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A eficácia da TCC para a síndrome de Burnout

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A EFICÁCIA DA TEORIA COGNITIVO-CONPORTAMENTAL NA SÍNDROME DE BURNOUT PARA PROFISSIONAIS DA ÁREA HOSPITALAR
Autor[footnoteRef:1] [1: Informações do Autor. E-mail do Autor.] 
RESUMO. Atualmente, a Síndrome de Burnout tem sido objeto de estudos para diversos pesquisadores que visam compreender o sofrimento vivenciado pelos profissionais de saúde que atuam no ambiente hospitalar. O objetivo do trabalho é analisar a eficácia da Teoria Cognitivo-Comportamental no acolhimento psicológico de profissionais da área hospitalar com sintomas da Síndrome de Burnout. A metodologia utilizada foi a revisão de bibliografia e nos dados coletados em revistas acadêmicas e livros foi possível observar que a Síndrome de Burnout é produzida por fatores que vão deste as elevadas cargas horárias de trabalho até a sobrecarga emocional diante da situação de dor e sofrimento dos pacientes e seus familiares, tais elementos prejudicam significativamente a saúde do educador. Assim, esta sobrecarga se manifesta como esgotamento físico e psíquico que afeta negativamente o desempenho destes profissionais.
Palavras-chave: Teoria Cognitivo-Comportamental; Síndrome de Burnout; Ambiente hospitalar; Acolhimento Psicológico
ABSTRACT. Currently, Burnout Syndrome has been the subject of studies for several researchers that aim to understand the suffering experienced by health professionals who work in the hospital environment. The objective of the work is to analyze the effectiveness of the Cognitive-Behavioral Theory in the psychological reception of professionals in the hospital area with symptoms of Burnout Syndrome. The methodology used was the bibliography review and in the data collected in academic journals and books it was possible to observe that the Burnout Syndrome is produced by factors that go from the high hourly workloads to the emotional overload in the face of the pain and suffering situation of the patients and their families, such elements significantly harm the health of the educator. Thus, this burden is manifested as physical and psychological exhaustion that negatively affects the performance of these professionals.
Keywords: Cognitive-Behavioral Theory; Burnout syndrome; Hospital environment; Psychological Reception
1. INTRODUÇÃO
Com as mudanças advindas desde a globalização, intensificada pelos avanços tecnológicos e pela competitividade, os profissionais da área hospitalar têm sofrido com a incidência de doenças físicas e mentais, como: fadiga, exaustão e estresse. Tal situação pode acarretar na falta de satisfação dos profissionais e, consequentemente, em desempenhos negativos que chegam até a colocar em risco a saúde dos pacientes. Assim, a síndrome de Burnout se caracteriza como um conjunto de sintomas físicos, comportamentais e psíquicos que prejudicam a atividade laboral do profissional o levando ao adoecimento.
Assim a Teoria Cognitivo Comportamental se mostra como um instrumento importante para a compreensão da Síndrome de Burnout e, bem como, para o acolhimento psicológico através da interpretação da situacionalidade, afinal, pensamentos e emoções se apresentam antes das somatizações, como os pensamentos conduzem os comportamentos, a Teoria Cognitivo Comportamental possibilita a correção através da autorreflexão e aprendizagem para dominar os problemas e situações.
Assim, justifica-se esta pesquisa, pois o acolhimento psicológico através da Teoria Cognitivo Comportamental possibilita a significativa redução do adoecimento no campo laboral hospitalar e, mais especificamente, da Síndrome de Burnout, visto que o indivíduo em seu percurso encontra uma melhor qualidade de vida, aprendendo a coordenar seus pensamentos disfuncionais e suas emoções.
Diante disso o presente trabalho afirma que o trabalho realizado por profissionais da área hospitalar, devido a sua complexidade, está sujeito ao surgimento da Síndrome de Burnout, podendo como consequência, provocar sérios riscos aos pacientes. Diante disso, a Teoria Cognitivo-Comportamental se mostra como um instrumento extremamente eficaz para o acolhimento dos profissionais da área hospitalar com Síndrome de Burnout.
Assim, o objetivo deste trabalho é analisar a eficácia da Teoria Cognitivo-Comportamental no acolhimento psicológico de profissionais da área hospitalar com sintomas da Síndrome de Burnout.
A metodologia a utilizada é de revisão bibliográfica que foi empregada em dois passos: 1) Consulta de fontes e Coleta de dados: onde foi selecionado três tipos de fontes relacionadas com as necessidades da pesquisa: a primeira fonte foi as plataformas da Scielo e da CNPQ, no qual foi extraido informações presentes em resumos de pesquisas e dados de pesquisadores; a segunda fonte foi as próprias pesquisas, teses e dissertações, das quais procurei obter informações que possibilitam a caracterização e análise dentro das abordagens epistemológicas necessárias; e, por fim, utilizei estudos de caráter bibliográfico relacionadas a produção do conhecimento nas pesquisas em psicologia hospitalar, com ênfase nas publicações sobre Teoria Cognitivo Comportamental e Síndrome de Burnout. 2) Análise dos dados coletados: os dados coletados foram organizados em dois eixos: 1) as concepções relacionadas a Psicologia em abordagem da Teoria Cognitivo Comportamental e; 2) as concepções relacionadas a Síndrome de Burnout em profissional da área hospitalar.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. CONCEITO E MANIFESTAÇÕES DA SÍNDROME DE BURNOUT
A síndrome de Burnout pode ser conceituada a partir de diversas perspectivas, dentre elas a Concepção Organizacional, a Concepção Clínica e a Concepção Sociopsicológica (PEREIRA, 2014).
De acordo com Pereira (2014, p. 36), a Concepção Organizacional da Síndrome de Burnout foi apresentado sob a ótica da Teoria das Organizações e afirma que a Síndrome de Burnout é a “consequência de um desajuste entre as necessidades apresentadas pelo trabalhador e os interesses da instituição”.
Com relação à Concepção Clínica, a Síndrome de Burnout inclui um conjunto de sintomas como falta de entusiasmo, fadiga mental e física, sentimento de impotência e baixa autoestima (PEREIRA, 2014).
Por sua vez, a Concepção Sociopsicológica afirma que a Síndrome de Burnout é causada por estressores provenientes das relações interpessoais, cujas principais reações são “exaustão avassaladora, sensações de ceticismo e desligamento do trabalho, uma sensação de ineficácia e falta de realização” (MASLACH, 2010, p. 44). Ainda, segundo a autora, as pessoas com quadros de Síndrome de Burnout apresentam baixa autoestima, baixos níveis de resistência e um comportamento, bastante característico, de não reconhecerem que estão estressados e, da mesma forma, não reconhecem que estressam as pessoas ao redor. Ainda, para Maslach (2010), a Síndrome de Burnout está muito relacionado com à depressão, entretanto não tem ocorrido muitas discussões relativas a esta associação.
Para Pereira (2014), a cronicidade do estado de estresse decorrente da Síndrome de Burnout, bem como o fracasso dos métodos de enfrentamento, que muitas vezes se mostram insuficientes constituem fatores multidimensionais quando somados aos aspectos individuais: exaustão emocional, realização profissional limitadas, despersonalização. Considera-se a exaustão emocional com o esgotamento mental e físico. A baixa realização profissional se refere a insatisfação com o produto do próprio trabalho, o que leva a baixa autoestima, desmotivação, diminuição da produtividade, fracasso profissional e pensamentos de ineficácia. A despersonalização, por sua vez, pode ser entendida como mudanças de personalidade nas quais se observam atitudes de ceticismo, ironia e indiferença.
Em sua sintomatologia, A Síndrome de Burnout pode ser dividido em quatro aspectos: físico, mental, comportamental e defensivo. Os sintomas físicos podem incluir fadiga progressiva, distúrbios do sono, dores musculares, dores de cabeça, distúrbios gastrointestinais, imunodeficiência, distúrbios cardiovasculares, disfunção sexual, distúrbios respiratórios e as mulheres podemapresentar alterações menstruais. Os sintomas mentais incluem falta de atenção e concentração, memória alterada, pensamento lento, sentimento de alienação, sensação de solidão, impaciência, sensação de ineficiência, baixa autoestima, labilidade emocional, fraqueza, desânimo, disforia, depressão, desconfiança e paranoia. No que diz respeito aos sintomas comportamentais, aparecem irritabilidade, negligência, agressividade, incapacidade de relaxar, perda de iniciativa, dificuldade de adaptação, aumento do uso de substâncias, comportamento suicida de alto risco. Os sintomas defensivos característicos da despersonalização no caso de Síndrome Burnout incluem: tendência ao isolamento, sensação de onipotência, perda de interesse pelo trabalho, absentismo, ironia e cepticismo. Diante disso, para que alguém venha a ser diagnosticada com a Síndrome de Burnout é necessário que apresente todos os sintomas, que podem variar a depender da configuração, das condições individuais, dos fatores ambientais e do estágio em que se encontre (PEREIRA (2014).
Pode-se notar que em relação à classificação proposta por Pereira (2014), o diagnóstico de Burnout é complexo, pois inclui quatro tipos de sintomas que se apresentam de forma diferente e podem aparecer tanto de forma isolada ou combinadas.
De uma perspectiva diferente de análise, para Maslach (2010, p. 47), “o burnout deve-se, em grande parte, à natureza do trabalho e não às características do funcionário individual”. Levando em consideração esse aspecto, Maslach (2010) continua propondo fatores de risco organizacionais que abrangem seis domínios, a saber: recompensa, carga de trabalho, controle, justiça, comunidade e valores.
A dimensão recompensa surge com a ideia de não recompensar de forma adequada em função do que a pessoa produziu, neste conceito também é uma questão de recompensa o reconhecimento profissional.
A carga de trabalho pode ser entendida como um desequilíbrio entre as competências de um funcionário e os requisitos da organização, considerando também que os funcionários sentem que estão fazendo muito, com pouco tempo e recursos insuficientes para realizar suas tarefas.
O controle resulta da microgestão dos funcionários, portanto, eles não possuem autonomia no trabalho, o que consequentemente os faz sentir-se responsáveis por algo sobre o qual não têm controle.
Quando se trata de falta de justiça, ocorre quando as pessoas sentem que não estão sendo tratadas com respeito, isto é, um tratamento justo.
O rompimento da comunidade surge a partir de relacionamentos em que há falta de apoio e confiança em situações mal resolvidas, levando a um sentimento de rompimento, além de hostilidade e competição.
Os conflitos de valores surgem quando as pessoas trabalham em situações em que os valores pessoais e os valores profissionais entram em conflito, enfatizando que os valores são motivadores nas relações profissionais.
Finalmente, Maslach (2010, p. 53) explica que:
O Burnout não é um problema das pessoas, mas do ambiente social em que trabalham. A estrutura e o funcionamento do local de trabalho moldam a forma pela qual as pessoas se interagem entre si e como elas realizam seu trabalho. E, quando este local de trabalho não reconhece o lado humano do trabalho e há importantes incompatibilidades entre a natureza do trabalho e a natureza das pessoas, então haverá um maior risco de Burnout.
Deve-se notar que a conceituação da Síndrome de Burnout é complexa e cada um dos autores aqui apresentados levanta questões específicas. Pode-se afirmar, portanto, que o Transtorno de Burnout resulta da estrutura social e organizacional do ambiente de trabalho em que o trabalhador está inserido, o que, consequentemente, afeta diretamente a saúde física e mental e, consequentemente, acarreta em um menor desempenho do produto. final, prejudicando tanto a organização quanto o trabalhador (SADIR; BIGNOTTO; LIPP, 2010).
2.2. TEORIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL E SEU USO PELA PSICOLOGIA HOSPITALAR
Segundo Murta e Tróccoli, (2009) as pesquisas de Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) apontam um entendimento sobre as situações potenciais causadoras de doenças ocupacionais a fim de encontrar estratégias eficazes de prevenção e controle.
O estresse tem lugar de destaque na escala da doença organizacionais e tem recebido uma atenção maior das instituições, bem como dos pesquisadores, para desenvolver formas de melhorar a produtividade das instituições. O estresse é uma das marcas da Síndrome de Burnout, conforme citado anteriormente, promovendo o declínio social e psicológico do trabalhador, provocando disfunção institucional. (SADIR; BIGNOTTO; LIPP, 2010). Como resultado, o estresse é um fator de risco para o bem-estar mental e, neste sentido, a Síndrome de Burnout assume a forma de um transtorno incapacitante.
De acordo com Garrosa et al. (2002), entre as diversas intervenções relatadas para o tratamento da Síndrome de Burnout, a terapia cognitivo-comportamental (TCC) tem fornecido extensa literatura para esse fim devido aos seus bons resultados. Porque a premissa da TCC criada por Aaron Beck visa induzir mudanças cognitivas entre crenças irracionais, pensamentos disfuncionais, emoções e comportamentos para responder a perguntas que outras abordagens falham em fornecer. Portanto, a terapia cognitivo-comportamental trata o indivíduo amparado na conceituação, levando em consideração suas crenças, modelos comportamentais existentes, constituídos em suas peculiaridades (BECK, 2013).
Pereira (2014) destaca que na abordagem cognitivo-comportamental, o motivo principal é a interpretação da situacionalidade, pois sabe-se que comportamentos e emoções são apresentados mais precocemente. Os pensamentos projetam e orientam os comportamentos, de modo que a TCC os corrige e aprende a lidar com suas situações e problemas.
Entre a estrutura de opções de tratamento, a TCC emprega uma abordagem psicoeducacional e colaborativa para que as experiências sejam projetadas e o indivíduo possa, como parte de um programa de treinamento: identificar e monitorar pensamentos automáticos, bem como distinguir relações existentes entre pensamento, emoções e comportamento; avaliar esses pensamentos automáticos, pensamentos e crenças; ajustamento a conteúdo tendencioso; deslocamento de pensamentos distorcidos em comparação com pensamentos realistas; identificação para modificar as crenças principais (KNAPP; BECK, 2008).
Knapp e Beck (2008), ainda usando as técnicas usuais para o tratamento da Síndrome de Burnout, argumentam que o registro de pensamentos disfuncionais (RPD) ajuda o indivíduo a reconhecer pensamentos que evocam emoções intensas e desagradáveis e comportamentos inadequados para torná-los mais flexíveis e através de da técnica de questionamento socrático para identificar e modificar o pensamento disfuncional.
No que se refere ao questionamento socrático, a descrição é um diálogo entre o locutor e o interlocutor, levando o indivíduo a um processo de reflexão e confronto de pensamentos, possibilitando pensamentos favoráveis (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008).
Loureiro (2013), também referindo-se às técnicas da abordagem cognitivo-comportamental, menciona a "Reestruturação Cognitiva" baseada na correção e substituição de cognições desnecessárias que dificultam as relações mútuas. Assim, as situações decorrentes dos comportamentos e emoções apresentados dificultam as relações sociais do trabalhador.
Outras técnicas também são usadas para estabelecer o tratamento para a Síndrome de Burnout: Treinamento assertivo e feedback corretivo. Nesse sentido, o primeiro deles, Treinamento Assertivo, visa modificar a forma como a pessoa se percebe, aumentando a eficácia da assertividade, a adequação de pensamentos e sentimentos e, assim, a construção da autoconfiança. É descrito como o acúmulo de fatores que visam a aprendizagem de um indivíduo, ou seja, punição, fortalecimento, modelagem, falta de cultura e crenças pessoais, pois há um déficit na assertividade do funcionário. Ao aplicar essa técnica, deve-se tomar cuidado parareforçar o comportamento assertivo a fim de reduzir o comportamento inadequado.
O segundo instrumento, o feedback corretivo, é uma ferramenta que visa a melhora do indivíduo, alinhando o comportamento com o crescimento e resultados positivos. Existe toda uma metodologia, mapeando competências, para que esse feedback corretivo realmente produza bons resultados (LOUREIRO, 2013).
É importante ressaltar que o escopo das técnicas de TCC configura-se em larga escala, porém, conforme apontado por Mcmullin (2005), cabe a cada especialista elaborar um fluxo de trabalho levando em consideração a demanda recebida.
A Terapia Cognitivo-Comportamental deriva-se de um somatório de abordagens relacionadas, em uma perspectiva estruturada, diretiva, com uma metodologia clara e definida, com foco no presente, com envolvimento ativo do psicólogo e do paciente, visando o tratamento de problemas emocionais, comportamentos disfuncionais, dificuldades de relacionamento e formação de novas competências (BECK, 2013). Além disso, a autora também defende que o principal objetivo das técnicas explicitadas é contribuir para a mudança de pensamentos, consolidando comportamentos adaptáveis e permanentes, reconfigurando os significantes, que são as crenças principais, em significados possíveis que não causam sofrimento psíquico.
2.3. TCC NO ACOLHIMENTO PSICOLÓGICO DE PROFISSIONAIS DA ÁREA HOSPITALAR COM SÍNDROME DE BURNOUT
Os profissionais da saúde que desenvolvem atividades nos hospitais são conhecidos como equipe multiprofissional, composta por médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, entre outros. O principal aspecto que caracteriza estes profissionais é o cuidado com o próximo (SOUZA et al., 2010). Assim, o ato de cuidar está associado a uma atitude de zelo, dedicação, senso de doação, sacrifício e misericórdia, conferindo a estes profissionais um caráter quase religioso (CARLOTTO, 2011). Estas características, especialmente no profissional da enfermagem, somadas a baixa autonomia e, bem como, pouco reconhecimento social do trabalho, superlotação dos hospitais, atividades em locais insalubres, proximidade com pacientes em sofrimentos, muitos vínculos empregatícios e plantões de trabalho são fontes constantes de desgaste deste profissional, exigindo uma enorme quantidade de energia física e mental. Diante desta situação, quando os meios para lidar com os elementos estressores falham, o profissional da enfermagem tende a desenvolver estresse ocupacional crônico e, até mesmo, a Síndrome de Burnout (GALINDO et al., 2012)
Em concordância, Tamayo (2009) chama a atenção para certas características do trabalho bastante específicas na atuação dos enfermeiros nos hospitais que são favoráveis para o surgimento da Síndrome de Burnout, que inclui sobrecarga de trabalho, conflitos interpessoais, despreparo para enfrentar as demandas emocionais dos pacientes e de seus familiares, o confronto direto com o sofrimento e a morte e a falta de apoio social no trabalho. Rosa e Carlotto (2005) ainda mostram outros fatores de adoecimento psíquico, como rápido desenvolvimento tecnológico e a consequente falta de adaptação dos profissionais, grande divisão do trabalho nos hospitais, alta hierarquia e uma infinidade de normas e regras. As situações de estresse que surgem no ambiente hospitalar têm como explicação o fato deste local de trabalho estar repleta de pacientes e familiares emocionalmente debilitados, em dor, sofrimento e lidando com a morte. Assim, para lidar com os elementos estressores, os profissionais tendem a adotar estratégias de enfrentamento, como um esforço para manter o controle sobre as demandas de trabalho.
Guido (2003), aponta para duas posições complementares utilizadas para definir estratégias de enfrentamento. O primeiro deles entende a estratégia como um processo pelo qual um indivíduo responde ao estresse, cuja resposta é determinada por fatores pessoais, requisitos situacionais e recursos disponíveis. A segunda posição trata as estratégias de enfrentamento como uma ação voltada tanto para a resolução quanto para o alívio de situações avaliadas como um problema, e o enfrentamento pode ser vivenciado por meio de atitudes de rejeição, controle, submissão, evitação ou minimização do estressor. Levando em consideração essas duas posições, Santos (2007) enfatiza que as estratégias de enfrentamento são habilidades desenvolvidas para gerenciar possíveis situações estressantes ou adaptativas. Segundo esse autor, essas estratégias servem para remover ou minimizar os efeitos do estressor, tornar suportáveis as circunstâncias ou acontecimentos desagradáveis, adaptar o corpo ao ambiente, manter uma autoimagem positiva e continuar relacionamentos satisfatórios com as pessoas.
Farias e Seidl (2005), conceitua as estratégias de enfrentamento como "esforços cognitivos e comportamentais voltados para o manejo de demandas externas ou internas, que são avaliadas como sobrecarga aos recursos pessoais" (p. 382). Esse conceito sugere que cada situação tem um significado específico para cada pessoa, e as estratégias de enfrentamento dependem da avaliação cognitiva, da categorização e da análise dos eventos e da qualidade e intensidade de cada resposta emocional (GUIDO, 2003).
Assim, a Teoria Cognitivo-Comportamento pressupõe que as estratégias de enfrentamento podem ser aprendidas, aplicadas e adaptadas a qualquer situação, sendo um fenômeno dinâmico que permite a uma pessoa mudar suas ações e pensamentos diante de situações estressantes (Guido, 2003). De forma semelhante, Tamayo e Tróccoli (2002, p. 39) define as estratégias de enfrentamento aos elementos estressores como um processo "dinâmico de esforços determinados para a resolução das dificuldades e demandas exigidas para o ajustamento do organismo".
Folkman e Lazarus (1980) apontam para dois tipos de estratégias de enfrentamento como um processo cognitivo: estratégias focadas no problema e estratégias focadas na emoção. Nas estratégias focadas no problema, o indivíduo direciona suas ações para resolver o problema tentando defini-lo, calcular alternativas e compará-las em termos de custos e benefícios e, finalmente, escolher uma ação. Nas estratégias com foco emocional, o indivíduo utiliza processos de defesa, ou seja, evita o confronto com uma ameaça. Nesse tipo de estratégia, não há mudança na situação estressante, há uma reavaliação cognitiva por meio da qual o sujeito altera o valor atribuído à situação. Esses autores acreditam que o contexto desempenha um papel fundamental na escolha de uma estratégia. Consequentemente, a estratégia pode ser considerada apropriada e aplicada de forma consistente em um contexto, mas não em outro.
Calderero, Miasso e Corradi-Webster (2008) realizam pesquisas com enfermeiros em uma Unidade de Pronto Atendimento – UPA – no interior do Estado de São Paulo e observaram três vias para lidar com os estresses no trabalho: 1) evitamento; 2) confronto direto; 3) confronto indireto. No primeiro, o enfermeiro tenta ignorar os elementos estressores, bloquear emoções e adiar confrontos. Na segunda, procuram informações, negociam alternativas e dialogam sobre determinados assuntos. Na terceira, o confronto se dá, essencialmente, através de práticas religiosas, meditativas e desportivas.
No estudo de Chamon, Marinho e Oliveira (2006), envolvendo 96 enfermeiros de um hospital privado, foi observado que as estratégias mais utilizadas no enfrentamento dos elementos estressores foram: controle (foco ativo no problema), apoio social (cooperação, informação e apoio afetivo) e negação (ignorar o problema). Quanto aos indicadores da Síndrome de Burnout proveniente das atividades ocupacionais, observou-se 13,5% dos entrevistados apresentaram níveis elevados e 53,1% - níveis moderados, o que leva os autores a concluir que talvez tais estratégias não sejam eficazes no combate aos estressores ocupacionais.
Rodrigues (2006) examinou os elementos estressores, estilos de enfrentamento e níveis da Síndrome de Burnout de profissionais da enfermagem na áreaoncológica de cinco hospitais. Foi observado que as situações mais estressantes eram reativas ao processo de morte e as relações com as equipes médica e de enfermagem. Nessas situações, na maioria das vezes, utilizam estratégias de resolução de problemas, apoio social e reavaliação positiva, o que não impediu 9,1% dos profissionais de apresentarem indicadores elevados nem três dimensões da Síndrome de Burnout.
Um estudo bibliográfico de Moreno et al., (2011) sobre estratégias e intervenções para o enfrentamento da Síndrome de Burnout em diversas categorias profissionais, incluindo enfermeiros, analisou 46 artigos, três livros e três dissertações. Os resultados indicam três níveis possíveis de intervenção: 1) estratégias organizacionais, focadas nas mudanças no ambiente de trabalho, 2) estratégias individuais, focadas nas reações individuais regulando as emoções diante de situações estressantes, 3) estratégias combinadas, focadas na interação de o contexto profissional com o indivíduo.
De maneira geral, os estudos analisados mostram que cada pessoa tenta enfrentar, controlar ou se adaptar a eventos estressantes por meio de estratégias de enfrentamento. Porém, quando essas estratégias se mostram insuficientes, o indivíduo pode erodir gradativamente suas habilidades motivacionais, sentir-se exausto pela força psicológica e perder a capacidade de resolver conflitos internos e externos. Quando as estratégias falham e o indivíduo não é mais capaz de suportar as pressões ambientais, pode se instalar a Síndrome de Burnout.
3. CONCLUSÃO
A Síndrome de Burnout levanta questões não respondidas sobre a definição e compreensão dos sintomas que a caracterizam. Suas primeiras evidências remontam ao século 18, quando um estudioso alemão se licenciou por dois anos para retornar às suas inspirações poéticas. No século XX, um psicanalista americano percebeu em si mesmo o esgotamento físico e mental associado à sua vida profissional. O termo Burnout em inglês, portanto, traduz completamente a sensação de queimar-se completamente por dentro.
Atualmente, o mercado de trabalho impõe muitas demandas exigências aos profissionais que atuam nos hospitais, pois o seu esgotamento ocorre devido não apenas as horas de trabalho, mas sobretudo, pela relação de cuidado e atenção com pessoas vivendo situações de dor, sofrimento e morte.
Diante desta situação, que persiste dia após dia e sem chance de melhora, os profissionais de saúde que desenvolvem a Síndrome de Burnout ficam exaustos e apresenta sintomas físicos, mentais, comportamentais ou defensivos. Nessa perspectiva, as questões que surgem durante o esgotamento provocado pela Síndrome podem ser de natureza filosófica ou psicológica, relacionadas ao estado emocional, cognitivo e comportamental, e destinadas a restaurar o equilíbrio perdido.
Em relação à eficácia da Teoria Cognitivo-Comportamental na Síndrome de Burnout, nenhum dos textos consultados trazem especificamente este assunto, entretanto, as pesquisas mencionam o uso de técnicas cognitivo-comportamentais e estratégias de enfrentamento como forma de controlar estresses e sugerir estratégias de enfrentamento, gestão do trabalho frente a equipes expostas a ambientes estressantes, mas não descreve até que ponto essas técnicas e estratégias são eficazes na prevenção ou tratamento da Síndrome de Burnout.
A Síndrome de Burnout deve ser tratada pois profissionais da saúde que atuam em ambientes hospitalares adoecidos não conseguirão se sentir realizados pessoalmente nem conseguirão progredir no campo profissional. A busca pelo tratamento adequado pode ser feita com auxílio de profissional de saúde capacitado, por meio de medicamentos adequados e psicoterapia, a fim de restabelecer a saúde do profissional e possibilitar seu retorno ao trabalho.
REFERÊNCIAS
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