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DIREITO PENAL IV

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DIREITO PENAL IV
	PROFESSOR: Luciano Santos /Segunda 19:00 a 20:40/Quarta 20:55 a 22:35
LINK DE ACESSO REMOTO: https://meet.google.com/deo-sxjt-jpe
EMAIL: penal4.025351@mcampos.br
BIBLIOGRAFIA:
AVALIAÇOES:
1ª PARCIAL: 30 PONTOS – 17/03/2021
2ª PARCIL: 30 PONTOS 
3ª PARCIAL: 40 PONTOS 
EXAME ESPECIAL
DIREITO PENAL IV 03/02/2021
UNIDADE 1: INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL SUPRAINDIVIDUAL E ECONOMICO
1.1 A tutela jurídico-penal da supra individualidade e da economia: evolução histórica.
COMO TRABALHAR A DOGMÁTICA NO CASO CONCRETO? É POSSÍVEL?
· Mudança na concepção do ensino jurídico. A taxonomia de Bloom oferece soluções.
· Qual o conceito e a função da dogmática penal.
· Necessidade de rompimento da abstração teórica dos conceitos e aproximação da teoria com a prática. 
· Compromisso do operador jurídico com a perfeita aplicação da dogmática penal, agregando à discussão de ordem processual.
· O operador do sistema de justiça deve ser contramajoritário e capazes de lidar com a pressão popular (legítima, mas passional).
Roteiro do estudo da unidade I: 
Introdução ao Direito Penal Supraindividual e Econômico
1.1 - A tutela jurídico-penal da supraindividualidade e da economia: evolução histórica.
1.2 - conceito, evolução E autonomia do Direito Penal Econômico e Supraindividual.
1.3 - A proteção de bens jurídicos no Direito Penal Econômico e Supraindividual, e a indevida administrativização da tutela.
1.4 - A questão do perigo abstrato e o princípio da lesividade.
1.5 - As normas em branco e o princípio da legalidade.
1.6 - Os delitos por acumulação e o princípio da insignificância.
1.7 - A omissão penalmente relevante e o Direito Penal Econômico e Supraindividual.
1.8 - O erro de proibição e o Direito Penal Econômico e Supraindividual.
1.9 - O concurso de pessoas e o Direito o Direito Penal Econômico e Supraindividual
1) NOMENCLATURA ADEQUADA 
· Qual o alcance das duas expressões: Direito Penal econômico e Direito Penal empresarial? 
· Qual o objeto da disciplina? Perguntas que responderemos ao final da aula, depois de conhecermos a origem desse estudo. 
· 2) ORIGEM DO DIREITO PENAL ECONÔMICO E SUPRAINDIVIDUAL: EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
· Primeira grande guerra: real surgimento do direito penal econômico. 
· Passagem do estado liberal para o social. Posteriormente o estado democrático de direito. 
· Surge um novo tipo de criminalidade, que envolvia o mundo dos negócios. Violência cede à inteligência. - Teoria do White collar crime (Sutherland). 
· Tutela supra individual, na qual não são encontradas vítimas reconhecíveis. 
· Origem do Direito Penal Econômico: surge no séc. XX com a crescente intervenção estatal na economia. Transformações mundiais ocorridas a partir da 2ª guerra mundial. 
· O início do séc. XX faz, com a evolução econômica, surgir o direito econômico. A economia carecia de intervenção estatal. Regulamentação da política econômica estatal. 
· Regulação jurídica das atividades econômicas faz surgir normas penais que protejam esta regulação. Intervencionismo estatal: crise do liberalismo. Diretriz de condução de determinados setores econômicos. Proteção da economia nacional e popular. 
· A globalização tira deste Direito Penal Econômico o caráter nacional. 
· No Brasil, alguns autores que começaram a tratar do assunto: Roberto Lyra Filho, Manoel Pedro Pimentel, Gerson Pereira dos Santos, entre outros. 
· O mundo globalizado trouxe novas formatações para a atividade criminosa: criminalidade supranacional, crime organizado. Binômio: poder hegemônico global e delitos macroeconômicos. 
· a estrutura tradicional de punição penal não consegue alcançar a nova criminalidade. 
· Quatro fases do DP Econômico: casuísmo legislativo; proteção ao liberalismo; Estado do Bem-Estar Social; retração no papel do Estado
· 3) AMBIENTE SOCIAL E JURÍDICO NO QUAL SE INSERE O DP ECONÔMICO 
· Mudança considerável nas premissas sociais que requisitam a intervenção punitiva estatal. As proteções a bens jurídicos adquirem novos contornos à medida que se constata a existência de uma sociedade de maiores riscos (tecnológicos, bioéticas, financeiros e econômicos, etc.). 
· A verdade é que o Direito Penal “mudou sua feição”. 
· O fenômeno agora investigado tem base na verificação de uma sociedade de riscos, e que ingressa em uma globalização desinteressada na preservação do indivíduo enquanto ser humano. Há uma crise da tradicional concepção penal. 
· O sistema punitivo tradicional perdeu espaço a uma intervenção agressiva, prevencionista (excessiva tutela dos denominados crimes de perigo abstrato).
· Primeiro: mercantilismo e colonialismo dos séculos XV e XVI. Segundo: revolução industrial e neocolonialismo (séc. XVIII e XIX). Terceira: revolução tecnológica e a globalização (sec. XX e XXI). 
· Globalização como fenômeno social e modelo de poder econômico. Maximização dos mercados. Expansão no sistema de comunicação. Tecnologia. 
· Perigos da globalização: terrorismo, capitalismo financeiro, sociedade de riscos. 
· O termo sociedade de riscos surge com o sociólogo Ulrich Beck. Riscos sociais impostos na atualidade fazem melhor entender o Direito Penal Econômico. Ver Também Niklas Luhmann e Giddens. 
· Substituição dos problemas individuais pelos conflitos da produção e supraindividuais. 
· Os riscos sempre existiram. Agora são proporcionalmente maiores? Sim e isto influi na concepção de Direito Penal. A proporção do risco é maior na pós-modernidade. Termos coletivos. 
· Fases dos riscos: Na idade moderna os riscos eram individuais; do fim do séc. XIX até meio do séc. XX, os riscos coletivos eram mensuráveis; após, surgimento de uma sociedade de riscos graves e imensuráveis. 
· Eras dos riscos (riscos exógenos e endógenos, controláveis e incontroláveis)
· Modernidade reflexiva (Bech): antecipação do risco e ansiedade; medo e insegurança; pânico midiático. Globalização, tecnologia e complexidade das relações interpessoais da contemporaneidade. Planificação da economia.
· E quais as consequências ao direito penal: diversas velocidades e pleitos por sua expansão; migração da tutela para valores supraindividuais; alterações dogmáticas sérias.
DIREITO PENAL IV- 08/02/2021
UNIDADE 1: Introdução ao Direito Penal Supraindividual e Econômico.
1.2 - evolução e autonomia do Direito Penal Econômico e Supraindividual.
CONCEITO DE DIREITO PENAL ECONÔMICO E SUA PRETENSAO AUTONOMIA 
· Crise enfrentada pelo Direito Penal clássico/tradicional. 
· Exigências da sociedade da pós-modernidade no campo da proteção dos seus valores fundamentais. Sistema penal econômico constitucional. 
· Conceito de Direito Penal Econômico. Sentido amplo: conjunto de normas jurídico-penais que protegem a ordem econômica, entendida como sendo a regulação jurídica da produção, distribuição e consumo de bens e serviços. No sentido estrito: conjunto de normas jurídico-penais que protegem a ordem econômica, tida como regulação jurídica do intervencionismo estatal na economia. 
· Bens jurídicos de terceira geração. Difusos ou supra-individuais. 
· Direito Penal Econômico: delitos determinados pela natureza do estatuto social da empresa (falimentares e societários); delitos determinados pela natureza da atividade da empresa, podendo ser delitos contra outros sujeitos econômicos (propriedade industrial, concorrência desleal, consumidor, relações de trabalho, livre concorrência, ambientais) ou contra instituições (financeiros, tributários, administração pública por vezes). 
· Autonomia do Direito Penal Econômico: Terradilhos Basoco (Cádiz) pensa ser possível, dado os contornos da questão, dividir a teoria geral do delito em dois ramos absolutamente independentes: uma teoria do DP clássico e uma teoria do DP econômico. 
· O processo de transformação do DP clássico passa por quatro momentos, para a fixação de princípios para a nova teoria geral do direito penal econômico: primeiro verifica-se a racionalidade desta nova teoria geral; segundo, cria-se uma especial legalidade (aceitação de normas penais em branco, ruptura parcial do princípio da taxatividade,admissão de tipos penais abertos como integração analógica); terceiro, dar novo perfil às definições estruturais do DP clássico (ilicitude, culpabilidade, concurso de pessoas, responsabilidade penal da pessoa jurídica, relação de causalidade); quarto, reestrutura-se o sistema de penas pela ineficácia da pena privativa de liberdade. 
· O DP econômico é um direito do perigo, com a antecipação da resposta penal para o âmbito da prevenção. Ver diferença entre perigo abstrato e concreto. Ver constitucionalidade da questão. 
· a questão do bem jurídico: defini-lo no DP econômico é complicado. Bens supraindividuais. Conflito com os bens individuais que sempre foram objeto da tutela penal. 
· Esta separação, ao invés de auxiliar na busca de autonomia do DP econômico, causa problemas, por complexa verificação de ofensividade na tutela. 
· Devemos verificar a ofensividade na tutela do DP econômico. Direito do perigo. 
· Há uma hipertrofia do sistema penal para atingir esta nova criminalidade. Há também a preocupação com a agilidade internacional em combater o crime transnacional. Inexiste um estado mundial, que disponha de jus puniendi e que possa emitir normas internacionais de intervenção penal. Ausente um poder regulador internacional. 
· Solução: nem complementações, nem rupturas. Possibilidades de conversações. 
RELAÇÃO ENTRE DIREITO PENAL E DIREITO CONSTITUCIONAL
· A tutela penal de bens jurídicos deve restar limitada e, o que é mais importante, também fundamentada pela Constituição. Esta não deve formular apenas o limite ao poder de punir, anotando princípios a serem respeitados pelo legislador e pelo operador do Direito Penal. Deve tb ser seu fundamento.  
· E o tal fundamento constitucional à ordem jurídico-penal é determinado exatamente pela ideia de que os bens jurídicos tutelados através do Direito Penal devem refletir os direitos fundamentais da Constituição.
· Limite negativo: Constituição tem tarefa de limitar negativamente o Direito Penal. Pode o ordenamento jurídico incriminar tudo aquilo que não agredir a regra constitucional. A norma incriminadora só não pode se confrontar com a Constituição, que não consegue esgotar a enumeração de todos os bens jurídicos passíveis de proteção penal. Os direitos fundamentais não são fundamentos, mas apenas limites da intervenção. 
·  Limite positivo: a Constituição exerce um limite positivo na atividade punitiva. O legislador somente pode criminalizar a ofensa aos bens jurídicos que estiverem valorados na Constituição, que sistematiza os direcionamentos normativos de um ordenamento jurídico e determina os valores que merecem a proteção do Direito Penal. Para que a intervenção penal seja admissível, não basta que a norma não entre em conflito com a Constituição, devendo recair sobre tutelas definidas por valores constitucionais. 
· A ordem constitucional é, pois, fundamento e limite da tutela penal: fundamento quando se verifica que a punição estatal se legitima à proteção de direitos e garantias fundamentais; e limite quando se constata que a intervenção penal deve respeitar critérios de proporcionalidade (ofensividade/intervenção mínima/ultima ratio).
· Deve-se definir ainda mais: o Direito Penal não é mero espelho do texto constitucional. O ordenamento penal é, antes, um instrumento de tutela dos direitos fundamentais inscritos na Constituição. Os bens jurídicos, para serem penalmente protegidos, além da necessidade de serem inscritos na ordem valorativa constitucional, devem fazer parte do núcleo de garantias fundamentais da carta magna. 
·  Todavia, o ordenamento constitucional brasileiro não vincula “o legislador penal a tutelar somente bens jurídicos de explícita ou implícita relevância constitucional”. Ocorre que não há a necessidade de regra positiva expressa que ordene a tutela penal apenas de bens de relevo constitucional. Esta é uma constatação lógica de uma hermenêutica constitucional que tenha como norte legitimador a tutela de direitos e garantias fundamentais.
· Obrigação constitucional de criminalização (mandados constitucionais de criminalização). Contudo, não significa que, pela Constituição, a norma penal deva incriminar tudo o que seja direito fundamental. 
· Diferença entre mandado constitucional de criminalização e o mandado legal de criminalização. Primeira diferença: a norma que lhes abriga (CF e legislação infraconstitucional). Segunda diferença: destinatário (legislador no primeiro caso e cidadão no segundo caso). Terceira diferença: conteúdo do mandado: o mandado constitucional não define a conduta a ser incriminada, ao contrário do mandado legal. Muito menos estabelece uma sanção definida. O mandado constitucional, ao contrário do mandado legal, tem caráter instrumental remoto ou mediato. Todavia, são dotados da mesma positividade e força normativa dos demais dispositivos constitucionais.
· Os mandados constitucionais de criminalização são limitações ao legislador, sem dúvida. Mas, o legislador deve ficar somente com eles, ou existem outros bens jurídicos constantes da CF que necessitem de proteção penal? Adota-se a teoria do limite positivo da Constituição em relação ao DP, verificando ter a nossa CF outros bens jurídicos a serem tutelados penalmente, posto que são igualmente reflexos valorativos de direitos fundamentais a serem oficialmente protegidos (são os mandados implícitos de criminalização, com dupla determinação: deduz um duplo caráter dos direitos fundamentais – proteção do indivíduo contra o abuso estatal e fonte legitimadora para a intervenção protetora estatal; proíbe a proteção deficiente a determinados bens jurídicos mais importantes).
· “a) nem todos os direitos fundamentais exigem, constitucionalmente, proteção penal; b) nem os mais elementares direitos fundamentais exigem, constitucionalmente, proteção penal diante de qualquer forma de agressão; c) os direitos fundamentais mais elementares, dotados de inquestionável primazia constitucional, quando submetidos a ataques mais repulsivos, exige, constitucionalmente, proteção penal. ”
DIREITO PENAL IV- 10/02/2021
UNIDADE 1: Introdução ao Direito Penal Supraindividual e Econômico.
1.3 - A PROTEÇÃO DE BENS JURÍDICOS COMO FUNÇÃO DO DIREITO PENAL ECONÔMICO E SUPRAINDIVIDUAL, E A ADMINISTRATIVIZAÇÃO DA TUTELA.
CONCEITO DE BEM JURÍDICO-PENAL
· As condutas humanas individuais são, do ponto de vista da coletividade, consideradas proibidas ou aceitas. O legislador, diante da valoração que a sociedade dá a alguns bens jurídicos considerados importantes para o convívio social, torna imperativo o respeito aos valores eleitos, proibindo ou ordenando condutas. 
· O conceito de bem jurídico pode ser traduzido como sendo o conjunto de valores individuais e sociais eleitos pela coletividade, que deverão merecer do Estado uma proteção oficial, por traduzirem necessidades de normatização de condutas para que o convívio coletivo seja adequadamente regulado e para que as liberdades individuais sejam garantidas. 
· Modernas concepções sociológicas e constitucionais do bem jurídico.  
· Concepção constitucionalista de bem jurídico preocupa-se em determinar que a Constituição deve anotar os bens jurídicos, como forma de determinar a condução da tutela protetiva destes valores eleitos. Não se trata, como se poderia pressupor, de questionar a influência social na apuração concreta dos bens jurídicos (preocupação primeira das teorias sociológicas). As teorias constitucionais tão somente pretendem trabalhar com estes dados sociais no plano das normatizações constitucionais (que, obrigatoriamente, devem traduzir estes anseios sociais, de forma a concretizá-los). Ver a posição alemã (especialmente em ROXIN) e italiana (ver PALAZZO).
· A consequência desta visualização do bem jurídico como objeto da tutela penal é a de que ele "representa o ponto de partida na elaboração e na interpretação dos tipos penais. Os conceitos de bem jurídico e de tipo penal acham-se de tal forma entrelaçados, que não se pode prescindir da idéia do primeiro, ao se examinar o segundo. ”- O tipo penal é a expressãoda proteção penal. Materializa a tutela dos bens jurídicos. A Parte Especial dos Códigos Penais, ao elencar os bens jurídicos protegidos, utiliza-se dos tipos penais, que dão individualidade a cada uma das condutas ofensivas aos valores tutelados. Com Aníbal Bruno tem-se a ideia de que o tipo penal é a expressão em que se formaliza a violação de bens jurídicos penalmente tutelados. Mas, no que constitui este “tipo penal”?
· Função do bem jurídico no Direito Penal (limite e fundamento da tutela).
· Este é o ponto central da discussão: a instância constitucional não consta apenas como limite ao poder de punir, mas igualmente como seu fundamento. Colocar a ordem constitucional apenas como limite da intervenção penal significaria distanciá-la do centro diretor do ordenamento jurídico. A tutela de bens jurídicos deve restar limitada e fundamentada pela Constituição. 
· Os bens jurídico-penais, além da necessidade de serem inscritos na ordem valorativa constitucional, devem fazer parte do núcleo de garantias fundamentais da carta magna. 
· Todavia, é de se avaliar a observação de que o ordenamento constitucional brasileiro não vincula “o legislador penal a tutelar somente bens jurídicos de explícita ou implícita relevância constitucional”. Como resolver?
PRESSUPOSTOS MÍNIMOS DA TUTELA PENAL
· ALICE BIANCHINI anota que os pressupostos mínimos para a intervenção penal podem ser divididos em três momentos: 
· Primeiro verifica-se a dignidade do bem jurídico penal tutelado (se pode ou não ser tutelado por meio de intervenção penal), bem como há a análise da ofensividade da lesão. Ofensividade e insignificância. Como determinar esses critérios?
· Em segundo plano, determina-se a necessidade da tutela penal: direito penal de última ratio e mínimo.
· Por fim, resolve-se a questão da eficácia e adequação da intervenção penal. Questão da proporcionalidade: como analisar. Diferença da proporcionalidade e da razoabilidade.
· Atuação do conceito de bem jurídico nessa análise tripartida.
· Proteção aos bens jurídicos individuais sempre foi o fundamento do Direito Penal tradicional. A mudança de perspectiva (do individual para o coletivo) é a marca da ordenação normativa do Direito Penal Econômico.
· Migração do Direito Penal Econômico, da efetiva ofensa ao perigo da ofensa. Direito altamente prevencionista.
· Conceito de crimes de perigo: abstrato, concreto, abstrato-concreto. Constitucionalidade dessas normatizações. Aplicabilidade no Direito Penal Econômico.
· Ligação da noção de Crimes de Perigo e a questão do bem jurídico protegido no Direito Penal Econômico: ofensividade.
· Conceito de ofensividade. Dos estudos sobre os bens jurídicos, é preciso entender que somente haverá a atuação punitiva estatal quando houver necessidade de proteção de bens jurídico-penais eleitos socialmente (quando estes forem efetivamente ameaçados ou agredidos). Esta idéia traduz, basicamente, o princípio da ofensividade/lesividade. Ver o conceito de insignificância.
· Há uma hipertrofia do sistema penal para atingir esta nova criminalidade. Há também a preocupação com a agilidade internacional em combater o crime transnacional. Inexiste um estado mundial, que disponha de jus puniendi e que possa emitir normas internacionais de intervenção penal. Ausente um poder regulador internacional.
DIREITO PENAL IV – 22/02/21
CONCEITO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS E SUA CONEXÃO COM O SISTEMA PENAL
·  Conceito de direitos fundamentais. Tal conceito determina o significado dos direitos e garantias institucionalizadas pela ordem constitucional de um país.
·  Retorno à constitucionalização do ordenamento jurídico. 
·  Entender a atividade punitiva estatal fundamentada no paradigma dos direitos humanos fundamentais é importante para a compreensão da racional e legitimada intervenção oficial na esfera de liberdade dos indivíduos. 
· Primeira geração (individuais. Contra o Estado absoluto. Liberdades públicas. Clássicos); segunda geração (coletivos. Direitos econômicos, sociais, culturais e coletivos); terceira geração (difusos. Solidariedade e fraternidade. Comunicação, meio ambiente, paz, desenvolvimento, etc.); quarta geração (globalização dos direitos fundamentais. Futuro da cidadania).
A TUTELA DOS VALORES SUPRA-INDIVIDUAIS NO DIREITO PENAL ECONÔMICO
· Os valores a serem protegidos, pelo que se convencionou denominar Direito Penal Econômico, seguem essa tendência determinada pela amplitude do conceito da disciplina: afasta-se do individual e se dirige rumo ao coletivo. Valores (inscritos em direitos fundamentais) de terceira geração. Difusos ou supra-individuais. 
· Repetindo o conceito de Direito Penal Econômico (dado na primeira aula): conjunto de normas jurídico-penais que protegem a ordem econômica, entendida como sendo a regulação jurídica da produção, distribuição e consumo de bens e serviços. No sentido estrito: conjunto de normas jurídico-penais que protegem a ordem econômica, tida como regulação jurídica do intervencionismo estatal na economia.
· Globalização e sociedade de riscos. Fenômeno da criminalidade transnacional. Fase dos riscos potencializados, não mensuráveis e coletivizados. 
· Direito Penal Econômico: delitos determinados pela natureza do estatuto social da empresa (falimentares e societários); delitos determinados pela natureza da atividade da empresa, podendo ser delitos contra outros sujeitos econômicos (propriedade industrial, concorrência desleal, consumidor, relações de trabalho, livre concorrência, ambientais) ou contra instituições (financeiros, tributários, administração pública por vezes). Bens jurídicos acompanham essa classificação. 
· Questões axiologicamente neutras figuram entre as tutelas do Direito Penal Econômica. Como fica a tutela de bens jurídicos nessas situações?
A SUPRAINDIVIDUALIDADE E A ADMINISTRATIVIZAÇÃO DO DIREITO PENAL
· Qual a função do Direito Penal: proteção do mínimo ético da sociedade? Proteção da estabilidade das normas? Proteção de bens jurídicos?
· Antecipação dos riscos no Direito Penal e a supraindividualidade.
· Expandir é diferente de reorganizar objeto de tutela.
· A administrativização do Direito Penal: o que significa e como rompe com a teoria do bem jurídico.
· Técnicas da expansão: releitura da legalidade, normas penais em branco, crimes de perigo abstrato, responsabilidade penal da pessoa jurídica, etc.
· Constatar que há diferença entre proteção de bens jurídicos supraindividuais e proteção de funções estatais de fiscalização.
· Solução para a evitação desta administravização do Direito Penal Econômico:
· A proposta de Hassemer
· A proposta de Silva Sanchez 
· A proposta do Direito da Intervenção
· A experiência brasileira com o Direito da Intervenção (lei 12.846/13)
DIREITO PENAL IV – 25/02/21
UNIDADE 1: Introdução ao Direito Penal Supraindividual e Econômico.
1.4 - a questão do perigo abstrato e o princípio da lesividade/ofensividade.
· Crimes de dano
· Crimes de perigo concreto
· Crimes de perigo abstrato
__________________________
· Administrativização do Direito Penal
· Ofensividade
· Perigo abstrato
· Valor eleito à proteção: Proteção de bens jurídicos
· Proteção de funções estatais
· Administrativização do DP exclusiva proteção de bens jurídicos (conceito e funções do bem jurídico)
· Conceito de intervenção mínima
· Natureza fragmentária e subsidiária do Direito Penal
· Corolário da intervenção mínima e legalidade.
· DP só age em ataques a bens jurídicos mais importantes.
· Nem toda agressão merece tutela do DP.
· Uso de outros meios de controle social
· Tipifica somente parte das condutas que são ilícitas para outros ramos.
1 Obstáculos à minimalização do DP:
· Fatores sociais: uma sociedade conflituosa e com desigualdades sociais gritantes.
· Legalidade e segurança jurídica
· Mídia irresponsável: invenção da realidade; profecias que se auto-realizam; indignação moral.
· Imagem salvadora do judiciário e da lei penal.
· Políticas legislativas populistas e imediatistas.
· Novas formas de criminalidade: cifra dourada: crimes financeiros, ambientais, econômicos, etc.
·Três perguntas de CERVINI:
· A descriminalização perdeu seu posto privilegiado na atual Política criminal?
· Minimalismo e lei e ordem são apenas fluxos históricos?
· Pode haver compatibilidade entre movimentos criminalizadores e descriminalizadores? 
Ofensividade (lesividade)
· Direito Penal do fato e Direito Penal do autor.
· Materialização do fato.
· Crimes de perigo (antecipação ao dano. Percepção do perigo. Ex ante ou no momento da descrição típica – perigo abstrato; ou ex post ou no momento da concretização da tipicidade – perigo concreto) (abstrato e concreto) e crimes de dano (há uma efetiva ofensa ao BJ). Tendências. Proteção de bens jurídicos.
· Pressupostos mínimos da tutela penal (dignidade do bem, necessidade e eficácia/adequação)
· a questão do tipo formal e material. Consumação
· Crimes de dano
· Crimes de perigo concreto
· Crimes de perigo abstrato
· Princípio da precaução
· Desvalor de resultado e desvalor da ação
· Presunção de perigo: como analisar?
· Crimes de perigo abstrato e a questão da administrativização do DP
· Inconstitucionalidade dos crimes de perigo abstrato: como analisar
· Riscos da sociedade moderna 
· Os crimes de perigo abstrato no Direito Penal Supra individual
· 
DIREITO PENAL 01/03/2021
UNIDADE 1: Introdução ao Direito Penal Supraindividual e Econômico.
1.5 – as normas em branco e o princípio da legalidade.
Objetivos:
1) Relembrar o conceito da legalidade
2) Relembrar o conceito de normas penais em branco
3) Entender porque o do supra individual usa tanto as normas em branco
4) Quais as consequências desse uso: vantagens e desvantagens 
Legalidade
· Origem do conceito. 
· Longo processo que teve início com Feuerbach.
· Garantias do cidadão e limites ao poder punitivo estatal.
· Art. 5º orienta legislador ordinário para um DP voltado para garantia dos direitos individuais.
· Art. 1º CP e art. 5º XXXIX
· Conceito e postulados 
1) Irretroatividade da lei penal - Art. 5º XL, CF: retroatividade da lei penal mais benéfica
2) Reserva legal ou proibição dos usos e costumes
3) Proibição do uso da analogia in malan partem
4) Taxatividade
Art. 12. São circunstâncias que podem agravar de 1/3 (um terço) até a metade as penas previstas nos arts. 1°, 2° e 4° a 7°: I - ocasionar grave dano à coletividade; II - ser o crime cometido por servidor público no exercício de suas funções;
lei 8137/90
1) O mandato de taxatividade (certeza).
2) O uso de elementos normativos: entre o dinamismo cultural e a ofensa à legalidade.
3) Legalidade formal e material 
4) A máxima taxatividade interpretativa.
Conceito de normas penais em branco
· Conceito: Aquelas que, no preceito primário, necessitam de complemento em outro instrumento
· Em sentido lato: complemento da mesma fonte (327 CP lei 7;492/86)
· Em sentido escrito: complemento vem de fonte distinta da que as editou hierarquicamente inferior: lei 11.343/06 art. 12. Art. 269 CP.
· Diferença entre normas penais em branco e tipos penais abertos
· O suo
O uso de normas em branco no Direito Penal Supraindividual
· Motivo e necessidade desse uso
· Vantagens desse uso
· Problemas nesse uso
· Soluções possíveis 
DIREITO PENAL IV – 03/03/2021
1.6 - Os delitos por acumulação e o princípio da insignificância.
· De novo a discussão se volta à questão da proteção aos bens jurídicos
· Ofensividade (lesividade)
· Pressupostos mínimos da tutela penal (dignidade do bem, necessidade e eficácia/adequação)
· A questão do tipo formal e material.
· Verificar a diferença entre discutir ausência de ofensividade e insignificância.
· Premissa primeira: somente pode ser tipificada (como crime) a conduta que ofende, ou ameaça ofender bem jurídico. SOMENTE PODE SER TÍPICA A CONDUTA QUE REVELA OFENSIVIDADE 
· A ofensividade é analisada em primeiro momento, PELO LEGISLADOR
· Na relação dogmática – política criminal (Direito – Política)
· Conduta abstratamente analisada
· Eventualmente, a ofensividade é analisada no caso concreto, como rota de correção de uma tipificação que não respeitou o princípio, no legislativo.
· Tipicidade formal e tipicidade material
· Na insignificância, a conduta concreta tem tipicidade formal, mas não tem tipicidade material (pq o bem jurídico, no caso concreto, não foi RELEVANTEMENTE, ofendido ou ameaçado)
A diferença entre tipo (descrição abstrata na lei) e tipicidade (adequação da conduta concreta ao tipo)
Insignificância
· Bagatela. Klaus Roxin
· Proporcionalidade entre gravidade da conduta e praticidade da intervenção penal.
· Condutas formalmente típicas sem relevância material.
· Bem jurídico não chega a ser lesado
· Irrelevância do ataque: a importância do bem e grau de intensidade do ataque a este bem.
· Afasta a tipicidade material.
· Condições objetivas que o STJ e o STF têm exigido para a insignificância: (a) mínima ofensividade da conduta do agente, (b) nenhuma periculosidade social da ação, (c) grau reduzido de reprovabilidade do comportamento, e (d) inexpressividade da lesão jurídica provocada; 
Ainda de acordo com o STF e o STJ: a aplicação do princípio da insignificância deve, contudo, ser precedida de criteriosa análise de cada caso, a fim de evitar que sua adoção indiscriminada constitua verdadeiro incentivo à prática de pequenos delitos patrimoniais.
STF: Pesca ilegal: crime de perigo e princípio da insignificância
A Segunda Turma, em julgamento conjunto, denegou a ordem em “habeas corpus” e negou provimento a recurso ordinário em “habeas corpus” em que se pretendia fosse reconhecida a atipicidade da conduta pela incidência do princípio da insignificância. Em ambos os casos, os envolvidos foram denunciados pela suposta prática do crime do art. 34 da Lei 9.605/1998 (pesca proibida).
Em um dos processos, a denúncia foi oferecida em razão de o acusado ter sido encontrado com 70 metros de rede de malha número 16 e iscas vivas, porém sem pescado algum. No outro, o denunciado foi flagrado praticando atos de pesca amadora, com o uso de redes de emalhar ancoradas (fixas), em local interditado para a atividade durante o período de safra da tainha. Também não havia nenhum espécime em seu poder.
O Colegiado citou a definição da atividade da pesca, conforme o disposto no art. 36 da Lei 9.605/1998 (“Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora”). De acordo com o texto legal, a pesca não se restringe à captura do ser vivo, mas também abrange todo ato tendente a fazê-lo.
Nesse sentido, a Turma assentou tratar-se de crime de perigo, que se consuma com a mera possibilidade de dano ao bem jurídico. Assim, a captura por meio da pesca é mero exaurimento do delito, de modo que não se pode falar em crime de bagatela por não ter sido apreendido nenhum ser vivo. Os comportamentos dos denunciados apresentam elevado grau de reprovabilidade. Além disso, os crimes não se exauriram porque as autoridades intervieram antes que houvesse dano maior à fauna aquática.
RHC 125566/PR, rel. Min. Dias Toffoli, 26.10.2016. (RHC-125566)
HC 127926/SC, rel. Min. Dias Toffoli, 26.10.2016. (HC-127926)
Os delitos de acumulação
· Conceito: “É essa pergunta o que move a tipificação de condutas lesivas por acumulação, o simples fato de que a repetição dessas condutas por diversas pessoas seria o suficiente para causar um forte ataque ao bem jurídico tutelado. Veja-se o caso da pesca em período de piracema. A interdição da pesca nesse período visa justamente impedir que seja prejudicado o momento de reprodução dos peixes, possibilitando, assim, um equilíbrio ambiental. A pesca de um único peixe nesse período em nada afetaria a piracema, mas e se todos resolvessem fazer o mesmo?” (https://canalcienciascriminais.com.br/o-que-sao-delitos-cumulativos-parte-i/)
· Críticas ao conceito.
· as solução possível: direito da intervenção (direito administrativo sancionador)DIREITO PENAL IV 08/03/2021
UNIDADE 1: INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL E SUPRAINDIVIDUAL E ECONOMICO 
1.7 A omissão penalmente relevante e o Direito Penal Econômico e supraindividual
Omissão penalmente relevante
· Normas proibitivas e imperativas
· O conceito de ação tem que englobar também as formas omissivas.
· Há substrato ontológico na omissão? Primeira posição: há substrato ontológico, tal como na ação (Armim Kaufman). Há juízo objetivo, isento de valoração. Segunda posição: omissão é um conceito puramente jurídico (comportamento passivo consistente em não fazer algo que é juridicamente relevante que se faça). No mundo da realidade somente existe ação. A omissão não é considerada em si, mas juridicamente como omissão de uma ação (este sim com substrato real)
Diferença entre ação e omissão. 
1. Critério da energia (Engisch): desprender energia significa ação.
2. Causalidade (Jescheck, Welzel): é crime comissivo toda vez que houver desprendimento de processo causal material de resultado.
3. Ponto de gravidade da conduta (Wessels): normativo. Sentido imprimido pela ordem social, nunca por critérios objetivos materiais. O ponto de gravidade da conduta deve complementar-se pela orientação com vistas à proteção do bem jurídico. Na omissão, a proteção do bem não está na forma da conduta, mas na relação de dever do agente.
4. Critério axiológico (dever de agir vinculação a ele) (Juarez) 
5. Crítica: os 3 primeiros são falhos: fundamento no princípio da legalidade.
· Solução: adequar o 2 com o 3, ou usar o 4.
Reabilitação da causalidade
· Comissivos: aumento do risco com a ação
· Omissivos: diminuição da possibilidade de impedir o resultado.
· Crimes omissivos próprios de mera conduta (135, 244, 269, etc.)
· Crimes omissivos impróprios (comissivos-omissivos)
· Dever de garante (fontes do garantidor: art. 13, § 2º)
· Poder de agir
· Evitabilidade da agressão ao bem tutelado.
· Dever de agir.
· Crimes de resultado. Dever de agir para evitar resultado
· Elementos: abstenção da atividade imposta pela norma. /Resultado e nexo causal/dever jurídico de agir para evitar o resultado.
· Causalidade na omissão
· Crimes omissivos próprios: sem resultado
· Crimes omissivos impróprios; resultado e dever de agir do garante para evitá-lo (omissão/resultado/dever de agir)
· Bruno: acha que há causalidade nos omissivos próprios também.
· Cirilo: acha que só existe para omissivos impróprios esta causalidade tal qual existe nos comissivos. Exceção para os omissivos próprios qualificados.
· Fragoso: nega causalidade nos omissivos
· Hungria/Toledo/Cézar: não admitem a causalidade como é vista nos crimes comissivos. Existe nos omissivos impróprios uma causalidade lógica (Hungria), ou jurídico-normativa (Cézar, art. 13, § 2º), posto o vínculo jurídico entre omissão e resultado (e não material)
· Zaffaroni e Jesheck: nexo de não impedimento: autor nada causa, mas deve impedir o resultado.
· STJ: DIREITO PROCESSUAL PENAL. DENÚNCIA INEPTA POR FALTA DE DESCRIÇÃO ADEQUADA DE CONDUTA COMISSIVA POR OMISSÃO. 
· É inepta denúncia que impute a prática de homicídio na forma omissiva imprópria quando não há descrição clara e precisa de como a acusada – médica cirurgiã de sobreaviso – poderia ter impedido o resultado morte, sendo insuficiente a simples menção do não comparecimento da denunciada à unidade hospitalar, quando lhe foi solicitada a presença para prestar imediato atendimento a paciente que foi a óbito. Com efeito, o legislador estabeleceu alguns requisitos essenciais para a formalização da acusação, a fim de que seja assegurado ao acusado o escorreito exercício do contraditório e da ampla defesa, pois a higidez da denúncia é uma garantia do denunciado. Neste contexto, quando se imputa a alguém crime comissivo por omissão (art. 13, § 2º, b, do CP), é necessário que se demonstre o nexo normativo entre a conduta omissiva e o resultado normativo, porque só se tem por constituída a relação de causalidade se, baseado em elementos empíricos, for possível concluir, com alto grau de probabilidade, que o resultado não ocorreria se a ação devida fosse efetivamente realizada. Na hipótese em foco, a denúncia não descreveu com a clareza necessária qual foi a conduta omitida pela denunciada que teria impedido o resultado morte, com probabilidade próxima da certeza. Assim, se inexistir a descrição do liame de causalidade normativa entre a conduta comissiva por omissão e a morte da vítima, não há que se falar em materialidade de crime de homicídio, porquanto é imprescindível que a imputação esteja embasada em prova técnica, como laudo cadavérico, parecer médico ou perícia médica, que permita, com dados científicos, demonstrar com a mínima segurança que a vítima evoluiu a óbito por falta daquele atendimento médico imediato e especializado não prestado pelo acusado. Destaque-se que a falta de laudo de necropsia não impede o reconhecimento da materialidade delitiva nos crimes de homicídio, podendo, muitas vezes, vir demonstrada por outros meios de prova, como, por exemplo, depoimentos testemunhais. RHC 39.627-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 8/4/2014.
· A omissão no âmbito da supraindividualidade
- O papel de garante na atividade empresarial: qual o limite e a origem da obrigação?
- O risco empresarial e a questão do garante.
- Responsabilidade por fatos próprios e por funções delegadas (delegação de poderes e liberação de responsabilidades. Retenção de competências)
- Os deveres do empresário: vigilância (ocorrência de comportamento ilícito anterior, controle de fonte de perigos, atuação potencialmente perigosa de terceiros subordinados), assistência (solidariedade natural com o titular do bem, estreita relação de comunidade, assunção voluntária de uma situação de custódia), proteção e controle
· a atuação do compliance nessa questão.
DIREITO PENAL IV – 10/03/2021
UNIDADE 1: Introdução ao Direito Penal Supraindividual e Econômico.
1.8 – O erro de proibição e o Direito Penal Econômico e Supraindividual
UM CASE, PARA COMEÇAR O DEBATE 
TRF 4: PENAL. ART. 17 DA LEI DOS CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO.COMPETÊNCIA FEDERAL. INDEFERIMENTO DE PERÍCIA. LEGALIDADE. ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIO. EMPRÉSTIMOS A DIRIGENTE E EMPRESA COLIGADA. TIPICIDADE. ERRO DE PROIBIÇÃO. INOCORRÊNCIA. PENA-BASE. MÍNIMO LEGAL. PRESCRIÇÃO. 
1. (...). 3. Pacificou-se a jurisprudência desta Corte e do STJ no sentido de que o delito tipificado no artigo 17 do referido diploma é crime de mera conduta, restando caracterizado independentemente de serem os recursos transferidos exclusivamente da própria administradora e não dos consorciados. 4. Erro de proibição não configurado, pois os apelantes, na condição de responsáveis pela instituição financeira, além de empresários experientes, deveriam ter se informado junto ao órgão competente antes de realizar as guerreadas operações. Assim, detinham consciência potencial acerca da ilicitude da conduta, sendo o desconhecimento da lei inescusável (art. 21 do CP ). (...). (TRF-4 - APELAÇÃO CRIMINAL ACR 37338 PR 2003.04.01.037338-0 (TRF-4))
Lei 7.492/86: Define os crimes contra o sistema financeiro nacional, e dá outras providências.
Art. 17. Tomar ou receber, qualquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, direta ou indiretamente, empréstimo ou adiantamento, ou deferi-lo a controlador, a administrador, a membro de conselho estatutário, aos respectivos cônjuges, aos ascendentes ou descendentes, a parentes na linha colateral até o 2º grau, consanguíneos ou afins, ou a sociedade cujo controle seja por ela exercido, direta ou indiretamente, ou por qualquer dessas pessoas:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
I - em nome próprio, como controlador ou na condição de administrador da sociedade, conceder ou receber adiantamento de honorários, remuneração, salário ou qualquer outro pagamento, nas condições referidas neste artigo;
II - de forma disfarçada, promover a distribuição ou receber lucros de instituição financeira.
E O CONCEITO PRINCIPAL: ERRO DE PROIBIÇÃO(ART. 21 DO CÓDIGO PENAL)
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
Erro sobre elementos do tipo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Descriminantes putativas (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Erro determinado por terceiro (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Erro sobre a pessoa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
· CRIME É CONDUTA TÍPICA, ILÍCITA E CULPÁVEL.
· TIPO: MODELO
· ILICITUDE: PROIBIÇÃO
· TIPO + ILICITUDE: INJUSTO PENAL
· CULPABILIDADE: CENSURABILIDADE (IMPUTABILIDADE, POTENCIAL CONSCIÊNCIA DO CARÁTER PROIBIDO DA CONDUTA, EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA)
· DÚVIDA: É IGUAL AO POTENCIAL CONHECIMENTO DO ILÍCITO OU GERA ERRO DE PROIBIÇÃO?
· Desconhecer a norma legal (desconhecer a lei) é diferente de desconhecer ilicitude do comportamento (desconhecer ação contrária ao direito).
· O conhecimento da ilicitude (de que a ação é contrária ao direito) deve ser presumido (o que chamamos de potencial consciência do ilícito). Mas quando essa presunção pode ceder, em prol do erro de proibição?
· Necessidade do dever de se informar. Normas sociais, éticas e de cultura. 
· E não se pode apontar a falta de consciência da ilicitude a quem: teria sido fácil, na ocasião, obter tal consciência; não se conscientizou propositadamente; não se informa, mesmo sem má intenção, em profissões que exigem especial regulamentação.
O ERRO DE PROIBIÇÃO E O DIREITO PENAL ECONÔMICO, FINALMENTE
· Erro de proibição tem como consequência a isenção de pena (exclusão de culpabilidade) ou a diminuição da pena
· Pode ser direto, mandamental ou indireto (nas descriminantes putativas)
· Na criminalidade moderna os limites da licitude são confusos demais. O Direito Penal, pela atual interface com outros ramos opera com conceitos pouco acessíveis ao conhecimento (dos leigos e, em alguns casos, até dos próprios juristas: normas em branco e elementos normativos demais). 
· Isso causa insegurança (taxatividade do tipo penal em baixa) e falta de compreensão do que se deseja efetivamente punir.
· Tais medidas alteram as práticas negociais de forma decisiva (trazendo para a ilicitude o que era tido como lícito). A dúvida passa a ser uma constante.
· Mas, quanto à dúvida sobre a licitude, qual sua consequência? 
UMA CONSTATAÇÃO PROVISÓRIA
· Há uma total falta de definição político-criminal em relação à necessidade (e à forma) de tutela dos valores (bens jurídicos) supraindividuais.
· Em outras palavras: se já entendemos (eu, particularmente, penso que não entendemos) como lidar com a criminalidade tradicional, ainda não sabemos que rumo devemos tomar em relação a essa criminalidade moderna, típica do século XXI.
· O expansionismo do Direito Penal traz essa marca: a segurança jurídica resta ameaçada quando se usa a política criminal de forma casuística e sem coerência sistemática com a ordem constitucional. 
SOLUÇÃO POSSÍVEL
· Por parte do empresário: conscientização do atual momento social e necessária profissionalização da gestão empresarial. Um exemplo: adoção de compliance e de estratégias de evitação de situações criminosas em tese.
· Como consequência: aprofundamento do dever de se informar, em atividades específicas (típicas da questão econômica, por exemplo).
· Por parte do jurista: a compreensão de que o conhecimento da dogmática penal é fundamental para a análise de situações como essas (há uma frágil compreensão dos conceitos do Direito Penal)
· Como consequência: um novo olhar sobre o erro de proibição.
DIREITO PENAL IV 15/03/2021
UNIDADE 1: Introdução ao Direito Penal Supraindividual e Econômico.
1.8 – O erro de proibição e o Direito Penal Econômico e Supraindividual.
UM CASE, PARA COMEÇAR O DEBATE
TRF 4: PENAL. ART. 17 DA LEI DOS CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO.COMPETÊNCIA FEDERAL. INDEFERIMENTO DE PERÍCIA. LEGALIDADE. ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIO. EMPRÉSTIMOS A DIRIGENTE E EMPRESA COLIGADA. TIPICIDADE. ERRO DE PROIBIÇÃO. INOCORRÊNCIA. PENA-BASE. MÍNIMO LEGAL. PRESCRIÇÃO. 
1. (...). 3. Pacificou-se a jurisprudência desta Corte e do STJ no sentido de que o delito tipificado no artigo 17 do referido diploma é crime de mera conduta, restando caracterizado independentemente de serem os recursos transferidos exclusivamente da própria administradora e não dos consorciados. 4. Erro de proibição não configurado, pois os apelantes, na condição de responsáveis pela instituição financeira, além de empresários experientes, deveriam ter se informado junto ao órgão competente antes de realizar as guerreadas operações. Assim, detinham consciência potencial acerca da ilicitude da conduta, sendo o desconhecimento da lei inescusável (art. 21 do CP ). (...). (TRF-4 - APELAÇÃO CRIMINAL ACR 37338 PR 2003.04.01.037338-0 (TRF-4))
Lei 7.492/86: Define os crimes contra o sistema financeiro nacional, e dá outras providências.
Art. 17. Tomar ou receber, qualquer das pessoas mencionadas no art. 25 desta lei, direta ou indiretamente, empréstimo ou adiantamento, ou deferi-lo a controlador, a administrador, a membro de conselho estatutário, aos respectivos cônjuges, aos ascendentes ou descendentes, a parentes na linha colateral até o 2º grau, consangüíneos ou afins, ou a sociedade cujo controle seja por ela exercido, direta ou indiretamente, ou por qualquer dessas pessoas:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
I - em nome próprio, como controlador ou na condição de administrador da sociedade, conceder ou receber adiantamento de honorários, remuneração, salário ou qualquer outro pagamento, nas condições referidas neste artigo;
II - de forma disfarçada, promover a distribuição ou receber lucros de instituição financeira.
E O CONCEITO PRINCIPAL: ERRO DE PROIBIÇÃO (ART. 21 DO CÓDIGO PENAL)
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
Erro sobre elementos do tipo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Descriminantes putativas (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Erro determinado por terceiro (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. (Redação dada pelaLei nº 7.209, de 11.7.1984)
Erro sobre a pessoa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
· CRIME É CONDUTA TÍPICA, ILÍCITA E CULPÁVEL.
· TIPO: MODELO
· ILICITUDE: PROIBIÇÃO
· TIPO + ILICITUDE: INJUSTO PENAL
· CULPABILIDADE: CENSURABILIDADE (IMPUTABILIDADE, POTENCIAL CONSCIÊNCIA DO CARÁTER PROIBIDO DA CONDUTA, EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA)
· DÚVIDA: É IGUAL AO POTENCIAL CONHECIMENTO DO ILÍCITO OU GERA ERRO DE PROIBIÇÃO?
· Desconhecer a norma legal (desconhecer a lei) é diferente de desconhecer ilicitude do comportamento (desconhecer ação contrária ao direito).
· O conhecimento da ilicitude (de que a ação é contrária ao direito) deve ser presumido (o que chamamos de potencial consciência do ilícito). Mas quando essa presunção pode ceder, em prol do erro de proibição?
· Necessidade do dever de se informar. Normas sociais, éticas e de cultura. 
· E não se pode apontar a falta de consciência da ilicitude a quem: teria sido fácil, na ocasião, obter tal consciência; não se conscientizou propositadamente; não se informa, mesmo sem má intenção, em profissões que exigem especial regulamentação.
O ERRO DE PROIBIÇÃO E O DIREITO PENAL ECONÔMICO, FINALMENTE
· Erro de proibição tem como consequência a isenção de pena (exclusão de culpabilidade) ou a diminuição da pena
· Pode ser direto, mandamental ou indireto (nas descriminantes putativas)
· Na criminalidade moderna os limites da licitude são confusos demais. O Direito Penal, pela atual interface com outros ramos opera com conceitos pouco acessíveis ao conhecimento (dos leigos e, em alguns casos, até dos próprios juristas: normas em branco e elementos normativos demais). 
· Isso causa insegurança (taxatividade do tipo penal em baixa) e falta de compreensão do que se deseja efetivamente punir.
· Tais medidas alteram as práticas negociais de forma decisiva (trazendo para a ilicitude o que era tido como lícito). A dúvida passa a ser uma constante.
· Mas, quanto à dúvida sobre a licitude, qual sua consequência? 
UMA CONSTATAÇÃO PROVISÓRIA
· Há uma total falta de definição político-criminal em relação à necessidade (e à forma) de tutela dos valores (bens jurídicos) supraindividuais.
· Em outras palavras: se já entendemos (eu, particularmente, penso que não entendemos) como lidar com a criminalidade tradicional, ainda não sabemos que rumo devemos tomar em relação a essa criminalidade moderna, típica do século XXI.
· O expansionismo do Direito Penal traz essa marca: a segurança jurídica resta ameaçada quando se usa a política criminal de forma casuística e sem coerência sistemática com a ordem constitucional. 
SOLUÇÃO POSSÍVEL
· Por parte do empresário: conscientização do atual momento social e necessária profissionalização da gestão empresarial. Um exemplo: adoção de compliance e de estratégias de levitação de situações criminosas em tese.
· Como consequência: aprofundamento do dever de se informar, em atividades específicas (típicas da questão econômica, por exemplo).
· Por parte do jurista: a compreensão de que o conhecimento da dogmática penal é fundamental para a análise de situações como essas (há uma frágil compreensão dos conceitos do Direito Penal)
· Como consequência: um novo olhar sobre o erro de proibição.
· 
DIREITO PENAL IV 07/04/2021
UNIDADE 2- CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTARIA E PREVIDENCIARIA
ITEM. 2.5
Objetivos da aula:
· Conhecer os tipos penais que versam sobre a questão tributária e a questão previdenciária
· Analisar conflitos aparentes entre normas
· Continuar a aprender a resolução de casos concretos
· Crimes tributários e previdenciários:
· Materiais (art. 1º, I ao IV, da lei 8.137/90 - tributários) (337-a e 168-A do CP – previdenciários, por força de orientação jurisprudencial)
· Formais (art. 1º, V; art.2º e art. 3º, da lei 8.137/90 - tributários) (334-a CP – descaminho)
· Consumação dos crimes
· Sujeitos ativos e passivos
· Bem jurídico protegido (analisar a tipicidade material)
· Elementos subjetivos do injusto (dolo) (dolo específico, ou elemento subjetivo do injusto) (exemplo: art. 155, CP - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel)
· Elementos normativos nos tipos penais
· Verificar as normas em branco (e se existe algum problema de constitucionalidade – legalidade/taxatividade)
· Lei 8137/90
Art. 12. São circunstâncias que podem agravar de 1/3 (um terço) até a metade as penas previstas nos arts. 1°, 2° e 4° a 7°:
I - ocasionar grave dano à coletividade;
II - ser o crime cometido por servidor público no exercício de suas funções;
III - ser o crime praticado em relação à prestação de serviços ou ao comércio de bens essenciais à vida ou à saúde.
· Nesse sentido, veja-se o julgamento abaixo, do STJ:
“RECURSO ESPECIAL. CRIME CONTRA ORDEM TRIBUTÁRIA. ART. 12, I, DA LEI 8.137/90. ICMS. VALOR SONEGADO. INCLUSÃO DE JUROS E MULTA. AUSÊNCIA DE GRAVE DANO À COLETIVIDADE. CAUSA DE AUMENTO AFASTADA. REDUÇÃO DA PENA-BASE. PRESCRIÇÃO RECONHECIDA. RECURSO PROVIDO.
1. O dano tributário é valorado considerando seu valor atual e integral, incluindo os acréscimos legais de juros e multa.
2. A majorante do grave dano à coletividade, prevista pelo art. 12, I, da Lei 8.137/90, restringe-se a situações de especialmente relevante dano, valendo, analogamente, adotar-se para tributos federais o critério já administrativamente aceito na definição de créditos prioritários, fixado em R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), do art. 14, caput, da Portaria 320/PGFN.
3. Em se tratando de tributos estaduais ou municipais, o critério deve ser, por equivalência, aquele definido como prioritário ou de destacados créditos (grandes devedores) para a fazenda local.
4. Em Santa Catarina, a legislação de regência não prevê prioridade de créditos, mas define, como grande devedor, aquele sujeito passivo cuja soma dos débitos seja de valor igual ou superior a R$ 1.000.000, 00, nos termos do art. 3º da Portaria PGE/GAB n. 094/17, de 27/11/2017.
5. Caso em que o valor sonegado relativo a ICMS - R$ 207.011,50 - alcança o valor de R$ 625.464,67 com multa e juros, o que não atinge o patamar diferenciado de dívida tributária acolhido pela Fazenda estadual catarinense e, assim, não se torna tampouco apto a caracterizar o grave dano à coletividade do art. 12, I, da Lei 8.137/90.
6. Fixada, assim, a tese de que o grave dano à coletividade é objetivamente aferível pela admissão na Fazenda local de crédito prioritário ou destacado (como grande devedor).
7. Reduzida a pena, impõe-se o reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva estatal.
8. Recurso especial provido para reduzir as penas a 2 anos de reclusão e a 10 dias-multa e declarar, de ofício, a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva do Estado.
(REsp 1849120/SC, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 11/03/2020, DJe 25/03/2020)”
· Nesse sentido, veja-se o julgamento abaixo, do STJ:
“RECURSO ESPECIAL. CRIME CONTRA ORDEM TRIBUTÁRIA. ART. 12, I, DA LEI 8.137/90. ICMS. VALOR SONEGADO. INCLUSÃO DE JUROS E MULTA. AUSÊNCIA DE GRAVE DANO À COLETIVIDADE. CAUSA DE AUMENTO AFASTADA. REDUÇÃO DA PENA-BASE. PRESCRIÇÃO RECONHECIDA. RECURSO PROVIDO.
1. O dano tributário é valorado considerando seu valor atual e integral, incluindo os acréscimos legais de juros e multa.
2. A majorante do grave dano à coletividade, prevista pelo art. 12, I, da Lei 8.137/90, restringe-se a situações de especialmente relevante dano, valendo, analogamente, adotar-se para tributos federais o critério já administrativamente aceito na definição de créditos prioritários, fixado em R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), do art. 14, caput, da Portaria 320/PGFN.
3. Em se tratando de tributos estaduais ou municipais, o critério deve ser, por equivalência, aquele definido como prioritário ou de destacados créditos (grandes devedores) para a fazenda local.
4. Em SantaCatarina, a legislação de regência não prevê prioridade de créditos, mas define, como grande devedor, aquele sujeito passivo cuja soma dos débitos seja de valor igual ou superior a R$ 1.000.000, 00, nos termos do art. 3º da Portaria PGE/GAB n. 094/17, de 27/11/2017.
5. Caso em que o valor sonegado relativo a ICMS - R$ 207.011,50 - alcança o valor de R$ 625.464,67 com multa e juros, o que não atinge o patamar diferenciado de dívida tributária acolhido pela Fazenda estadual catarinense e, assim, não se torna tampouco apto a caracterizar o grave dano à coletividade do art. 12, I, da Lei 8.137/90.
6. Fixada, assim, a tese de que o grave dano à coletividade é objetivamente aferível pela admissão na Fazenda local de crédito prioritário ou destacado (como grande devedor).
7. Reduzida a pena, impõe-se o reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva estatal.
8. Recurso especial provido para reduzir as penas a 2 anos de reclusão e a 10 dias-multa e declarar, de ofício, a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva do Estado.
(REsp 1849120/SC, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 11/03/2020, DJe 25/03/2020)”
· crimes tributários na lei 8.137/90:
Art. 1º. Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
I - Omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;
II - Fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operações de qualquer natureza, em documentos ou livro exigido pela lei fiscal; 
III - Falsificar ou alterar nota fiscal, fatura duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo a operação tributável;
IV - Elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato;
V - Negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação; 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
· “A contribuições são uma espécie de tributo destinada a custear atividades estatais específicas que não são inerentes ao Estado. Têm, como destino, a intervenção no domínio econômico (exemplo: fundo de garantia do tempo de serviço), o interesse das categorias econômicas ou profissionais (exemplo: contribuição sindical) e o custeio do sistema da seguridade social (exemplo: previdência social).”
· CTN Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
· Art. 2º. Constitui crime da mesma natureza: 
· I - Fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;
· II - Deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos;
· III - Exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela, dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal;
· IV - Deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuto, incentivo fiscal ou parcela de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento;
· V - Utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública;
· Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
· Crimes próprios: Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I):
· I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social;
· II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. 
· Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
· III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público. 
· Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
· crimes assemelhados aos tributários no CP (aduaneiros): descaminho
Art. 334.A Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 1o  Incorre na mesma pena quem:  (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;  (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho;  (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos.  (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências.  (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.  (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Quanto ao descaminho: Ainda que se insira tal crime no título do CP que trata dos Crimes contra a Administração Pública, não é este o melhor entendimento. Ao contrário, e como na legislação extravagante, protege-se a ordem tributária / erario.
Certo é que este delito tem como bem jurídico a ordem tributária, e não a administração pública. Assim pensa Cezar Roberto Bittencourt: o descaminho "é delito que tem natureza fiscal, lesando preponderantemente a administração tributária (aduana nacional), afirmando que quando o tipo penal é informado pelo verbo iludir, há nisso “propósito de não efetuar o pagamento do tributo alfandegário." (BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal, vol. 5, São Paulo: Editora Saraiva, 2010.)
E a jurisprudência confirma:
“STJ: PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. DESCAMINHO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. PAGAMENTO DO TRIBUTO ANTES DO OFERECIMENTO DA DENÚNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 34 DA LEI N.º 9.249/95. UBI EADEM RATIO IBI IDEM IUS.
1. Não há razão lógica para se tratar o crime de descaminho de maneira distinta daquela dispensada aos crimes tributários em geral.
2. Diante do pagamento do tributo, antes do recebimento da denúncia, de rigor o reconhecimento da extinção da punibilidade.
3. Ordem concedida. (HC 48805/SP, Relatora: Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, DJ de 19/11/2007). (grifado)”
· crimes previdenciários no CP
Apropriação indébita previdenciária: Art. 168-A. 
Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidasdos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional;
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa.
§ 1º. Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
I - Recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público;
II - Recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou produção de serviços;
III - Pagar beneficio devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social
· Sonegação de contribuição previdenciária: Art. 337-A. 
Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços;
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços;
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
§ 2º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:
I – (VETADO)
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
§ 3º Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa.
§ 4º O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da previdência social. 
· Um empregador contrata várias pessoas e os paga, “por fora”
· Vem a fiscalização e constata essa questão.
· AI ok
· NFLD ok
· Ao final da NFLD manda-se para o MPF (RFFP)
· Há a investigação pela Policia Federal 
· Há a denúncia.
· Qual (is) crime(s)?
· 337-a
· Conflito aparente de normas e o Direito Penal Tributário: espécies (subsidiariedade, absorção/consunção, especialidade), conceitos e aplicabilidade no Direito Penal Tributário/Previdenciário.
STJ: DIREITO PENAL. ABSORÇÃO DOS CRIMES DE FALSIDADE IDEOLÓGICA E DE USO DE DOCUMENTO FALSO PELO DE SONEGAÇÃO FISCAL. 
O crime de sonegação fiscal absorve o de falsidade ideológica e o de uso de documento falso praticados posteriormente àquele unicamente para assegurar a evasão fiscal. Após evolução jurisprudencial, o STJ passou a considerar aplicável o princípio da consunção ou da absorção quando os crimes de uso de documento falso e falsidade ideológica – crimes meio – tiverem sido praticados para facilitar ou encobrir a falsa declaração, com vistas à efetivação do pretendido crime de sonegação fiscal – crime fim –, localizando-se na mesma linha de desdobramento causal de lesão ao bem jurídico, integrando, assim, o iter criminis do delito fim. Cabe ressalvar que, ainda que os crimes de uso de documento falso e falsidade ideológica sejam cometidos com o intuito de sonegar o tributo, a aplicação do princípio da consunção somente tem lugar nas hipóteses em que os crimes meio não extrapolem os limites da incidência do crime fim. Aplica-se, assim, mutatis mutandis, o comando da Súmula 17 do STJ (Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido). Precedentes citados: AgRg no REsp 1.366.714-MG, Quinta Turma, DJe 5/11/2013; AgRg no REsp 1.241.771-SC, Sexta Turma, DJe 3/10/2013. EREsp 1.154.361-MG, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 26/2/2014.
O case do art. 2º, II, da lei 8.137/90: julgamento do RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 163.334/SC
STF “Decisão: O Tribunal, por maioria, negou provimento ao recurso ordinário, nos termos do voto do Relator, vencidos os Ministros Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. Revogada a liminar anteriormente concedida. Em seguida, por maioria, fixou-se a seguinte tese: “O contribuinte que, de forma contumaz e com dolo de apropriação, deixa de recolher o ICMS cobrado do adquirente da mercadoria ou serviço incide no tipo penal do art. 2º, II, da Lei nº 8.137/1990”, vencido o Ministro Marco Aurélio. Ausente, justificadamente, o Ministro Celso de Mello. Presidência do Ministro Dias Toffoli. Plenário, 18.12.2019.”
1) Explicar o caso (dados fáticos)
2) Explicar a decisão do STJ
3) Explicar a decisão do STF
4) Fazer análise da decisão em termos técnicos (do Direito Penal e do Direito Tributário)
5) Analisar os efeitos da decisão
ICMS tributo estadual 
10% (hipotética) – débito/crédito
Fabricante paga o tributo e vende por 100 para o atacadista (10)
O atacadista paga o tributo e vende por 200 para o varejista (10)
O varejista (de direito) paga o tributo e vende por 300 para o consumidor final (10) preço (lucro, custo, luz, salário, prolabore, aluguel, juros de banco, tributos...)
Consumidor recebe a repercussão econômica do tributo
Apresenta ao fisco os livros
II - Deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos;
DIREITO PENAL IV 12/04/2021
UNIDADE 3 – CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO
· UNIDADE 3: Crimes contra o Sistema Financeiro.
· 3.1 – o bem jurídico protegido.
· 3.2 – o conceito de sistema financeiro e de instituição financeira.
· 3.3 – crimes em espécie.
Objetivos das aulas desta unidade:
· Conhecer como se estrutura o Sistema Financeiro Nacional 
· Entender a dinâmica de interpretação dos tipos penais que versam sobre o sistema financeiro
· Continuar a aprender como se resolvem casos concretos
3.1 – bem jurídico protegido
Histórico
· lei 6024/74: tinha como objetivo regular a intervenção e a liquidação extrajudicial das instituições financeiras.
· grupo de trabalho do BACEN produziu estudos que originaram o Projeto de Lei 273/83 (Deputado Nilson Gibson). Houve emenda substitutiva do Senado José Lins e, ao final, surgiu a lei 7.492/86.
 
Lei 7.492/86
· conhecida como lei do “colarinho branco” 
· primeira parte: conceito, para fins penais, de instituição financeira (art. 1º)
· segunda parte: trata dos crimes contra o sistema financeiro (arts. 2º ao 24)
· terceira parte: aplicação e procedimento penal (art. 25 ao 35)
Lei 6385/76 (CVM)
Crimes contra o mercado de capitais (insider trading) e outros 
· Proteção aos bens jurídicos individuais sempre foi o fundamento do Direito Penal tradicional. A mudança de perspectiva (do individual para o coletivo) é a marca da ordenação normativa do Direito Penal Econômico.
· Migração do Direito Penal Econômico, da efetiva ofensa ao perigo da ofensa. Direito altamente prevencionista.
· Ligação da noção de Crimes de Perigo (abstrato e concreto) e a questão do bem jurídico protegido no Direito Penal Econômico: o princípio da ofensividade.
· bem jurídico: proteção do sistema financeiro nacional (higidez do SF): “conjunto de instituições (monetárias, bancárias e sociedades por ações) e do mercado financeiro (de capitais e de valores mobiliários). Tem por objetivo gerar e intermediar crédito (e empregos), estimular investimentos, aperfeiçoar mecanismos de financiamento empresarial, garantir a poupança popular e o patrimônio dos investidores, compatibilizar crescimento com estabilidade econômicae reduzir desigualdades, assegurando uma gestão da política econômico-financeira do Estado, com vistas ao desenvolvimento equilibrado do país.” (Regis Prado).
· devemos verificar a ofensividade na tutela do DP econômico, mesmo sendo um direito penal prevencionista e que utiliza muito da estrutura de tipificação dos crimes de perigo.
· Solução: nem complementações, nem rupturas. Possibilidades de conversações com outras disciplinas jurídicas. Ingresso na órbita constitucional de tutela.
· Regularidade, previsibilidade e segurança do sistema financeiro.
3.2 – o conceito de sistema financeiro e de instituição financeira.
Conceito de sistema financeiro
· art. 1º da lei 4.595/64. Constituição do sistema financeiro: Conselho Monetário Nacional; BACEN; Banco do Brasil, BNDES, demais instituições financeiras públicas e privadas.
· art. 192 da CF, com redação dada pela emenda constitucional 40/03: “O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do país e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram.”
· fiscalização e intervenção do Estado no sistema financeiro? Qual a realidade e qual deve ser o limite?
· sistema monetário, sistema de crédito, sistema de capitais e sistema cambial.
· “Para compreender Sistema Financeiro Nacional Estrutura e Funções é importante ter conhecimento da legislação no Art. 192 da Constituição Federal:
· Basicamente o Sistema Financeiro Nacional nada mais é do que um agrupamento de todas as instituições que tornam possível a circulação de moeda, ou valor correlato, no Brasil. O SFN busca então obter a melhor organização possível de toda esta estrutura para que o país possa funcionar de forma eficiente através de regulamentações do Conselho Monetário Nacional que é seu órgão máximo, e atua regulamentando e fiscalizando estas operações”
Conceito de instituição financeira
· A lei 4.595/64 trouxe um conceito de instituição financeira no art. 17:
“Art. 17 – Consideram-se instituições financeiras, para efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros.
parágrafo único – Para os efeitos dessa lei e da legislação em vigor, equiparam-se às instituições financeiras as pessoas físicas que exerçam qualquer das atividades referidas nesse artigo, de forma permanente ou eventual.” 
· todavia, há conceito mais amplo na legislação atual (lei 7.492/86), no art. 1º:
“Art. 1º - Considera-se instituição financeira, para efeito dessa lei, a pessoa jurídica de direito público ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros (Vetado) de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de valores mobiliários.
Parágrafo único – Equipara-se à instituição financeira:
I – a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança, ou recursos de terceiros;
II – a pessoa física que exerça quaisquer das atividades referidas neste artigo, ainda que de forma eventual.”
· alargamento do conceito atual atinge pessoas que não praticam atividades próprias do mercado de capitais ou de circulação de moeda.
· crítica à equiparação da pessoa física à pessoa jurídica, no conceito de instituição financeira. Finalidades da legislação em vigor não admitiriam.
3.3 – crimes contra o sistema financeiro em espécie.
· Artigos 2º ao 24 da lei 7.492/86; e arts. 27 C, D e E da lei 6385/76 (mercado de capitais).
· Verificar a existência de elementos normativos nos tipos penais.
· Verificação das normas em branco e das remissões necessárias (complementações que, via de regra, são para a instância administrativa – BACEN / CVM / SUSEP / PREVIC). Há algum problema de constitucionalidade (legalidade/taxatividade)? SISTEMA CREDIMINAS 
· Consumação. Verificar a questão dos crimes de perigo abstrato e o problema da ofensividade. Ver, tb, a questão da possível administrativização do Direito Penal, em alguns tipos penais.
· Verificar o sujeito ativo dos crimes. Ver artigo 25 da lei 7.492/86.
· A questão das omissões penalmente relevantes. Alçada de decisão. Conselhos.
· Verificar o elemento subjetivo dos tipos (via de regra, o dolo).
· Verificar quando a conduta com cunho patrimonial deve ir para a lei de crimes do sistema financeiro, e quando não vai para a lei (por exemplo, factoring). 
Case 1
· LEI 6385/76
Art. 27-E.  Exercer, ainda que a título gratuito, no mercado de valores mobiliários, a atividade de administrador de carteira, agente autônomo de investimento, auditor independente, analista de valores mobiliários, agente fiduciário ou qualquer outro cargo, profissão, atividade ou função, sem estar, para esse fim, autorizado ou registrado na autoridade administrativa competente, quando exigido por lei ou regulamento:    (Redação dada pela Lei nº 13.506, de 2017)
Pena de seis meses a dois anos.
ABSORÇÃO/CONSUNÇÃO (CRIME MEIO É ABSORVIDO PELO CRIME FIM) habitual
· LEI 7492/86 
Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou com autorização obtida mediante declaração (Vetado) falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou de câmbio:
pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito público ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros (Vetado) de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de valores mobiliários (lei 6385/76).
 Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira:
 I - a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança, ou recursos de terceiros;
 II - a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas neste artigo, ainda que de forma eventual.
Case 2 
· Lei 7492/86
Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira:
 Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.
 
 Parágrafo único. Se a gestão é temerária (com a intenção de assumir risco inaceitável. Não é imprudente. É DOLOSA) (qual o risco uma IF pode ter na concessão daquele crédito):
 Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
 a consumação é com a prática (perigo). Um único ato configura a gestão (crime habitual impróprio)
a) o Patrimônio de Referência Exigido (Resolução CMN 3.490/2007)
b) o descumprimento dos padrões mínimos de capital e limites (Resolução CMN 3.398/2006);
c) a classificação contábil na transferência de ativos (Resolução CMN 3.533/2008);
d) a retenção dos riscos na transferência de ativos (Carta-Circular BACEN 3.361/2008);
e) o controle do risco de liquidez (Circular BACEN 3.393/2008);
f) a apuração de limites e padrões mínimos (Circular BACEN 3.398/2008);
g) o Demonstrativo de Risco de Mercado Mensal (Carta-Circular BACEN 3.376/2009);
h) o Demonstrativo do Risco de Liquidez (Carta Circular BACEN 3.374/2009);
i) o Demonstrativo de Limites e Padrões Mínimos(Carta-Circular BACEN 3.415/2009);
j) o Demonstrativo do Risco de Mercado Diário (Carta-Circular BACEN 3.331/2008);
k) a Estrutura de Gerenciamento do Risco Operacional (Resolução CMN 3.380/2006);
l) a Estrutura de Gerenciamento do Risco de Crédito(Resolução CMN 3.721/2009);
m) a Estrutura de Gerenciamento do Risco de Mercado (Resolução CMN 3.464/2007);
n) critérios para Classificação na Carteira de Negociação (Circular

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