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TCC_III_-_VANEA_COUTINHO_RODRIGUES ARTIGO

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JOGOS E BRINCADEIRAS COM PRÁTICA DE ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
RODRIGUES, Vanea Coutinho[footnoteRef:1] [1: Professora Vanea Coutinho Rodrigues, FAEL Faculdade Educacional da Lapa. Curso Pós Graduação em Educação Infantil. Rio Bananal/ES. Graduada em Normal Superior pela Faculdade de Ensino Superior de Linhares/FACELI. Linhares/ES. Atua como docente da Educação Infantil nos municípios de Rio Bananal/ES e Governador Lindemberg/ES. E-MAIL: vanea-coutinho1@hotmail.com. ] 
ASSAD, Ricardo[footnoteRef:2] [2: Professor Me Ricardo Assad, Graduado em Administração pela Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG. Mestre em Engenharia da Produção (conceito CAPES 5) pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Atua como docente em diversas Universidades: http://lattes.cnpq.br/6529576547411156 Professor Titular da Fael - Faculdade Educacional da Lapa, como orientador e avaliador. E-mail: mbaprofessor@yahoo.com.br
	
] 
RESUMO
O presente artigo aborda como tema de estudo jogos e brincadeiras com prática de alfabetização na Educação delimita-se em colher informações sobre o tema que tem como premissa a cooperatividade e responsabilidade entre as partes que o integram, tendo como referência as escolas de Educação Infantil do município de Rio Bananal/ES. Busca responder o seguinte problema científico: As instituições de Educação Infantil têm praticado uma metodologia de jogos e brincadeiras que possibilite o desenvolvimento de também da alfabetização que possa garantir como possível consequência qualitativa a melhoria no processo ensino-aprendizagem lá no processo de alfabetização? A hipótese da pesquisa é se as escolas de Educação Infantil, principalmente nas turmas de 5 e 6 anos, compreendessem melhor a função dos jogos e brincadeiras na Educação Infantil, com certeza novas aprendizagens seriam construídas e quando o aluno chegasse no período da alfabetização teria muito mais chance de compreender este processo, por isso conhecer sobre os jogos e brincadeiras com prática de alfabetização na Educação Infantil constitui uma premissa para o professor. O objetivo geral da pesquisa é compreender sobre jogos e brincadeiras com prática de alfabetização na educação infantil, sendo referência as escolas de Educação Infantil do município de Rio Bananal/ES. A metodologia de trabalho consiste numa pesquisa bibliográfica onde autores como Bujes (2001), Friedmann (1992), Kishimoto (1999), Wajskop (2009) descrevem o desenvolvimento infantil e a importância da dos jogos e brincadeiras na Educação Infantil. Em suma, essa pesquisa abre caminho para um importante debate entre aprendizagem e ludicidade no espaço de sala de aula da educação infantil, como forma de repensar ações educativas mais significativas que levem em consideração todos os agentes de construção do processo de ensino aprendizagem numa perspectiva lúdica.
PALAVRAS-CHAVE: Jogos. Brincadeiras. Educação Infantil. Alfabetização 
1 INTRODUÇÃO
Na escola, o interesse e o envolvimento do aluno são elementos necessários para tornar o resultado produtivo e consciente. Resta ao professor buscar metodologias inovadoras que permitam ao educando construir significado para o seu aprendizado.
Um trabalho que permite a liberdade de seus participantes é criativo, interativo e inovador. Desperta e conduz para uma nova mentalidade, conseguindo libertar a energia, passando de uma atividade sem reflexão, para um processo inteligente, comprometido. E isso deve ser o ponto máximo da Educação Infantil, torná-la significativa, tanto para o aluno, como para a sociedade como um todo. 
Este artigo delimitou-se em colher informações sobre jogos e brincadeiras com prática de alfabetização que tem como premissa a cooperatividade e responsabilidade entre as partes que o integram, a do professor que precisa ser o mediador e precisa compreender a real finalidade do jogo na atualidade e do aluno que com a brincadeira interage e constrói o conhecimento, tendo como referência as escolas de Educação Infantil do município de Rio Bananal/ES.
O objetivo geral da pesquisa foi compreender sobre os jogos e brincadeiras com prática de alfabetização na educação infantil, contribuindo assim para o processo ensino aprendizagem nesta modalidade de ensino, além de Refletir sobre a prática de alfabetização na Educação Infantil, selecionando jogos e brincadeiras com prática de alfabetização na Educação Infantil, bem como fazendo uma análise de jogos e brincadeiras com prática de alfabetização.
Dessa forma todo o material bibliográfico buscou ressaltar que quanto mais se compreender a função dos jogos e brincadeiras na Educação Infantil, com certeza novas aprendizagens serão construídas e quando o aluno chegar no período da alfabetização terá muito mais chance de compreender o processo, tornando assim os educadores mais eficientes em seu trabalho e a aprendizagem mais significativa.
A partir das discussões e leituras acerca do tema proposto no artigo buscou-se responder ao problema de pesquisa: As instituições de Educação Infantil têm praticado uma metodologia de jogos e brincadeiras que possa garantir como possível consequência qualitativa a melhoria no processo ensino-aprendizagem lá no processo de alfabetização?
A pesquisa bibliográfica do tipo bibliográfica onde autores como Bujes (2001), Friedmann (1992), Kishimoto (1999), Wajskop (2009) dentre outros, além dos documentos legais que norteiam o trabalho na Educação Infantil possibilitaram a compreensão e relevância de jogos e brincadeiras com prática de alfabetização para o aprendizado e desenvolvimento das crianças que são sujeitos históricos, sociais e culturais. 
Sendo assim essa pesquisa se mostrou relevante, pois é preciso encontrar possibilidades de utilizar os jogos e brincadeiras no desenvolvimento da alfabetização dos alunos para que sejam construídas práticas mais comprometidas com o desenvolvimento global da criança, demonstrando assim algumas alternativas de trabalho que melhor definirão esta tarefa de educar.
2 DESENVOLVIMENTO 
2 .1 REVISÃO DE LITERATURA 
O trabalho apresentado é sobre jogos e brincadeiras com prática de alfabetização, buscando assim construir um referencial teórico capaz de subsidiar uma prática mais significativa na Educação Infantil. 
	Portanto é preciso salientar que trata-se de uma pesquisa sobre os seguintes temas, a concepção de criança na história da humanidade, o processo ensino aprendizagem e suas interações e sobre a brincadeira e a aprendizagem.
 2.1.1 A Concepção de Criança na História da Humanidade
A história da Educação infantil trata de aspectos educacionais, de mudança de comportamento e principalmente do olhar sobre a criança nos momentos que marcam a sua história e da educação de certa maneira. 
Segundo Caldeira (2020) no século XIII, atribuíram-se à criança modos de pensar e sentimentos anteriores à razão e aos bons costumes. Cabia aos adultos desenvolver nelas o caráter e a razão. No lugar de procurar entender e aceitar as diferenças e semelhanças das crianças, a originalidade de seu pensamento, pensava-se nelas como páginas em branco a serem preenchidas, preparadas para a vida adulta.
Bujes (2001, p. 13) coloca que: 
Durante muito tempo, a educação da criança foi considerada uma responsabilidade das famílias ou do grupo social ao qual ela pertencia [...] era junto aos adultos e outras crianças com os quais convivia que a criança aprendia a se tornar membro deste grupo.
Nesse contexto, a educação da criança era de inteira responsabilidade da família.
A mudança de paradigma no que se refere ao conceito de infância está diretamente ligada com o fato de que as crianças eram consideradas adultos imperfeitos. Sendo assim, essa etapa da vida provavelmente seria de pouco interesse. “Somente em épocas comparativamente recentes veio a surgir um sentimento de que as crianças são especiais e diferentes, e, portanto, dignas de ser estudadas por si sós” (HEYWOOD, 2004, p.10).
Destaca-se a intensa participação que a criança tinha na vida social e do grupo a que ela pertencia,pois segundo Bujes (2001, p. 14) “a participação das tradições que eram importantes para ela dominar os conhecimentos que eram necessários para a sua sobrevivência material e para enfrentar as exigências da vida adulta”; era ali, inserida no grupo, que a criança aprendia a ser adulto e a tornar-se autônoma e responsável por seus atos.
Bujes (2001) ressalta que por um bom período na história da humanidade, não houve nenhuma instituição responsável por compartilhar esta responsabilidade pela criança com seus pais e com a comunidade da qual ela fazia parte. Isso permite dizer que a Educação Infantil, como se conhece hoje, realizada de forma complementar com a família é um fato muito recente. Nem sempre ocorreu do mesmo modo, tem, portanto, uma história evolutiva.
Bujes (2001), Ariés (1978), dentre tantos historiadores, destacam que os primeiros movimentos voltados para o cuidado da criança foi em 1874, na qual as Câmaras Municipais do Brasil passaram a destinar uma ajudar financeira para as crianças negras, místicas ou brancas que eram rejeitadas, tinha que apresentar periodicamente às crianças as autoridades. 
Um tempo depois foi criada pela a Igreja Católica as Rodas dos Expostos, ou dos rejeitados essa instituição era de cunho filantrópico da Santa Casa de Misericórdia, e foram se espalhando pelo país no século XVIII. Com o advento da República houve uma preocupação maior com educação da criança, mas foi no século XX, que há ações que demonstram atuações por parte da administração pública. (Ariés, 1978). 
As instituições destinadas ao cuidado da criança eram de cunho preventivo e de recuperação das crianças pobres, consideradas perigosas para a sociedade. O foco não era a criança, mas naquilo que era denominado como menor abandonado e delinquente. (Ariés, 1978).
Observa-se que a partir da constituição de 1988, a criança é tomada como também responsabilidade do Estado e o artigo 205, resguarda um pouco do direito à criança na Educação Infantil, porém ainda de maneira fragmentada.
Art.205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será provida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e a sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988, p. 1).
 Partindo dessa história é que se percebe que, na atualidade, a Educação Infantil, seja ela da creche à pré-escola, constitui um espaço em que as crianças tendem a manifestar sua aproximação com o real, permeado pelo imaginário que constitui a chave para todas as suas ansiedades, desejos e muitas vezes, superação das frustrações.
Galvão (1995) reforça essa ideia, pois discute a temática de que a criança em sua interação com outros indivíduos desenvolve um processo constante, via imitação, e diferencia-se dele, por oposição.
A lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, n.º 9.394/96 em seu Artigo 29, expressa que: 
A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade (BRASIL, 1996, art. 29 ).
Com a criação RCNEI (Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil), um documento que procura nortear o trabalho realizado com crianças de zero a seis anos de idade, em 1998, percebe-se um avanço sobre o verdadeiro papel da Educação Infantil, pois o documento integra uma proposta onde o cuidar e o educar são temas que devem caminhar juntos, desafiando a Educação Infantil a encontrar-se em seu próprio caminho.
A LDB em seu art. 29 da LDB destinou educação às crianças de até seis anos de idade, com a finalidade de complementar a ação da família e da comunidade, tendo como objetivos amplos o desenvolvimento integral da criança nos aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sociais, ressaltando a necessidade de promover o processo humanizado da criança. 
Dessa forma, Mendonça (2012, p. 42) ressalta quem “Esse processo requer e implica em um projeto de educação infantil fundamentado em um conceito de educação para a vida, pois ele dará os recursos cognitivos iniciais para o pleno desenvolvimento da vida da criança”. 
	A partir de então a criança é compreendida em suas várias dimensões e esse projeto de Educação infantil deve ser capaz de ampliar a aprendizagem em suas várias dimensões, contribuindo para que a criança tenha autonomia para construir suas aprendizagens.
As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (DCNEI, Resolução CNE/CEB nº 5/2009), em seu Artigo 4º, definem a criança como:
Sujeito histórico e de direitos, que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura (BRASIL, 2009, art. 4º).
A BNCC traz a orientação de trabalhar com foco nos eixos estruturais, direitos de aprendizagem da criança e campos de experiência. Eles já existiam, mas com a Base ganham um enfoque maior na prática pedagógica e na rotina escolar.
Os eixos estruturais, interagir e brincar, são importantes para que a criança consolide sua aprendizagem. É a partir da brincadeira e da interação que ela desenvolve, nesta etapa, as estruturas, habilidades e competências que serão importantes ao longo de toda a vida.
A BNCC (2017) para a Educação Infantil estabelece seis direitos de aprendizagem: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se. São eles que asseguram as condições para que as crianças aprendam em situações nas quais possam desempenhar um papel ativo em ambientes que as convidem a vivenciar desafios e a sentirem-se provocadas a resolvê-los, nas quais possam construir significados sobre si, os outros e o mundo social e natural.
 
2.2 O PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM E SUAS INTERAÇÕES COM O BRINCAR
Se for observado processo de ensino-aprendizagem no decorrer dos anos, nota-se que embora venha sofrendo mudanças na metodologia de ensino, sempre buscando formas que facilitem a apropriação dos conteúdos trabalhados pelo professor, facilitando assim no processo de aprendizagem do educando (VYGOTSKY, 1998), são poucas as práticas realizadas com o intuito de conciliar ludicidade e aprendizagem.
Infelizmente o lúdico não está ocupando o espaço de aprendizagem, observa-se que o jogo e brincadeira, tem sido realizada como mera atividade que preenche o tempo dos/as educandos/as, sendo desenvolvidas sem objetivos definidos e sem propósito educacional para que isso não aconteça é preciso levar o educador/a repensar as suas práticas educacionais utilizando jogos e brincadeiras para que o ensino e aprendizagem sejam significativos ao/a educando/a com isso a utilização da ludicidade é de suma importância (MORAIS, ARAÚJO, 2020, p.2).
Para Wajskop (2009) o lúdico proporciona um desenvolvimento sadio e harmonioso, sendo uma maneira agradável dos/as educandos/as aprender. Através do brincar, o/a educando/o aumenta a sua independência, estimula sua sensibilidade visual e auditiva, valoriza a cultura popular e ainda desenvolve habilidades motoras, diminuindo a agressividade e assim trabalhar a imaginação e a criatividade, aprimorando a inteligência emocional, aumentando a integração com os colegas, promovendo assim, o desenvolvimento um crescimento sadio.
É possível compreender que brincadeiras e jogos são tão essenciais à criança quanto a água, por isso é preciso compreender mais este universo para realmente o professor saber apropriar-se do conhecimento para melhorar sua prática de maneira mais consciente e eficaz.
A brincadeira figura na BNCC (BRASIL, 2017) como um dos direitos de aprendizagem e de desenvolvimento, ao lado do direito de conviver, participar, explorar, comunicar, conhecer-se. É, pois, direito da criança segundo a BNCC (BRASIL, 2017)
 
...brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros(crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais (BRASIL, 2017, p. 36).
Esse direito deve ser assegurado à criança da educação infantil nas creches e pré-escolas brasileiras através da proposição de “campos de experiências”, isto é, uma forma de organização curricular que também já estava indicada nas Brasil (2009) e que “acolhe as situações e as experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural.” (p. 38).
Sendo assim, é preciso seguir o que preceitua Fortuna (2013, 2018):	
...será preciso que os educadores compreendam que brincar ou jogar (não importa, aqui, distinguir estes termos, senão captar o sentido que têm em comum) é uma atividade fundamental no ser humano, porque funda o humano em nós. Aquilo que define o ser humano – inteligência, criatividade, simbolismo, emoção e imaginação, para listar apenas alguns de seus atributos – constitui-se pelo jogo e pelo jogo se expressa. (FORTUNA, 2013, 2018, p. 36).
Ou seja, a brincadeira representa a possibilidade de compreender a si própria.
Trabalhar através do brincar deve ser desafiador, pois as crianças vêm de diversas famílias, lugares e cada uma têm objetivos diferentes. O professor sendo um agente do processo dessa construção não pode tornar-se apenas monopolizador da brincadeira. Diante disso deve seguir orientações que irão ajudá-lo nesta prática.
Segundo Friedmann (1992):
A brincadeira constitui-se, basicamente, em um sistema que integra a vida social das crianças. Caracteriza-se por ser transmitida de forma expressiva de uma geração a outra ou aprendida nos grupos infantis, na rua, nos parques, escolas, festas, etc. e incorporada pelas crianças de forma espontânea, variando as regras de uma cultura a outra (ou de um grupo a outro); muda a forma, mas não o conteúdo da brincadeira; o conteúdo refere-se aos objetivos básicos da brincadeira; a forma é a organização da brincadeira no que diz respeito aos objetos ou brinquedos, espaço, temática, número de jogadores, etc., por exemplo: na Amarelinha, o objetivo básico consiste em lançar um objeto, pegá-los aos pulos e voltar com ele (FRIEDMANN,1992, p. 26). 
Segundo descreve Maluf (2003) o educador, inclusive o da Educação Infantil não pode ser o único informante do grupo, ele deve somente fazer parte desse grupo e reconhecer em cada um, um ser capaz e dinâmico, obedecendo as capacidades, ritmos e limites, a criança constrói o seu universo lúdico e juntando-se às práticas de verdadeira possibilidade de brincar feliz, será capaz de conquistar o seu lugar ao sol e possivelmente o processo de alfabetização torna-se muito mais prazeroso.
A criança já é estimulada por natureza a expressar-se pela brincadeira. É imprescindível que se dê a ela oportunidades de ampliar ainda mais esta expressão Maluf (2003).
Bettelheim apud Kishimoto (1999, p. 67) afirma que:
As crianças são capazes de lidar com complexas dificuldades psicológicas através do brincar. Elas procuram integrar experiências de dor, medo e perda. Lutam com conceitos de bom e mal. O triunfo do bem sobre o mal dos heróis protegendo vítimas inocentes é um tema comum na brincadeira das crianças (BETTELHEIM apud KISHIMOTO, 1999, p. 67).
Para Macedo (1997) todas as brincadeiras são oportunas e dentre elas os jogos com regras oportunizam um grande aprendizado, pois trazem a oportunidade das primeiras situações competitivas, em que habilidades corporais e motoras poderão ser valorizadas de acordo com os objetivos do jogo.
Dessa forma, a responsabilidade do professor para esse tipo de trabalho é grande, pois a ele cabe selecionar jogos e brincadeiras que vão ao encontro do aluno, para que este possa ser um indivíduo total. Jogos e brincadeiras bem escolhidas cooperam para a alfabetização, para a formação integral da criança e consequentemente sua personalidade.
O brincar para a criança é uma atividade natural, da qual ela apropria-se de conhecimentos, desenvolve sua personalidade. O desenvolvimento da aprendizagem está intimamente relacionado ao brincar, por os jogos e brincadeiras devem ser a ferramenta de trabalho do professor, pois pelo brincar pode-se se estabelecer a relação afetiva entre professor e aluno, pois na brincadeira a criança se socializa e constrói sua autonomia.
Há uma infinidade de jogos e brincadeiras que compõem esse universo infantil e todos estão vinculados a uma descoberta própria da criança, construída na liberdade de pesquisa e expressão.
Macedo (1997) assevera que trabalhar as várias possibilidades da criança construir seu movimento, utilizando-se de mímicas, danças e atividades próprias da infância, são de grande valia no processo de construção do seu mundo afetivo e da apropriação do mundo adulto, consequentemente a alfabetização ocorre de maneira muito mais prazerosa e cheia de significado.
Para isso torna-se imprescindível que professor observe as crianças, pois somente conhecendo muito bem as particularidades de cada uma é que ele terá condições de intervir adequadamente.
Brincando a criança utiliza seu imaginário para explorar e construir novas significações, sendo assim é necessário compreender como essas brincadeiras se constituem e quais os benefícios que a mesma proporciona a criança, pois na Educação Infantil são elas que proporcionarão ao professor subsídios para intervir de maneira qualitativa no desenvolvimento afetivo do aluno.
A atividade de jogar é uma atividade muito rica, pois o jogo estimula o indivíduo, Maluf (2003, p. 82) afirma que “o jogo carrega em si um significado muito abrangente. Ele tem uma carga psicológica, porque é revelador da personalidade do jogador”. Sendo assim, no jogo, é possível conhecer a pessoa na sua forma mais íntima de relacionar-se com o outro. Maluf (2003, p. 83) coloca também que é importante por que o jogo “carrega uma carga antropológica, por que faz parte da criação cultural de um povo”.
O jogo é imprescindível na escola. Maluf (2003, p. 83) “pressupõe uma ação do indivíduo sobre a realidade. É uma ação carregada de simbolismo, que dá sentido à própria ação, reforça a motivação e possibilita a criação de novas ações”.
2.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para a realização deste trabalho, foi utilizado o método de pesquisa bibliográfica, tendo por base cinco obras principais. São eles: Kishimoto (1999), Bujes (2001) e Macedo (1997), Fortuna (2013) (2018) e Maluf (2003).
Os autores pesquisados apresentam em seus estudos sobre a brincadeira, construções sobre a importância dos jogos e brincadeiras na Educação Infantil como eixo determinante para se ter êxito no processo de aprendizagem e consequentemente na alfabetização. 
A base bibliográfica deste trabalho está fundamentada em outras fontes de consulta, tais como: legislação, documentos, autores diversos que abordam sobre a temática da Educação Infantil e sua associação aos jogos e brincadeiras. 
Os autores secundários para esta pesquisa enriquecem o documento e são: Fonseca (2002), Fortuna (2013) (2018), Heywood (2004), Galvão (1995), Vygotsky (1998), Wajskop (2009), Caldeira (2020), Mendonça (2013), Friedmann (1992), Kishimoto (1999), Morais e Araújo (2020) além de Libâneo (1994). Ainda foram realizadas pesquisas em Leis, e Resoluções que tratam sobre a educação infantil no Brasil. Tais como: Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996), Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009 que fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, e a atual BNCC (Base Nacional Comum Curricular, 2017) que redirecionam a maneira de pensar a Educação Infantil por campos de experiências.
Os autores pesquisados neste trabalho consolidam a pesquisa e legitimam o objeto de pesquisa proposto neste artigo. Do mesmo modo, as leis, resoluções e BNCC organizados estabelecem parâmetros os quais não devem ser negligenciados no processo de alfabetização.Foi utilizado como metodologia, o fichamento das obras, sendo organizadas suas ideias e proposições e os trechos de grande relevância e destaque, foram subscritas na pesquisa, construindo assim as ideias propostas ainda na gestação do tema e sua intencionalidade. 
Por fim, as proposições dos autores foram alinhadas ao propósito principal que foi o de construir um referencial teórico onde estão organizadas algumas das ideias de autores que buscam há algum tempo comprovar o quanto os jogos e brincadeiras tem importância e são ferramenta fundamental para no processo ensino aprendizagem como um todo.
2.3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
	A atividade com jogos e brincadeiras constitui-se de uma ferramenta imprescindível para a Educação Infantil, principalmente porque a infância hoje vive uma série de paradoxos, complicados de serem rompidos, pois estão presentes nas concepções e maneiras de se comprometer com a criança na família e nas políticas públicas destinadas à criança. 
Acredita-se em uma criança tanto como alguém dotado de competências e capacidades, como alguém em falta; acredita-se na autonomia da criança e, ao mesmo tempo, mecanismos de controle e tutela cada vez mais organizados e capazes de serem eficientes. 
Macedo (1997) afirma que:
O contexto de jogos torna-se uma atividade interessante e desafiadora. Com essas atividades as crianças ganham autoconfiança, são incentivadas a questionar e corrigir suas ações, analisar e comparar pontos de vista, organizar e cuidar dos materiais utilizados (MACEDO, 1997, p. 24).
Isso faz com que a criança esteja cada vez mais preparada no processo de alfabetização, uma vez que as atividades com jogos estimulam na criança situações que ela enfrentará quando estiver vivenciando a alfabetização propriamente dita.
Há uma infinidade de brinquedos num espaço institucional, como creche e escola, sendo que eles devem fazer parte de uma proposta pedagógica que envolva adultos e crianças, pois os jogos e brincadeiras devem ser significativos quanto aos objetivos que o professor quer atingir. “Não se trata de tornar pedagógica toda e qualquer brincadeira, mas sim de compreender sua especificidade e importância” (KISHIMOTO, 1999, p. 35). 
Dentre as diversas brincadeiras e jogos que são pertinentes no universo da Educação Infantil é salutar levantar algumas proposições relacionadas ao dia a dia da Educação e Infantil e que estimulam as mais variadas experiências, que são:
· Bonecas de vários tipos: bebês e adultas, brancas e negras, de pano ou de vinil, sexuadas ou não, antigas ou novas;
· Transportes variados (barcos, carros, caminhões, aviões, trens) grandes e pequenos, de madeira ou de ferro;
· Bichos da fauna brasileira;
· Panelinhas de várias cores e tamanhos e materiais (barro, lata, vinil);
· Legumes e frutas de brinquedo ou de verdade;
· Embalagens vazias de vários produtos;
· Jogos da memória, de tabuleiro, cooperativos, quebra-cabeças, de origens culturais diversas e com temas que não se restrinjam àqueles impostos pela mídia;
· Jogos de construção em madeira, blocos para encaixe de plástico com peças grandes ou pequenas;
· Brinquedos tradicionais como pião, corda, bola de gude;
· Roupas, sapatos, bolsas e acessórios para se fantasiar;
· Material para desenhar, colar, modelar, etc.;
· Pequenas coleções conchas, sementes, pedrinhas;
· Sucatas diversas.
Na verdade, há uma infinidade a ser descoberta e estimulada de brincadeiras e jogos para trabalhar na Educação Infantil, basta o professor ousar em uma metodologia voltada para as reais necessidades da criança. 
Para finalizar, é bom lembrar que para trabalhar com jogos é necessário que o professor encontre, ele próprio, prazer na atividade lúdica, pois assim ele será capaz de contagiar e despertar na criança suas fantasias e o lúdico ganhará significado na aprendizagem.
3 CONSIDERAÇÃOES 
Quanto a hipótese levantada ainda no inicio da pesquisa de que se as escolas de Educação Infantil, principalmente nas turmas de 5 e 6 anos, compreendessem melhor a função dos jogos e brincadeiras na Educação Infantil, com certeza novas aprendizagens seriam construídas e quando o aluno chegasse no período da alfabetização teria muito mais chance de compreender o processo de alfabetização, por isso conhecer sobre os jogos e brincadeiras com prática de alfabetização na Educação Infantil constitui uma premissa para o professor, a pesquisa verificou que a mesma é verdadeira, pois o brinquedo é responsável pelo pleno desenvolvimento da criança, em qualquer situação, seja ela dirigida ou livre. Basta ser-lhe dada a oportunidade de exploração de suas habilidades. 
O objetivo geral da pesquisa que era o de compreender sobre jogos e brincadeiras com prática de alfabetização na educação infantil foi alcançado, pois ao tanto os autores abordados, quanto os documentos legais (Leis e diretrizes) direcionam para esta compreensão, uma vez que todos relatam a importância dos jogos e definem que quanto mais se apropria do jogo mais a criança aprende, tornando-se capaz de construir suas aprendizagens.
A pesquisa realizou uma reflexão sobre a prática de alfabetização na Educação Infantil, pois evidenciou que o brincar deve ser uma prática que estimule a criança, à harmonia, à criatividade, à afetividade e à cidadania, pois constitui um momento de encontro, confronto e realização.
Além de analisar que os jogos são importantes mecanismos de desenvolvimento da aprendizagem, pois não há como dissociar o jogo de nossas vidas. A possibilidade de participar de jogos permite à criança um ensaio para a vida adulta.
Buscou-se neste trabalho, sem a pretensão de esgotar o assunto responder ao questionamento inicial: as instituições de Educação Infantil têm praticado uma metodologia de jogos e brincadeiras que possibilite o desenvolvimento de também da alfabetização que possa garantir como possível consequência qualitativa a melhoria no processo ensino-aprendizagem lá no processo de alfabetização? Dessa forma a pesquisa ofereceu ao leitor informações sobre a importância da atuação do professor e da utilização do brincar e dos jogos pedagógicos como ferramenta imprescindível para o desenvolvimento da aprendizagem.
É preciso encontrar na prática dos jogos pedagógicos associado ao brincar, o caminho para o íntimo da criança, para ajudá-la em seu pleno desenvolvimento de forma que o imaginário e o real se relacionem e a criança construa sua identidade de maneira significativa.
REFERÊNCIAS 
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BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Lei Federal n.º 9.394, de 26/12/1996. Brasília : MEC , 1996. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12907:legislacoes&catid=70:legislacoes. Acesso em: 15 mar. 2020.
BUJES, Maria Isabel Edelweis. Escola infantil: pra que te quero? IN: CRAIDY, Carmen; KAERCHER, Gládis. Educação Infantil: Pra que te quero. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. 
CALDEIRA, Laura Bianca. O conceito de infância no decorrer da história. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/Pedagogia/o_conceito_de_infancia_no_decorrer_da_historia.pdf. Acesso 15 mar. 2020.,
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KISHIMOTO, Tizuko Morchida.(org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1999.
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