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Luísa Ribeiro- MED 105 Princípios da função gastrointestinal Funções do sistema digestório • Motilidade- impulsiona o alimento ingerido a partir da boca até o reto • Secreção- contribui para a digestão dos alimentos (enzimas, HCl) e absorção dos nutrientes • Digestão- degradação dos alimentos em moléculas passíveis de absorção • Absorção- proporciona a captação de nutrientes, eletrólitos e água • Excreção- eliminação dos produtos não absorvidos Integração, coordenação e regulação das funções digestivas • O alimento/água entra pelo esôfago (após ser macerado na boca), que é um tubo desde o final da boca até a o estômago • A digestão do alimento começa pela boca, contudo a maior parte começa no estômago (formando o quimo), terminando apenas no intestino delgado • No intestino delgado ocorre o final da digestão e o início da absorção, enviando nutrientes para a corrente sanguínea- propulsão e mistura com secreções • Toda a circulação que passa pelo intestino irá desembocar no fígado, pois é lá que eles são processados, armazenados e posteriormente liberados para o resto da circulação • No intestino grosso (cólon) ocorre a maior parte da absorção dos eletrólitos e água • Ao final, o que não conseguimos absorver (muita fibra), passa pelo reto, canal anal e sai pelo ânus por meio das fezes Viagem pelo TGI • É através da digestão dos alimentos que conseguimos energia para a manutenção do nosso organismo • Para haver a digestão, os alimentos precisam passar pelo tubo digestivo, ficar um determinado tempo em cada porção do tubo digestivo, entrar em contato com as secreções digestivas e depois de digeridos, serem absorvidos e distribuídos pela corrente sanguínea • Todos esses processos são controlados pelo sistema nervoso e hormônios Motilidade e sistema nervoso entérico • Conhecer o caminho- anatomia fisiológica da parede do TGI (o plano geral do tubo digestivo) • Existe uma túnica mucosa (epitélio, lâmina própria e muscular da mucosa) • Subjacente, temos a túnica submucosa, que contém o Plexo submucoso o Função- controlar os movimentos da mucosa e a secreção das glândulas que ficam tanto na submucosa, quanto na lâmina própria Luísa Ribeiro- MED 105 • Entre a camada circular interna e a longitudinal externa, temos o Plexo mioentérico o Função- controla a motilidade da túnica muscular externa e na peristalse • O motor que fornece a energia - músculo liso gastrointestinal (GI) e sua atividade elétrica • Como controlar a aceleração, desaceleração e o freio durante o processo- sistema nervoso entérico formado pelo plexo mioentérico ou de Auerbach (fica entre a camada muscular externa e a camada circular, controla a motilidade da túnica muscular externa) e plexo submucoso ou de Meissner • Fatores externos que podem nos fazer acelerar ou desacelerar- sistema nervoso simpático (desacelera) e parassimpático (acelera), hormônios Músculo liso • No TGI ele é do tipo unitário, ou seja, funciona como uma massa de centenas a milhares de fibras pequenas e fusiformes que se contraem ao mesmo tempo, como um sincício • Suas membranas estão aderidas em vários pontos, de modo que a força gerada em uma fibra é transmitida à seguinte • As membranas estão ligadas por junções comunicantes (do tipo gap) o Através destas, os íons, principalmente Na e Ca, podem fluir livremente de uma para outra fazendo que se contraiam em conjunto • Necessita de cálcio para a sua contração (além de sódio, que causa sua despolarização), pois ele se liga à calmodulina, responsável por ativar a miosina • Normalmente, o potencial de repouso da célula é em torno de -56 mV, quando ela fica mais positiva, dizemos que ela está sendo despolarizada (começa a relaxar); quando está mais negativa, dizemos que está hiperpolarizada (contrai mais) Atividade elétrica do músculo liso gastrointestinal • É excitado por atividade elétrica intrínseca, contínua e lenta • Esta atividade consiste em 2 tipos de ondas elétricas • Ondas lentas o Não são potenciais de ação, e sim variações do potencial de repouso o Não irão provocar peristalse o Geralmente determinam o ritmo das contrações do GI o Parecem ser resultantes da interação das células musculares lisas com as células intersticiais de Cajal, que é o marcapasso intestinal o Normalmente não causam contração (pois não atinge o potencial da membrana, nem está associada ao cálcio), mas são responsáveis por estimular o disparo dos potenciais em ponta que geram a contração o Não estão associadas à entrada de cálcio (gerador do potencial de ação) na célula muscular, apenas sódio • Potenciais em ponta (ou em espículas) o São potenciais de ação o Surgem quando a membrana fica mais positiva do que -40 mV o Gerado pela entrada de cálcio e sódio (Canais sódio-cálcio) Mudanças na voltagem do potencial de repouso da membrana • Potencial da membrana elevado- menos negativo, tende a ocorrer despolarização, aumenta excitação e aumenta contração o Esses acontecimentos são estimulados por meio da despolarização pelo Luísa Ribeiro- MED 105 parassimpático, distensão do tubo digestivo quando nos alimentamos, acetilcolina e hormônios gastrointestinais específicos • Potencial de membrana reduzido- mais negativo, hiperpolarização, diminui excitação, diminui contração, podendo até parar totalmente o Esses acontecimentos são estimulados pelo sistema nervoso simpático, epinefrina Controle neural da função GI • O TGI tem um sistema nervoso próprio- SN entérico o Função- ajudar a regular as funções e movimentações do trato gastrointestinal • Localiza-se na parede do TGI • Composto por 2 plexos o Plexo mioentérico ou de Auerbach- camada muscular externa o Plexo submucoso ou de Meissner- camada submucosa • Junto com isso, temos fibras simpáticas, parassimpáticas e sensoriais que se conectam a estes plexos e ajudam no controle do TGI o Simpático- inibidor o Parassimpático- estimulador • As células do epitélio gastrointestinal são ligadas a fibras sensoriais, quando essas células se distendem, as fibras mandam informações para os gânglios pré-vertebrais, medula espinhal e tronco cerebral o Também levam essa informação para o Plexo mioentérico, e é ele quem age imediatamente Motilidade gastrointestinal • Refere-se à contração e relaxamento das paredes e dos esfíncteres do TGI- normalmente os esfíncteres ficam fechados e só se abrem com o estímulo da passagem do alimento • Tem a função de misturar o alimento com as secreções • Reduzir o tamanho das partículas dos alimentos (pois essa mistura provoca quebra das partículas dos alimentos) • Impelir o alimento ao longo do TGI • Há dois tipos básicos de contração da musculatura lisa gastrointestinal o Contração fásica- contração e relaxamento periódicos, é a que acontece na peristalse o Contração tônica- contração mantida e sustentada, ocorre nos esfíncteres, pois eles ficam sempre contraídos e só relaxam se tiver algum sinal químico/nervoso para isso acontecer. Essa contração constante é muito importante para evitar o refluxo do conteúdo ácido estomacal • Movimentos propulsivos- é o peristaltismo o Fazem com que o alimento percorra o trato com uma velocidade apropriada para digestão e absorção o Requer um plexo mioentérico ativo o Ocorre o surgimento do anel contrátil na musculatura circular o O estímulo usual é a distensão do TGI, mas também pode ser por irritação física, química ou sinais do parassimpático • Movimentos de mistura- diferem nas várias partes do TGI, sua função é literalmente realizar uma mistura do bolo alimentar • Lei do intestino- oreflexo peristáltico sempre na direção é anal o Pode falhar em algumas situações, como no vômito Luísa Ribeiro- MED 105 Controle hormonal da motilidade gastrointestinal • Efeitos hormonais são mais importantes para as funções secretórias do que para a motilidade • Colecistocinina (CCK)- inibe o esvaziamento gástrico, causa contração da vesícula biliar e secreção pancreática • Motilina- estimula a motilidade gástrica e intestinal • Esses dois hormônios são antagônicos Resumo da regulação e controle da função GI • Sistema nervoso entérico- um dos que regulam a função do TGI, principalmente pelo controle a motilidade por meio do plexo mioentérico • Sistema nervoso autônomo- simpático (relaxa) e parassimpático (estimula) • Fibras nervosas sensitivas- fazem o controle local, das sensações, mandam as mensagens para que os sistemas comecem a agir • Hormônios endócrinos- são gerados e carreados pela corrente sanguínea para agir em local diferente de onde foi gerado • Hormônios parácrinos- não precisam ser transportados, pois sua ação se dá na célula vizinha em que foi gerado • Volume e composição do conteúdo luminal- o volume do alimento estimula a peristalse, quando não tem nenhum ou pouco volume, a peristalse não acontece, ou acontece de forma pouco efetiva o Quando há conteúdo tóxico/muito ácido, pode alterar a motilidade do TGI, por exemplo, acelerando-a para que seja eliminado de forma mais rápida Fluxo sanguíneo gastrintestinal- “a circulação esplâncnica” • Inclui vasos do intestino, baço, pâncreas e fígado • Todo sangue que passa por esses vasos, passa imediatamente para o fígado através da veia porta • Dentro do fígado, o sangue passa pelos milhões de sinusóides hepáticos e saem pela veia hepática, que deságua na veia cava inferior • Tais sinusóides contam com células retículo-endoteliais cuja função é remover bactérias e outros materiais particulados que podem ter adentrado a corrente sanguínea pelo tgi o Com isso, evita que materiais nocivos caiam na circulação geral • Além disso, as células retículo- endoteliais, juntamente com as células parenquimatosas do fígado, as células hepáticas, absorvem e armazenam cerca de metade dos nutrientes hidrossolúveis não- gordurosos • Grande parte do processamento químico intermediário acontece nas células hepáticas • Quase todos os nutrientes gordurosos são absorvidos nos linfáticos intestinais, e posteriormente conduzidos até o ducto torácico, sem passar pelo fígado • Anatomia do suprimento o As artérias mesentéricas superior e inferior irrigam as paredes do intestino delgado e grosso o Ao penetrarem na parede intestinal, se ramificam em artérias menores que irão circundar o intestino em todas as direções o Essas circundantes darão ramos ainda menores, que irão penetrar na parede do intestino e se propagar: o 1) ao longo dos feixes musculares o 2) nas vilosidades intestinais Luísa Ribeiro- MED 105 o 3) pelos vasos da submucosa, sob o epitélio, suprindo as funções secretoras e absortivas do intestino Efeito da atividade intestinal e dos fatores metabólicos sobre o fluxo gastrointestinal • Em condições normais, o fluxo em cada área e cada camada o tgi está relacionado com o nível de atividade daquele local • Após a refeição, o fluxo aumenta na camada muscular em razão da peristalse necessária para conduzir o bolo alimentar por todo o tgi • Já na fase absortiva, o fluxo aumenta nas vilosidades e regiões adjacentes da submucosa • Alguns fatores são apontados como responsáveis pelo aumento desse fluxo o 1) liberação de substâncias vasodilatadoras, maior parte delas sendo hormônios peptídicos (CCK, peptídeo intestinal vasoativo, gastrina e secretina) o 2) liberação de cininas na parede intestinal (calidina e bradicinina) por meio algumas glândulas gastrintestinais, as quais são potentes vasodilatadores com importante ação a no processo de secreção realizado pela mucosa o 3) o aumento da atividade metabólica na mucosa e parede intestinal provoca diminuição da [ ] de O2, e isso pode aumentar o fluxo em até 100%. A baixa de O2 pode resultar na liberação de 4x mais adenosina, um outro potente vasodilatador Controle nervoso do fluxo sanguíneo gastrintestinal • A estimulação parassimpática do estômago e porção inferior do cólon aumenta o fluxo sanguíneo local, ao mesmo tempo que aumenta a secreção glandular • De modo contrário, a estimulação simpática exerce efeito direto sobre o tgi, causando intensa vasoconstrição das arteríolas, reduzindo significativamente o fluxo sanguíneo • Depois de alguns minutos, o fluxo volta ao normal por ação do “escape auto- regulador”- mecanismos vasodilatadores locais que atuam sob isquemia, recuperando vasodilatação das arteríolas e o fluxo necessário para as glândulas e músculos gastrointestinais • Essa queda do fluxo sanguíneo no tgi é muito importante quando outras partes do corpo precisam de fluxo adicional de sangue, por exemplo, sob exercício intenso o músculo esquelético e cardíaco precisam de mais sangue • No choque circulatório (partes vitais correm risco de morte por escassez de sangue), o SNP reduz o fluxo sanguíneo esplâncnico, desviando o sangue para as partes do corpo que estão em risco, particularmente cérebro e coração • O SNP também consegue deslocar sangue das veias intestinais e mesentéricas de grande volume para o coração, aumentando o retorno venoso e às vezes salvando a vida do indivíduo, como no choque hemorrágico, em que esse mecanismo pode proporcionar até 400 ml de sangue adicional para a circulação geral. Etapas do sistema digestivo 1ª etapa- mastigação • Deve ser feita lentamente, porque todas as enzimas digestivas só agem na parte externa da molécula de alimento, por isso precisamos quebrar em pedaços de tamanho menor Luísa Ribeiro- MED 105 possível para absorvermos todos os nutrientes possíveis • Além disso, a devida trituração do alimento evita escoriações do TGI e aumenta a facilidade do seu trânsito • Usamos os dentes incisivos para rasgar/cortar e os molares para triturar/amassar • O controle da musculatura é feito pelo 5° par craniano (trigêmeo) e tronco encefálico (pessoas com lesão encefálica não consegue mastigar devidamente) • Reflexo mastigatório- a presença do bolo alimentar inicialmente causa inibição reflexa dos músculos da mastigação, provocando queda da mandíbula • Essa queda inicia um reflexo de estiramento dos músculos mandibulares, causando contração rebote • Essa contração eleva a mandíbula, fechando os dentes e comprimindo o bolo alimentar contra a parede da boca, o que inibe os músculos da mandíbula, fazendo com que ela caia novamente • Esse ciclo se repete muitas vezes 2ª etapa- deglutição • Fase oral o É voluntária, pois quem a coordena são os músculos esqueléticos da face o Nessa fase, o palato mole se eleva para fechar a nasofaringe, impedindo que o alimento vá para o trato respiratório • Fase faríngea o É reflexa, começa quando o bolo alimentar penetra na parte posterior da boca e isso estimula áreas receptoras epiteliais da deglutição, situadas em torno da abertura da faringe, sobretudo nas tonsilas o Os impulsos gerados nessas áreas se dirigem até o tronco cerebral para desencadear contrações automáticas nos músculos da faringe o Quando o alimento desce, o palato mole é empurrado para cima e a epiglote se fecha (para evitar que vá para o trato respiratório) e com isso ele vai para o esôfago o Um dos motivos para o engasgo é quando tentamos falar e engolir alimento ao mesmo tempo, pois tendo em vista que o ar precisa passar pela rima da glote para produzira fonação, o bolo alimentar pode acabar indo parar na traquéia, causando o engasgo o Para evitar isso, o centro da deglutição (localizado non (áreas do bulbo e porção inferior da ponte) inibem o centro respiratório do bulbo, interrompendo a respiração em qualquer ponto do seu ciclo para permitir que a deglutição ocorra • Fase esofágica o É reflexa, sua principal função é conduzir rapidamente o alimento da faringe para o estômago o O bolo alimentar se desloca no esôfago por meio de movimentos peristálticos • A onda peristáltica continua a deslocar o bolo alimentar até o esfíncter esofágico inferior, relaxando- o e permitindo a entrada do bolo alimentar no estômago • Peristaltismo primário- continuação da onda peristáltica que começa na faringe • Peristaltismo secundário- resultante da distensão do próprio esôfago causada pela passagem do alimento • Essas ondas secundárias prosseguem até que o alimento chegue ao estômago, e são iniciadas por circuitos neurais intrínsecos no sistema Luísa Ribeiro- MED 105 nervoso mioentérico, e por reflexos que começam na faringe e são transmitidos através de fibras aferentes vagais até o bulbo, e de lá novamente para o esôfago por meio das fibras nervosas glossofaríngeas e vagais Histologia do esôfago • A faringe e ⅓ superior do esôfago é formada por músculo estriado esquelético, controlado pelos nervos motores glossofaríngeo e vago • Nos outros ⅔ restantes temos o músculo liso, controlado pelo nervo vago em conexão com o plexo mioentérico • Ou seja, o alimento no esôfago começa a descer com movimentos voluntários, e termina com movimentos reflexos • O esfíncter esofágico inferior fica em constrição tônica constante para evitar que a secreção gástrica chegue ao esôfago e possa causar esofagite de refluxo, úlcera, e até mesmo um câncer • Quando o alimento já está próximo ao estômago, ocorre uma onda de relaxamento receptivo transmitida por neurônios inibidores mioentéricos, causando um relaxamento do esfíncter esofágico inferior que à frente da onda peristáltica, permitindo a fácil propulsão do alimento deglutido para o estômago • Pares cranianos envolvidos- V, IX, X e XII • Reflexo neural da deglutição- ele desencadeia um movimento peristáltico (onda primária) que se propaga ao longo do esôfago, que é ajudado por impulsos gerado pelo tronco encefálico 1ª parada do alimento- estômago Mistura e propulsão • A parede do corpo gástrico é coberta de glândulas gástricas que secretam sucos digestivos, que imediatamente entram em contato com a porção do alimento ali armazenado • As ondas de mistura são ondas constritoras peristálticas fracas, que surgem na porção média da parede gástrica, e correspondem às ondas lentas que surgem espontaneamente na parede do estômago • Na maioria das partes do tgi, elas são insuficientes para provocar contração, contudo, no estômago, seus picos positivos frequentemente elevam-se acima do limiar para a excitação do músculo liso da parede gástrica, mesmo na ausência de PA • As forças de contração são progressivamente mais intensas da da região oral para a caudal do estômago, algumas tão fortes que formam anéis constritores peristálticos, impulsionados pelos potenciais de ação que forçam o conteúdo sob pressão elevada em direção ao piloro • Esses anéis constritores também ajudam na mistura do bolo alimentar- toda vez que a onda passa na direção do antro para o piloro, ela penetra profundamente no conteúdo alimentar do antro • Porém, a abertura do piloro é muito pequena e permite passagem de apenas alguns ml de conteúdo antral para o duodeno • A maior parte é impelida de volta através do anel peristáltico em direção ao corpo gástrico, e assim vai acontecendo a mistura Bomba pilórica • É a peristalse que causa abertura da valva pilórica e entrada do alimento no duodeno Luísa Ribeiro- MED 105 • Concomitantemente, ocorre a retropulsão- quando a valva pilórica se fecha após a passagem do bolo alimentar, parte do líquido ali presente volta para o estômago para se misturar com o conteúdo já ali presente Esvaziamento gástrico • A velocidade de esvaziamento é rigorosamente regulada, dando tempo para a neutralização do H+ no duodeno, digestão e absorção dos nutrientes • Velocidade de esvaziamento= líquidos > sólidos / isotônicos > hipotônicos ou hipertônicos • Na ingestão de alimentos sólidos, temos a chamada Fase de atraso- é o tempo de trituração e mistura estomacal do alimento, para só depois o estômago esvaziar e mandar para o duodeno • O esfíncter pilórico permanece em contração tônica quase o tempo todo o Impedir a constante passagem do alimento e permitir que as partículas alimentares sejam misturadas com o quimo, até adquirirem consistência quase líquida o Contudo, esse esfíncter permanece suficientemente aberto para permitir fácil passagem de água e outros líquidos estomacais o O grau de constrição do esfíncter pilórico pode aumentar ou diminuir sob influência de sinais nervosos e humorais provenientes do estômago e duodeno • O aumento do volume de alimento no estômago provoca estiramento de sua parede, e isso desencadeia reflexos mioentéricos locais na parede estomacal o Acentuando a atividade da bomba pilórica, inibindo o piloro e causando maior esvaziamento gástrico • O estiramento da parede gástrica desencadeia liberação da gastrina, a partir da mucosa antral o Esse hormônio possui potente efeito de provocar maior liberação de suco gástrico, além de ativar fortemente a bomba pilórica, aumentando, assim o esvaziamento gástrico • O esvaziamento de líquidos é exponencial • Já o esvaziamento de grandes partículas sólidas começa apenas após a trituração/moagem suficiente (fase de atraso) • Em seguida, o quimo viscoso é esvaziado de maneira quase linear Efeito inibidor dos reflexos nervosos enterogástricos do duodeno • Quando o volume de quimo no duodeno é muito grande, podem surgir reflexos que levam a informação para o estômago lentificar ou até mesmo interromper o esvaziamento gástrico • Eles podem ser mediados por 3 vias o 1) diretamente do duodeno para o estômago, pelo SNE Luísa Ribeiro- MED 105 o 2) nervos extrínsecos que vão para gânglios simpáticos pré- vertebrais e voltam por fibras simpáticas inibitórias o 3) por nervos vagos que vão até o tronco cerebral e inibem os sinais excitatórios para o estômago • Todos esses reflexos agem inibindo as contrações propulsivas da bomba pilórica, e aumentando o tônus do esfíncter pilórico • Existem 5 fatores que são monitorizados pelo duodeno e são decisivos para o início desses reflexos: o 1) O grau de distensão do duodeno o 2) A presença de qualquer grau de irritação da mucosa duodenal o 3) O grau de acidez do quimo duodenal- toda vez que o pH do quimo no duodeno fica abaixo de 4, os reflexos bloqueiam qualquer liberação de conteúdo gástrico, até que o quimo duodenal possa ser neutralizado por secreções, como a pancreática o 4) O grau de osmolalidade do quimo- líquidos hipotônicos ou hipertônicos (especialmente) desencadeiam esses reflexos, com intuito de evitar fluxo muito rápido de líquido não isotônicos, impedindo assim alterações das [ ] de eletrólitos dos líquidos extracelulares de todo o corpo durante a absorção do conteúdo intestinal. o 5) A presença de produtos de degradação no quimo, sobretudo produtos de degradação das proteínas, pois reduzem a velocidade do esvaziamento gástrico, assegurando mais tempo para adequada digestão das proteínas. Isso também acontece, em menor grau, das gorduras O feedback hormonal do duodeno inibe o esvaziamento gástrico-papel das gorduras e da CCK • Além de reflexos nervosos, hormônios também inibem o esvaziamento gástrico, sendo as gorduras o principal estímulo para sua produção • Ao penetrar no duodeno, ela consegue se ligar a receptores e extrair das células epiteliais duodenais e jejunais, diversos hormônios que chegam até o estômago por meio da corrente sanguínea, e lá inibem a bomba pilórica e aumentam a contração do esfíncter pilórico • O principal hormônio é a CCK, que é liberada pela mucosa do jejuno em resposta à gordura presente no quimo, e atua como inibidor competitivo, bloqueando o aumento da motilidade gástrica causado pela gastrina • Outro hormônio é a secretina, liberada pela mucosa duodenal em resposta ao HCl liberado para o piloro, e tem fraco efeito de reduzir a motilidade gastrintestinal • Além disso, também temos o GIP (peptídeo inibidor gástrico), também liberado pela mucosa duodenal, em resposta à gordura no quimo, e em menor parte pela presença de carboidrato o Em concentrações fisiológicas, ele age estimulando a secreção de insulina pelo pâncreas Reflexo do vômito • Ocorre um peristaltismo inverso: o Relaxamento do piloro, em um fluxo contrário o Inspiração forçada para aumentar a pressão abdominal o Relaxamento do esfíncter esofagiano inferior Luísa Ribeiro- MED 105 o Expulsão do conteúdo gástrico • Ânsia de vômito- ocorre porque o esfíncter esofagiano está contraído e o vômito não consegue sair o Muitas vezes o estímulo para ele se abrir, é colocar o dedo na garganta • O vômito quando a pessoa está inconsciente pode ser muito perigoso, pois seus movimentos e reflexos estão limitados, e esse conteúdo pode ir para o trato respiratório, causando broncoaspiração • Causas para o vômito: o Gravidez: o Medicamentos, toxinas, dor, irradiação o Cheiro ruim, toque na garganta o Aumento da pressão cerebral o Aumento da pressão no estômago, ou um processo inflamatório o Rotação excessiva da cabeça • Todos esses fatores agem no centro do vômito, através de quimiorreceptores que irão agir na zona de gatilho do vômito • Normalmente, ele vem acompanhado de náusea, dilatação da pupila, sudorese, palidez, aumento da salivação e ânsia de vômito • Ocorre uma inspiração forçada que contribui para aumentar a pressão intra abdominal, contribuindo para a abertura do esfíncter esofagiano inferior Motilidade do intestino delgado • Funções o Mistura com secreções duodenais, otimizando a digestão o Contato do quimo com a mucosa intestinal, otimizando a absorção dos nutrientes o Propulsão do quimo em direção ao cólon (intestino grosso) • À medida que a peristalse vai fazendo a propulsão, uma parte vai e outra parte fica, e assim todas as “partes” do bolo alimentar vai se misturando • O quimo no duodeno provoca a distensão da parede intestinal, e isso desencadeia contrações concêntricas e espaçadas ao longo do intestino Contrações de mistura • Provocada pela distensão da parede intestinal, também são chamadas de contrações segmentares, pois elas são espaçadas de forma a dividir o intestino em porções • Quando um grupo de contrações relaxa, novo grupo aparece em pontos entre as contrações anteriores, dessa forma o quimo é fragmentado de 2 a 3x por minuto • A frequência máxima dessas contrações é determinada pelas ondas lentas • Embora sejam controladas pelas ondas lentas do músculo liso, quando o sistema nervoso entérico é bloqueado pela atropina, as contrações segmentares não são eficazes na ausência principalmente do plexo mioentérico o Ocorre distensão da parede do intestino delgado, distensão do estômago- reflexo gastroentéric o Hormônios como gastrina, CCK, insulina, motilina, serotonina... todos esses fatores vão aumentar a motilidade Luísa Ribeiro- MED 105 Controle do peristaltismo por sinais nervosos e hormonais • Reflexo gastroentérico- desencadeado pela distensão do estômago e conduzido, principalmente, pelo plexo mioentérico do estômago ao longo da parede do intestino o Provoca aumento da atividade peristáltica no intestino delgado • O peristaltismo entérico também é aumentado por hormônios como gastrina, CCK, insulina e serotonina, que são secretados durante várias da digestão • Já a secretina e o glucagon são hormônios que inibem a motilidade do intestino delgado • As ondas peristálticas entéricas, além da função de propulsão do quimo em direção ao ceco, também são responsáveis por espalhar o quimo sobre a mucosa intestinal • Esse espalhamento começa assim que o duodeno se distende com a chegada do quimo, e vai se intensificando à medida que quantidade adicional de quimo é penetrada no duodeno • Descarga peristáltica- a intensa irritação da mucosa intestinal, como nos casos de diarréia infecciosa, pode causar peristaltismo forte e rápido • Essa descarga é iniciada por reflexos nervosos (envolvendo SNA e tronco cerebral) e por aumento intrínseco dos reflexos do plexo mioentérico na própria parede intestinal o Sua função é empurrar rapidamente o quimo para o cólon e aliviar a irritação no intestino delgado causada pelo quimo irritativo, ou do excesso de distensão Quimo no duodeno- controle sobre o esvaziamento gástrico • Quando há- volume excessivo de quimo (precisa de mais tempo para digerir/absorver), quimo excessivamente ácido, quimo com muita proteína e gordura, hipertônico ou hipotônico, ou algum fator irritativo o Tudo isso irá causar retardamento do esvaziamento gástrico • Sinais de feedback inibitório- reflexos nervosos enterogástricos (pelo SN entérico, simpático e vago) e feedback hormonal • Irão inibir a bomba pilórica (que é propulsora) e aumentar o tônus do esfíncter pilórico, dificultando a passagem do quimo • A intensidade do esvaziamento gástrico é limitada à quantidade de quimo que o intestino delgado pode processar Válvula íleo cecal • O bolo alimentar demora cerca de 3 a 5 horas para percorrer todo o intestino delgado e chegar até aqui • É ela quem controla a entrada do alimento no intestino grosso • Sua principal função é impedir refluxo do conteúdo fecal do cólon para o intestino delgado • Os “lábios” dessa válvula são projetados para o ceco, e qualquer pressão excessiva que acontece ali ocasiona o fechamento da válvula • Além disso, ela penetra o ceco, e qualquer irritação que aconteça ali irá retardar o esvaziamento • O trânsito para o intestino delgado só é liberado após a próxima refeição/bebida • Nos centímetros que antecedem a válvula, ainda no íleo, possui um esfíncter ileocecal, formado por uma camada muscular espessa, o qual permanece contraído o Tem função de diminuir a velocidade do esvaziamento do conteúdo ileal para o ceco, exceto após a refeição, momento em que o reflexo gastroileal intensifica o peristaltismo Luísa Ribeiro- MED 105 • Tendo em vista que o apêndice fica dentro do ceco, quando o paciente está com apendicite, essa válvula fica fechada porque aquela área fica irritada • Logo, o trânsito intestinal paralisa, e isso explica o porquê de o paciente com apendicite não se alimentar direito- seu apetite fica reduzido porque seu trânsito intestinal está congestionado Refluxo gastroileal • Quando o alimento chega no estômago, um reflexo chega ao íleo levando a informação de que tem mais alimento chegando, assim a válvula ileocecal se abre e continua o trânsito no TGI Cólon • Funções- absorção de água e eletrólitos do quimo para formar fezes sólidas (principalmente na metade proximal) • Armazenamento de material fecal até que possa ser excretado (principalmente na metade distal); Mistura – haustrações • Constrições circulares no intestinogrosso, ao mesmo tempo em que o músculo longitudinal (segregado em 3 feixes denominados tênias cólicas), se contrai • Essas contrações combinadas fazem com que a porção não estimulada do intestino grosso se projete para fora e adquira forma de bolsa, chamada de haustrações • As contrações vão progredindo ao longo do intestino grosso e lentamente o material fecal é revolvido, assim, todo o material fecal é gradualmente exposto à superfície, e o líquido e as substâncias dissolvidas têm absorção progressiva Propulsivos - movimentos de massa • Maior parte acontece no ceco e cólon ascendente, resulta das contrações haustrais lentas, mas persistentes, exigindo de 8 a 15 horas para movimentar o quimo da válvula ileocecal até o cólon transverso • Primeiro surge um anel constritor, em resposta a um ponto de distensão ou irritação, geralmente no cólon transverso • Em seguida, os 20cm ou mais, do cólon distal à constrição perdem rapidamente as haustrações e têm contração como um todo, forçando o material fecal desse segmento a se deslocar em massa ao longo do cólon • Grande parte do bolo alimentar passa de uma vez, isso é necessário para defecarmos a maior quantidade possível de alimento Eventos importantes • Alimento chegou no ceco e cólon- constrição da musculatura circular e longitudinal o Porção não estimulada - infla - haustrações = movimento de mistura • Alimento no cólon transverso- dilatação ou irritação da parede do cólon • Formação do anel constritivo • 20cm após, desaparecem as haustrações • Segmento passa a se contrair como unidade, impulsionando o material fecal em massa = movimento propulsivo de massa Luísa Ribeiro- MED 105 Motilidade do intestino grosso • Reflexo Parassimpático- atua fazendo com que haja dilatação e peristalse • Enchimento do reto- ocorre distensão da parede, e consequentemente reflexo estimulante do Plexo mioentérico • Reflexo gastrocólico e duodenocólico- facilitam o movimento de massa após as refeições, são resultantes da distensão do estômago e do duodeno o Quando os nervos autonômicos extrínsecos para o cólon são removidos, esses reflexos desaparecem por completo ou dificilmente ocorrem • Paredes do cólon sigmóide e do reto se contraem e esfíncter anal interno relaxa (ele é feito de músculo liso, logo é por controle involuntário, é relaxado pelo parassimpático) • Controle do esfíncter anal externo e voluntário- é formado pelo períneo • Se a defecação é postergada, o reflexo é inibido até o próximo movimento em massa o Quando a vontade de defecar é postergada, a próxima vontade só irá aparecer em torno de 12/24h depois o Se isso acontecer constantemente, pode gerar um quadro grave de constipação intestinal • A constipação, se for crônica (por muitos anos) pode gerar um câncer de reto. Defecação • Na maior parte do tempo não há fezes no ânus, pois existe um esfíncter a 20 cm do do ânus, na junção entre o cólon sigmóide e o reto o Além disso, a angulação aguda ali presente provoca resistência adicional ao enchimento do reto • A saída contínua de fezes por meio do ânus é impedida por dois esfíncteres: o Esfíncter anal interno- constituído de músculo liso circular, possui vários centímetros de comprimento e situa-se na parte interna do ânus o Esfíncter anal externo- constituído de músculo voluntário estriado, é controlado por fibras nervosas no nervo pudendo, que faz parte do sistema nervoso somático, logo, está sob controle voluntário Reflexos da defecação- dão início Reflexo intrínseco • Mediado pelo sistema nervoso entérico local na parede do reto • Ocorre quando as fezes penetram no reto e a distensão da parede retal desencadeia sinais aferentes que se propagam pelo plexo mioentérico, iniciando ondas peristálticas no cólon descendente, sigmóide e reto, forçando as fezes em direção ao ânus • À medida que as ondas se aproximam do ânus, o esfíncter anal interno é relaxado por sinais inibitórios oriundos do plexo mioentérico • Caso o esfíncter anal externo também estiver relaxado, a defecação ocorrerá • Contudo, ele por si só é relativamente fraco para causar a defecação Reflexo parassimpático da defecação • Envolve os segmentos sacros da medula espinhal • Quando terminações nervosas do reto são estimuladas, são transmitidos para a medula espinhal e, reflexamente, de volta ao cólon descendente, sigmóide, reto e anus por fibras nervosas parassimpáticas nos nervos pélvicos • Eles intensificam consideravelmente as ondas peristálticas e relaxam o Luísa Ribeiro- MED 105 esfíncter anal interno, convertendo assim o reflexo de defecação mioentérico intrínseco de um movimento fraco, a um forte processo de defecação
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