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Thaís Morghana - UFPE-CAA Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) INTRODUÇÃO DEFINIÇÕES PSICOPATOLÓGICAS Inteligência: é o que permite o indivíduo identificar e resolver problemas novos. Para desenvolver a inteligência ele precisa de alguns elementos, como a atenção. Atenção: seletiva, capacidade de manter atenção, capacidade de mudar o foco da atenção, atenção sustentada, controle de função executiva. Cada um desses elementos pode estar alterado, com consequente sintomatologia diversa no TDAH. Autocontrole: ● Inibição: capacidade de parar o comportamento para fazer outra coisa. ● Interromper um comportamento para fazer outra coisa mais importante: o paciente com TDAH tem dificuldade em planejar e esperar a recompensa a longo prazo. ● Controle de interferência: proteger a função executiva e suprimir estímulos que podem ser irrelevantes. O TDAH tem diagnóstico bidimensional: ● Todo mundo tem um pouco dessas características. No entanto, o TDAH se expressa a partir do momento que isso afeta a qualidade funcional da pessoa. DEFINIÇÃO DO TDAH É um déficit de função executiva caracterizado pela desatenção, hiperatividade e impulsividade. É um distúrbio do neurodesenvolvimento com alta prevalência, causado pela interação de fatores ambientais e genéticos. ● Quando o ambiente em que vive um organismo é significativamente diferente daquele em que evoluiu, os traços que antes eram adaptativos podem se tornar patológicos. Isso é denominado uma “incompatibilidade evolutiva”. ● As características do TDAH tiveram um objetivo evolutivo antigamente. EPIDEMIOLOGIA ● Taxa de prevalência para a amostra global: 5,3% com variações culturais. ● Na população negra é menos reconhecido. ● Maior ocorrência em familiares: 2x em relação à população geral. ● Pode ter interferência de prematuridade, exposição ao tabaco ● Subdiagnosticado nos adultos: - Metade dos pacientes persistem (2,5% da população) - Persistência não está clara - 15% persistência completa - 40-60% remissão parcial - Dica: metade dos casos persistem até a fase a adulta e metade desses persistem até a velhice ● Cuidados: bombardeio de informações e confusão com a falta de limites na criação. NEUROBIOLOGIA ● Atraso na maturação cortical: o pico de espessura cortical ocorre em idades mais avançadas quando comparado com crianças sem TDAH. Isso ocorre no córtex pré frontal medial (5 anos de atraso), córtex pré frontal superior medial (2 anos de atraso). ● Disfunção fronto-estriatal: mediado pelo GABA e por catecolaminas. ● Desregulação catecolaminérgica. ● Também envolve estruturas subcorticais, com relação com as disfunções executivas. Thaís Morghana - UFPE-CAA ● Os circuitos de noradrenalina e dopamina vão estar disfuncionais. ● Redes de controle executivo, circuito de recompensas e rede de alerta vão estar prejudicados. ● Redes de modo padrão estão relacionadas com diversas funções cognitivas, e também está alterada no paciente com TDAH. QUADRO CLÍNICO Linguagem: ● Cheia de saltos, pulando de temas ● Alguns pacientes têm uma fobia social e se apresentam com timidez ● Parece escutar quando se lhe é falado ● Pode haver rapidez na fala ● “fala demais” Volição: ● Perturbação da inibição de respostas: em alguns momentos dá respostas inapropriadas Psicomotricidade: ● Agitação, inquietação Desatenção: Hiperatividade: Impulsividade: Obs.: a saliência são algumas atividades que a criança pode ter afinidade e consegue se concentrar mais nelas. Ainda assim, essa criança pode ter TDAH. É importante avaliar a criança em vários contextos. Sintomas associados: ● Desafiador, agressivo, comportamento agressivo. ● Problemas com relacionamentos sociais. ● QI tende a ser menor que a população geral. ● Transtornos específicos do aprendizado. ● Problemas de coordenação. ● Déficits de desenvolvimento. ● Auto-regulação emocional deficiente. Associação com durabilidade de sintomas: ● Menor sucesso acadêmico. ● Problemas conjugais e insatisfação. ● Divórcio. ● Dificuldade em lidar com prole. ● Menor desempenho laboral. ● Desemprego. ● Acidentes de trânsito. Comorbidades: O TDAH é um fenótipo complexo de uma doença crônica: Thaís Morghana - UFPE-CAA QUADRO CLÍNICO ● Informações em pelo menos 2 contextos ● É importante ter o relato de professores ● Avaliação médica: distúrbio de sono é um diagnóstico diferencial a ser pesquisado. ● Avaliar comorbidades ● Testes adicionais não são necessários Critérios diagnósticos DESATENÇÃO (DSM-V): Antes dos 12 anos, 6 ou mais sintomas, em 2 ou mais ambientes, por no mínimo 6 meses ● Não presta atenção a detalhes, comete erros em atividades. ● Dificuldade em manter atenção em tarefas ou atividades lúdicas. ● Parece não ouvir quando chamado. ● Não segue instruções, não termina seus deveres. ● Dificuldade para se organizar. ● Evita se envolver em tarefas que exijam esforço mental constante. ● Perde objetos necessários para realização das tarefas. ● É facilmente distraído por estímulos externos. ● Apresenta esquecimento para atividades cotidianas. Critérios diagnósticos HIPERATIVIDADE/IMPULSIVIDADE (DSM-V): Antes dos 12 anos, 6 ou mais sintomas, em 2 ou mais ambientes, por no mínimo 6 meses ● Agita as mãos ou pés na carteira, se remexe. ● Dificuldade em permanecer sentado. ● Corre ou escala em excesso em situações impróprias (em adultos, há um sentimento subjetivo de inquietação). ● Dificuldade para brincar ou realizar atividade de lazer em silêncio. ● Frequentemente está “a mil” ou “a todo vapor”. ● Fala em demasia. ● Responde perguntas antes de serem formuladas. ● Dificuldades em esperar sua vez. ● Interrompe conversas e se intromete. ESCALAS ● Não são necessárias para o diagnóstico. Mas são úteis como triagem, avaliar gravidade dos sintomas e avaliar resposta ao tratamento. ● SNAP IV ● SDQ ● SWAN DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ● Pré-escolar: deficiência intelectual; TEA. ● Escolar: situações ambientais; transtorno específico de aprendizagem; transtorno de ansiedade. ● Adolescência: situações ambientais; transtorno por uso de substâncias; transtornos depressivos. ● Outros: transtorno de apego afetivo; transtorno disruptivo de desregulação do humor; transtornos neurocognitivos; transtornos de personalidade; transtornos psicóticos; sintomas de TDAH induzidos por medicamentos; transtorno explosivo intermitente; transtorno de oposição desafiante; transtorno bipolar. TRATAMENTO ● Objetivos: ajustar individualmente, reduzir sintomas, melhorar desempenho educacional, reduzir problemas familiares e educacionais. Intervenções com baixo nível de evidência: ● Acupuntura, meditação, homeopatia, exercício físico, erva de São João, musicoterapia, florais de Bach, dietas purgantes. Intervenções com alto nível de evidência: ● Melhor evidência para estimulantes. ● Terapia cognitivo-comportamental também efetiva em casos leves ou moderados. ● Psicoeducação para pais e escola. Tratamento não farmacológico: ● Psicoeducação. ● Medidas ambientais: atenção acadêmica especial, tarefas curtas e bem explicadas, diminuir estímulos (sentar na frente, poucos estudantes, tirar celular e TV do ambiente). ● TCC: correção do aprendizado disfuncional, reforço do comportamento planejado. Mais útil em casos Thaís Morghana - UFPE-CAA com comorbidades, duvidosos ou na resistência familiar. Tratamento farmacológico: ● Eficácia superior a outras medidas. ● Duração enquanto houver sintomas, possibilidade de interromper em finais de semana. ● Estimulantes: metilfenidato (ritalina) - Inicio após os 6 anos de idade. - Resposta em 75% dos casos. - Inibe recaptação de dopamina e noradrenalina. - Formulações que aumentam meia-vida. - Efeitos adversos: ansiedade, insônia, piora de tiques, interrupção do crescimento, taquicardia e hipertensão, cefaleias. ● Não estimulantes: imipramina, bupropiona, clonidina - Eficácia inferior. - Mecanismos de ação indiretos. - Aumento de noradrenalina, agonista dopaminérgico indireto. - Possíveis indicações: intolerância aos estimulantes, tiques, história de abusode substâncias, comorbidade com ansiedade/depressão. ● Antipsicóticos: muito cuidado no uso em crianças. O que funciona? ● Combinação de terapia farmacológica + TCC apresentam a melhor resposta. ● A associação com TCC permite doses menores da farmacoterapia.
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