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AMENORREIAS| OBJETIVOS: CONHECER AS DEFINIÇÕES DAS AMENORREIAS E SUAS PRINCIPAIS CAUSAS| DIAGNOSTICAR E TRATAR OS QUADROS DE AMENORREIA NA APS E RECONHECER AS CONDIÇÕES DE ENCAMINHAMENTO PARA ATENÇÃO SECUNDÁRIA (ESPECIALISTA) | Fontes: Manual de Ginecologia da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia de Brasília, 2 ed.| Amenorreia, Protocolos FEBRASGO, nº 38-2018| Protocolos da atenção básica, Saúde das Mulheres Amenorreias VISÃO GERAL CONCEITO É a ausência ou cessação anormal das menstruações no período reprodutivo. CLASSIFICAÇÃO • A amenorreia poderá ser transitória, intermitente ou permanente, e é classificada como primária ou secundária. • Observação: a gestação e o período de lactação são considerados como amenorreia fisiológica. • O quadro 1 resume as principais causas de amenorreia, primária ou secundária. AMENORREIA PRIMÁRIA DEFINIÇÃO • É a ausência de menstruação aos 15 anos de idade com desenvolvimento normal dos caracteres sexuais secundários; ou ausência de desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários e de menstruação até os 13 anos de idade. • Também tem sido considerada naqueles casos em que, cinco anos após o início do desenvolvimento mamário, que começou antes dos 10 anos de idade, a menarca ainda não ocorreu. ETIOLOGIA • Em mais da metade dos casos, a amenorreia primária geralmente é causada por anormalidades anatômicas ou genéticas, como a disgenesia gonadal, por exemplo. • Além disso, também se podem apontar as causas hipotalâmicas e hipofisárias. • As causas de amenorreia secundária também podem ser responsáveis pelas amenorreias primárias. Anormalidades anatômicas (canaliculares) • Hímen imperfurado- Pode estar associada a dor pélvica cíclica, inicialmente, e massa perirretal (hematocolpo), podendo chegar até hematométrio e hematossalpinge em casos mais prolongados e severos. • Septo vaginal transverso- A presença de um ou mais septos transversais, em qualquer ponto da vagina (do anel himenal até a cérvice) pode levar a um quadro semelhante ao do hímen imperfurado. • Estenose congênita do colo de útero • Agenesia isolada do colo de útero • Hipoplasia ou aplasia congênita do endométrio • Agenesia vaginal, também conhecida como agenesia mülleriana ou Síndrome de Mayer- Rokitansky- Küster-Hauser- A alteração, cuja etiologia ainda não é conhecida, ocorre devido a agenesia ou hipoplasia dos ductos de Müller. Pode haver ausência congênita da vagina e do útero, ou agenesia vaginal com graus variáveis de desenvolvimento uterino, podendo ser observado, inclusive, útero rudimentar com endométrio funcionante. As pacientes apresentam cariótipo XX e perfil hormonal normal. Os principais diagnósticos diferenciais são: septo vaginal transverso baixo, hímen imperfurado, agenesia isolada do colo ou da vagina, insensibilidade androgênica e deficiência da 17-hidroxilase9. • Observação: Deve-se lembrar de que a agenesia mülleriana está geralmente associada a malformações urogenitais, tais como agenesia renal • unilateral, rim pélvico, rim em ferradura, hidronefrose e duplicação ureteral. Deficiências enzimáticas ou alterações nos receptores hormonais Insensibilidade androgênica completa • É uma alteração cromossômica recessiva ligada ao cromossomo X, onde indivíduos XY são resistentes à testosterona devido a um defeito no receptor androgênico. Dessa forma, não desenvolvem os CASO 3| 4P| BCE caracteres sexuais masculinos que dependem da atuação deste hormônio, e a genitália externa é feminina. Os testículos podem estar intra- abdominais ou ser palpados na região de grandes lábios ou inguinal, e como produzem o MIF (fator inibidor mülleriano), haverá regressão das trompas, útero e terço superior da vagina. Na puberdade ocorre o desenvolvimento mamário, mas os pelos pubianos e axilares são escassos ou ausentes. A diferenciação da Síndrome de Mayer-Rokitansky- Küster-Hauser se dá pela concentração elevada de testosterona sérica e pelo cariótipo XY, que é encontrado na insensibilidade androgênica. • Observação: Podem ocorrer graus variáveis de sensibilização androgênica receptorial, que se traduzirão em distintas apresentações clínicas. Deficiência da enzima 5 α redutase • Ao nascimento, estes indivíduos 46 XY podem apresentar genitália ambígua ou feminina. Na puberdade, como não há conversão adequada de testosterona em DHT (dihidrotestosterona), não haverá adequada masculinização. • No entanto, ocorrerão normalmente as modificações que dependem da testosterona, tais como aumento da massa muscular, engrossamento da voz e distribuição e aumento dos pelos. Deficiência da 17 α hidroxilase(CYP 17) • Trata-se de uma disfunção rara, que pode afetar tanto indivíduos 46 XX como 46 XY. Esta enzima tem atividade tanto da 17-hidroxilase como da 17,20liase. Dessa forma, há alterações na produção de esteroides sexuais adrenais e gonadais, e os indivíduos apresentam fenótipo feminino e hipertensão, devido ao excesso de mineralocorticoides, ausência de desenvolvimento puberal e genitália externa feminina (se for 46 XX) ou com desenvolvimento incompleto (se for 46 XY). Ausência do fator determinante do testículo ou Síndrome de Ullrich- Turner. • Há deleção ou mutação no gene do fator determinante do testículo, localizado no braço curto do cromossomo Y. • Assim, esses indivíduos 46 XY, como não desenvolvem o testículo e, por conseguinte, não produzem testosterona, nem o MIF, apresentarão feminização da genitália externa e interna e falência gonadal primária. Causas ovarianas Disgenesia gonadal • Pode ocorrer quando de cariótipos normais (46, XX ou 46, XY) ou em uma variedade de cariótipos anormais, sendo o mais comum 45, X0 (Síndrome de Turner) - Agenesia Gonadal - Deficiência enzimática - Deficiência da 17,20 liase - Deficiência da aromatase - Falência ovariana prematura: pode ocorrer em qualquer idade, mesmo intraútero, quando resulta em agenesia ou disgenesia gonadal. Causas Hipofisárias • Mesmas relacionadas à amenorreia secundária Causas Hipotalâmicas Puberdade tardia constitucional funcional • Anteriormente observada principalmente em mulheres jovens, tem sido descrita em faixas etárias cada vez menores devido a modificações comportamentaise pressões sociais que indicam um padrão físico de beleza a ser seguido nas sociedades ocidentais. Deficiência Congênita de GnRH • É rara e congênita, sendo chamada de Síndrome de Kallmann quando o hipogonadismo hipogonadotrófico é associado à anosmia. • Estas mulheres apresentam concentrações pré puberais de gonadotrofinas devido a ausência de GnRH hipotalâmico. Outras causas hipotalâmicas • Tumores, traumatismo, irradiação • e infecção. Outras causas de amenorreia primária • Mesmas relacionadas à amenorreia secundária. DIAGNÓSTICO • Anamnese: deve-se pesquisar: o época do desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários; o estirão do crescimento; o história familiar de puberdade tardia ou mesmo ausente; o baixa estatura familiar; o virilização; o história de estresse recente, dietas, exercícios físicos, alterações no peso corporal, alterações comportamentais, doenças sistêmicas; o uso de drogas ilícitas; o uso de medicações, como por exemplo metoclopramida e antipsicóticos que podem aumentar as concentrações séricas de prolactina; o presença de cefaleia, distúrbios do campo visual, fadiga etc; o sensibilidade a odores, como perfumes e café; o galactorreia; o dor pélvica/abdominal, cíclica ou não; • Exame físico: • avaliação do desenvolvimento das mamas e pelos pubianos pelos critérios de Marshall e Tanner • avaliação cuidadosa da genitália externa, observar possíveis sinais de virilização; • avaliar se hímen e vagina pérvios, comprimento da vagina, presença de hérnia inguinal oumassas anexiais palpáveis; • um dos passos mais importantes é avaliar a presença de colo, útero e ovários pelo exame físico e ultrassonografia; • presença de hirsutismo, acne, mudança de voz, aumento de massa muscular; • fenótipo de Turner tais como baixa estatura, pescoço alado, implantação baixa de cabelos etc; • avaliar peso, altura, índice de massa corporal e envergadura; • Exames complementares: • Três são os aspectos que auxiliarão de forma mais eficiente na definição dos exames a serem solicitados e no estabelecimento do diagnóstico etiológico da amenorreia primária: - presença ou não de desenvolvimento mamário - presença ou não de útero -concentração de FSH 1) AUSÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO MAMÁRIO E FSH ELEVADO- Provável disgenesia gonadal. O cariótipo deverá ser solicitado. Importante investigar possíveis malformações (exemplo: do trato urinário, cardíacas), além de possíveis doenças associadas como hipotireoidismo e diabetes. 2) ÚTERO AUSENTE E FSH NORMAL- Diagnósticos prováveis: insensibilidade androgênica ou agenesia mülleriana. Deve-se solicitar cariótipo e dosagem de testosterona sérica para diferenciação diagnóstica. A concentração de testosterona está elevada na insensibilidade androgência e normal na agenesia mülleriana. 3) ESTRUTURAS MILLERIANAS NORMAIS E AUSÊNCIA DE ALTERAÇÕES CANALICULARES com FSH ELEVADO- Indica falência ovariana primária (disgenesia gonadal). Solicitar cariótipo, avaliar doenças autoimunes. 4) COM FSH NORMAL OU BAIXO E DESENVOLVIMENTO MAMÁRIO- Sugere amenorreia hipotalâmica funcional, tumores, trauma, irradiação ou infecção no SNC, hiperprolactinemia. Deve-se solicitar prolactina, TSH, ressonância magnética de crânio e/ou de sela túrcica. 5) COM FSH BAIXO E AUSÊNCIA DE CARACTERES SEXUAIS SECUNDÁRIOS- Pode indicar deficiência congênita de GnRH, alterações no receptor para FSH e/ou LH hipofisário. TRATAMENTO Será direcionado à correção da causa específica, sempre que possível, e à prevenção de possíveis sequelas. • Hímen imperfurado- Incisão na membrana himenal a fim de possibilitar a drenagem do sangue menstrual retido • Septo vaginal transverso- Ressecção cirúrgica • Estenose congênita do colo de útero- Dilatação • Agnesia Mulleriana- Coitos regulares ou o uso de dilatadores podem promover a formação de um canal vaginal, dispensando a necessidade de DISGENESIA GONADAL é o termo usado para descrever o desenvolvimento anormal das gônadas, o qual, em geral, apresenta gônadas em fita. ➔ A disgenesia gonadal está associada a altos níveis de LH e FSH, pois a gônada não produz esteroides e a inibina, que por um mecanismo de feedback, normalmente inibem a produção hipofisária de LH e FSH. ➔ A síndrome de Turner e suas variantes representam o tipo mais comum de hipogonadismo hipergonadotrófico em mulheres com amenorreia primária. ➔ Ao que parece, pacientes com ST têm desenvolvimento normal na vida intrauterina, sendo a amenorreia consequência da atresia acelerada dos folículos. Fonte: Tratado de Ginecologia, Berek e Novak cirurgia. Deve-se considerar também a realização de neovaginoplastia após o início da atividade sexual, ou imediatamente antes. • Hiperprolactinemia • Síndrome dos ovários polistícos- O citrato de clomifeno é a primeira escolha habitual para indução da ovolução na maioria das pacientes. • Síndrome de Kallmann- Deverá ser levado em consideração o desejo ou não de gravidez. Caso seja esta a situação, deverá ser realizada a reposição com estrogênio e progesterona. Para aquelas que desejam gestar, atualmente estão disponíveis vários esquemas para indução de ovulação e possíveis técnicas de reprodução assistida • Disgenesia gonadal- Deverá haver acompanhamento multidisciplinar. A gonadectomia está indicada quando houver a presença do cromossomo Y, devido ao risco de malignização. No caso de disgenesia gonadal com cariótipo 46,XX não é necessária a remoção cirúrgica das gônadas, a não ser nos casos em que houver sinais de virilização. O tratamento hormonal com estrogênio e progesterona está indicado tanto para a promoção, desenvolvimento e manutenção dos caracteres sexuais secundários, como para a prevenção de alterações clínicas (exemplo: osteoporose). AMENORREIA SECUNDÁRIA CONCEITO • É a ausência de menstruação por mais de 3 (três) ciclos naquelas pacientes que anteriormente ciclavam de forma regular e por mais de 6 (seis) meses naquelas cujos ciclos eram irregulares. ETIOLOGIA • Inicialmente a gravidez deverá ser excluída; após o que se procederá a avaliação dos níveis de controle do ciclo menstrual, a saber, útero, ovário, hipófise e hipotálamo. Causas uterinas • Estenose cervical iatrogênica- Poderá ser causada por procedimento instrumentalizado no colo do útero tal como dilatação, curetagem, cauterização e biópsias ou radioterapia local. • Infecção endometrial- exemplo: tuberculose • Sinéquia uterina ou Síndrome de Asherman- Geralmente é secundária à infecção endometrial ou à hemorragia pós-parto ou pós-aborto, seguido por dilatação e curetagem vigorosa. Causas ovarianas • Falência ovariana prematura- Ocorre quando há depleção dos oócitos antes dos 40 anos de idade. Pode ser autoimune, associada a anormalidades cromossômicas como perda de uma pequena porção do cromossomo X ou portadora da pré- mutação do X frágil, translocação autossômica do cromossomo X e variantes da Síndrome de Turner como mosaicos 45,X/46,XX, secundária à quimioterapia ou radioterapia, ou mesmo idiopática. A Síndrome de Down também parece estar associada à falência ovariana prematura. • Síndrome dos Ovários Resistentes ou Síndrome de Savage como causa de amenorreia- A ausência de feedback negativo do estradiol e das inibinas A e B sobre a hipófise e o hipotálamo leva a um aumento das concentrações de FSH, o que a distingue da amenorreia hipotalâmica, onde as concentrações deste hormônio são normais ou baixas. • Tumores ovarianos Causas Hipofisárias • Tumores funcionantes (secretores de ACTH, GH, TSH, FSH, LH, prolactina) e não funcionantes • Mutações no receptor para FSH e/ou LH • Carcinoma metastático • Lesões expansivas intrasselares e parasselares. Exemplos: Síndrome da Sela Vazia; aneurisma arterial • Doenças inflamatórias infiltrativas.MExemplo: sarcoidose; hemocromatose • Traumatismo • Irradiação • Necrose. Exemplo: Síndrome de Sheehan; pan- hipopituitarismo Causas Hipotalâmicas • Funcional- É conhecida clinicamente pelo nome genérico de Amenorreia hipotalâmica. No entanto, muitos fatores podem contribuir para o seu aparecimento, tais como a anorexia nervosa, bulimia, atividades físicas exageradas, estresse, subnutrição, perda de peso acentuada, dietas restritivas. Nesses casos há liberação anormal de GnRH hipotalâmico, levando à diminuição da secreção pulsátil de gonadotrofinas, ausência do pico de LH e de desenvolvimento folicular adequado, com consequente deficiência estrogênica. Também pode ser observado aumento da atividade do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e diminuição da atividade do eixo hipotálamo- hipófise-tireoide. • Tumores: exemplos- craniofaringioma, germinoma, hamartoma, tumor do seio endodérmico, carcinoma metastático. • Traumatismo • Irradiação • Infecção- exemplos- tuberculose, sarcoidose, sífilis, meningite, encefalite Outras • SOP- Trata-se de um distúrbio associado a hiperandrogenismo, disfunção ovulatória e ovários policísticos. Embora geralmente ocasione sangramento irregular em vez de amenorreia, a SOP é um dos motivos mais comuns de amenorreia (Tratado de Ginecologia*) • Alterações adrenais • Hiperplasia- É uma das mais comuns desordens autossômicas recessivas, ocorrendo aproximadamente em um a cada 100 indivíduos. Há uma grande variabilidadefenotípica, dependendo da severidade da mutação, sendo que a mais comumente observada é a deficiência da enzima 21-hidroxilase. • Síndrome de Cushing • Alterações tireoidianas- Hipotireoidismo; Hipertireoidismo • HIperprplactinemia- É uma causa comum de anovulação em mulheres. A elevação de prolactina leva a secreção anormal de GnRh que pode acarretar em distúrbios menstruais. • Obs: Os níveis de prolactina podem estar elevados secundariamente ao uso de medicações, presença de micro ou macroadenomas hipofisários, hipotireoidismo ou tumoração que comprometa a inibição hipotalâmica normal • Doenças Crônicas debilitantes: exemplos-renal, hepática, pulmonar, cardíaca, infecciosa • Obs: pseudociese também é uma possível causa de amenorreia. • Aproximadamente 40% das pacientes com doença celíaca não tratada apresentam alterações menstruais, incluindo a amenorreia, além de outros • problemas reprodutivos como infertilidade, perdas fetais e complicações na gravidez. DIAGNÓSTICO • Anamnese: o História de padrão da ciclicidade menstrual o Atividade sexual sem uso de contraceptivos o estresse severo recente, mudança rápida de peso, dietas, exercícios físicos, doenças sistêmicas crônicas, alterações comportamentais o excesso de androgênios, como acne, hirsutismo, alopécia e/ou outros sinais de virilização o uso de drogas ilícitas; o uso de medicações – Exemplo: metoclopramida, antipsicóticos, opióides, antidepressivos, anti-histamínicos, anti- hipertensivos; o uso de medicações e fórmulas ditas “naturais”, que muitas vezes apresentam em sua formulação diuréticos, laxantes, hormônios, ansiolíticos, anfetaminas etc; o uso de medicação hormonal – Verificar início ou interrupção recente de anticoncepcionais, drogas androgênicas como danazol, altas doses de progestogênios como acetato de medroxiprogesterona injetável etc; o cefaleia, distúrbios de campo visual; o galactorreia; o sintomas de deficiência estrogênica como fogachos, secura vaginal, alterações no sono e libido etc; obs: apesar de as pacientes com amenorreia hipotalâmica apresentarem redução nas concentrações de estrogênio, semelhantes, às vezes, às daquelas com falência ovariana prematura, aquelas usualmente não apresentam estes sintomas acima. o sangramento profuso pós-parto ou pós-aborto, transfusão de sangue ou quaisquer outras intercorrências obstétricas graves, ausência de lactação; dilatação e curetagem uterina o endometrite ou outra infecção genital; o antecedentes de traumas, infecções, cirurgias, quimioterapia ou radioterapia; o história familiar de falência ovariana prematura, retardo mental, consanguinidade; Exame físico • avaliar peso, altura e Índice de Massa Corporal • avaliar a presença de galactorreia, acne, acantose nigricans, hirsutismo • observar possíveis sinais de virilização; • exame físico geral, incluindo palpação de tireoide, e ginecológico completo, além de direcionado conforme a • hipótese diagnóstica. • procurar por hipertensão arterial, estrias vinhosas, obesidade central, excesso de gordura entre os ombros e acima das clavículas e fraqueza muscular proximal, entre outras alterações, na suspeita de Síndrome de Cushing Exames complementares • Laboratoriais: BHCG para descartar gravidez; investigação inicial mínima deve contar com dosagem de prolactina, TSH E FSH para descartar hiperprolactinemia, doença tireoidiana e falência ovariana prematura, respectivamente. • De imagem: Ultrassom transvaginal pi pélvico, conforme vida sexual ativa ou não (auxilia no diagnóstico de SOP); RM (tumores ovarianos, adrenais ou no SNC); TRATAMENTO • Sempre que possível direcionado à patologia subjacente • Deve tentar prevenir complicações como hiperplasia endometrial nos casos de SOP ou osteoporose no hipoestrogenismo e auxiliar a paciente se esta desejar gravidez • Estenose iatrogênica do colo do útero- proceder à dilatação • Síndrome de Asherman- histeroscopia para lise das aderências, seguida pela colocação de DIU. Posteriormente, avaliar a necessidade de administração de estrogênio e progesterona • Tumores e doenças inflamatórias infiltrativas do SNC- tratamento específico, importante acompanhamento multiprofissional • Síndrome de Sheehan e Panhipopituarismo- reposição de todos os déficits hormonais • Doenças crônicas debilitantes, alterações tireoidianas e adrenais- tratamento específico; seguimento clínico pelo ginecologista e especialista da área em questão • Amenorreia hipotalâmica- O seu tratamento pode envolver reabilitação nutricional, com ganho de peso adequado, diminuição na intensidade dos exercícios, resolução do estresse emocional e/ou condição física que induziram a amenorreia. É recomendável o acompanhamento multidisciplinar destas pacientes, incluindo educação nutricional e tratamento psicológico. A necessidade de reposição hormonal com estrogênio e progesterona cíclicas ou anticoncepção hormonal combinada deverá ser avaliada caso a caso. • Hiperprolactinemia- tratamento com agonistas dopaminérgicos. A bromocriptina é empregada na dose inicial de 1,25 mg por 13 Benetti-Pinto CL, Soares Júnior JM, Yela DA Protocolos Febrasgo | Nº38 | 2018 dia, durante os primeiros sete dias. A seguir, a dose é aumentada gradualmente, dividida em duas a três tomadas diárias, até que se obtenha o controle dos sintomas. A cabergolina é outro agente dopaminérgico com maior especificidade, com menos efeitos colaterais e, por ter meia vida longa, com maior comodidade posológica. Também mostra melhor resposta terapêutica. A dose inicial é de 0,5 mg, uma vez por semana, com aumento gradativo de acordo com o controle clínico dos sintomas e dos níveis de prolactina. As reavaliações são feitas a cada quatro a oito semanas (não há consenso para o intervalo), e as doses do medicamento reajustadas. OBJETIVO: Diferenciar os quadros de ansiedade relacionados com estresse e somatoformes;| Por Josephine Elia , MD, Sidney Kimmel Medical College of Thomas Jefferson University Transtornos de estresse e ansiedade Manifestações somáticas e psíquicas da ansiedade • Cefaleia, boca seca, fraqueza, insônia, parestesia, palpitação, náuseas, tontura, nó na garganta, sensação de sufocação, impaciência, irritabilidade • Tensão motora, inquietação, fala rápida, dor torácica, falta de ar, taquicardia, sudorese, tremores TEA E TEPT • O transtorno de estresse agudo (TEA) e o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) são reações a eventos traumáticos. As reações envolvem pensamentos ou sonhos intrusivos, esquiva de lembranças do evento e efeitos negativos sobre o humor, cognição, excitação e reatividade. • TEA tipicamente começa imediatamente após o trauma e dura de 3 dias a 1 mês. • TEPT pode ser uma continuação do TEA ou pode se manifestar 6 meses após o trauma e durar > 1 mês. • O diagnóstico é por critérios clínicos. O tratamento consiste em terapia comportamental e, às vezes, com ISRS ou antiadrenérgicos.. • TEA e TEPT são transtornos relacionados a trauma e estresse Costumavam ser considerados transtornos de ansiedade, mas agora são transtornos distintos porque muitos pacientes não têm ansiedade, mas, em vez disso, têm outros sintomas. • Os sintomas do TEA e TEPT são semelhantes e geralmente envolvem uma combinação dos seguintes: • Sintomas intrusivos: sonhos ou memórias recorrentes, involuntários e angustiantes do evento traumático (em crianças < 6 anos, pode não ser claro se os sonhos perturbadores estão relacionados ao evento); reações dissociativas, (tipicamente flashbacks em que os pacientes revivem o trauma, embora as crianças possam frequentemente reviver o evento em uma brincadeira); e aflições quanto a indícios internosou externos que lembram algum aspecto do trauma (p. ex., ver um cão ou alguém parecido com um agressor) • Sintomas de esquiva: esquiva persistente de memórias, sentimentos ou lembranças externas do trauma • Efeitos negativos sobre a cognição e/ou humor: incapacidade de lembrar aspectos importantes do evento traumático, pensamento distorcido sobre as causas e/ou consequências do trauma (p. ex., que eles são culpados ou poderiam ter evitado o evento tomando certas ações), diminuição nas emoções positivas e aumento nas emoções negativas (medo, culpa, tristeza, vergonha, confusão), falta de interesse geral, afastamento social, sensação subjetiva de entorpecimento e baixa expectativa quanto ao futuro (p. ex., pensar "eu não vou viver para ver") • Excitação e/ou reatividade alterada (p. ex., hiperexcitação): nervosismo, resposta de sobressalto exagerada, dificuldade para relaxar, dificuldade de concentração, sono perturbado (às vezes com pesadelos frequentes) e comportamento agressivo ou imprudente • Sintomas dissociativos: sentir-se separado do próprio corpo como se estivesse em um sonho e sentir que o mundo é irreal Transtornos de ansiedade • Transtorno de ansiedade ou separação- Medo ou ansiedade excessiva envolvendo a separação de casa ou figura de apego. Recusa sair sozinho devido ao medo da separação Preocupação com bem- estar, paradeiro e morte da figura de apego. Sintomas: cefaleia, dor abdominal, náuseas, vômitos, palpitação, tontura, sensação de desmaio, pesadelos, tristeza, dificuldade de concentração, apatia, recusa escolar, raiva • Transtorno de ansiedade generalizada- Ansiedade crônica persistente (6 meses ou mais), intensa, difícil controle, sentimento de apreensão preocupação a eventos diários e futuros (finanças, saúde, trabalho, filhos). OBS: quanto maior a variedade de preocupações, maior a probabilidade de TAG. Associado a 3 ou mais sintomas: inquietação, taquicardia, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração ou “branco” na mente, tensão muscular, insônia • Fobia específica- Medo excessivo e persistente relacionado a um determinado objeto ou situação (estímulo fóbico). O medo pode assumir a forma de ataque de pânico. Medo desproporcional ao perigo real. Indivíduo evita ativamente a situação (esquiva CASO 3| 4P| BCE ativa) Comum múltiplas fobias específicas Estímulos fóbicos: Animal, Ambiente natural (altura, tempestade), Situacional (avião, elevador) • Fobia social- Transtorno de ansiedade social- Medo excessivo e irracional ou ansiedade acentuada de situações sociais onde a pessoa julga ser avaliado por outros. Medo de agir de modo que pareça humilhante e vergonhoso. Leva a esquiva de situações sociais, redução da qualidade de vida. Sintomas acompanhados: palpitação, tremores, sudorese, náuseas • AGOROFOBIA- É o comportamento de evitação, devido ao medo ou ansiedade, provocados por lugares ou situações onde o escape seria difícil caso se tenha uma ataque de pânico ou algum mal estar. Situações: locais fechados, transporte público, fila ou multidões, sair de casa sozinho. Existência de duas ou mais situações agorafóbicas, ajuda a diferenciar de fobia específica • Transtorno de pânico- Presença de ataques de pânico recorrentes (3 ataques semanais) e inesperados, imprevisíveis, seguidos por pelo menos de 1 mês de preocupação persistente acerca de ter outro Ataque de Pânico. Ataque de pânico é uma crise abrupta de medo ou desconforto associado somáticos e cognitivos. Dura em média 5 a 25 min. Pode acontecer independente de ter o Transtorno de Pânico. Presentes em outros transtornos mentais. • TA Induzido por substância (drogas, medicamentos- roacutan ou toxinas). Remissão em até 1 mês após exposição da substância • TA devido a outra condição médica: ansiedade como efeito fisiológico direto de outra condição médica (hipertireoidismo) RESUMO| ANTIDEPRESSIVOS| OBJETIVO: ENTENDER A FARMACOLOGIA DOS MEDICAMENTOS QUE MODULAM O SNC NO TRATAMENTO DA ANSIEDADE- ANTIDEPRESSIVOS| Fonte: Whalen, Karen. Farmacologia ilustrada. Artmed, 2016. antidepressivos VISÃO GERAL ANTIDEPRESSIVOS NO TRATAMENTO PARA A ANSIEDADE • Vários antidepressivos são eficazes no tratamento da ansiedade crônica e devem ser considerados fármacos de primeira escolha, especialmenteem pacientes com inclinação para dependência ou vício. • Os ISCSs, como escitalopram ou paroxetina, ou os inibidores seletivos da captação de serotonina e norepinefrina (ISCSNs), como a venlafaxina ou duloxetina, podem ser usados sós ou prescritos em associação com uma dosagem baixa de benzodiazepínico durante as primeiras semanas de tratamento. • Após 4 a 6 semanas, quando o antidepressivo começa seu efeito ansiolítico, a dosagem de benzodiazepínico pode ser reduzida gradualmente. • Os ISCSs ou ISCSNs têm menor potencial de gerar dependência física do que os benzodiazepínicos, tornando-se o tratamento de escolha contra o TAG. Ainda que apenas certos ISCSs ou ISCSNs tenham sido aprovados para o tratamento do TAG, a eficácia desses fármacos é provavelmente um efeito da classe. • Assim, a escolha entre esses antidepressivos pode ser feita com base nos efeitos adversos e no custo. • Em geral, o tratamento com antidepressivos e benzodiazepínicos contra os transtornos de ansiedade é necessário por longo período, de modo a manter a vantagem alcançada e evitar recaídas. DEPRESSÃO • Os sintomas da depressão são sensação de tristeza e desesperança, bem como incapacidade de sentir prazer em atividades usuais, alterações nos padrões de sono e apetite, perda de vigor e pensamentos suicidas. • A mania é caracterizada pelo comportamento oposto, ou seja, entusiasmo, raiva, pensamentos e fala rápidos, extrema autoconfiança e diminuição de autocrítica. MECANISMO DE AÇÃO DOS ANTIDEPRESSIVOS • A maioria dos fármacos antidepressivos úteis clinicamente potencializa, direta ou indiretamente, as ações da norepinefrina e/ou da serotonina (5-HT) no cérebro. • Isso, juntamente com outras evidências, levou à teoria das aminas biogênicas, que propõe que a depressão se deve às deficiências das monoaminas, como norepinefrina e serotonina, em certos locais- chave do cérebro. Já a mania seria causada por produção excessiva desses neurotransmissores. • Contudo, trata-se de uma teoria muito simplista, que não explica por que os efeitos farmacológicos de qualquer antidepressivo e antimania na neurotransmissão ocorrem imediatamente, ao passo que a evolução temporal para a resposta terapêutica precisa de várias • semanas. Isso sugere que a diminuição da captação dos neurotransmissores é apenas o efeito inicial do fármaco, que pode não ser diretamente responsável pelos efeitos antidepressivos. PRINCIPAIS GRUPOS DE FÁRMACOS Inibidores seletivos da captação de serotonina • Os inibidores seletivos da captação de serotonina (ISCSs) são um grupo de fármacos antidepressivos que inibem especificamente a captação da serotonina, apresentando uma seletividade de 300 a CASO 3| 4P| BCE 3.000 vezes maior para o transportador de serotonina do que para o de norepinefrina. • Os ISCSs incluem fluoxetina, citalopram, escitalopram, fluvoxamina, paroxetina e sertralina. O escitalopram é o S-enantiômero puro do citalopram. AÇÕES • Os ISCSs bloqueiam a captação de serotonina, levando ao aumento da concentração do neurotransmissor na fenda sináptica. • Os antidepressivos, incluindo os ISCSs, em geral precisam de 2 semanas para produzir melhora significativa no humor, e o benefício máximo pode demorar até 12 semanas ou mais • Os pacientes que não respondem a um antidepressivo podem responder a outro, e aproximadamente 80% ou mais respondem a pelo menos um antidepressivo Usos terapêuticos • A indicação primária dos ISCSs é a depressão, para a qual eles são tão eficazes quanto os ADTs• Vários outros transtornos psiquiátricos também respondem favoravelmente aos ISCSs, incluindo transtorno obsessivo- compulsivo, de pânico, de ansiedade generalizada, de estresse pós- traumático, de ansiedade social, além de transtorno disfórico pré-menstrual e bulimia nervosa (para a qual apenas a fluoxetina está aprovada). Farmacocinética • Todos os ISCSs são bem absorvidos após administração oral. • Os picos séricos ocorrem em média entre 2 e 8 horas. • Alimentos têm pouca influência na absorção (exceto com a sertralina, cuja absorção aumenta com a alimentação). • A maioria dos ISCSs tem meia-vida entre 16 e 36 horas Efeitos adversos • Cefaleia, sudoração, ansiedade e agitação, efeitos gastrintestinais (GI) (náuseas, êmese e diarreia), fraqueza, cansaço, disfunções sexuais, alterações de massa corporal, distúrbios do sono (insônia e sonolência), síndrome de interrupção • Obs: paroxetina e a fluvoxamina em geral são mais sedativas do que estimulantes e podem ser úteis em pacientes que têm dificuldade em dormir. Por outro lado, pacientes que se sentem cansados ou se queixam de sonolência excessiva podem se beneficiar de um dos antidepressivos ISCSs mais estimulantes, como a fluoxetina e a sertralina. INIBIDORES DA CAPTAÇÃO DE SEROTONINA E NOREPINEFRINA • Venlafaxina, desvenlafaxina, levomilnaciprana e duloxetina inibem a captação de serotonina e norepinefrina podem ser eficazes no tratamento de depressão em pacientes nos quais os ISCSs foram ineficazes. • Além disso, a depressão com frequência é acompanhada de sintomas dolorosos crônicos, como dor lombar e dor muscular, contra os quais os ISCSs são relativamente ineficazes. • Essas dores são, em parte, moduladas por vias de serotonina e norepinefrina no sistema nervoso central (SNC). • OS ICSNs são eficazes algumas vezes para aliviar a dor associada com a neuropatia diabética periférica, a neuralgia pós-herpética, a fibromialgia e a dor lombar. • Os ICSNs, ao contrário dos ADTs, têm pouca atividade em receptores adrenérgicos α, muscarínicos ou histamínicos e, assim, têm menos efeitos adversos mediados por esses receptores do que os ADTs. • Os ICSNs podem causar síndrome de interrupção se o tratamento for suspenso de modo súbito Venlafaxina e desvenlafaxina • A venlafaxina é um potente inibidor da captação de serotonina e, em dosagens médias e altas, é inibidor da captação de norepinefrina. • A venlafaxina produz inibição mínima das isoenzimas CYP450 e é substrato da isoenzima CYP2D6. • A desvenlafaxina é o metabólito ativo, desmetilado da venlafaxina. • Os efeitos adversos mais comuns da venlafaxina são náuseas, cefaleia, disfunções sexuais, tonturas, insônia, sedação e constipação. • Em doses elevadas, pode ocorrer aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. • A atividade clínica e o perfil de efeitos adversos da desvenlafaxina são similares aos da venlafaxina. Duloxetina • A duloxetina inibe a captação de serotonina e norepinefrina em todas as dosagens. • Ela é extensamente biotransformada no fígado em metabólitos inativos e deve ser evitada em pacientes com disfunção hepática. • Efeitos adversos GI são comuns com a duloxetina, incluindo náuseas, xerostomiae constipação. • Insônia, tonturas, sonolência, sudoração e disfunção sexual também são observadas. • A duloxetina pode aumentar a pressão arterial e a frequência cardíaca. • Ela é um inibidor moderado da isoenzima CYP2D6 e pode aumentar a concentração de fármacos biotransformados por essa via, como os antipsicóticos. Levomilnapicprana • Levomilnaciprana é um enantiômero do milnaciprana (um ICSN antigo usado contra a depressão na Europa e contra a fibromialgia nos EUA). • O perfil de efeitos adversos é similar ao dos demais ICSNs. • É biotransformado primariamente pela CYP3A4 e, assim, a atividade pode ser alterada por indutores ou inibidores desse sistema enzimático. ANTIDEPRESSIVOS ATÍPICOS • Os antidepressivos atípicos são um grupo misto de fármacos que têm ação em vários locais diferentes. • O grupo inclui bupropiona, mirtazapina, nefazodona, trazodona, vilazodona e vortioxetina Bupropiona • Este fármaco é um inibidor da captação de dopamina e norepinefina fraco, aliviando os sintomas de depressão. • A bupropiona também é útil para diminuir a fissura por alguma substância e atenuar os sintomas de abstinência da nicotina em pacientes que tentam parar de fumar. • Os efeitos adversos podem incluir boca seca, sudoração, nervosismo, tremores e um aumento dose-dependente do risco de convulsões. A incidência de disfunções sexuais é baixa. • A bupropiona é biotransformada pela CYP2B6, e o risco de interações entre fármacos é relativamente baixo. • O uso da bupropiona deve ser evitado em pacientes sob risco de convulsões ou naqueles que sofrem de transtornos de alimentação, como bulimia. Mirtazapina • Mirtazapina aumenta a neurotransmissão de serotonina e norepinefrina, servindo como antagonista nos receptores pré-sinápticos α2. • Além disso, parte da atividade antidepressiva pode ser relacionada ao antagonismo de receptores 5- HT2. • Esse fármaco é sedativo devido à sua potente atividade anti-histamínica, mas não causa os efeitos adversos antimuscarínicos dos ADTs, nem interfere na função sexual, como os ISCSs. • Frequentemente, ocorre aumento do apetite e da massa corporal. • A mirtazapina é acentuadamente sedativa, o que pode ser uma vantage em pacientes deprimidos com dificuldade para dormir. Vilazodona • Vilazodona é um inibidor da captação de serotonina e um agonista parcial em 5-HT1A. • Embora a extensão da contribuição da atividade do receptor 5-HT1A para seu efeito terapêutico seja desconhecida, esse possível mecanismo de ação torna-o singular entre os ISCSs. • O perfil de efeitos adversos da vilazodona é similar ao dos ISCSs, incluindo o risco da síndrome de descontinuação se for interrompido abruptamente. Vortipxetina • Vortioxetina usa como mecanismo de ação sugerido para tratar a depressão uma combinação de inibição da captação de serotonina, agonismo 5-HT1A e antagonismo 5-HT3 e 5-HT7. • Não está claro em que extensão as outras atividades além da inibição da captação de serotonina influenciam o efeito geral da vortioxetina. • Os efeitos adversos comuns incluem náuseas, êmese e constipação, que podem ser esperados devido a seus mecanismos serotoninérgicos. Antidepressivos tricíclicos • Os ADTs bloqueiam a captação de norepinefrina e serotonina no neurônio pré-sináptico e, portanto, se fossem descobertos atualmente, poderiam ser referidos como ICSNs, exceto pelas diferenças nos efeitos adversos dessa nova classe de antidepressivos. • Os ADTs incluem as aminas terciárias imipramina (o protótipo do grupo), amitriptilina, clomipramina, doxepina e trimipramina, e as aminas secundárias desipramina e nortriptilina (o metabólito N- desmetilado da imipramina e amitriptilina, respectivamente) e protriptilina. • Maprotilina e amoxapina são antidepressivos “tetracíclicos” e comumente são incluídos na classe geral dos ADTs. • Pacientes que não respondem a um ADT podem se beneficiar de outro fármaco desse grupo. Mecanismo de ação a- Inibição da captação do neurotransmissor: Os ADTs e a amoxapina são inibidores potentes da captação neuronal de norepinefrina e serotonina no terminal nervoso pré-sináptico. Maprotilina e desipramina são inibidores relativamente seletivos da captação de norepinefrina. b- Bloqueio de receptores: Os ADTs também bloqueiam os receptores serotoninérgicos, α- adrenérgicos, histamínicos e muscarínicos. Ainda não se sabe se alguma dessas ações é responsável pelo benefício terapêutico dos ADTs. Contudo, as ações nesses receptores provavelmente são responsáveis por muitos dos seus efeitos adversos. A amoxapina também bloqueia os receptores 5-HT2e dopamina D2. • Os ADTs melhoram o humor e o alerta mental, aumentam a atividade física e reduzem a preocupação mórbida de 50 a 70% dos indivíduos com depressão. • O início da melhora do humor é lento, necessitando de 2 semanas ou mais. USOS • Os ADTs são eficazes no tratamento de depressão moderada e grave. • Alguns pacientes com transtorno de pânico também respondem aos ADTs. • Os ADTs, particularmente a amitriptilina, têm sido usados para auxiliar a prevenção da enxaqueca e tratar síndromes de dor crônica (p. ex., dor neuropática), em inúmeras condições em que a causa da dor é desconhecida. • Dosagens baixas de ADT, especialmente doxepina, podem ser usadas contra insônia. ➢ OBS: Os ADTs são bem absorvidos após administração oral. Por sua natureza lipofílica, são amplamente distribuídos e facilmente penetram o SNC. Como consequência da biotransformação de primeira passagem muito variável, os ADTs têm biodisponibilidade baixa e inconsistente. Efeitos adversos: • O bloqueio dos receptores muscarínicos leva a visão turva, xerostomia, retenção urinária, taquicardia sinusal, constipação e agravamento do glaucoma de ângulo fechado • Esses fármacos afetam a condução cardíaca de modo similar ao da quinidina e podem causar arritmias que ameaçam a vida em situação de dose excessiva. • Os ADTs também bloqueiam os receptores α- adrenérgicos, causando hipotensão ortostática, tonturas e taquicardia reflexa. • A imipramina é a mais provável, e a nortriptilina é a menos provável, de causar hipotensão ortostática. • A sedação pode ser significativa, especialmente durante as primeiras semanas do tratamento, e está relacionada com a capacidade que esses fármacos têm de bloquear os receptores H1 histamínicos. • O aumento de massa corporal é um dos efeitos adversos dos ADTs. • Disfunção sexual ocorre em uma minoria de pacientes, e a incidência é menor do que a associada com o ISCS. • Os ADT podem agravar certas condições médicas, como hiperplasia prostática benigna, epilepsia e arritmias preexistentes. INIBIDORES DA MONOAMINOXIDASE • A monoaminoxidase (MAO) é uma enzima mitocondrial encontrada em nervos e outros tecidos, como fígado e intestino. • No neurônio, a MAO funciona como “válvula de segurança”, desaminando oxidativamente e inativando qualquer excesso de neurotransmissor (norepinefrina, dopamina e serotonina) que possa vazar das vesículas sinápticas quando o neurônio está em repouso. • O IMAO pode inativar reversível ou irreversivelmente a enzima, permitindo que as moléculas do neurotransmissor fujam da degradação e, assim, se acumulem dentro do neurônio pré-sináptico e vazem para o espaço sináptico. • Os quatro IMAOs disponíveis atualmente para o tratamento da depressão incluem fenelzina, tranilcipromina, isocarboxazida e selegilina. • OBS: A selegilina é usada também no tratamento da doença de Parkinson. • Ela é o único antidepressivo disponível em sistema de administração transdérmico.) • O uso de IMAOs é limitado devido às complicadas restrições de dieta exigidas durante a utilização desses fármacos. Mecanismo de ação • A maioria dos IMAOs, como a fenelzina, forma complexos estáveis com a enzima, causando inativação irreversível. Isso resulta em aumento dos estoques de norepinefrina, serotonina e dopamina no interior dos neurônios e ssubsequente difusão do excesso de neurotransmissor para a fenda sináptica. • Esses fármacos inibem a MAO não só no cérebro, mas também no fígado e no intestino, onde catalisam desaminações oxidativas de fármacos e substâncias potencialmente tóxicas, como a tiramina, que é encontrada em certos alimentos. Por isso, os IMAOs mostram elevada incidência de interações com fármacos e com alimentos. Usos terapêuticos • Os IMAOs são indicados para pacientes deprimidos que não respondem ou são alérgicos aos ADTs ou que apresentam forte ansiedade. • Uma subcategoria especial de depressão, denominada depressão atípica, pode responder aos IMAOs preferencialmente. • Devido ao risco de interações entre fármacos e entre fármaco e alimentos, os IMAO são considerados os fármacos de última escolha em vários centros de tratamento. Efeitos adversos • Efeitos adversos graves, frequentemente imprevisíveis, devido a interações com fármacos e alimentos, limitam o amplo uso dos IMAOs. • Por exemplo, a tiramina, que está presente em alimentos como queijos envelhecidos e carnes, fígado de aves, peixes em conserva ou defumados e vinhos tintos normalmente é inativada pela MAO no intestino. • Indivíduos tratados com IMAO são incapazes de degradar a tiramina presente na dieta. • A tiramina causa liberação de grande quantidade de catecolaminas armazenadas nos terminais nervosos, resultando em “crise hipertensiva” com sinais e sintomas como cefaleia occipital, rigidez no pescoço, taquicardia, náuseas, hipertensão, arritmias cardíacas, convulsões e possivelmente colapso. • Os pacientes precisam, portanto, ser orientados para evitar alimentos contendo tiramina. [ • A fentolamina ou a prazosina são úteis no tratamento da hipertensão induzida por tiramina. • Outros possíveis efeitos adversos do tratamento com IMAO incluem sonolência, hipotensão ortostática, visão turva, xerostomia e constipação. • Devido ao risco de síndrome de serotonina, o uso de IMAO com outros antidepressivos é contraindicado. Por exemplo, os ISCSs não devem ser coadministrados com IMAOs. • Tanto os ISCSs quanto os IMAOs precisam de um período de eliminação, de 2 semanas no mínimo, antes da administração de fármaco do outro tipo, com exceção da fluoxetina, a qual deve ser suspensa no mínimo 6 semanas antes de iniciar o IMAO. • Além disso, os IMAOs têm várias outras interações críticas com fármacos, e é necessária cautela quando forem administrados concomitantemente. TALESSEMIAS| OBJETIVO: Compreender os aspectos genéticos relacionados ao diagnóstico e tratamento das hemoglobinopatias e talassemias | Fonte: Genética Humana, 3 edição, Artmed. Talassemias Hemoglobinopatias O termo hemoglobinopatia refere-se a um grupo de doenças em que ocorre alteração na produção da hemoglobina. As hemoglobinopatias mais frequentes são representadas pela Doença Falciforme e, a seguir, a Talassemia. (Ministério da Saúde) Hemoglobinas anormais • As hemoglobinas anormais costumam abranger as que são consideradas variantes, bem como as hemoglobinas normais com alterações quantitativas. • As hemoglobinas variantes podem ser classificadas em duas categorias principais, as variantes estruturais e os defeitos de síntese das hemoglobinas. • As variantes estruturais abrangem 5 classes: • Hemoglobinas de agregação- formam cristais com repercussões clínicas e laboratoriais variáveis, como as hemoglobinas S e C • Hemoglobinas sem alterações funcionais- que consistem na maioria das variantes estruturais, não costumam produzir efeito clínico significativo • Hemoglobinas instáveis, como a Hb Niterói • Hemoglobinas com alterações funicionais que causam metemoglobinemias por Hb M, cianose e alteração da afinidade hemoglobínica pelo oxigênio • Hemoglobinas com fenótipos talassêmicos devido a falhas na regulação da síntese da globina por adução de aminoácidos à extremidade C-terminal das globinas alfa e beta,e por fusão das cadeias devido ao crossing-over desigual durante a meiose, sendo exemplos a Hb Cranston e a Hbs Kepore • Os defeitos de síntese da hemoglobinas englobam as alfa talassemias, as beta talassemias, as síndromes de persistência hereditária da hemoglobina fetal e as metemoglonemias. VARIANTES ESTRUTURAIS • Resultam de mutações que levam à síntese de uma globina estruturalmente anormal. • Sua grande maioria resulta de mutações pontuais por substituição de apenas um aminoácido. • Entre as variantes resultantes de mutação pontual na cadeiabeta, o melhor exemplo é a hemoglobina S. • Outras variantes se caracterizam por duas substituições de aminoácidos na mesma cadeia, como a Hb C Harlem. • Também nas cadeias alfa podem ocorrer mutações estruturais afetando, nesse caso, todas as hemoglobinas que as contêm TALASSEMIAS • Consistem em um conjunto de síndromes motivadas principalmente por alterações quantitativas da síntese de globinas alfa e beta, causando desequilíbrio entre elas e graus variáveis de anemias hemolíticas, além de outras consequências patológicas. • Caracterizam-se microscopicamente pelo aspecto típico das hemácias em forma de ALVO. • Podem ser diagnosticadas pré-natalmente e por estudo de DNA em qualquer idade. • As síndromes talassêmicas são classificadas de acordo com as cadeias da globina que apresentam síntese reduzida ALFA TALASSEMIAS • Caracterizam-se por uma deficiência relativa das cadeias de alfa-globina, com produção normal das cadeias de beta globina. Se algumas cadeias de alfa globina estiverem sendo produzidas, ainda se formará uma pequena quantidade tetrâmeros normais, mas haverá excesso de cadeias beta globinas. • Cada individuo possui 4 genes alfa localizados no cromossomo 16, dois genes alfa1 e dois genes alfa2. Esses genes produzem quantidades quase iguais de cadeias alfa da globina. • A causa primária das alfa talassemias é uma DELEÇÃO GÊNICA que acarreta fenótipos diferentes conforme atinja 1, 2 ou 3 lócus alfa. • A perda de um gene constitui um estado de portador silencioso, sem importância clínica. • Quando dois dos genes estão inativos, há duas situações possíveis: - Ambos os genes deletados localizam-se no mesmo cromossomo - Cada cromossomo possui um gene alfa deletado Esse fenótipo é geralmente benigno, resultando em anemia leve com microcitose. CASO 3| 4P| BCE • A perda 3 genes resulta em problemas clínicos graves, as cadeias de beta globina predominam e formam homotetrâmeros, resultando a hemoglobina H, de reduzida capacidade para o transporte de oxigênio e visualizada como corpos de inclusão nas hemácias de indivíduos com alfa talassemia. • A deleção total causa uma condição letal em que o feto não pode produzir hemoglobina fetal (uma vez que esta é composta de cadeias alfa e beta), mas produz a hemoglobina Bart que não servem para transportar oxigênio para os tecidos. Esse tipo de alfa talassemia surge quando cada genitor apresenta um cromossomo com deleção de ambos os genes alfa. BETA TALASSEMIAS • Caracterizam-se pela deficiência de cadeias beta globinas ou pela sua ausência completa. • Sob essas circusntâncias, a HbF e a alfa globina estão aumentadas, esta última sob a forma de homotetrâmeros que são instáveis e se precipitam nas células percussoras das hemácias, formando corpos de inclusão e causando sua destruição prematura na medula óssea e marcante sequestro pelo baço. • Os eritrócitos beta talassêmicos são de número e tamanho reduzido. • A hematopoiese reduzida e o aumento da destruição de hemácias resultam em anemia hemolítica grave. • Essas talassemias são graves desde a infância sendo caracterizadas por deformidades esqueléticas decorrentes da hipertrofia da medula óssea, aumento da pigmentação da pele, atraso no crescimento, aumento da absorção intestinal de ferro e hepatoesplenomegalia. • Os níveis de hemoglobina são quase sempre inferiores a 6%. • O tratamento, por transfusões sanguíneas repetidas, acentua a sobrecarga de ferro, o que pode levar à morte, entre os 16 e 24 anos, entretanto, em geral a morte se dá ainda na infância. • As Beta talassemias geralmente são devidas à redução ou supressão da síntese de cadeias beta que podem resultar de mais de cem diferentes mutações pontuais, com preponderância da substituições de base. • Os diferentes tipos de mutações se classificam em 5 tipos principais: -Mutações transcricionais que ocorrem no TATA box (região 5) ou região promotora do gene da beta globina, acarretando em níveis reduzidos do mRNA dessa cadeia - mutações no encadeamento do MRNA reduzindo em níveis reduzidos do MRNA correspondente - mutações que modificam o RNA ocorrendo nas sequências 5 e 3 do DNA - mutações de término de cadeia gerando um códon finalizador que resulta no término prematuro da tradução, formado proteína instável e que é rapidamente degradada - mutações com sentido trocado que resultam em beta globina muito instável. • A beta talassemia maior em geral não é detectada clinicamente ao nascimento porque nesse período há o predomínio da hemoglobina fetal e muito baixo da hemoglobina adulta • Durante o primeiro ano de vida, à medida que diminui a produção de hemoglobina fetal, surgem os primeiros sintomas de anemia grave • A região cortical dos ossos diminui de espessura; o fígado e o baço aumentam de volume e atuam como locais adicionais de hematopoiese; se não for tratado o paciente morre na primeira década de vida, devido à grave anemia, debilitação e infecção. • Os sintomas da talassemia maior podem ser aliviado mediante transfusão sanguínea que supre o organismo com as hemácias necessárias e suprime a hiperatividade da medula óssea. Mas com o decorrer do tempo e as sucessivas transfusões, os níveis de ferro aumentam continuamente no organismo ocasionando hemossiderose. • O transplante de medula de um doador histocompatível é potencialmente curativo; • Os heterozigotos podem ser confundidos com casos de anemia ferropriva o que é prejudicial, pois se essas pessoas forem tratadas com ferro têm risco de hemossiderose. Outros tipos de talassemias • Nas 8-ß-talassemias, também há ausência com pleta (nos homozigotos) ou subprodução (nos heterozigotos) de cadeias 8 e B, associada a um aumento na síntese de cadeias y, mas não tão pronunciado como na persistência hereditária de hemoglobina fetal (Hb F), resultando um fenótipo talassêmico. Nesse caso, os níveis de Hb F são muito mais altos do que o aumento compensatório dessa hemoglobina visto nos homozigotos para B- talassemias. Essas talassemias são devidas a extensas deleções na região da ß-globina que envolve os genes estruturais das cadeias 8 e ß. Os heterozigotos são assintomáticos e os homozigotos apresentam uma leve anemia hemolítica. TIPO DIAGNÓSTICO QUADRO CLÍNICO TRATAMENTO ALFATALESSEMIAS são pouco diagnosticadas na prática clínica, pois necessitam de diagnóstico molecular, o qual é pouco disponível nos serviços de saúde. Inclui quatro apresentações clínicas, conforme a alteração genética apresentada no cromossomo 16: portador silencioso (sem manifestações), traço talassêmico alfa (anemia leve), doença da hemoglobina H (anemia moderada a grave) e síndrome da hidropsia fetal da hemoglobina Bart’s (anemia muito grave e incompatível com a vida). Hidropisia fetal com Hb Bart’s- resulta da ausência dos 4 genes alfa, é a mais devastadora de todas as talassemias, observada principalmente na população do Sudeste da Ásia e em algumas regiões do Mediterrâneo. Como o feto não produz cadeias alfa, sua hemoglobina consiste quase completamente de Hb Bart’s (gama4). pode ser feito utilizando técnicas de análise do DNA em células do líquido amniótico a partir da 14a semana e pela biópsia de vilosidade coriônica a partir da 10ª semana. prematuridade, palidez e edema, em geral, o neonato morre após o nascimento. Doença da HbH: afeta indivíduos do Sudeste da Ásia, das ilhas do Mediterrâneo e parte do Oriente Médio, ocorrendo raramente em populações de afrodescendentes. A HbH pode ser identificada por eletroforese ou pela coloração supravital de sangue com azul brilhante de cresil. A eletroforese de hemoglobina mostra quantidades variáveis de HbH (1 a 40%). grande variação da gravidade da doença, presençade anemia, esplenomegalia e alterações ósseas. A anemia é hipocrômica e microcítica, com variação da Hb entre 7 e 10 g/dL. em geral, não há necessidade de tratamento, sendo aconselhável orientar sobre evitar o uso de drogas oxidantes pelo risco de crise hemolítica. Em alguns casos, podem ser necessárias transfusões sanguíneas e a esplenectomia está indicada em casos de hiperesplenismo. Traço alfa-talassêmico- condição benigna e ocorre, predominantemente, em descendentes de asiáticos, mediterrâneos ou africanos. é difícil e, frequentemente, circunstancial. Somente podem ser diagnosticados pela medida da relação sintética alfa/beta de 0,7 ou por métodos de análise de DNA. assintomática, com níveis de hemoglobina normais ou discretamente reduzidos. A anemia, quando presente, é hipocrômica e microcítica. não há necessidade de tratamento, sendo indicado acompanhamento ambulatorial regular. Portador silencioso- demonstração da alteração gênica em análise de DNA. As deleções de um ou de 2 genes são assintomáticas Não requer BETATALASSEMIAS quadro clínico das beta- talassemias reflete o efeito quantitativo da mutação presente em cada caso sobre a síntese da betaglobina. A talassemia beta abrange três apresentações clínicas, conforme a alteração genética ocorrida no cromossomo 11: talassemia beta menor/traço talassêmico beta (anemia leve), talassemia beta intermediária (anemia leve a grave, podendo necessitar de transfusões de sangue esporadicamente) e talassemia beta maior (anemia grave, necessitando transfusões de sangue a cada 2 a 4 semanas desde os primeiros meses de vida). Beta talassemia major: É A FORMA MAIS GRAVE DA BETA TALASSEMIA hemograma inicial mostra anemia microcítica e, intensamente, hipocrômica, com numerosos eritroblastos circulantes. Homozigotos para beta0 apresentam HbA2 - talassemia e HbF, com ausência de HbA. retardo de crescimento, anemia e esplenomegalia, com eventual hiperesplenismo, osteoporose e outras alterações esqueléticas associadas à expansão da medula óssea e à sobrecarga de ferro decorrente da combinação de aumento da absorção intestinal e transfusões de sangue. O fígado, o coração, o pâncreas, a hipófise e outras glândulas endócrinas são os principais locais de deposição excessiva de ferro, a qual causa lesão progressiva e insuficiência desses órgãos. O quadro clínico típico só ocorre, atualmente, na criança tratada de forma inadequada. Transfusão sanguínea para manter níveis de Hb superiores a 10 g/dL, acompanhado de efeitos favoráveis sobre o crescimento e a atividade física, redução da hiperplasia da medula óssea e, como consequência, redução ou ausência de deformidades ósseas e de esplenomegalia. Controlar a sobrecarga de ferro com terapia quelante. Curativo: transplante de medula óssea. Beta-talassemia intermedia: caracteriza-se por anemia hemolítica de gravidade variável que não requer transfusões crônicas. A concentração de Hb varia, geralmente, de 6 a 9 g/dL, com as características morfológicas típicas das talassemias. A composição de hemoglobinas é variável, com aumento de HbA2 e quantidades de HbF que dependem do grau de deficiência de síntese causada pela mutação presente em cada caso. amplo espectro de manifestações que variam desde uma condição próxima à da talassemia major até uma doença com poucos sintomas. As manifestações clínicas predominantes são esplenomegalia, redução da massa muscular, úlceras crônicas nas pernas e alterações faciais. O crescimento de grandes massas de tecido hematopoiético extramedular pode causar sintomas compressivos como massas paravertebrais intratorácicas. talassemia intermedia, por definição, não requer tratamento transfusional, exceto, em circunstâncias especiais. Hiperesplenismo é frequente, causando dependência transfusional que é, geralmente, revertida pela esplenectomia. O tratamento com hidroxiureia pode aumentar a HbF e ser benéfico em alguns casos. Beta talassemia minor- MAIS COMUM NA PRÁTICA CLÍNICA ocasional em exames de rotina. Eletroforese de hemoglobina: aumento de HbA2 e HbF18 (50% dos casos). Principal diagnóstico diferencial é a anemia ferropenêmica. assintomática, associada a alterações na morfologia dos eritrócitos com pequena ou nenhuma anemia hipocrômica e microcítica (Hb em torno de 10 g/dL). Não requer
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