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Larissa Murici Sousa - 71C FCMMG - @medcomlari COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL - 01/09/20 ESCUTANDO O QUE O PACIENTE NÃO QUER OU NÃO PODE DIZER Darwin → Paul Ekman: “A Linguagem das Emoções”. Para eles, as expressões das emoções são inatas, independentemente da cultura (diferente da antropologia cultural). Lie to Me → comunicação não verbal do acusado para saber quando está mentindo. Emoções (o que ocorre no corpo) x sentimentos (como nós interpretamos as emoções, o que ocorre no corpo) Família de emoções básicas: 1. Tristeza (angústia) 2. Raiva 3. Medo 4. Surpresa 5. Aversão (nojo) 6. Desprezo 7. Felicidade e emoções agradáveis Saber o que o paciente está passando, se há uma distorção entre o que fala e o que sente… Ex. paciente falou que vai fazer algo que você pediu, mas ele fez uma expressão de aversão → isso é realmente possível para você? Você tem tempo para fazer isso? Ou seja, novas perguntas, mas SEM expor o que vocês perceberam, pois isso pode criar uma resistência. Reconhecimento consciente da emoção que a pessoa sente → aperfeiçoa a comunicação. Contexto e expressão parcial ou leve emoção apenas começando → a reação do médico durante o período refratário do paciente pode fazer a diferença. Isso é como o exemplo da terapêutica. Você age logo após aquela expressão inicial da emoção. Estado refratário: o pensamento é incapaz de refletir sobre a emoção + mantém ou justifica a emoção que se está sentindo. Ou seja, a pessoa está tomada por aquela emoção, ela não consegue disfarçar (não quer dizer que é intenso, que é fácil de ver). Nas conversas, as expressões sutis ocorrem com muito mais frequência do que as pesadas e intensas → por isso, frequentemente, são as mais importantes. O médico pode saber como a pessoa está se sentindo antes dela mesma, especialmente se o sinal é uma microexpressão resultante da supressão. Reconhecer a probabilidade de o paciente estar tentando reduzir ou ocultar as suas expressões influencia a resposta ao que ela diz ou faz. Ou seja, se você vê que a pessoa está tentando ocultar, você percebe que ela não está confortável em transmitir aquela emoção → conduzir a partir disso. Expressões sutis: mais comuns. Início da vivência de uma emoção. Pode não ser percebida pela própria pessoa, que a emite de maneira inconsciente. Expressões leves: sem extrema contração muscular, discreta. Início da emoção. Emoção sendo regulada para parecer mais fraca, a fim de reduzir seus sinais (paciente conscientemente tentando disfarçar). Tentativa fracassada de ocultar uma emoção. Expressões parciais: evidente em apenas uma área do rosto e não nele todo. Emoção em seu estado inicial, emoção fraca ou reduzida. Microexpressão: manifestação da emoção muito rapidamente (⅕ de segundo ou menos). Naturalmente, aprendemos a identificar na vida. Pode acontecer: - Paciente tenta, conscientemente, ocultar todos os sinais de suas sensações (sabe como está se sentindo, mas não quer que o médico saiba). - Inibição da expressão ocorre inconscientemente (o paciente não sabe, ao certo, como se sente). - Paciente tentando eliminar os sinais de todas as emoções. As microexpressões podem ser plenas ou parciais e/ou leves, mas sempre são muito breves. Pode ser de difícil identificação. Larissa Murici Sousa - 71C FCMMG - @medcomlari - Plena: se manifesta claramente, com todos os grupos musculares envolvidos naquela expressão básica. - Micro: muito breve - Parcial: em uma única área do rosto. - Leve: todos os grupos musculares, porém de uma forma mais discreta. O mais difícil: micro (muito rápida) + parcial (uma única área) + leve (sem muita intensidade na expressão). Situações dificultadoras da percepção externa: ● Emoção reduzida: supressão deliberada ou inconsciente de uma emoção. ● Emoção fraca: tentativa fracassada de ocultar uma emoção. Vemos, mas é reduzida. ● Duas emoções misturadas. Expressão: entre 1seg e 2,5seg. CONCLUSÃO Em sua prática, o médico deve observar o que o paciente lhe comunica não verbalmente e interagir com ele a partir desses dados comportamentais. Situações diversas que causariam dissonância na interação entre paciente e médico podem ser desfeitas pela observação atenta do médico, que atuará no sentido de retificar o encaminhamento da consulta. Interação com a equipe → observação dos dados da paralinguagem. A leitura da comunicação não verbal serve unicamente para embasar a atuação empática do médico. Não lhe cabe expor ou confrontar o paciente descrevendo sua percepção das expressões faciais identificadas. --- FASE EXPLORATÓRIA: ANAMNESE - 09/09/20 Tecnologias leves em saúde são aquelas que exercitam ou dizem respeito à relação entre as pessoas. Toda consulta clínica tem duas partes: a fase exploratória (tensão emocional) e a resolutiva (relaxamento). A fase exploratória é aquela na qual o médico vai explorar, conhecer e verificar a queixa do paciente, recolher os dados e realizar o exame físico. Essa fase é composta principalmente pela anamnese e pelo exame físico. Uma vez explorada a queixa, o médico passa para a conduta terapêutica adequada, que se inclui na fase resolutiva. Na fase resolutiva, o médico indica os procedimentos terapêuticos pertinentes e solicita exames complementares para clarear ou refutar a suspeita diagnóstica. É na fase exploratória que se tem a maior tensão emocional por parte do médico, visto que é o momento no qual ele verifica o que é esperado dele por parte do paciente e exercita as suas habilidades de recolhimento dos dados na anamnese. No EF, ele acrescenta dados. Já na fase resolutiva, quando a queixa vai se tornando mais clara, é o momento de relaxamento por parte do médico > já identificou o que está acontecendo, passa para a terapêutica. É justamente no momento de tensão do médico que este deve apresentar uma postura empática, cordial, em conexão com o paciente. Os marcadores de cordialidade são: 1. Receber o paciente com um sorriso 2. Cumprimentar (mão/postura > receber o paciente em pé, abra a porta) 3. Chamar o paciente pelo nome (obs. nome social) 4. Olhar o paciente com atenção (1º minuto) 5. Dar controle ao paciente (informar sobre o que fará, escolher processos em conjunto, apresentar quem está no consultório) Obs. cordialidade, empatia → HÁBITO. No início, é com esforço, depois se torna hábito. Fase exploratória: o médico não deve se perder no raciocínio intuitivo (influenciado pela empatia). O médico não pode se deixar levar pelo campo, que é o que o paciente apresenta, as hipóteses que ele faz… (ex. paciente fala que sempre teve essa dor e que é por isso que está acontecendo a outra coisa…). O pensamento deve ter base em critérios semiológicos, Larissa Murici Sousa - 71C FCMMG - @medcomlari na anamnese focal (HMA) e psicossocial (ex. depressão → dor no peito). Logo, temos que escutar o paciente atentamente, mas manter o raciocínio clínico. Mesmo no exame físico, o médico deve considerar o paciente (pedir licença, falar “deixa eu ver…”). Ainda, pode perguntar o que foi esquecido nesse momento. Exame físico: faz parte da relação pessoal. No sentido simbólico, representa a entrega da intimidade do paciente ao médico (ato clínico). Além disso, a anamnese deve ser integrada ao exame físico. ESTRUTURA DE UMA CONSULTA CLÍNICA: Fase exploratória: - Enquadramento (intencionalidade): “o que o paciente espera de mim, por que ele marcou essa consulta?” - Elaboração de hipóteses precoces - Condutas exploratórias: anamnese e exame físico - Regras de decisão (condição de suficiência): além da conduta terapêutica, saber o que perguntar em seguida. Precisa perguntar mais algo para esclarecer a HD? Já recolhi o necessário, o suficiente? Habilidades de anamnese 1. Escuta ativa → respostas mais longas do paciente. Não cortar o paciente! 2. Anamnese focal → dados para relatório diacrônico (diacronia diz da história = HMA) 3. Anamnese psicossocial → enumerar elementos de estresse ou aspectos emocionais 4. Escuta centrada no paciente → melhora do fluxo de comunicação médico-paciente Dicas-chave: ●Delimitar claramente a demanda: o que o paciente quer? Por que ele veio? → “Em quê posso te ajudar?” ● Prevenir demandas aditivas → precauções para que não apareçam novas demandas no final da consulta. “Tem mais alguma coisa?”. Anotar na próxima linha e não na frente. Se aparecerem muitas demandas, buscar as mais primordiais, mais urgentes. Quando o paciente voltar com os exames complementares, verificar o restante. Essa prevenção deve ser perguntada no início da anamnese o logo ao final do EF. ● Faça um resumo das demandas (negociar o conteúdo da consulta). → Após recolher todas as queixas, você resume: “então, você veio por causa da dor na costela, que você acha que tem haver com a coluna, e por causa da dor de garganta, certo?”. Índices de que não há mais queixas: paciente precisou pensar para encontrar mais, paciente diz “acha pouco?” ou algo assim. Nesse momento, faz o resumo. Consulta clínica: pode usar a patobiografia para registrar os eventos. Linha cronológica que parte do nascimento, tudo que afetou a vida do paciente até ali. Na parte de cima, eventos orgânicos. Na parte de baixo, os eventos psicossociais. ● HPP: cronologia de doenças e eventos físicos (na parte de cima). ● HPS: cronologia dos eventos psicossociais marcantes (na parte de baixo). Isso depende da pessoa, o que marcou ela. Ex. festa de 15 anos mudou a vida da pessoa, pra outra foi normal. Habilidades de comunicação: É importante que a comunicação esteja em fluxo. Empatia: não é o mesmo que simpatia. A empatia é se colocar no lugar do outro/ver a situação com os olhos do paciente, entender que aquele é o ponto de vista dele, que ele funciona a partir desse ponto de vista. O silêncio é comum durante a anotação do médico. O silêncio pode ser incômodo, quando o paciente começa a falar para preencher o espaço. O médico pode registrar e ouvir ao mesmo tempo ou, para que o paciente fique confortável, avisar: agora, vou registrar as informações, ok? ● Silêncio disfuncional: o médico para, a fim de se orientar, e o paciente também fica parado, sem saber o que fazer. Larissa Murici Sousa - 71C FCMMG - @medcomlari ● Silêncio funcional: paciente se concentra, pensa na pergunta. O médico dá espaço para ele pensar, pode provocar certa tensão que propicia o paciente a dizer ou fazer algo que resista. Ex. você disse que está desanimado, você acha que é um desânimo tão intenso que pode ser depressivo? Técnicas de estimulação da fala: 1. Facilitações e expressões empáticas (olhar com aceno positivo de cabeça, sorrir, levantar a sobrancelha) 2. Frases interrogativas (uhum...) 3. Frases por repetição (repetição do que o paciente falou para que ele fale mais, para que explique melhor). Ex. a dor mais horrível que você sentiu? 4. Esclarecimento (expressões que incitem que o paciente fale mais). Ex. como assim? me explique melhor isso... 5. Espelhamento: fazer o gesto que o paciente está fazendo, para que ele sinta que você está entendendo. Mas isso tem que ser muito discreto, ele nem percebe que você está imitando. 6. Leitura textual (escrita do que o paciente está sentindo). Ex. você anota e depois retorna para mostrar que você entendeu → paciente diz “bom, então é isso que está me incomodando”, médico “entendi, é a pior dor que você já sentiu”. 7. Adição sugerida (médico acrescenta um dado que o paciente não trouxe). O médico sempre tem que comprovar com o paciente. 8. Sinalização (fazer o paciente descrever mais uma emoção ou conduta). Ex. Mas o que o senhor sente nesses momentos (emoção)? Você percebe que parece sempre se sentir doente nas vésperas das provas? Técnicas empáticas: 1. Concessão intencional: o médico não cede imediatamente (“vou levar isso em consideração”). Ex. quando o paciente já chega com diagnóstico ou conduta terapêutica. Se o paciente estiver errado, justificar para ele no final. 2. Recondução por objetivos: passar para o que deve ser o conteúdo da entrevista (“entendo sua irritação, mas já que o senhor está aqui, com o que posso ajudar?”). Médico não deve ficar ofendido, deve entender que é um problema com o paciente. Epícrise: Epícrise aberta (sinopse, resumo pontual, análise crítica). Explicar o paciente para nós mesmos em 2, 3 linhas. Leitura rápida, anotada no alto da ficha do paciente. Ex. “O principal problema dele é… Periodicamente, deve controlar…. Se apresentar tal complicação, deve fazer…”. É para lembrar você quem é o paciente, qual é o caso. Escuta centrada no paciente: perguntar ao paciente o que ele acha que está acontecendo com ele. Não é a pergunta inicial da consulta, é quando ele quer que o paciente traga mais dados, porque o médico está confuso com os dados → dar ênfase ao campo, às impressões do paciente. Ex. ah, eu acho que - como eu trabalho com tal coisa - sempre vou ter essa doença. Depois, o médico vai se perguntar: esses dados são reais? São confiáveis (o paciente daria essa resposta para qualquer médico)? São válidos/úteis? Obs. existe essa técnica, que tem o mesmo nome do princípio da escuta centrada no paciente. Técnicas para obtenção dos dados: ● Atenção concentrada do médico: a atenção do médico deve estar centrada no paciente. ● Perguntas abertas: as perguntas abertas são as principais. No início, sempre perguntas abertas. Ela pode ser aprimorada com perguntas fechadas e com cardápios de sugestões. ● Cardápio de sugestões: o médico dá pistas ao paciente a fim de induzi-lo a responder do jeito que o médico precisa. Ex: paciente relata dor em pontada. O médico pergunta se a dor é em mordida ou em apertão. O paciente pode optar por uma ou adicionar outra alternativa (ex. é como uma faca). Outro ex. isso acontece há anos, meses ou dias? → mostrar que o paciente deve dar uma precisão temporal. ● Perguntas fechadas: servem para delimitar itens específicos e aspectos concretos. Deve se ter cuidado com o grau de sugestionabilidade sobre o paciente. Ex. você sente dor? Dói no peito? → A resposta dessa pergunta fechada pode ser verificada com perguntas abertas ou cardápio de sugestões. Ex. “Dói”. “Explique, como é essa dor?” ou Larissa Murici Sousa - 71C FCMMG - @medcomlari “dói em outras partes também, na barriga, na cabeça…?”. Erro comum: realizar perguntas fechadas indutivas que terminam com né? Não é? O paciente tende a concordar com perguntas nesse formato. NÃO USAR NÉ, NÃO É, NÃO É MESMO. Visualização patobiográfica: Há recolhimento da cronologia dos sintomas, enredo (qualidade dos sintomas) e impactos (agravantes ou atenuantes dos sintomas). Cronologia: quando começou, se houve intervalos assintomáticos, ocorrências anteriores, etc. Busque por precisão dos sintomas (datas) e seja minucioso (foi sempre com a mesma intensidade?). Enredo: qualidade dos sintomas pode ser pesquisada por perguntas como: como é, de que tipo, onde inicia e para onde vai, etc. Esse questionamento deve progredir com perguntas abertas > cardápio de sugestões > perguntas fechadas > outra pergunta aberta ou cardápio de sugestões. Peça ao paciente que aponte o local da dor e não só fale, que mostre a direção da dor (direção da dor em vez de “irradiação”, mude a forma de perguntar”). Impacto dos sintomas: importância vital (grau de impedimento na vida do paciente), fatores agravantes e atenuantes, hipóteses do paciente para explicar sua dor. Dicas: ● Quantifique o sofrimento do paciente (escala da dor de 1 a 10, em que grau de 0 a 10 isso te impede de fazer as coisas do dia a dia?). ● Indagar sobre fatores associados ao sintoma (ex. melhora a dor abdominal quando ingere lácteos). Técnica de resumo da informação obtida: após a anamnese, resuma para o paciente os dados que você recolheu. Depois de ler para ele → “tem algo que está errado, que você tiraria? Tem algo além disso, que você adicionaria?”. A participação do paciente na visualização final reforça o vínculo terapêutico. Erros de técnica mais comuns: 1. Antagonismo incalculado: médico se opõe ao paciente de maneira incalculada. 2. Não dar atenção às frases que o paciente diz ao entrar no consultório. Ex. ai, o quinto médicoque eu procuro em um mês → depois: o senhor mencionou que sou o quinto médico que você procura, por quê? 3. Não considerar diagnósticos duplos: muitas vezes são uma soma de situações, acometimentos sincrônicos. 4. Certezas prematuras, fecha o diagnóstico muito rápido e só vai confirmando. Sempre questione seu diagnóstico. 5. Não integrar as informações com a história clínica. Associe com os dados da patobiografia. Erros que devem ser evitados: 1. Médico intuitivo e dependente de campo ● Tende a inventar dados que não comprovou, pois não há um raciocínio clínico, os dados não são recolhidos da maneira certa. ● Atenção flutuante sem um plano de entrevista. Fica dependente do que o paciente traz, não sabe encaminhar a consulta. 2. Paciente bloqueado/lacônico e médico que pergunta no estilo de perguntas fechadas. É a tendência de muitos médicos → leva a um interrogatório induzido. Se você se ver nisso, coloque perguntas abertas (conte mais… o que mais aconteceu?). 3. Ir depressa demais ao plano psicológico. Respeite as defesas do paciente e aguarde um bom momento para recolher o dado. Ex: suspeita de abuso por parte do médico. Não pergunte diretamente a um idoso se o filho que mora com ele usa indevidamente o dinheiro dele. “Coma pelas beiradas”, com perguntas como: como está o seu ânimo? Como está o seu sono? Essas perguntas podem indicar se algo de errado está acontecendo. Deixe o paciente falar sobre o problema. Em alguns casos, pode ser mais direto. --- Larissa Murici Sousa - 71C FCMMG - @medcomlari ALGUNS PERFIS DE PACIENTES - 16/09/20 1. Paciente com agressividade latente 2. Paciente com expectativas de cura milagrosa 3. Paciente pouco concreto 4. Paciente criança 5. Acompanhante invasivo 6. Dificuldade para o salto psicossocial 7. Paciente já conhecido 1. Paciente agressivo Agressividade recoberta por um certo controle, que na postura e modo de dizer se revela. Desastre: - Estilo REATIVO o médico: fica na defensiva ao perceber a agressividade do paciente e não o escuta. - Médico querendo preservar sua autoridade. - É comum o paciente ficar mais reativo e virem demandas aditivas. Solução: Estilo PROATIVO do médico → 1. Não tomar como pessoal; 2. Resposta empática; 3. Delimitação da demanda; 4. Recondução por objetivos. Protocolo de manejo da consulta: Resposta empática → delimitação da demanda (acompanhada de prevenção de demandas aditivas) → recondução por objetivos (médico guia o caminho que a consulta deve tomar). 2. Expectativa de cura milagrosa Solução: - Não dê atenção excessiva e também não desminta os comentários do paciente (ou seja, releve!); - Desative as projeções de onipotência (tirar a ideia de que o médico é um Deus); - Deixe todas as possibilidades em aberto (técnica de contrassugestão → baixar a expectativa). Exemplo errado: Exemplo certo: Protocolo de manejo da consulta: Averiguar dados → desfazer expectativas pouco realistas, ao final da consulta → técnica da contrassugestão (muito me surpreenderia... ). 3. Paciente pouco concreto Paciente que fala pouco, tem respostas sucintas e curtas, necessitando estimular a fala do paciente. - Sair do ideal do “bom paciente”; - Não ser dependente-de-campo (não se perder na fala do paciente); - Realizar técnicas de estimulação da fala; - Técnica de escuta textual (mecanismo de se desprender do paciente e focar nas Larissa Murici Sousa - 71C FCMMG - @medcomlari informações recolhidas, não se deixando influenciar pelo jeito do paciente). Exemplo de médico dependente-de-campo: Técnica de escuta textual: ler o que acabamos de escutar como se fosse escrito e pertencesse a um paciente anônimo. - Trata-se de uma mulher de 55 anos que precisa levantar à noite para urinar. - Tem uma sensação de “nervos nas pernas” que a obriga a levantar, “senão, parece que vou explodir”. - Não há uma síndrome urinária clássica. Hipóteses diagnósticas precoces: - Síndrome das pernas inquietas em uma pessoa que também sofre polaciúria de outra origem. - Um quadro clínico inicial de insuficiência cardíaca com nictúria e certo grau de dispneia paroxística noturna, que a paciente confunde com inquietação. - Ansiedade, que a paciente somatiza com vontade de urinar. Soluções: - Fazer mapa de queixas (não se esquecendo de prevenir demandas aditivas). Anotar todas as queixas, sempre pulando um parágrafo, e depois retorna para fazer HMA de cada queixa. - Criar cenários. Ex. na casa da sua mãe, isso também acontece? - Cardápio de sugestões. - Técnica da hipótese inversa (Você está seguindo na hipótese diagnóstica, mas na sua cabeça você pensa “o que mais poderia ser?”) → para isso utiliza-se o mapa de queixas + patobiografia + escuta textual (desprender-se do jeito do paciente e se concentrar nos dados). - Dados semiológicos relevantes que orientam o enjoo como posicional. - Outros sintomas que será preciso investigar: a) Uma dispneia de esforço → insuficiência cardíaca ou respiratória?; b) Um aumento do enjoo ao sair do quarto → ansiedade? Protocolo de manejo da consulta: Delimitar demanda + mapa de queixas (lembrar de prever demandas aditivas) → narrativa livre + estimulação da fala → relatório clínico (se imaginar tendo que escrever um relatório para entregar para alguém, sobre aquele paciente, observando detalhadamente se algum item está faltando) → escuta textual (“outro” paciente, foco nos dados, desvincular do paciente). 4. Paciente criança - Não se deixar levar pela hipótese dos pais → risco da Lei do 1 + 1 (1 – o pai falou, o outro 1 – você encontrou o sinal que os pais falaram e, dessa forma, conclui o diagnóstico baseado apenas nisso). Larissa Murici Sousa - 71C FCMMG - @medcomlari - Esclarecer os adjetivos que os pais usam para descrever o estado da criança (ex. como assim está amuadinha?). - Fazer mapa de queixas → comprovar com a própria criança os sinais e sintomas. Talvez, ela acrescente informações. Exemplo errado: Médico sequer perguntou desde quando a criança está cansada. Influenciado pelas hipóteses dos pais... Orientação: 1. Recolher os dados com os pais; 2. Fazer boa anamnese, não se deixando levar pela hipótese dos pais; 3. Espaço para conversar com a criança: no exame físico (maca). - Fazer rapport (iniciar por assuntos lúdicos ou escolares → forma de realizar vínculo com a criança). Exemplo correto: Protocolo de manejo da consulta: Recolher dados com os pais → não se perder na dependência do campo (hipóteses dos pais) → verificar sintomas com a criança. 5. Acompanhante - Fonte de dados; - Suas opiniões podem influenciar positivamente o paciente; Perguntar: por que foi acompanhado? Ele quer um apoio? O médico pode usar do acompanhante para ajudar, por ex, na questão do tratamento. - É aliado do médico, e não inimigo. Se o acompanhante não deixa o paciente falar: Habilidades de comunicação! - “Ponte” (= passar a bola). Ex: acompanhante fala – “ele está dormindo demais, dorme o dia inteiro.” Você então olha para o paciente e fala – “Então seu José, o senhor dorme o dia inteiro mesmo?”. - “Esvaziamento da interferência”: separa um momento e pede o acompanhante para contar tudo (interferência = acompanhante). - “Pacto de intervenção” → É feito um combinado: “Dona Maria, você já me explicou, mas agora preciso que o seu José me fale do jeito dele, para eu poder entender melhor o caso”. - Criar “outro ambiente” (sala, maca). Protocolo de manejo da consulta: Recolher dados com o paciente → ouvir o acompanhante sem deixá-lo ser o protagonista da consulta → usar técnicas de inibição do acompanhante invasivo (acima). 6. Dificuldade para o salto psicossocial Geralmente o paciente procura o médico para causas orgânicas, então quando o médico tenta entrar na área psíquica, muitas vezes ocorre uma resistência por parte do paciente, principalmente se ele sabe que existe um fundamento naqueles questionamentos. Solução: - Não ser um entrevistador intuitivo (dependente-de-campo); - Técnica do Relatório Clínico (verificar “como”, “quando” e “onde” dos sintomas; pense se está suficientepara passar esse relatório do caso para alguém, pelo menos os dados básicos); Larissa Murici Sousa - 71C FCMMG - @medcomlari - Facilitadores para o salto psicossocial: sono e estado de ânimo; - Resistência do paciente pode acontecer. Pode ajudar dizer que precisamos entender para além do campo orgânico, pois outros aspectos da vida podem estar relacionados. Exemplo errado: Exemplo correto: O paciente fala que não é nervosismo mesmo sem essa ser a pergunta do médico. Provavelmente, essa resistência indica que há sim um nervosismo. HD: estresse → labirintite → enjoo. Protocolo de manejo da consulta: Perguntar sobre o sono → perguntar sobre o estado de ânimo → no caso de resistência do paciente: justifique a importância de conhecer outros aspectos além dos orgânicos. 7. Paciente já conhecido Soluções: - Estar com ele como se fosse a primeira vez (= “começar do zero”). - Mapa de queixas + prevenção de demandas aditivas. - Revisar antecedentes familiares e história pregressa + patobiografia (revisar se já tiver). - HMA sempre sob nova perspectiva (visualização patobiográfica = recolhimento da cronologia, do enredo e do impacto… aqueles atributos do sintoma). Exemplo correto: - O médico permanece concentrado em sua tarefa até determinar uma síndrome tóxica com um mês de evolução sobre a qual se instalou uma bronquite aguda autolimitada. - Os estudos posteriormente demonstraram que se tratava de uma neoplasia de estômago que começou a invadir a região periportal. - Se o médico tivesse insistido na sua primeira hipótese (“Prolongar sua licença médica devido à bronquite”), teria demorado em fazer o diagnóstico e recebido a acusação: “O senhor dizia que eu tinha uma bronquite e na verdade estava com um câncer”. Protocolo de manejo da consulta: Começar a consulta “do 0” + mapa de queixas → visualização patobiográfica (cronologia-enredo-impacto) → escuta textual (“outro” paciente; distanciar daquele paciente). --- FASE RESOLUTIVA DA CONSULTA - 22/09/20 Fase em que o médico se encontra mais relaxado, após a tensão inicial da fase exploratória. O cerne dessa fase é a informação dada ao paciente em relação ao que foi recolhido da fase anterior. Deve ser dada atenção à adesão ao tratamento e propostas de mudanças de hábitos. Larissa Murici Sousa - 71C FCMMG - @medcomlari Fase exploratória: anamnese + exame físico → HD precoces → verificação das HD. Fase resolutiva: diagnóstico delineado (mesmo que não completamente fechado) → exames complementares (se necessário) → plano terapêutico (medicação, dieta) e educativo (sugestões de hábitos de vida). MOTIVAÇÃO DO PACIENTE 1. Conselho explícito → mensagens unidirecionais. 2. Entrevista motivacional → consulta que promove uma motivação no paciente, para que ele siga a proposta de tratamento. 3. Modelos de influência interpessoal. ESTRUTURA DA FASE RESOLUTIVA A fase resolutiva é composta por uma entrevista semi-estruturada: ● Informar a natureza do problema encontrado (enunciação) ● Propor um plano de ação (diálogo) ● Explicar o tratamento e a evolução prevista ● Comprovar a compreensão do paciente e o seu consentimento ● Tomar precauções (colocar-se à disposição) e concluir. Emissão da informação: ir direto ao assunto; ser breve, com frases curtas e pausadas; evitar termos de impacto emocional; confirmar o entendimento do paciente; instruções por escrito (não apenas os medicamentos, mas qualquer orientação importante). Termos de impacto emocional a serem evitados: câncer (dizer tumor), agressivo (dizer persistente/ativo), incurável (crônico/persistente), maligno (ativo/consistente). No caso do paciente usar o termo emocional, use as palavras usadas por ele. Não prometa nem o bom e nem o ruim, mas seja honesto. ENUNCIAÇÃO ● Quanto ao número de itens ○ Simples – um item Ex: o sr. tem uma bronquite crônica. Sabe o que significa? ○ Múltipla – mais de um item Ex: o senhor tem vários problemas – lista – mas vamos nos concentrar nesse e nesse hoje. ● Quanto a forma que se passa a informação ○ Parcimoniosa – devagar/passo a passo Usada quando se acredita que a orientação médica não coincide com as expectativas positivas do paciente. A informação é dada no decorrer do diálogo, e não de uma vez. Usada quando o diagnóstico não coincide com as expectativas positivas do paciente; abre período de ambivalência (faz o paciente começar a pensar de outro jeito); ajuda na acomodação psicológica; negocia o entendimento da doença; deve ser feita sem mentir ou alterar o prognóstico. ○ Autoritária – diz de algo impactante de forma mais brusca (cai na prova) Busca promover uma ancoragem diagnóstica; quando for necessário fazer o paciente entender que a condição dele é grave. Provoca uma ancoragem diagnóstica (acordar o paciente, prender o paciente no diagnóstico, fazer ele se dar conta do diagnóstico); situações clínicas graves; paciente assumir o diagnóstico; risco de perder o paciente (usar técnicas, importância do vínculo). Dicas: leitura da expressão sutil (comunicação não verbal) + resposta avaliativa (retornar para o Larissa Murici Sousa - 71C FCMMG - @medcomlari paciente, para que ele fale o que ele está pensando, o que está entendendo → dar sequência com argumentos mais fortes...). PARTE FINAL DA CONSULTA MÉDICA ● Confirmar a assimilação, o entendimento do paciente sobre as orientações (sem censurar): vai lembrar de como tomar os remédios? → Postura colaborativa e não de censura. ● Tomar precauções: caso não melhore, não deixe de retornar + forneça contato e horário (disponibilidade, para caso o paciente fique inseguro). Explicar o que é esperado: a medicação pode não fazer efeito rapidamente, por ex. ● Encerre a consulta. SEGURANÇA PARA A PRESCRIÇÃO Sempre verificar sobre alergia, perguntar se já usou o remédio e como foi (já tomou o ATB? Fez bem para você?), já foi receitado para essa doença algo que fez bem ou mal? Anotar no histórico (bons e maus medicamentos). PERFIS DE PACIENTES: TÉCNICAS PARA ADESÃO 1. Com demanda de saber → passar informação, cartilhas, sites… 2. Com dificuldade para seguir as demandas terapêuticas → motivação. 3. Com desejo de controle do processo terapêutico → negociação e participação nas tomadas de decisão, muitas vezes tendo que argumentar/justificar as propostas. Técnicas de informação ● Identificar as áreas de interesse e expectativas do paciente (sondar o que o paciente sabe ou quer saber sobre a doença); ● Informar sobre a natureza do problema (uso da exemplificação, analogias > usar para vários tipos de paciente, sem preconceitos); ● Buscar a participação do paciente: ○ Inversa à reatividade do clínico (não sair só explicando sem o paciente entender, sem perguntar o que o paciente está pensando); Não ser reativo. ○ Técnica da racionalidade da medida terapêutica (explicar como o medicamento age, o que é esperado). Exemplo de racionalidade da medida terapêutica: Larissa Murici Sousa - 71C FCMMG - @medcomlari Com as técnicas de informação: ● Explicar a evolução prevista, dando controlabilidade ao paciente. Ex. técnica estereognóstica (demonstrar); ● Detalhar as instruções e mudanças comportamentais; ex. construir a rotina para tomar os medicamentos. ● Usar elementos táteis e visuais para explicar (intuitivos); Ex. livros, esculturas... ● Instruções por escrito. Técnica estereognóstica: demonstração de uma situação, para que a pessoa compreenda. Ex: Motivar para a adesão ao tratamento: é importante que o médico detecte a má adesão, retirar preconceitos (não são apenas idosos e pessoas de baixa renda que não entendem ou que não querem aderir); padrão de conduta típica de um perfil; Perguntas facilitadoras para a confissão → com tantos remédios, fica uma confusão, né? É comum deixar de tomar alguns comprimidos. É o seu caso? Apoiar a boa predisposição do paciente (o senhor veio até aqui e isso é importante; valorizar o pouco que o paciente está fazendo); ser realista e priorizar os objetivos, um passo atrás do outro (ex. tirar alguns comprimidos que são menos importantese ir incluindo com o tempo…). Buscar apoio nos profissionais da enfermagem. Simplificar ao máximo os registros terapêuticos: dose única diária (ou até semanal) se possível; via oral é mais fácil; baixa iatrogenia (nenhum ou poucos efeitos colaterais); máxima compatibilidade com a dieta → sempre na medida do possível. MUDANÇA DE HÁBITOS É necessário entender que o hábito é algo meio automático e, por isso, apresenta uma inércia. Para uma mudança, o paciente deve perceber que terá gratificação, que terá vantagens → sempre é necessário esforço! 4 modalidades de influência do médico: conselho, persuasão, negociação e pedido. 1. Conselho → é unidirecional. É o paciente quem decide se vai seguir ou não. Não propicia um diálogo. Pode ser inoculado, de forma que o paciente não percebe que o recebeu, ou explícito > argumentação, identificação ou apelo emocional. 2. Persuasão → diálogo (bidirecional), mas sem coação ou ordem. Pode ser confrontativa/diretiva ou motivacional. Larissa Murici Sousa - 71C FCMMG - @medcomlari Motivacional → intervenção surpreendente do médico que provoca a mudança → Protocolo: ● Clima empático ● Criação de divergências “internas”: usar o argumento do próprio paciente para que ele perceba uma contradição. * ● Evitar a argumentação: facilitar a reflexão do paciente para ele mesmo se convencer, ele mesmo deve enxergar ou ver a contradição. ● Absorver a resistência: concordar com o paciente sem desistir da persuasão. ● Favorecer o sentido da autoeficácia: valorizar o que o paciente já conseguiu. Outros exemplos: 3. Negociação → acordo/adiamento/desacordo (com resolução forçada). Antes de justificar e impor seu critério (antes de argumentar), permita ao paciente que se justifique, explique como ele pensa → Técnica da resposta avaliativa (dar espaço para conhecer as crenças e as opiniões do paciente, entender o paciente) → item básico para passar à persuasão ou à negociação. Negociação (passos): ● Resposta empática: “entendi, sei, estou ouvido…”; ● Legitimar ou normalizar a opinião do paciente, mesmo se for divergente. Ex. “A sra tem razão em achar mais prático dessa forma”. “Muitos pensam como a sra…” ● Negociação: “Mas, não seria possível fazer de um outro jeito?”. Protocolo de confrontação de opiniões: ● Informação negativa ● Plano de ação ● Exposição dos benefícios ● Facilitação do comprometimento Após conhecer as crenças, o médico pode se contrapor a elas por três formas: Larissa Murici Sousa - 71C FCMMG - @medcomlari Modos de cedência: 4. Pedido: são ordens, mesmo aqueles ditos cordialmente ou sugeridos. É uma ordem, mas o paciente pode obedecer ou desobedecer (resolução forçada). Às vezes, vêm com imposição de prazo: “se você não fizer o exame em até três meses, seu quadro clínico pode se complicar…” → aqui, é um conselho explícito e um pedido. Assim, as categorias podem se sobrepor. https://ead.cmmg.edu.br/mod/quiz/view.php?id=8647 --- COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS - 28/09/20 Más notícias são qualquer diagnóstico ou impressão que tenha impacto emocional negativo. O modo de comunicar a má notícia influencia diretamente a adaptação posterior do paciente. Por isso é que existem protocolos. O local a ser dada a má notícia deve ser privado, e ela deve ser transmitida de modo seguro e tranquilo, com preferência de uso de palavras de baixo conteúdo emocional. Em caso de falecimento imprevisto, é muito importante que a notícia seja dada pelo médico assistente (aquele que estava acompanhando o paciente), que deve ser claro quanto ao falecimento (utilizar palavras como “faleceu”, “veio a óbito”), mas não afoito (contar a evolução do quadro clínico antes de dar a notícia da morte, mas não enrolar para não gerar ansiedade… tem que saber dosar). Ex do PA: paciente chegou no PA às 6 da tarde e faleceu às 7. Quando foi chamado o familiar, que não sabia da condição do paciente, o médico pode investigar antes de relatar a notícia, tanto para preparar o familiar quanto para recolher informações, mas lembrar de usar o verbo no presente (“Que doenças ele tem? Ele toma alguma medicação?”). Então, seu pai chegou com o quadro tal, aconteceu tal coisa, e ele faleceu. Frases de conforto para a família: ● “Recebeu todos os cuidados necessários”; ● “Vocês fizeram tudo o que estava a seu alcance” (quando é verdade); ● “O sofrimento foi mínimo”; ● “Esteve acompanhado todo o tempo”. Não se comunica notícias de extrema gravidade ao telefone; Auxiliar administrativo chama os familiares, sem dar mais informações. Se inevitável, se precisar mesmo ser por telefone: 1. Identificar a pessoa ao telefone; 2. Selecionar o familiar mais competente; 3. Cuidar da segurança do familiar. Ex. pedir para não dirigir. PROTOCOLO SPIKES S – Setting up the interview (Planejando a entrevista): médico pensando sozinho como irá dar a má notícia e onde; P – Perception (Avaliando a percepção do paciente); I – Invitation (Obtendo o convite do paciente); K – Knowledge (Dando conhecimento e informação ao paciente); E – Emotions (Abordar as emoções do paciente com respostas afetivas); https://ead.cmmg.edu.br/mod/quiz/view.php?id=8647 Larissa Murici Sousa - 71C FCMMG - @medcomlari S – Strategy and Summary (Estratégia e Resumo). Proposta do tratamento. S – Setting up the interview (planejando a entrevista): ● Ensaio mental; ● Plano de como contar a má notícia, fazer uma linha diretiva; ● Plano de como responderá às reações emocionais do paciente ou às perguntas difíceis da família/paciente; ● Local privado, sem distrações; ● Um ou dois acompanhantes, à escolha do paciente; ● Posição sentada transmite para o paciente que você reservou um tempo para ele, que está à disposição (médico e paciente); Paciente sentado também. ● Conecte-se com o paciente (olhar, toque no braço, mão ou ombro); Esse toque antes de contar a notícia, depende da preferência de cada um e do paciente. ● Cuide do tempo e das interrupções. P – Perception (Avaliando a percepção do paciente): ● Funciona sob um Axioma: “antes de contar, pergunte” (1ª parte). Escute o que o paciente espera… Não demorar muito, ritmo adequado. ● Perguntas abertas para ver como o paciente está percebendo seu quadro: “Qual a sua compreensão sobre as razões por que fizemos a RM?” ou “O que já lhe foi dito sobre seu quadro clínico até agora?”; ● A partir daí você poderá corrigir desinformações e moldar o modo como dará a má notícia; ● Observar se há negação ou pensamento mágico. I – Invitation (Obtendo o convite do paciente): ● Axioma: “antes de contar, pergunte” (2ª parte); ● Respeitar o modo do paciente lidar com o detalhamento da informação. Alguns querem saber tudo, mas outros buscam se esquivar da informação; Se ele não quiser detalhes, colocar-se à disposição para responder posteriormente o que ele quiser saber. ● Dica: previamente, ao pedir os exames, perguntar como quererá ser informado sobre os resultados; ● Caso haja resistência, oferecer para conversar com um familiar ou com um amigo ou com ele mesmo quando quiser. K – Knowledge (Dando conhecimento e informação ao paciente): ● Momento da notícia em si; ● Anunciar que será má notícia pode minimizar o choque e facilitar o processamento da informação. “Infelizmente eu tenho más notícias a lhe dar” ou “Sinto ter que lhe dizer que...” (após, anunciar a notícia rapidamente, sem enrolar); ● Nível de compreensão e de vocabulário do paciente; ● Evitar termos técnicos (metastático -> espalhado); ● Evitar termos de carga emocional de impacto; ● Informar em etapas e conferir a compreensão. E – Emotions (Abordar as emoções do paciente com respostas afetivas): ● Parte mais difícil para os médicos (pesquisas); ● Respostas variadas: silêncio profundo, incredulidade, choro, negação ou raiva; ● Choque + isolamento + dor (existencial); ● Etapas: 1. Observe sinais de emoção no paciente; 2. Pergunte o que ele está pensando ou sentindo; (respeitar se ele quiser falar ou não) 3. Pergunte sobre a razão dessa emoção; (além do próprio conteúdo da notícia) 4. Palavras e gestosde conforto + afirmativas afetivas, exploratórias (paciente falar mais sobre o que ele está sentindo) e validadoras. Depende do médico e do paciente. Médico pode dizer que está à disposição, que sente muito, etc. Larissa Murici Sousa - 71C FCMMG - @medcomlari S – Strategy and Summary (Estratégia e Resumo): ● Só passar para esta etapa quando as emoções estiverem mais apaziguadas; ● Perguntar ao paciente se está pronto para falar do tratamento e se aquele seria o momento; ● Ver a opção de um acompanhante, caso não haja; ● Tomada de decisão conjunta; Explicar, esclarecer todas as dúvidas. ● Retomar a proposta a partir do que ouviu de expectativas do paciente na etapa 2 – Perception; ● Expectativas não realistas -> dica: pedir para o paciente recuperar a história da doença; ● Compreender os objetivos específicos do paciente. Ex. “eu não quero sentir dor” ou “eu aguento a dor, mas não quero ficar inconsciente”. Principais Características do SPIKES: ● Promove interação dinâmica médico-paciente; ● Médico é guiado pela compreensão, pelas preferências e pelo comportamento do paciente; → escuta ativa e postura empática. ● Culminando em uma abordagem flexível e humana. --- POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO - 19/10/20 HUMANIZAÇÃO ● Práticas e recursos voltados para a ampliação da relação entre profissionais e pacientes/familiares. ● Não endurecer o olhar frente ao sofrimento do outro, em meio à rotina do serviço. ● Entender e escutar as opiniões e necessidades. ● Profissionais + infraestrutura + processos. ● Paciente busca alívio e conforto pessoal para além da resolução do problema de saúde. PNH: orienta os serviços de saúde. - 1190: Lei Orgânica da Saúde (8.080/90). - 2000: Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH) > visava introduzir os princípios da humanização no setor terciário. - 2003: Política Nacional de Humanização (PNH) > não é um decreto, é uma proposição para que - em todos os serviços do SUS e em todos os níveis - as orientações fossem aplicadas. PNH Para quem é o PNH? ● Trabalhadores (todos do serviço) → atenção. ● Usuários → atenção. ● Gestores → gestão. Obs. trabalhadores e usuários podem se tornar gestores. Para que é o PNH? Melhora do cuidado com o usuário + valorização do trabalho e dos trabalhadores. Como? ● Grupos de trabalho de humanização (GTH) ● Descentralização: ajuste às singularidades das situações locais ● Aprimoramento dos processos, da organização, da resolubilidade e da qualidade Princípios: ● Sustenta e promove um determinado movimento na perspectiva de uma política pública. ● Transversalidade: comunicação sujeitos-serviços. ● Indissociabilidade: atenção-gestão. ● Protagonismo e autonomia dos sujeitos e coletivos: corresponsáveis nos processos de gerir e cuidar. Diretrizes: ● Orientações específicas da política. ● Clínica ampliada: saúde como objeto + complexidade biopsicossocial + contexto (social e cultural). ● Acolhimento: postura que promove integralidade na assistência. Larissa Murici Sousa - 71C FCMMG - @medcomlari ● Cogestão: construção compartilhada. ● Valorização do trabalho e do trabalhador. ● Direitos do usuário. ● Construção de grupalidades, coletivos e redes. Dispositivos: tradução das diretrizes em arranjos operativos. ● Gestão colegiada: um grupo na gestão de cada serviço. ● Contratualização. ● Organização do atendimento por prioridades clínicas (classificação de risco com protocolos). ● Direito à visita aberta e ao acompanhante. ● Equipes multiprofissionais. ● Orientação e gestão da clínica (PTS). ○ Plano terapêutico singular/individual ● Escuta qualificada (ouvidoria): importância da opinião dos usuários. Intervenções: perspectiva pedagógica. ● Dimensão programática (planejamento) com objetivos e metas de situações desejadas ● Mobilização dos sujeitos/equipes para, inclusive, avaliar processos e resultados Sempre avaliar, criticar, no sentido de avançar, aprimorar. O SISTEMA DE SAÚDE E A CONSTITUIÇÃO Obs. setor privado faz parte do SUS. SUS: descentralizado, regionalizado, sistema hierárquico → visa um equilíbrio entre a demanda e o acesso aos serviços de saúde. Campo privado: complementar aos serviços públicos. Princípios e diretrizes do SUS: universalidade, equidade, integralidade, descentralização, participação popular, resolubilidade, acessibilidade, racionalização e priorização, complementaridade do setor privado. Setor privado = 25% do SUS. Níveis de saúde: ● Primário: atenção básica. Promoção e prevenção da saúde; diagnóstico precoce; acompanhamento; cuidados paliativos. ● Secundário (complexidade média): diagnóstico precoce, diagnóstico a tempo, tratamento, acompanhamento, reabilitação, cuidados paliativos. É o nível das especialidades. ● Terciário (média e alta complexidades): campo das instituições hospitalares. Diagnósticos mais complexos, tratamento e acompanhamento, reabilitação, suporte para cuidados paliativos. ---
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