorridas em nossa sociedade. Nesse processo, evidencia-se que 
o saber não se manifesta como uma mercadoria, em que se abre mão para que 
se estabeleça relações, cada vez mais, desgastantes, mas é necessário estabelecer 
relações de competitividade para que se permaneça neste jogo de poder.
 “ Diferentemente da constituição dos Estados-nações no início da modernidade, em que estes se impunham por meio da conquista de territórios e da centralização do governo, as estratégias de con-
quistas dos Estados-nações reaparecem hoje baseadas na busca e no 
domínio das informações, na capacidade produtiva que circulam 
como moedas (LYOTARD, 2000, p. 7). 
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É importante sabermos que, nesse processo, há contradições e conflitos, já que 
vivemos em uma sociedade global que está, constantemente, marcada pela rede-
finição dos Estados-nações. Isso quer dizer que há interferência das negociações 
e conferências sobre educação, que ocorrem em âmbito global e interferem no 
Brasil. As influências são marcadas pela emergência de uma reorganização geo-
gráfica do mundo como forma de reorientar a vida dos seres humanos para que 
possam desenvolver suas competências. 
 “ Esse é o horizonte em que se reabre a problemática da moderni-dade. Como a globalização abala mais ou menos profundamente os parâmetros históricos e geográficos, ou as categorias de tempo 
e espaço, que se haviam elaborado com base no Estado-nação, nas 
configurações e movimentos da sociedade nacional, logo se reabre a 
problemática da continuidade e não-continuidade da modernidade; 
assim como o debate modernidade ou pós-modernidade. Muito do 
que tem sido a controvérsia sobre “pequeno relato e o grande relato”, 
o “individualismo metodológico e o holismo metodológico”, ou “as 
interpretações micro e macro”, entre outros dilemas, têm algo a ver 
com a ruptura epistemológica provocada pela globalização, quan-
do se abalam os quadros sociais e mentais com os quais muitos se 
haviam habituado (IANNI, 1997, p. 164).
A modernidade traz preceitos novos para o homem, principalmente, em seu 
modo de agir, pensar e imaginar, isso quer dizer que, neste momento da pós-mo-
dernidade que estamos vivenciando, nosso estado de espírito, também, é afetado 
pelas mudanças que ocorrem em todo globo; obviamente, esse movimento envol-
ve questões filosóficas, científicas e artísticas sobre os quais não nos aprofundare-
mos. O processo de modernização, porém, está, completamente, relacionado ao 
desenvolvimento, ao crescimento econômico e social, à ideia de progresso, além 
das constantes renovações das tecnologias.
A pós-modernidade tem nos permitido constituir novos e múltiplos pro-
cessos de relações sociais que estão intrínsecos à globalização do mundo. Tra-
ta-se, na verdade, de uma modernidade-mundo, isto quer dizer que há um 
deslocamento das decisões e, também, definições de tempo e espaço em nossa 
sociedade, fator que define as transformações que acontecem na estrutura desta 
e no espírito dos homens.
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Como o processo de modernização pôde influenciar tanto na educação? Quais são os 
benefícios que ela traz para a formação do homem?
pensando juntos
 “ Dentre as diversas características da modernidade-mundo, logo se destacam as novas e surpreendentes formas do tempo e espaço ainda pouco conhecidas. Além do localismo, nacionalismo e re-
gionalismo, em geral constituídos com base em noções de tempo e 
espaço acentuadamente influenciadas pela historicidade e territo-
rialidade do Estado-nação, o globalismo abre outros horizontes de 
historicidade e territorialidade (IANNI, 1997, p. 166).
É sabido que esse movimento modernizado visa nos emancipar das propostas 
tradicionais de educação, buscando nos conduzir a um ensino institucionalizado 
que seja correspondente ao processo de pós-modernidade que estamos vivendo.
Por isso, podemos relacionar modernidade, globalização e educação, tendo em vista 
que esses três princípios estão relacionados com a sociedade e a cultura, além disso, 
configuram-se como meios de disputas e contradições. Isso quer dizer que a forma 
de constituição da Educação para o século XXI tem sido disputada, afinal de contas, 
há um discurso oficializado tanto nas políticas quanto nas práticas educacionais, as 
quais visam orientar a legitimação do processo que se desenvolve em nossa sociedade.
A globalização permitiu que países, como o Brasil, em seu processo de desenvol-
vimento, modificassem suas ideias e concepções de mundo e de educação. Com as 
mudanças advindas do processo globalizador, houve mudanças nos processos e nas 
relações sociais, ou seja, mudanças econômicas, científicas e culturais que estavam 
relacionadas à educação e que se desenvolveram mediante parâmetros propostos 
pela globalização e pós-modernidade; além disso, essas mudanças se expandiram, 
abrangendo, cada vez mais, os territórios educacionais e os processos formativos.
Esta lógica tem se articulado com o princípio de totalidade social e global, 
movimento que visa estruturar os processos educacionais de maneira a objetivá-
los para a construção de competências que possibilitem o desenvolvimento hu-
mano. Para Ianni (1997), este momento é proposto para desenvolver as questões 
técnicas e objetivas, tendo em vista que tanto a globalização quanto a educação 
estão inseridas em todas as esferas da vida. Por isso, a educação institucionalizada 
tem se mostrado, cada vez mais, adepta às mudanças da sociedade.
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São agências internacionais que discutem sobre educação para o século XXI: Banco Mun-
dial, Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), 
Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), Pnud (Programa das Nações Unidas 
para o Desenvolvimento).
Fonte: autora.
explorando Ideias
 “ [...] o que passa a influenciar decisivamente os fins e os meios envolvidos; de tal modo que a instituição de ensino, não só a pri-vada como também a pública, passa a ser organizada e adminis-
trada segundo a lógica da empresa, corporação ou conglomerado 
(IANNI, 1997, p. 112)
Em um mundo globalizado, no qual tem-se discutido suas ações educacionais 
com agências internacionais ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), 
verificamos que há uma constante mobilização para que os países, como o Brasil, 
pensem e repensem as estratégias para a Educação para o século XXI. 
É sabido que as agências internacionais estão mobilizadas para pensar e delimitar 
estratégias e orientações para a Educação, no século XXI para o Brasil. 
Você pode se perguntar: por que o Brasil precisa atender às orientações? O 
que isso muda em nossa realidade?
Veja, caro(a) aluno(a), o Brasil é signatário dos acordos internacionais, logo, 
nossa agenda para a educação é pensada e construída a partir das orientações 
internacionais. Esses acordos servem para que o Brasil consiga empréstimos com 
bancos internacionais, para que possa participar, ativamente, dos Estados-nação, 
como no caso do G20.
As agências internacionais, além de promoverem orientações para a educação 
brasileira, organizam fóruns, convenções e encontros que visam aprovar estes do-
cumentos, com a finalidade de definir as orientações necessárias para os diversos 
níveis de ensino. Ressaltamos que as orientações encontradas, nos documentos 
dessas agências internacionais, visam à expansão da modernização da educação 
nesses países bem como elucidam a importância da Educação Básica para todos, 
a satisfação das necessidades básicas de aprendizagem, a partir de um sistema 
educacional que esteja atento aos princípios da Educação para o século XXI. Sendo 
assim, essas necessidades são:
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 “ [...] tanto os instrumentos essenciais para a aprendizagem (como a leitura e a escrita, a expressãooral, o cálculo, a solução de problemas), quanto os conteúdos básicos da aprendizagem (como conhecimentos, 
habilidades, valores e atitudes), necessários para que os seres huma-
nos possam sobreviver, desenvolver plenamente suas potencialidades, 
viver e trabalhar com dignidade, participar plenamente do desenvol-
vimento, melhorar a qualidade de vida, tomar decisões fundamentais 
e continuar aprendendo (UNESCO, 1993, p. 27).
A Unesco traz a perspectiva de uma educação para o século XXI que supere as 
práticas tradicionais, uma educação que se limite, apenas, aos muros da escola. A 
Educação para o século XXI precisa estar abarcada dentro do desenvolvimento 
tecnológico, o qual busca um trabalhador flexível, atento às mudanças de seu tem-
po e que, mediante as dificuldades, consiga alcançar a educação que lhe permita 
ascender, social e economicamente. 
Dessa maneira, as atenções voltam-se para uma Educação Básica que atenda a 
todos, contemple as exigências deste novo século e faça uso de tecnologias, as quais 
permitem uma educação para além do espaço escolar formal. O precursor dessas 
mudanças foi o relatório da Delors (2001), desenvolvido pela Comissão Interna-
cional de Educação para o século XXI e que se tornou um documento orientador 
para a Educação Básica do Brasil. Esse documento tem como objetivo fazer com 
que os países busquem a paz e a superação de problemas que são gerados em um 
mundo globalizado, em constante desenvolvimento. O referido documento destaca 
alguns problemas que são enfrentados por países, como o Brasil: “[...] Dentre esses 
problemas destacam-se a pobreza, os conflitos étnicos, raciais e religiosos, a devas-
tação ambiental e a tecnologização do trabalho” (SILVA, 2008, p. 365).
Essas preocupações, apresentadas pelo documento, tornam-se atuais, e a 
questão da pós-modernidade está envolta a essas discussões já que países, como 
o Brasil, buscam a educação com autonomia e emancipação. Isso demonstra que 
a Educação não está imune às transformações da base material da sociedade, 
pois a globalização é uma mudança importante para o desenvolvimento de uma 
educação que atenda às competências.
A educação, nesta perspectiva pós-moderna, tem, na globalização, a rápida circu-
lação de informações, e isso evidencia que os avanços do globalismo são imensos, e 
a educação, ao estar relacionada a esse movimento, torna-se um produto que precisa 
ser consumido por “[...] quem demonstrar vontade e competência para adquiri-la, em 
especial a educação ministrada em nível médio e superior” (SANFELICE, 2003, p. 10).
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Na Conferência Mundial sobre Educação para Todos, em Jomtien, em 1990, foi aprovado 
o primeiro documento que tratou da Educação Básica, mundialmente, traçando objetivos 
a serem alcançados durante a chamada Década da Educação (1990-2000). Em 2000, a 
Década da Educação foi avaliada, em Dakar, estendendo os prazos estabelecidos para 
o alcance dos objetivos firmados em 1990. Este relatório foi elaborado pela Comissão 
Internacional da Educação para o Século XXI, em 1993, atendendo a uma solicitação da 
Conferência Geral da Unesco, de 1991. As discussões mundializadas sobre a educação, 
referidas neste trabalho, fundamentam-se, especialmente, neste relatório. 
Fonte: Silva (2008).
explorando Ideias
Pensar na educação, neste atual momento que estamos vivendo, exige de cada 
um de nós pensar que tipo de sociedade queremos para o nosso futuro e como o 
processo educativo pode contribuir para isso. Neste pressuposto, compreende-se 
que a globalização tem total influência sobre a educação, e isso deve promover 
entre os indivíduos, cada vez mais, competitividade, produtividade e melhor de-
sempenho em seu espaço de atuação. 
Para que a Educação do século XXI traga os marcos da globalização, é neces-
sário atender aos pressupostos delimitados pelas agências internacionais, pois elas 
têm uma visão total da educação global e permite que países, como o Brasil, que é 
totalmente periférico, equiparem seu sistema educacional de países centrais. 
Entre estas reflexões, Silva (2008) salienta que a discussão dos quatro pilares 
da educação, como aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser 
e aprender a viver juntos, passam a ser desenvolvidos na educação nacional 
como forma de atender às exigências de uma sociedade globalizada, que precisa 
estar de acordo com os preceitos de uma educação que atenda às necessidades 
do século XXI. O conceito de educação ao longo da vida passa a se articular e 
se desenvolver mediante o processo globalizador, e os pilares estão relacionados 
com a Era Pós-moderna.
O princípio da educação ao longo da vida significa que os indivíduos preci-
sam mudar, qualificar-se mais, ou seja, essa educação se pauta em uma formação 
para as competências socioemocionais que, na verdade, também, relaciona-se 
com uma formação dinâmica, flexível e condizente com o trabalho em equipe 
bem como com a capacidade de iniciativa, a valorização de talentos e aptidões 
dos indivíduos para determinados trabalhos. Essas modificações centram-se na 
aptidão para as relações interpessoais e passam a ser discutidas nos documentos 
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orientadores da política educacional brasileira, como forma de estabelecer uma 
educação permanente, que aconteça em todos os âmbitos da sociedade. 
A preocupação com a formação dos indivíduos ocorre, devido à necessidade 
de que estes acompanhem o ritmo acelerado desenvolvido da sociedade globali-
zada. De acordo com Silva (2008, p. 369), “[...] este projeto tende a formar o homo 
studiosus, relacionado ao homem universal”, este novo homem, na verdade, é “[...] 
aquele que está munido de uma instrução completa e em condições de mudar 
de profissão e, portanto, também de posição no interior da organização social do 
trabalho” (SCHAFF, 1996, p. 125). 
A educação voltada para atender às necessidades do século XXI expressa a 
diversificação na formação do trabalhador, conduzindo-o à liberdade de mudan-
ças de profissão, tendo em vista que o progresso do conhecimento científico e 
tecnológico tem gerado, cada vez mais, oportunidades de ampliação de emprego, 
sendo necessário que um trabalhador tenha competências importantes para as 
novas formas de trabalho. Ressaltamos, ainda, que a concepção de educação ao 
longo da vida ou educação permanente não é uma forma de propor reciclagens 
profissionais aos indivíduos, mas trazer oportunidades de conhecimento para 
aqueles que se encontram em processo de formação ou não. Essa ideia de uma 
educação ao longo da vida demonstra a necessidade de romper com o tempo 
de aprendizagem institucional tradicional, e a escola precisa atender os jovens e 
adultos durante toda a sua vida produtiva.
 “ Fora das universidades, departamentos ou instituições de vocação profissional, o saber não é e não será mais transmitido em bloco e de uma vez por todas os jovens antes de sua entrada na vida ativa; ele é 
transmitido à la carte a adultos já ativos ou esperando sê-lo, em vista 
da melhoria de sua competência e de sua promoção, mas também em 
vista da aquisição de informações, de linguagens e de jogos de lingua-
gens que lhes permitam alargar o horizonte de sua vida profissional e 
de entrosar experiência técnica e ética (LYOTARD, 1986, p. 90)
A qualificação e as competências apresentadas são conceitos que marcam, na 
verdade, o discurso da pós-modernidade, e elas são justificadas a partir de “[...] a 
perspectiva de um vasto mercado de competências operacionais está aberta. Os 
detentores desta espécie de saber são e serão objeto de ofertas e mesmo motivo 
de disputa de política de sedução” (LYOTARD, 1986, p. 93).
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Destacamos a importância do trabalho em equipe, tendo em vista que esse 
tributo é essencial para que se alcance os objetivos do mercado que, é extrema-
mente, competitivo, “[...] com efeito, as performances em geral são melhoradas 
pelo trabalho em equipe, sob condições que as ciências sociais tornaram precisashá muito tempo” (LYOTARD, 1986, p. 95). Isso porque o trabalho em equipe e as 
relações interpessoais acontecem, nesse meio competitivo, que envolve a busca 
de emprego e formação.
Os quatro pilares da educação possibilitam refletirmos sobre as questões que 
envolvem as competências socioemocionais. O pilar aprender a conhecer é 
entendido como um preparo para o trabalho, para que o indivíduo utilize seus 
conhecimentos pragmáticos bem como saiba utilizar novos conhecimentos e 
novas tecnologias, tendo em vista que o conhecimento é a razão instrumental 
para que o indivíduo se desenvolva. 
O segundo pilar, aprender a conhecer, é a finalidade da vida humana, já que 
se vincula o desenvolvimento humano às necessidades básicas de aprendizagem; 
é uma forma de alcançar a participação dos indivíduos, na sociedade, de uma 
maneira, cada vez mais, ativa, logicamente, para que continuem aprendendo. 
Dessa forma, é, a partir disso, que eles desenvolvem um espírito empreendedor. 
Aliado ao segundo pilar, temos o aprender a fazer, que está, intimamente, ligado 
ao mundo do trabalho e à formação profissional dos indivíduos. É necessário que estes 
tenham conhecimento para se ajustarem às relações mercadológicas.
 “ Essa relação entre fornecedores e usuários do conhecimento e o pró-prio conhecimento tende e tenderá a assumir a forma que os pro-dutores e os consumidores de mercadorias têm com essas últimas, 
ou seja, a forma valor. O saber é e será produzido para ser vendido, 
e ele é e será consumido para ser valorizado numa nova produção: 
nos dois casos para ser trocado. Ele deixa de ser para si mesmo seu 
próprio fim; perde o seu “valor de uso” (LYOTARD, 1986, p. 5).
O conhecimento torna-se uma maneira de os indivíduos terem realização pessoal 
em uma sociedade tão competitiva, por isso, a educação deve formar competências 
nestes e relacionar, cada vez mais, o saber produzido, na área educacional, com as 
relações de mercado. Como estamos inseridos em uma sociedade de informação, 
devemos compreender que “a educação deve permitir que todos possam recolher, 
selecionar, ordenar, gerir e utilizar as mesmas informações” (DELORS, 2001, p. 21).
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O quarto pilar, aprender a ser, está pautado no processo de desenvolvimen-
to total do indivíduo, tendo em vista que estamos em um mundo em constante 
transformação e, extremamente, dinâmico, em que 
 “ [...] o desenvolvimento dos serviços exige, pois, cultivar qualidades humanas que as formações tradicionais não transmitem, necessa-riamente e que correspondem à capacidade de estabelecer relações 
estáveis e eficazes entre as pessoas (DELORS, 2001, p. 95). 
Esta exigência é proposta à educação para que “todos, sem exceção, façam fruti-
ficar os seus talentos e potencialidades criativas, o que implica, por parte de cada 
um, a capacidade de se responsabilizar pela realização do seu projeto pessoal” 
(DELORS, 2001, p. 16). Assim: 
 “ Os empregadores substituem, cada vez mais, a exigência de uma qualificação ainda muito ligada, a seu ver, à idéia de competência material, pela exigência de uma competência que se apresenta como 
uma espécie de coquetel individual, combinando a qualificação, em 
sentido estrito, adquirida pela formação técnica e profissional, o 
comportamento social, a aptidão para o trabalho em equipe, a ca-
pacidade de iniciativa, o gosto pelo risco (DELORS, 2001, p. 94).
A educação precisa unir as especificidades do trabalho com as relações interpes-
soais e as qualidades de cada indivíduo, e este coquetel corresponde ao desen-
volvimento total da pessoa, pois é, nesse momento, que terá autonomia e poderá 
desenvolver “pensamentos autônomos e críticos e para formular seus próprios 
juízos de valor, de modo a poder decidir, por si mesmo, como agir nas diferentes 
circunstâncias da vida” (DELORS, 2001, p. 99). O sucesso individual de cada 
sujeito dependerá das suas competências socioemocionais, pois
 “ viver juntos desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências – realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos – no respeito pelos valores do pluralismo, da com-
preensão mútua e da paz (DELORS, 2001, p. 102). 
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OS DESAFIOS DO
PROFESSOR
na Educação para o Século 
XXI
No percurso realizado, neste momento da aula, enfatizamos que o processo de 
educação ao longo da vida busca realizar interfaces com a educação, a sociedade 
e as competências socioemocionais. 
No âmbito da educação, tem-se discutido muito sobre os desafios que o(a) pro-
fessor(a) tem enfrentado no processo de constituição da Educação para o século 
XXI. Esta questão envolve não somente os desafios que o docente enfrenta em 
sala de aula, mas também a sua formação e o processo de ensino e aprendizagem 
dos alunos. Os desafios são inúmeros já que o cenário da Educação para o século 
XXI abrange algumas ações necessárias por parte do docente.
Nesse caso, não podemos perder de vista que a educação é um direito cons-
titucional e inalienável, por isso, deve ser entendida como um passaporte para a 
cidadania. Esse caminho aberto para a educação está disposto em Lei, principal-
mente, quando se trata da universalização, já na garantia de qualidade e eficiência, 
porém, infelizmente, ainda há um longo caminho a ser percorrido.
É importante destacar que a educação é constituída, historicamente, por isso 
e está sujeita a diversas transformações ao longo do tempo. O percurso histórico, 
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caro(a) aluno(a), interfere e reflete, decisiva-
mente, na escola, alterando ações sociais e cul-
turais que são exigidas no contexto em que se 
insere. A educação para o século XXI, tam-
bém, visa à formação para a cidadania, e a escola 
precisa oportunizar aos seus alunos acesso a esse 
conhecimento, tendo em vista que os saberes orga-
nizados, histórica e socialmente, tendem a garantir a 
qualidade da educação. Mas e o educador, onde ele se insere 
nesse contexto? O educador precisa motivar e, até mesmo, pro-
mover uma aprendizagem condizente com o mundo globalizado 
em que estamos vivendo, logo, o professor precisa ser um mediador nesse pro-
cesso. A forma como ele consegue conduzir este faz toda a diferença, por isso, a 
sua formação é muito importante.
A analogia que apresentareemos, agora, é muito pertinente para o que es-
tamos falando. Veja só: Rubem Alves, certa vez, fez a seguinte comparação: “do 
que vale uma cozinha toda moderna e equipada com os melhores aparelhos, se 
o cozinheiro não está à altura!?” (ALVES, 1994, p. 65). Podemos comparar isso à 
escola. De que vale uma escola toda moderna e equipada com os mais sofisticados 
aparelhos se não temos um(a) professor(a) à altura? Para Alves (1994), um bom 
cozinheiro faria uma excelente comida, até mesmo, com panelas velhas.
Observe que a questão apresentada é, apenas, uma das formas de pensarmos 
a questão do professor nesse movimento que é a Educação para o século XXI. O 
contexto social vigente que estamos vivenciando exige que o professor seja um 
educador que saiba articular os conhecimentos teóricos e prático, de maneira 
que consiga despertar e envolver todos os alunos no processo de aprendizagem, 
além de aliar as especificidades de uma sala de aula de maneira que contemple 
as necessidades individuais de cada aluno.
A educação, em nossa sociedade, está passando por inúmeras mudanças, como 
já mencionamos, e, para o século XXI, o educador torna-se o centro das atenções, 
consequentemente, a sua formação também. As exigências para o professor atuar, 
nessa realidade globalizada, incluem aprender a lidar com uma sociedade que está 
em constante transformação, e essas transformações, também, influenciaram nas 
propostas para realizar as reformas educacionais, que tinham por intuito colocar a 
educação numa perspectiva globalizada que se articulasse com o sistema educacional.
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Para Torres (2000) e Aguiar (2002), ao levarem em conta estes aspectos, é 
perceptível que a formação deprofessores, também, passa a ser um elemento fun-
dante para se adequar às reformas propostas para a educação, tendo em vista que 
o perfil do profissional na nova era é que deveria estar conectado às exigências do 
modelo econômico vigente. Mediante a isso, verificamos que o processo de cons-
trução dos saberes docentes estão assentados em sua formação inicial, que nada 
mais é do que a base para a sua atuação, enquanto profissional da educação. É, a 
partir dessa base, que o professor tem apoio para fazer sua formação continuada 
e consolidar sua carreira. A partir disso, ele passa a ministrar aulas e formar sujei-
tos para transformarem a sociedade que os cerca. No entanto, é preciso ressaltar 
que o professor não pode ter, somente, a sala de aula como seu espaço de ensino. 
O professor precisa ter muito claro, em sua atuação, que a educação precisa de 
espaços ricos para que possam desenvolver as práticas educativas.
Os saberes docentes, as competências e o saber-fazer são fundamentais para 
a ação docente na educação, as instituições educacionais, que visam à formação 
de licenciaturas, devem valorizar as ciências humanas, priorizando um saber 
direcionado para a transformação social. De acordo com Pimenta e Anastasious 
(2002, p. 71), no processo de formação de professores, 
 “ [...] é preciso considerar a importância dos saberes das áreas de conhecimento (ninguém ensina o que não sabe), dos saberes peda-gógicos (pois o ensinar é uma prática educativa que tem diferentes 
e diversas direções de sentido na formação do humano), dos saberes 
didáticos (que tratam da articulação da teoria da educação e da 
teoria de ensino para ensinar nas situações contextualizadas), dos 
saberes da experiência do sujeito professor (que dizem respeito ao 
modo como nos apropriamos do ser professor na nossa vida). Es-
ses saberes dirigem-se às situações de ensinar e com elas dialogam, 
revendo-se, redireccionando-se, ampliando-se, e criando […] são 
as demandas da prática que vão dar a configuração desses saberes.
Evidentemente, inúmeras instituições podem contribuir para a construção dos 
saberes docentes, que podem ser entendidos como saberes plurais, compósitos 
e heterogêneos. Esses saberes, também, articulam-se com os saberes pessoais 
de cada indivíduo e são adquiridos no seio familiar; são saberes que provêm: 
da ação escolar e acadêmica; das instituições que lhe passaram a sua formação 
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científica; de programas de televisão, de livros didáticos que utilizam ao longo 
de sua vida; dos discursos que proferem; dos métodos que esse professor utiliza 
para ministrar suas aulas; das suas vivências; e das experiências cotidianas que 
são vivenciadas nas escolas. Essas influências ocorrem em todos os campos que 
o professor convive e atua, e tudo isso contribui, de maneira decisiva, para a 
construção do saber docente, como ilustra Nóvoa (1997, p. 25): “[...] o professor 
é a pessoa. E uma parte importante da pessoa é o professor”.
Por isso, os saberes docentes não podem ser desvinculados de sua formação 
enquanto docente, pois seus saberes são construídos ao longo da vida e car-
reira profissional. Esta é a razão pela qual muitos acreditam que o professor é 
um profissional ultrapassado. É importante lembrar, porém, que os saberes são 
atemporais, e a construção de sua carreira está ligada às dimensões de identidade, 
socialização do saber, conhecimentos, competências, habilidades e atitudes. 
Para Tardif (2002, p. 11), o saber docente está relacionado “[...] com a pessoa, 
com a sua identidade, com a sua experiência de vida, com a sua história profis-
sional, com as suas relações com os alunos na sala de aula com os outros atores 
sociais na escola”. Veja que esses saberes têm origens diferentes e se constituem 
como uma ação que vai se edificando por meio do trabalho e do conhecimento 
que o professor tem com o meio social. 
 “ São saberes que, in fine, alicerçam a prática do professor, constituem o seu acto de ensinar, são garantia da sua boa atuação, servem de base à estruturação da sua vida profissional, à sua relação com os 
alunos, com os colegas, em síntese, ao seu modo peculiar de ser 
professor (CUNHA, 2009, p. 1050).
As competências do professor têm a ver com a capacidade de, enquanto indiví-
duo, mobilizar seus saberes, seus conhecimentos, suas habilidades e suas atitudes 
para que consiga resolver problemas e tomar decisões acertadas. Porém, por outro 
lado, podemos dizer que um professor que tenha muito conhecimento, ou, até 
mesmo, competências, não é sinônimo de que seja um profissional competente. 
Para Perrenoud (2000), possuir conhecimentos ou, até mesmo, capacidades não 
garante que o docente seja um profissional competente, pois muitos profissionais 
têm conhecimento e capacidade, mas isso não é capaz de mobilizá-lo de maneira 
adequada ao processo de aprendizagem que o aluno necessita.
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Freire (1983) ressalta que o homem é um ser histórico e sempre procura se 
aprimorar em um processo que é constante, e isso demonstra que ele se aper-
feiçoa, permanentemente. Assim, o saber surge de um saber velho, que gera um 
novo saber, mas pode se tornar obsoleto daqui a um tempo. Não se admira, por-
tanto, que, mediante as mudanças que ocorrem em nossa sociedade, o modelo de 
competências que tem sido exigido dos professores, atualmente, é de que sejam 
profissionais ativos e não se limitem a padrões de repetição, ou seja, não se esgo-
tem em si mesmos.
O maior desafio para o docente, neste século, é articular conhecimento, habili-
dade, procedimentos, valores e atitudes. Isso, também, tem implicações na formação 
inicial do professor; então, é necessário que as instituições ofereçam uma formação 
que habilite os licenciados a se desenvolverem, solidamente, de maneira integradora, 
para que sejam sensíveis, participem, ativamente, do processo de construção do co-
nhecimento e que tenham condições fundamentais para se constituírem enquanto 
profissionais inovadores, capazes de lidar de maneira criativa e crítica. O professor 
precisa fazer escolhas conscientes, ter objetivos racionais e utilizar meios sensíveis 
para que consiga atingir determinados fins. Para conseguir atuar dessa maneira:
 “ É preciso que o formando, desde o princípio da sua experiência formadora, se assuma como um sujeito da produção do saber, se convença definitivamente de que ensinar não é transferir conheci-
mentos, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua 
construção (FREIRE, 1996, p. 25). 
Portanto, no que tange a formação de professores e os desafios que assume no sé-
culo XXI, é preciso que o professor assuma saberes de diferentes áreas do conhe-
cimento. Obviamente, não é a formação fragmentada que estamos defendendo, 
mas a construção de competências que possibilitem ao docente inter-relacionar 
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ideias e conceitos. Por isso, é tão importante a interdisciplinaridade, ou seja, a 
atuação conjunta de diferentes profissionais das mais diversas áreas de forma-
ção, que buscam, em parceria, inovações para o trabalho científico, por meio de 
pesquisa colaborativa, pensamento crítico e flexível, para que se construa a au-
tonomia, a concepção e a ampliação dos fundamentos científicos e tecnológicos. 
As razões apresentadas justificam-se porque o professor não pode ser alguém 
que replica o conhecimento produzido por outrem, mas deve ser um sujeito que 
assume sua prática pedagógica, a partir desse conhecimento, historicamente, cons-
truído. Assim, o professor do século XXI precisa aliar suas experiências pessoais e 
profissionais bem como estruturar a sua prática pedagógica, selecionar conteúdos, 
priorizar determinadas atividades, aprimorar as suas competências de aprender e 
decifrar algumas linguagens bem como ser um motivador de seus alunos.
O professor precisa ser alguém que contribua no cultivo das diferenças, que 
ajude a criar oportunidades para que os alunos possam expandir seus conheci-
mentos, que apostena convivência e na sensibilidade para a formação do aluno, 
ele precisa se configurar como um modelo de competências e de uma cultura de 
excelência. Assim, o que permite ao professor ter competências, no contexto da 
Educação para o século XXI, é ter a capacidade de articular, mobilizar e colocar 
em prática o conhecimento que adquiriu. 
 “ O que distingue um profissional experiente de um novato não é tanto a quantidade de saber, mas a sua qualidade, a capacidade de relacionar, seleccionar, ajustar, adaptar ao contexto, prever, pôr em 
acção e sua flexibilidade cognitiva e fazê-lo com rapidez, esponta-
neamente e sem esforço (ALARCÃO, 1996, p. 29). 
É importante que se modifique o paradigma de ensino, que o professor saia do 
modelo passivo e aplique, em suas aulas, um modelo baseado no desenvolvi-
mento de competências, ou seja, é necessário centrar-se, nesse momento, na 
aprendizagem do formando para que este aprenda ao longo da vida e adquira 
competências socioemocionais.
Nesse ínterim, o professor precisa desenvolver com seus alunos novas formas 
de comunicação, discussão, participação, criação e estímulos de acesso a novas 
linguagens. Tendo em vista que o trabalho em sala de aula, nessa nova era, tende 
a ser visto como coletivo, exige mais comprometimento, diálogo, respeito, ética, 
cooperação e espírito crítico. Esses são ingredientes imprescindíveis à criação 
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Tem-se, agora, consciência que para uma sociedade ser salva da estagnação e para o indi-
víduo atingir o seu pleno desenvolvimento, qualquer sistema de educação deve encorajar 
a criatividade.
(Vítor Manuel Tavares Martins)
pensando juntos
de um clima favorável para o aprendizado, e isso contribui para que haja troca 
de experiências, reflexões coletivas e decisões tomadas em co-responsabilidade.
Assim, quando o saber ensinar do professor estiver apoiado em sua experiência 
de trabalho, personalidade, talento, entusiasmo, amor à profissão, conhecimentos 
compartilhados, teremos um docente que fará diferença na educação para o futuro. 
Com isso, temos, também, o fazer pedagógico, que implica a prática ser significativa 
para o educando. Por isso, há a necessidade da inseparabilidade do eu e da profissão.
 “ Aqui estamos. E as opções que cada um de nós tem de fazer como professor, as quais cruzam a nossa maneira de ser com a nossa ma-neira de ensinar e desvendam na nossa maneira de ensinar a nossa 
maneira de ser. Para além de tudo o mais, uma prática que tem por 
finalidade o crescimento e desenvolvimento, tem forçosamente de ser 
uma prática que integra todas as esferas do ser (NÓVOA, 1992, p. 17). 
Por isso, é necessário
 “ (…) mudar as práticas, para além de simples recomposições superfi-ciais, supõe a transformação dos quadros de referência que as funda-mentam e lhe dão sentido. Daí ser esta uma realidade muito difícil de 
mudar, de planificar e de programar do exterior, sem envolvimento dos 
protagonistas, sem a sua vontade de mudar (BENAVENTE, 1993, p. 13).
Perrenoud (2000) salienta que é imprescindível que o professor busque o desen-
volvimento de suas competências que, além de socioemocionais, envolvem as 
questões técnicas e profissionais que sejam capazes de possibilitar mudanças nas 
necessidades educacionais dos alunos. Apresentamos, a seguir dez competências 
necessárias ao professor deste milênio:
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1. Organizar e animar situações de aprendizagem. 
2. Gerir a progressão das aprendizagens: conceber e gerir situações-proble-
ma ajustadas aos níveis e às possibilidades dos alunos.
3. Conceber e fazer evoluir dispositivos de diferenciação: gerir a heterogenei-
dade dentro da classe.
4. Implicar os alunos em sua aprendizagem e em seu trabalho: suscitar o 
desejo de aprender, explicitar a relação com os conhecimentos, o sentido do 
trabalho escolar e desenvolver a capacidade de autoavaliação na criança.
5. Trabalhar em equipe: elaborar um projeto de equipe, representações 
comuns.
6. Participar da gestão da escola: elaborar, negociar um projeto da escola. 
7. Informar e implicar os pais: animar reuniões de informação e de debate.
8. Utilizar tecnologias novas: utilizar softwares de edição de documentos.
9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão.
10. Gerir sua própria formação contínua.
Quadro 1 - Dez competências para o professor do novo milênio
Fonte: adaptado de Perrenoud (2000).
O professor do século XXI deve desenvolver suas habilidades e competências 
para que entenda os parâmetros culturais vigentes, e a sua prática esteja assentada 
na criação de sujeitos que sejam autores de seu mundo e da sua própria história. 
Por isso, é necessário que o professor alie os conhecimentos acadêmicos à expe-
riência pessoal e profissional, pois isso o capacitará para se adequar ao contexto 
formativo para a Educação no século XXI.
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A EDUCAÇÃO
NECESSÁRIA
para o Século XXI
Estamos vivendo um momento de globalização, o mundo do século XXI tem 
se tornado, cada vez mais, dinâmico e independente. Estamos, cada vez mais, 
interligados ao resto do mundo, por meio de relações econômicas, científicas, 
culturais, religiosas, tecnológicas e virtuais. Estamos em um período em que não 
temos que ser, apenas, cidadãos e cidadãs - aqueles que cumprem seus deveres e 
exercem seus direitos - nesta nova era, é preciso ser um cidadão global. 
Sabemos que a cidadania global não é uma forma de obter um documento 
que permita transitar por todos os países, ela, refere-se, porém, a uma forma de 
pertencer a uma comunidade maior, ser cidadão global, integrar-se à humanidade 
como um todo. Essa ideia demanda que tenhamos um olhar diferenciado para o 
outro, a forma de se relacionar se modifica, o agir no tempo e no espaço implica 
respeitar a diversidade e o pluralismo cultural, ou seja, é preciso perceber que a 
vida, no cotidiano, conecta-se a todos os âmbitos locais e globais.
O acesso facilitado à informação ocorre por meio de tablets, smartphones, 
notebooks e, com isso, surgem discussões a respeito da educação formal, princi-
palmente, no que tange a função social da educação. O debate sobre a educação 
necessária para o século XXI passará pelo conceito de cidadania global, tendo 
em vista que, além das competências, das habilidades e dos conhecimentos cog-
nitivos, urge a necessidade de uma educação que vise contribuir para resolver 
conflitos globais e promova o respeito mútuo.
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 “ A escola é, por excelência, o lugar em que é possível ensinar e cul-tivar as regras do espaço público que conduzem ao convívio de-mocrático com as diferenças, orientado pelo respeito mútuo e pelo 
diálogo. É nesse espaço que os alunos têm condições de exercitar a 
crítica e de aprender a assumir responsabilidades em relação ao que 
é de todos (BRASIL, 1990, p. 113).
As diretrizes curriculares nacionais, voltadas para a educação básica, destacam, 
ainda mais, essa ideia de que a escola é um espaço para a aprendizagem, no qual 
envolvem valores, respeito, habilidades e reflexão crítica - ou seja, a educação 
para a cidadania global. Ela é vista como uma possibilidade para qualificar os 
educandos e auxiliar os professores no processo de ensino e de aprendizagem, 
mas que isso possa acontecer para além dos espaços formais, tendo em vista que 
a formação integral dos indivíduos é fundamental para a formação, ao longo da 
vida, de um cidadão global.
A Unesco coloca que a educação para a cidadania global é uma forma im-
portantíssima de desenvolver habilidades, competências, conhecimento e valores 
para que possamos ter uma sociedade mais justa, igualitária e equitativa. A Unes-
co (2016) apresenta que a educação tem um papel fundamental para trabalhar 
conhecimentos, habilidades e competências socioemocionais, de maneira que 
aconteça a transformação social. Por isso, há a perspectiva de uma pedagogia 
transformadora, que vise à educação para a cidadania global, na medida em que 
a globalização e a interdependência entreos povos possa, exigir, cada vez mais, 
alunos reflexivos, questionadores e conscientes. 
A Educação necessária para o século XXI é para atuar na cidadania global, 
isto quer dizer que os alunos precisam ser capazes de discutir sobre os desafios da 
humanidade, como: pobreza, desigualdade, injustiça, meio ambiente, saúde, dentre 
outros assuntos que sejam capazes de despertar, nesses sujeitos, uma forma de ar-
ticular soluções para esses problemas. Por isso, é muito importante os professores 
refletirem sobre sua prática de ensino e a forma com que os alunos têm aprendido.
 “ I. Posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas; II. Desenvolver o 
conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança 
em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de in-
ter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança 
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na busca de conhecimento e no exercício da cidadania; III. Saber 
utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para 
adquirir e construir conhecimentos; IV. Questionar a realidade for-
mulando-se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para 
isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade 
de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua 
adequação (BRASIL, 2001, p. 107). 
O que os parâmetros curriculares nacionais apresentam é para que os alunos 
tenham uma formação para a cidadania global, então, as competências e habili-
dades precisam ser trabalhadas e desenvolvidas tanto na sala de aula quanto no 
cotidiano dos alunos(as). Por isso, a educação para a cidadania global precisa ser 
trabalhada desde a Educação Básica e com qualidade. No contexto atual: 
 “ É um direito assegurado pela Constituição Federal e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Um dos fundamentos do projeto de Nação que estamos construindo, a formação escolar é o alicerce 
indispensável e condição primeira para o exercício pleno da cida-
dania e o acesso aos direitos sociais, econômicos, civis e políticos. 
A educação deve proporcionar o desenvolvimento humano na sua 
plenitude, em condições de liberdade e dignidade, respeitando e 
valorizando as diferenças (BRASIL, 1990, p. 56). 
Diante disso, percebemos a importância que a escola tem para que esse proces-
so de cidadania global se efetive, pois é ela quem contribui para a formação de 
cidadãos conscientes de sua realidade, críticos e autônomos. Por isso, estimular 
a cidadania para educação global é tratar, também, de questões da vida real, in-
centivando os alunos a engajar-se em ações coletivas, de maneira que se promova 
uma sociedade global tolerante e transformadora.
Para que a educação para a cidadania global seja efetiva, é preciso engaja-
mento da comunidade escolar, isso significa que o docente precisa desenvolver 
novas práticas e metodologias. 
 “ a educação para a cidadania global é baseada em três dimensões conceituais ou áreas de aprendizagem, a saber: área cognitiva, em que são trabalhados conhecimentos e habilidades de reflexão ne-
cessárias para entender melhor o mundo e suas complexidades; 
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área socioemocional, que desenvolve valores, atitudes e habilida-
des sociais que permitam aos alunos viver com os outros de forma 
respeitosa e pacífica; e área comportamental, que trabalha compor-
tamento, desempenho, aplicação prática e engajamento do aluno 
(UNESCO, 2016, p. 22).
Essas dimensões fazem com que cada indivíduo seja capaz de entender os pro-
blemas locais que sua comunidade está passando. Por isso, a educação para a 
cidadania é um processo de oportunidade para os alunos expandirem seus co-
nhecimentos e ações, de maneira que o caminho seja transformador.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a), ao longo desta unidade, vislumbramos questões que estão en-
volvidas com a Educação para o século XXI. Percebemos, ainda, que a educação, 
além de ser um direito social que está garantido em todas as leis, precisa ser 
desenvolvida nos mais diversos contextos e realidades, para que possamos pro-
mover educação de qualidade e equitativa com as realidades e contextos diversos, 
tendo em vista que, por meio da educação, passamos a reconhecer os indivíduos. 
Outra questão envolvida, na Educação para o século XXI, é a formação de 
professores e os desafios que estes enfrentam, mediante as mudanças globais 
que a sociedade tem enfrentado. Pois, neste movimento, o professor torna-se o 
mediador das ações e formação do aluno para a cidadania global, para que ele 
aprenda, na medida correta, olhar o próximo com respeito e solidariedade.
Ao longo do processo educativo, a formação de professores torna-se essen-
cial para que consigamos construir a Educação para o século XXI, e esta for-
mação precisa considerar as competências necessárias para o desenvolvimento 
dos educandos e educadores. Essas competências permitem que desenvolvamos 
uma sociedade mais justa e igualitária, exercendo, de fato, a cidadania perante a 
sociedade e o próximo, além de respeitar as diferenças socioculturais.
Por meio dessa formação, a cidadania global estará implícita nos currículos 
escolares e nos materiais didáticos utilizados pelos docentes junto aos educandos. 
A cidadania global é o norte para a Educação do século XXI e, ao estar garantida 
nos documentos internacionais e nacionais, compreendemos isso como uma 
forma de avanço da educação brasileira para se igualar aos países centrais, tendo 
em vista que a cidadania global permite o avanço da economia, da política, da 
cultura e da sociedade em si. 
Por isso, torna-se essencial formar indivíduos para atuar na cidadania global, 
pois, ao terem uma formação que propicie o compartilhamento de informações e o 
desenvolvimento de competências socioemocionais, percebemos que eles poderão 
se desenvolver, integralmente, tornando-se, efetivamente, cidadãos globais.
34
na prática
1. A educação é um dos pilares que constitui uma sociedade mais justa e com equi-
dade, por isso, formar para a cidadania é essencial, pois possibilita a construção de 
uma sociedade democrática. Nesse contexto, podemos afirmar que:
a) A educação para a cidadania tem relação direta com a educação corporativa.
b) É preciso considerar o design instrucional da cidadania para formar competên-
cias.
c) É preciso solicitar informações sobre o comportamento de cada indivíduo.
d) Para formar um cidadão, é necessário manter os níveis de desenvolvimento so-
cietal.
e) As competências precisam estar voltadas para atender, apenas, ao mercado de 
trabalho.
2. A Educação para o século XXI acontece nos mais diversos lugares, já que cada edu-
cador precisa estar articulado com a comunidade para que o trabalho a ser desen-
volvido por ele possa promover uma intervenção na realidade dos alunos. Por isso, 
exige-se tanto do educador uma postura, cada vez mais, ética e política, e que ele 
tenha compromisso com a justiça e a equidade social. Dessa forma, é necessário 
que ele assuma: 
I - A luta pela desigualdade social e qualquer forma de opressão.
II - Manutenção das relações de poder a fim de prevalecer os interesses da elite.
III - Busca pela autonomia, liberdade, expressão de pensamento crítico e criativo 
para o exercício da cidadania.
IV - Denunciar práticas preconceituosas contra os semelhantes.
Assinale a alternativa correta.
a) Apenas, I e II estão corretas.
b) Apenas, II e III estão corretas.
c) Apenas, I está correta.
d) Apenas, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
35
na prática
3. Quanto aos objetivos da educação necessária para o século XXI, assinale Verdadeiro 
(V) ou Falso (F):
( ) Educar o aluno de maneira integral, como pessoa e como cidadão.
( ) Uma prática reflexiva que tem, como condição, a cidadania.
( ) Desenvolver a capacidade reflexiva.
Assinale a alternativa correta.a) V, V e F.
b) F, F e V.
c) V, F e V.
d) F, F e F.
e) V, V e V.
4. A educação para a cidadania tem três eixos: educação para redenção da sociedade, 
educação como reprodução da sociedade e educação para transformar a sociedade. 
Assim, os fins da educação são:
a) Manter e conservar a sociedade de maneira a reproduzir a ordem estabelecida.
b) Ampliar a desigualdade social.
c) Transformar a sociedade e conservar a sociedade do jeito que está.
d) Promover justiça social, além de promover a modernidade.
e) Promover o empreendedorismo social.
5. A Educação para o século XXI traz alguns desafios para a formação docente e na for-
mação dos alunos. Assim, conceitue o que é a cidadania global e qual a importância 
para termos um mundo mais justo e sustentável?
36
aprimore-se
EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA GLOBAL: UNIVERSALISMO OU RELATI-
VISMO? 
Antes de definir cidadania global, é necessário definir o que é cidadania. A palavra 
cidadania pode ter múltiplas facetas, geralmente, relacionadas à participação das 
pessoas na sociedade. Porém cidadania, dentro dos textos de Hannah Arendt, pode 
ser definida como o direito a ter direitos (LAFER, 1988). Ou seja, cidadania está ligada 
à ideia de uma pessoa ter direitos, pois está protegida por um Estado o qual é nacio-
nal. A cidadania global rompe com esse conceito, pois desliga o conceito de cidada-
nia derivada da nacionalidade. Nesse campo teórico, cidadania global é um status, 
ainda não consolidado, segundo o qual uma pessoa tem direitos que ultrapassam a 
proteção por parte do seu Estado (VIEIRA, 1999). 
Dessa forma, o cidadão global é aquele que tem proteção jurídica para além do seu 
Estado. A cartilha “Educação para a cidadania global” compreende que não é pacífico, na 
academia, o conceito de cidadania global. “Cidadania global é um conceito contestado no 
discurso acadêmico e existem múltiplas interpretações sobre o significado de ser um cida-
dão global” (UNESCO, 2015, p. 14). Além disso, o texto traz cidadania como “[...] um sen-
timento de pertencer a uma comunidade mais ampla e à humanidade comum, bem como 
de promover um ‘olhar global’, que vincula o local ao global e o nacional ao internacional” 
(UNESCO, 2015, p. 14). Porém este texto sobre cidadania global, na cartilha, diz que é 
pacífico que cidadania global não é uma situação legal. Quando a cartilha contextualiza a 
educação, ela afirma que já “[...] é pacífico que o papel da educação é promover a paz, os 
direitos humanos, a tolerância da diversidade e o desenvolvimento sustentável” (UNES-
CO, 2015, p. 9). Neste trecho, percebe-se a introdução dos valores universais baseados 
nos direitos humanos dentro da agenda da ECG e, também, é notável a lacuna contextual 
da cartilha, pois não é dito como, nem onde, estas abordagens são concretizadas. 
O dia a dia da educação brasileira se encaixaria nesse contexto? Vanessa de Olivei-
ra Andreotti, em seu artigo “Educação para a Cidadania Global – Soft Versus Critical”, 
defende a ECG critical. Para ela, esta perspectiva (critical) tem como objetivo o esta-
belecimento de uma relação ética com a diferença, além da consideração do sistema 
e as relações de poder desiguais. A problemática apresentada pela autora refere-se à 
37
aprimore-se
questão da ausência de uma desconstrução dos diversos processos e contextos cul-
turais/globais, a qual acarreta na formação de alunos que levam valores universais, 
reproduzindo relações de violência e poder que podem ser comparados ao colonialismo. 
Portanto, existem questionamentos à cidadania global. A autora apresenta-nos as 
contribuições de Andrew Dobson, dentre outros autores, elucidando a questão sobre 
a natureza da globalização, afinal, “[...] só alguns países têm poderes de globalização 
– os outros são globalizados” (ANDREOTTI, 2006, p. 60). Um exemplo disso é o G7, 
que determina quais são as “questões globais”. Partindo desse pressuposto, existe uma 
divisão desigual em que, somente, tem poder de globalização aqueles que podem atuar, 
globalmente. Entretanto, “[...] quando alcançado esse patamar, há uma projeção do con-
texto local como sendo global a todos” (ANDREOTTI, 2006, p. 60). 
Andreotti, por intermédio das reflexões de Gayatri Spivak, questiona a projeção dos 
valores ocidentais como globais e universais, naturalizando a supremacia ocidental so-
bre o resto do mundo. Nesse processo, há uma negação do processo histórico impe-
rialista e colonialista, existindo uma naturalização do processo de modernização, na 
qual o colonialismo é tido como algo do passado, negando-se suas consequências no 
presente. Assim, justificam-se a pobreza e a riqueza, e, com o discurso desenvolvimen-
tista, incita-se os países do terceiro mundo “[...] a comprar do primeiro mundo uma visão 
independente do ocidente, ignorando sua cumplicidade e parte do processo imperialista” 
(ANDREOTTI, 2006, p. 61). Ademais, com essa perspectiva do colonialismo, o primeiro 
mundo acredita, em sua supremacia, que o terceiro mundo, “[...] almejando ser civilizado 
e acompanhar o desenvolvimento do Ocidente, esquece as características da globaliza-
ção” (ANDREOTTI, 2006, p. 61-62). 
Assim, [...] “isso reforça o eurocentrismo e o triunfalismo porque encoraja as pes-
soas a pensar que vivem no centro do mundo, que tem responsabilidade de ‘ajudar 
o resto’ e que ‘as pessoas de outras partes do mundo não são totalmente globais’” 
(ANDREOTTI, 2006, p. 62). Ao fim, a autora discursa sobre a literacia crítica, colocando 
a necessidade dos professores a levarem em conta. A literacia crítica se constitui de 
uma análise e crítica das relações entre perspectivas, línguas, poder, grupos sociais e 
práticas sociais por parte dos alunos. Seria uma maneira de interpretar e compreen-
der as origens de determinados pressupostos e implicações. Na ECG critical, a pro-
38
aprimore-se
moção de mudanças não seria imposta, mas as condições para que o aluno pudesse 
refletir e pensar seriam fornecidas, possibilitando a análise e a experimentação de 
outras perspectivas de relacionar-se com os outros e consigo mesmo. 
Portanto, os professores “[...] deveriam atentar-se a literacia crítica para não re-
produzir as relações dominantes” (ANDREOTTI, 2006, p. 64-65). Não existe, portanto, 
uma fórmula universal e perfeita para a questão da educação para a cidadania glo-
bal, mas, primeiramente, devemos refletir sobre o quanto nossos professores estão 
capacitados para lidar com essas questões. 
Fonte: a autora.
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eu recomendo!
Global How? Despertar para a educação global
Autor: Ana Castanheira, Florina Diana Potirniche, Gabriele Rade-
ke, Gundula Büker, Julia Keller, Karola Hoffmann, Mihaela Ama-
riei, Monica Cugler, Mónica Santos Silva, Nina Cugler, Sigrid Schel-
l-Straub, Sofia Lopes, Susana Damasceno 
Editora: AIDGLOBAL
Sinopse: este manual é o resultado do projeto europeu “Desper-
tar para a Educação Global – Reforçar as competências dos membros das Organi-
zações da Sociedade Civil europeias”, implementado na Alemanha, em Portugal e 
na Roménia, em resposta à necessidade evidente de uma formação de qualidade 
para os facilitadores de Educação para a Cidadania Global que trabalham no con-
texto de Organizações da Sociedade Civil. O manual baseia-se na experiência dos 
parceiros do projeto na formação dos facilitadores bem como na sua experiência 
de implementação de cursos de formação em três países diferentes da Europa.
livro
2
A SALA DE AULA NO 
CONTEXTO
da Educação do Século XXI
PROFESSORA 
Dra. Kethlen Leite de Moura
PLANO DE ESTUDO 
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • A intencionalidade do ato de ensi-
nar • Aprender a aprender: o alicerce do processo educativo • Práticas metacognitivas de aprendizagem.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
Apresentar o permanente diálogo entre o ensino e a aprendizagem • Compreender a importância de 
aprender a aprender • Explicitar a prática pedagógica em tempo e espaço diferentes.
INTRODUÇÃO
Caro(a) estudante, ao longo do tempo, afigura do professor se modificou 
e, no século XXI, ele não é mais visto como um profissional que detém 
todo o conhecimento na área em que atua. Igualmente, a forma como o 
aluno estuda, também, modificou-se. O fato é: a educação, no século XXI, 
transformou-se e o conhecimento está fora da redoma. 
E, assim, temos presenciado grandes desafios tanto para professores 
quanto para as escolas, mediante os novos tempos que temos enfrentado. 
O profissional da educação e o aluno precisam assimilar as transformações, 
criar métodos para que se possa atrair a atenção de alunos e alunas, além de 
agregar, cada vez mais, conhecimento. Logo, os educadores que não conse-
guem acompanhar os avanços tecnológicos acabam não cooperando para 
uma formação que contribua para o desenvolvimento de competências 
socioemocionais de alunos. É importante lembrar que a maneira como os 
professores têm conduzido a educação, ao longo dos anos, não consegue 
mais ser sustentada nesse conceito de educação para o século XXI. 
Enquanto profissionais da educação, é preciso uma nova forma de en-
sinar, um fenômeno que vem sendo, cada vez mais, pesquisado por profes-
sores, já que a aprendizagem e as competências socioemocionais ocorrem 
devido a uma construção coletiva do conhecimento. O cenário da edu-
cação para o século XXI tem quebrado, cada vez mais, paradigmas, uma 
vez que a intenção é abandonar a ideia de que o conhecimento é poder e 
que quem o detém é, único e exclusivamente, o professor. Nesse modelo 
de educação e sala de aula no século XXI, o estudante deixa de ser mero 
receptor de informações transmitidas pelo professor e se torna um ator 
ativo na construção do conhecimento. 
Nossa intenção, nesse momento, é apresentar o cenário do processo de 
ensino e aprendizagem, em que o conhecimento não é algo hierarquizado, 
e, sim, produzido de maneira coletiva. 
Sucesso e um ótimo estudo!
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1 
A
INTENCIONALIDADE
do Ato de Ensinar
Em nossa sociedade, percebemos cada dia mais, que o conhecimento está relacio-
nado com o avanço das tecnologias e da ciência. A nossa educação é influenciada 
pelas mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais, tecnológicas e científicas 
que permeiam a nossa sociedade. As mudanças que ocorrem, constantemente, 
perpassam a atuação dos profissionais da educação e, cada vez mais, busca-se pro-
fessores qualificados, competentes e que sejam capazes de solucionar problemas, 
trabalhar em grupo, compartilhar informações e, até mesmo, criar novas formas 
de transmitir o conhecimento, contribuindo para a formação de competências 
socioemocionais, com a intenção de desenvolver atividades que reflitam o pro-
cesso de desenvolvimento e inovação. 
Assim, nesse ambiente, defrontamo-nos com a situação em que as instituições 
de Ensino Superior precisam se encaixar no papel de formadoras e capacitadoras 
de profissionais da educação. O papel dessas instituições implica respeitar as 
Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação delineados pelo 
Ministério da Educação e Conselho Nacional de Educação bem como propor 
práticas pedagógicas e metodologias de ensino que sejam condizentes com uma 
educação para o século XXI.
Para Colossi, Consentino e Queiroz (2001) e Peleias et al. (2011) os cursos 
de graduação do Ensino Superior precisam contribuir para que seus estudantes 
desenvolvam características profissionais, competências socioemocionais e per-
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O mundo moderno tornou-se uma era histórica de profundas transformações que ocor-
rem no campo econômico, político e social, reestruturando as relações sociais e amplian-
do o domínio do modo de produção capitalista, e isso influencia, decisivamente, nas con-
cepções que nós temos de mundo.
Fonte: autora.
explorando Ideias
sonalidade crítica. Isso só é possível a partir do momento que se ensine direitos 
e deveres aos cidadãos, de maneira a prepará-los para conviver, de forma har-
moniosa, em uma sociedade com uma diversidade cultural imensa. É preciso 
capacitá-los para ocupar cargos no mercado de trabalho. 
Outra questão, aluno(a), que faz parte da formação de Ensino Superior, é que 
as instituições devem capacitar os alunos a se desenvolver, técnica e humanamente, 
para ingressar no mercado de trabalho, e, obviamente, isso requer uma gestão eficaz 
do currículo dos cursos (MAINARDES; DOMINGUES, 2011). É imprescindível 
que, para a formação técnica e humana, haja a preparação de um ambiente que 
proporcione o acolhimento desses alunos, que os professores escolham métodos 
que contribuam, facilitem e estimulem a aprendizagem, de maneira a garantir a 
formação profissional e a competência socioemocional de seus alunos. 
Algo que é importantíssimo mencionar, aqui, é que você, aluno (a), pode estar 
almejando se formar com as melhores notas, ou, até mesmo, ser laureado, mas veja 
que isso não lhe garante o ingresso no mercado de trabalho, muito menos, dá-lhe 
experiência para enfrentar os desafios do mundo organizacional. Desenvolver 
habilidades e competências é preparar-se para lidar com as situações reais do 
mundo do trabalho, é o momento de levar a teoria estudada para dentro da sala 
de aula (SANTOS, 2012; BARROS; MONTEIRO; MOREIRA, 2014). 
Os estudos teóricos são essenciais para que você compreenda a sua prática 
profissional, no entanto lembremos que isso não deve ser feito de uma maneira 
tradicional, é preciso inovar, deixar de lado nossas atitudes cartesianas e lineares 
que dissociam a teoria da prática. 
Para que não caiamos nesse engodo de nos tornarmos profissionais, extremamente, 
cartesianos, com a finalidade de reduzirmos as deficiências encontradas no âmbito 
escolar e na péssima formação socioemocional dos nossos alunos, é necessário 
planejarmos. Isso mesmo, precisamos planejar e definir objetivos que utilizaremos 
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44
Por que é tão importante, no atual contexto do século XXI, que o aluno se torne protago-
nista do seu processo de aprendizagem?
pensando juntos
no processo de aprendizagem, além de estipular o período que desenvolveremos 
tal proposta. Para isso, é necessário delimitarmos os recursos a serem utilizados e 
as estratégias adequadas para cumprir o papel de professores enquanto mediadores 
do conhecimento. Não podemos nos esquecer que é importantíssimo desenvol-
vermos uma consciência crítica em nossos alunos e, principalmente, criar expec-
tativas para o processo de aprendizagem de cada disciplina para que, dessa forma, 
eles compreendam o quanto precisam desenvolver determinadas habilidades para 
alcançarem os objetivos esperados de aprendizagem. 
Veja, caro(a) estudante, que, quando temos um aluno(a) consciente de suas 
próprias ações, conseguimos propor estratégias de aprendizagem que casem com 
as suas necessidades. 
A Taxonomia de Bloom auxilia-nos a compreender o processo de aprendiza-
gem real do aluno, isso porque ele precisa ser capaz de compreender categorias e 
conceitos, entender conteúdos bem como aplicar seus conhecimentos nas mais 
distintas situações práticas e diversas do seu cotidiano. É preciso ter capacidade 
de analisar e avaliar situações para que se possa criar novas formas de cognição 
a partir do conhecimento já existente (BLOOM, 1973).
Por isso, é importante adotarmos metodologias de ensino que tirem os alunos 
da zona de conforto, para que estes se tornem agentes ativos e atuantes no pro-
cesso de aprendizagem. Para Santos (2012, p. 73), “[...] o aluno precisa se sentir 
capaz e seguro para aplicar nas organizações os conhecimentos que estão sendo 
adquiridos em sala de aula, isentando-o da necessidade de viver com a incerteza 
de tentativa e erro”.
Enfatizamos, novamente, que a aprendizagem não se resume a ter ótimas 
notas, já que essas nem sempre representam o conhecimento real de cada aluno; a 
aprendizagem precisa ser avaliada aferindo a capacidade do aluno de aplicar esse 
conhecimento na prática (SANTOS, 2012), sempre, buscando um olhar crítico 
para as suas ações, de maneira

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