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Sistemas Eleitorais e Processo Legislativo

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Indaial – 2020
SiStemaS eleitoraiS e 
ProceSSo legiSlativo
Prof.ª Márcia Inês Schaefer
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof.ª Márcia Inês Schaefer
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
S294s
Schaefer, Márcia Inês
 
 Sistemas eleitorais e processo legislativo. / Márcia Inês 
Schaefer. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.
 
 241 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-072-4
 
 1. Direito eleitoral. – Brasil. Centro Universitário Leonardo Da 
Vinci.
 CDD 341.28
aPreSentação
Olá, acadêmico! Este é seu Livro Didático de Sistemas Eleitorais e 
Processo Legislativo. Os temas que serão abordados ao longo de nossa 
disciplina são fundamentais para a compreensão do funcionamento das 
instituições políticas e das normas que regem nossa vida cotidiana nos mais 
diversos aspectos. 
No decorrer de nossa disciplina iremos aprofundar nossos 
conhecimentos e refletir sobre os conceitos de poder, democracia, participação 
e representação política, os quais são as principais colunas de sustentação do 
sistema político brasileiro. 
Nosso estudo foi organizado de maneira que possamos refletir 
sobre conceitos basilares da ciência política e simultaneamente, ter uma 
compreensão dos aspectos empíricos, descrevendo como se configura o 
sistema político e entrando em contato com análises sobre seu funcionamento. 
Desse modo, em cada unidade iremos dar ênfase em aspectos distintos, mas 
que fazem parte do todo. 
Na Unidade 1, começaremos estudando o conceito de poder político 
e analisaremos suas diferentes formas de exercício. Em seguida, vamos 
conhecer as principais características, vantagens e desvantagens dos sistemas 
de governo parlamentarista e presidencialista e também estudaremos o que 
são os partidos políticos, suas funções e como se estruturam os sistemas 
partidários. O estudo do sistema político brasileiro inicia com a descrição 
do sistema presidencialista vigente, seguido do estudo do sistema partidário 
brasileiro. 
Na Unidade 2, após a conceituação de sistemas eleitorais, com 
a descrição de diferenças, semelhanças, vantagens e desvantagens 
dos principais sistemas eleitorais existentes no mundo (majoritário, 
proporcional e misto), vamos nos concentrar no estudo do sistema eleitoral 
brasileiro, conhecendo um pouco do processo histórico até sua atual 
configuração. Iremos compreender as diferenças nos processos de eleição 
de deputados federais e estaduais, senadores, presidente, governadores, 
prefeitos e vereadores. Também, iremos estudar a importância de reformas 
eleitorais e conhecer alguns dos aspectos mais debatidos em propostas de 
reformas eleitorais. 
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Na Unidade 3, vamos estudar a separação dos poderes do Estado e as 
relações entre Legislativo, Executivo e Judiciário. Sendo o poder legislativo 
o principal tema de estudo de nossa disciplina, iremos aprofundar o 
entendimento da organização e do funcionamento do poder legislativo no 
âmbito federal, o qual é organizado de forma bicameral. Passaremos então 
ao estudo dos procedimentos legislativos realizados no âmbito do Congresso 
Nacional, conhecendo as fases do processo legislativo, os diferentes tipos de 
leis e normas e como é realizado o trabalho de elaboração de leis. A última 
parte dessa unidade é dedicada ao estudo da participação da sociedade civil 
no processo legislativo, momento em que conheceremos outros instrumentos 
de participação, que vão além do voto nos anos eleitorais. 
Bons estudos!
Prof.ª Márcia Inês Schaefer
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você 
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
Sumário
UNIDADE 1 — CONCEITOS BÁSICOS SOBRE PODER POLÍTICO
 E REPRESENTAÇÃO ............................................................................................... 1
TÓPICO 1 — A QUESTÃO DO PODER: O QUE É O PODER? .................................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 PODER E PODER POLÍTICO .......................................................................................................... 4
3 POLÍTICA, PODER E ESTADO ....................................................................................................... 8
4 AUTORITARISMO .......................................................................................................................... 16
5 DEMOCRACIA ................................................................................................................................. 18
5.1 DEMOCRACIA PARTICIPATIVA .............................................................................................. 20
 5.2 DEMOCRACIA REPRESENTATIVA ......................................................................................... 21
5.3 DEMOCRACIA DELIBERATIVA .............................................................................................. 23
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 26
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 27
TÓPICO 2 —SISTEMAS DE GOVERNO: PARLAMENTARISMO; 
PRESIDENCIALISMO; PRESIDENCIALISMO BRASILEIRO .................................................. 29
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 29
2 PARLAMENTARISMO E PRESIDENCIALISMO: PRINCIPAIS DIFERENÇAS ................ 30
3 SEMIPRESIDENCIALISMO ........................................................................................................... 39
4 O PRESIDENCIALISMO NO BRASIL ........................................................................................ 40
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 50
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 51
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 53
TÓPICO 3 — SISTEMAS PARTIDÁRIOS: O CONCEITO DE PARTIDO;
TIPOS DE PARTIDOS; SISTEMA PARTIDÁRIO BRASILEIRO .............................................. 53
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................53
2 PARTIDOS POLÍTICOS: DEFINIÇÃO, ORIGENS E FUNÇÕES ........................................... 54
3 TIPOS DE PARTIDOS POLÍTICOS ............................................................................................. 58
3.1 PARTIDOS DE QUADROS E PARTIDOS DE MASSA ........................................................... 58
3.2 PARTIDOS CATCH ALL ............................................................................................................... 61
3.3 PARTIDOS CARTEL .................................................................................................................... 64
4 TRANSFORMAÇÕES NAS FUNÇÕES DOS PARTIDOS ...................................................... 65
5 O SISTEMA PARTIDÁRIO BRASILEIRO .................................................................................. 66
5.1 ESTUDOS SOBRE O ATUAL SISTEMA PARTIDÁRIO BRASILEIRO ................................. 70
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 75
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 77
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 78
UNIDADE 2 — ESTUDO DOS SISTEMAS ELEITORAIS .......................................................... 80
TÓPICO 1 —OS SISTEMAS MAJORITÁRIOS, PROPORCIONAIS E MISTOS ................... 82
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 82
2 O QUE SÃO SISTEMAS ELEITORAIS E QUAL É A SUA IMPORTÂNCIA
 NOS SISTEMAS DEMOCRÁTICOS? .......................................................................................... 83
3 SISTEMAS MAJORITÁRIOS ......................................................................................................... 89
 3.1 VARIANTES DO SISTEMA MAJORITÁRIO COM DISTRITO UNINOMINAL ................ 89
3.2 VARIANTES DO SISTEMA MAJORITÁRIO COM DISTRITO PLURINOMINAL ........... 92
4 SISTEMAS PROPORCIONAIS ...................................................................................................... 92
4.1 O VOTO ÚNICO TRANSFERÍVEL ........................................................................................... 94
4.2 OS SISTEMAS DE LISTA FECHADA E LISTA ABERTA ....................................................... 95
5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS SISTEMAS
MAJORITÁRIO E PROPORCIONAL .............................................................................................. 98
6 SISTEMAS MISTOS ......................................................................................................................... 99
6.1 SISTEMA MISTO PARALELO .................................................................................................. 100
6.2 SISTEMA MISTO DE CORREÇÃO ......................................................................................... 100
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 103
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 104
TÓPICO 2 — O SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO .............................................................. 106
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 106
2 BREVE HISTÓRIA DO SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO ............................................ 106
3 SISTEMA MAJORITÁRIO ............................................................................................................ 112
3.1 ELEIÇÕES PARA PREFEITO .................................................................................................... 113
3.2 ELEIÇÕES PARA GOVERNADOR E PRESIDENTE ............................................................ 114
3.3 ELEIÇÕES PARA SENADOR ................................................................................................... 117
4 SISTEMA PROPORCIONAL ........................................................................................................ 119
5 EFEITOS DO SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO ............................................................... 122
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 124
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 125
TÓPICO 3 —REFORMAS DO SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO ................................... 126
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 126
2 REFORMA POLÍTICA E ELEITORAL ....................................................................................... 126
3 PRINCIPAIS TEMAS DA REFORMA ELEITORAL................................................................. 131
3.1 SISTEMA DO “DISTRITÃO” E DISTRITAL MISTO ............................................................. 132
3.2 LISTA FECHADA ...................................................................................................................... 133
3.3 COTAS PARA REPRESENTAÇÃO POLÍTICA FEMININA ................................................ 134
3.4 COLIGAÇÕES PARTIDÁRIAS ................................................................................................ 138
3.5 FINANCIAMENTO DE CAMPANHA ................................................................................... 140
4 COMO AS PROPOSTAS DE REFORMAS POLÍTICAS E ELEITORAIS
 SÃO TRANSFORMADAS EM LEIS? ......................................................................................... 142
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 143
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 147
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 148
UNIDADE 3 —PODER LEGISLATIVO E PROCESSO LEGISLATIVO ................................. 149
TÓPICO 1 —SEPARAÇÃO DE PODERES E RELAÇÕES ENTRE LEGISLATIVO, 
EXECUTIVO E JUDICIÁRIO ...................................................................................151
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 151
2 A SEPARAÇÃO DOS PODERES E AS RELAÇÕES ENTRE
 LEGISLATIVO, EXECUTIVO E JUDICIÁRIO .......................................................................... 151
3 PODER LEGISLATIVO BICAMERAL: ATRIBUIÇÕES REPRESENTATIVAS DO 
SENADO E DA CÂMARA DOS DEPUTADOS........................................................................ 154
4 O PODER EXECUTIVO .................................................................................................................. 163
5 O PODER JUDICIÁRIO ................................................................................................................. 166
6 RELAÇÕES ENTRE EXECUTIVO, LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO .................................... 168
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 170
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 171
TÓPICO 2 — O PROCESSO LEGISLATIVO ................................................................................ 173
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 173
2 A ESTRUTURA DE LEIS E OS PROCEDIMENTOS LEGISLATIVOS ............................... 174
3 ORÇAMENTO .................................................................................................................................. 179
4 MEDIDAS PROVISÓRIAS ........................................................................................................... 181
5 REFORMA CONSTITUCIONAL ................................................................................................ 184
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 189
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 190
TÓPICO 3 —PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL
NO PROCESSO LEGISLATIVO ...................................................................................................... 193
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 193
2 A POLÍTICA ALÉM DA REPRESENTAÇÃO FORMAL DOS ELEITOS: A 
PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL NAS ARENAS DECISÓRIAS ........................ 194
3 MECANISMOS DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA PRODUÇÃO LEGISLATIVA ........... 196
3.1 PLEBISCITO E REFERENDO ................................................................................................... 196
3.2 INICIATIVA POPULAR ............................................................................................................. 198
3.3 CONSULTA PÚBLICA .............................................................................................................. 200
3.4 AUDIÊNCIA PÚBLICA ............................................................................................................ 201
3.5 COMISSÃO DE LEGISLAÇÃO PARTICIPATIVA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS ... 203
3.6 LOBBY E ADVOCACY .............................................................................................................. 204
4 INOVAÇÕES DEMOCRÁTICAS ................................................................................................. 205
4.1 ORÇAMENTO PARTICIPATIVO ............................................................................................. 206
4.2 CONSELHOS GESTORES ......................................................................................................... 207
4.3 CONFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 208
5 QUALIDADE E EFETIVIDADE DOS PROCESSOS PARTICIPATIVOS ........................... 210
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 212
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 215
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 216
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 218
1
UNIDADE 1 —
CONCEITOS BÁSICOS SOBRE PODER 
POLÍTICO E REPRESENTAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• analisar as diferentes formas de exercício do poder político; 
• demonstrar semelhanças e diferenças, vantagens e desvantagens dos 
sistemas de governo parlamentarista e presidencialista; 
• compreender o sistema político brasileiro a partir da análise das dinâmi-
cas do presidencialismo e sua relação com o sistema partidário; 
• conceituar partidos políticos destacando o processo histórico de mu-
danças em suas funções e lógica de funcionamento.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – A QUESTÃO DO PODER: O QUE É O PODER?
TÓPICO 2 – SISTEMAS DE GOVERNO: PARLAMENTARISMO; 
PRESIDENCIALISMO; PRESIDENCIALISMO BRASILEIRO
TÓPICO 3 – SISTEMAS PARTIDÁRIOS: O CONCEITO DE PARTIDO; 
TIPOS DE PARTIDOS; SISTEMA PARTIDÁRIO BRASILEIRO
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 —A 
UNIDADE 1
QUESTÃO DO PODER: O QUE É O PODER?
1 INTRODUÇÃO
Observe os assuntos sobre os quais as pessoas se debruçam diariamente: 
seja um comentário sobre as exigências feitas por um chefe no trabalho ou por um 
professor em um curso, uma notícia sobre alguma ação do governo ou uma nova 
descoberta na ciência; você perceberá que constantemente falamos do poder, sua 
ausência ou limitação em diferentes contextos e sentidos. 
O poder é um aspecto inerente aos relacionamentos humanos, e como 
um fenômeno social, manifesta-se na interação entre as pessoas. Mas qual é o 
significado de poder? O que diferencia o poder político dos demais? Quais são as 
formas que o poder assume? Como o poder político é organizado e exercido nos 
Estados modernos? 
Com o objetivo de responder a essas importantes questões, vamos 
percorrer neste tópico o caminho que filósofos e cientistas políticos clássicos e 
contemporâneos têm consolidado sobre o tema. Com isso, esperamos contribuir 
com a sua maior compreensão acerca da natureza do poder político e da sua 
organização nos Estados modernos. 
Assim, começaremos com a definição de poder, chamando atenção para 
as particularidades do poder político – seguindo as linhas de raciocínio de autores 
da filosofia política clássica que fundamentam muitas das teorias posteriores 
sobre o poder político. 
Na sequência, nos ocuparemos da questão do surgimento do Estado e por 
fim, voltaremos nossa atenção à questão da distribuição do poder e das formas 
de exercício do poder político, abordando os sistemas políticos autoritários, e 
fundamentalmente, os sistemas políticos democráticos baseados nos princípios 
da participação, deliberação e representação. 
Vamos lá? 
UNIDADE 1 —CONCEITOS BÁSICOS SOBRE PODER POLÍTICO E REPRESENTAÇÃO
4
2 PODER E PODER POLÍTICO 
A questão do poder perpassa as mais variadas relações que estabelecemos 
em nossa vida, tanto as relações da esfera privada quanto as que estabelecemos 
na esfera pública, ou seja, uma mesma pessoa pode ser submetida a diversos 
tipos de poder que possuem relação com diversos campos. Nessesentido é 
imprescindível que se compreenda o poder como relacional, processual e reflexo 
de contextos específicos. 
O poder implica que haja capacidade ou possibilidade de agir e causar 
algum efeito, sendo isso válido tanto para indivíduos e grupos humanos, quanto 
para objetos ou fenômenos da natureza. Bobbio, Matteucci e Pasquino (2010, p. 
933-934), em sua definição de poder, destacam a dimensão social do poder: 
Se o entendermos em sentido especificamente social, ou seja, na sua 
relação com a vida do homem em sociedade, o Poder torna-se mais 
preciso, e seu espaço conceptual pode ir desde a capacidade geral de 
agir, até a capacidade do homem em determinar o comportamento do 
homem: Poder do homem sobre o homem. O homem é não só o sujeito, 
mas também o objeto do Poder social. É Poder social a capacidade 
que um pai tem para dar ordens a seus filhos ou a capacidade de um 
Governo de dar ordens aos cidadãos. Por outro lado, não é Poder 
social a capacidade de controle que o homem tem sobre a natureza 
nem a utilização que faz dos recursos naturais. Naturalmente existem 
relações significativas entre o Poder sobre o homem e o Poder sobre 
a natureza ou sobre as coisas inanimadas. Muitas vezes, o primeiro é 
condição do segundo e vice-versa.
Ainda de acordo com os autores, o poder baseia-se em uma relação 
triádica: há um grupo/pessoa que detém o poder, um grupo/pessoa que é sujeito 
do poder e uma esfera de atividade à qual esse poder se refere, podendo a esfera 
do poder ser mais ou menos ampla ou delimitada de modo mais ou menos claro. 
Exemplificam diferenciando a delimitação precisa e taxativa da esfera do poder 
de uma pessoa que ocupa um cargo em uma organização em relação à esfera de 
poder de um líder carismático que não é precisada antecipadamente e tende a ser 
ilimitada. 
Algumas esferas nas quais você pode observar as diferenças de poder entre 
os agentes das interações são as relações familiares, nas quais há o poder da mãe, 
do pai, dos irmãos mais velhos; os ambientes de trabalho, nos quais se destaca o 
poder de um chefe, gerente, coordenador, supervisor de área; nos estabelecimentos 
de ensino, nos quais se sobressai o poder da direção e dos professores; as igrejas, 
com o poder dos pastores ou padres; nos exércitos, nos quais os comandantes 
possuem maior poder em relação aos comandados ou no próprio Estado, no 
qual os principais agentes detentores de poder são os governantes do executivo, 
legislativo e do judiciário (BOBBIO, 1987; NOGUEIRA, 2008). 
Em suma, uma relação de poder pressupõe que o sujeito atribuído de 
maior poder se vale de meios determinados para condicionar o comportamento 
dos demais, obtendo obediência dos que a ele se submetem. 
TÓPICO 1 —A QUESTÃO DO PODER: O QUE É O PODER?
5
 Em geral, espaços de poder com maior influência como a política e 
cargos de direção em organizações, são dirigidos majoritariamente por homens, o que 
reflete em maior dominação masculina na sociedade, dominação resultado de aspectos 
culturais, religiosos, econômicos e políticos (SILVA, 2018). 
 Aprofundando a questão da baixa representatividade feminina na política, o Portal 
Politize!, em parceria com o Grupo Mulheres do Brasil criou a série “Política: Substantivo 
Feminino?”, que você pode conferir no Youtube.com, acessando o seguinte link: 
<https://bit.ly/3f5Nhqh>.
Na voz de algumas mulheres atuantes na política, você poderá observar os desafios que 
elas enfrentam em espaços de poder.
NOTA
Embora o poder esteja presente nas mais variadas esferas da vida, a 
literatura aponta três formas pelas quais o poder se manifesta na esfera social 
como sendo as principais: o poder econômico, o poder ideológico e o poder 
político. 
O poder econômico é exercido pelos detentores de meios de produção e 
de posse de bens materiais, tendo forte influência para ditar o que ocorre na esfera 
econômica. Um exemplo disso é o setor bancário, que possui forte influência 
sobre a economia mundial, tendo suas decisões reflexo nas políticas econômicas 
que Estados e governos implementam, sendo o Fundo Monetário Internacional 
(FMI) um dos principais atores nesse sentido. 
FIGURA 1- ECONOMISTA-CHEFE DO FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL (FMI) 
FONTE: <https://img.theweek.in/content/dam/week/news/biz-tech/images/2019/4/9/gita-gopi-
nath-ap.jpg>. Acesso em: 20 ago. 2019
UNIDADE 1 —CONCEITOS BÁSICOS SOBRE PODER POLÍTICO E REPRESENTAÇÃO
6
A Figura 1 apresenta a economista-chefe do Fundo Monetário Internacional 
(FMI), Gita Gopinath, primeira mulher a ser nomeada para esse cargo.
Já o poder ideológico é exercido através da manipulação de informações 
e ideias, principalmente pelos meios de comunicação (jornais, televisão e rádio). 
Ideologia: é um conceito com o qual você irá se deparar em diversos 
momentos ao longo da nossa disciplina. Segundo Marilena Chauí (2008, p. 7), “ideologia é 
um ideário histórico, social e político que oculta a realidade, sendo ocultamento um modo 
de assegurar e manter a exploração econômica, a desigualdade social e a dominação 
política”. As ideologias aparecem principalmente na política, na religião e na educação.
IMPORTANT
E
O poder político, por sua vez, é o poder que determina o comportamento 
das pessoas através de instrumentos e mecanismos como as leis e normas, além 
de possuir o monopólio do uso da força física, valendo-se para tais fins, de um 
Estado. Nesse sentido, os conceitos de política, poder político e Estado encontram-
se estreitamente ligados (SILVA, 2018). 
De acordo com Nogueira (2008), a especificidade do poder político é que 
no contexto de uma dada sociedade, ele reivindica e obtém o direito de ser o 
centro das decisões. O autor destaca que as decisões vindas do poder político são 
vinculatórias, pois obrigam todos os membros de uma determinada sociedade a 
obedecê-las. “O poder político, em suma, admite que se faça oposição a ele, mas 
que não se aja para destruí-lo ou desrespeitá-lo, nem muito menos que não se 
cumpram suas determinações” (NOGUEIRA, 2008, p. 21). 
Norberto Bobbio (1987, p. 83) afirma que os poderes econômico, ideológico 
e político têm em comum o fato de contribuírem “conjuntamente para instituir e 
manter sociedades de desiguais divididas em fortes e fracos com base no poder 
político, em ricos e pobres com base no poder econômico, em sábios e ignorantes 
com base no poder ideológico. Genericamente, em superiores e inferiores”.
Cumpre lembrar que muitos conflitos da sociedade são resultantes 
de disputas pelo poder, uma vez que nem sempre os dominados aceitam 
tranquilamente a dominação à qual estão sujeitos. A dimensão do conflito não 
se refere somente ao aspecto bélico, como guerras civis ou entre nações, uma 
vez que o conflito pode se manifestar em forma de manobras políticas, boicotes, 
manifestações públicas, nos meios de comunicação, em debates etc. 
TÓPICO 1 —A QUESTÃO DO PODER: O QUE É O PODER?
7
Segundo Max Weber (2010), é possível compreender o poder a partir da 
diferenciação entre formas de poder que são exercidas com base no convencimento 
e consentimento e outras que são exercidas com base no uso da força. 
O que Max Weber quis dizer com isso? Que o poder é legítimo quando 
exercido de forma que a autoridade é reconhecida, ou seja, quando há o 
consentimento dos que obedecem. Uma vez que o poder é exercido com base 
exclusivamente na força, ele é ilegítimo, pois é imposto. 
Para completar seu argumento, Weber (2010) concentrou-se em distinguir 
diferentes categorias (ou tipos ideais) de poder legítimo. Para o autor, são três 
os tipos de dominação legítima: a tradicional, a carismática e a racional-legal. 
Vejamos como o autor define cada uma delas. 
A dominação tradicional é assentada na crença de que o poder de mando 
possui um caráter “sagrado”, ou seja, o poder é legitimado pelo respeito a 
padrões culturais estabelecidos. A autoridade emana do passado, dos costumes e 
da tradição. São exemplos desse tipo de dominação: a autoridade eclesiástica e o 
domínio hereditáriodas famílias nobres na Europa medieval. 
Já a dominação carismática se sustenta na crença de que o líder possui dons 
pessoais especiais que o fazem merecedor da confiança, afeto e obediência dos 
demais. Ou seja, segundo Weber (2010), o carisma é um traço da personalidade. 
Alguns exemplos de líderes carismáticos são Jesus Cristo, Adolf Hitler, Mahatma 
Gandhi e, no caso brasileiro, líderes de movimentos messiânicos como o Monge 
João Maria da Guerra do Contestado e Antônio Conselheiro da Guerra de Canudos. 
No entanto, cumpre destacar que a liderança carismática pode ser exercida de 
modo mais diretamente presente em nosso cotidiano, por exemplo, a autoridade 
de alguns professores e líderes de organizações do mundo corporativo. 
FIGURA 2 - ANTÔNIO CONSELHEIRO
FONTE: <http://f.i.uol.com.br/folha/ilustrada/images/16020284.jpeg>. Acesso em: 15 nov. 2019
UNIDADE 1 —CONCEITOS BÁSICOS SOBRE PODER POLÍTICO E REPRESENTAÇÃO
8
A Figura 2 é a única fotografia conhecida de Antônio Conselheiro, tirada 
após sua morte.
Para conhecer um pouco mais da história e do carisma de Antônio Conselheiro, 
sugerimos assistir ao documentário Paixão e Guerra no Sertão de Canudos (1993), dirigido 
por Antônio Olavo. De acordo com Silva (1996), o documentário é um resgate da história 
popular, com imagens, canções, cenários e depoimentos dos sertanejos, mostrando, através 
da história popular e oral, como a figura de Antônio Conselheiro exerce fascínio sobre os 
sertanejos pobres daquela região, destacando a ação educadora e carismática deste líder.
DICAS
Por fim, Weber (2010) destaca a dominação racional legal, cujo poder é 
legitimado por meio de normas e regulamentações e que se ampara nas instituições 
oficiais como o Estado, sendo encontrada nas organizações e burocracias das 
sociedades modernas. Segundo Weber (2010), no mundo moderno, a dominação 
racional legal vem substituindo a dominação tradicional.
Sendo o Estado uma das principais instituições modernas, cabe a nós 
conhecermos o seu processo de surgimento e desenvolvimento, compreendendo 
como ele foi pensado e como ele é organizado.
 No subtópico seguinte, nós iremos abordar autores que tratam do 
surgimento do Estado e seu desenvolvimento na modernidade, para na sequência 
nos debruçarmos sobre algumas discussões acerca do exercício do poder político 
na política formal, através de duas formas de sistema político: o autoritarismo e a 
democracia, considerando especialmente as sociedades contemporâneas.
3 POLÍTICA, PODER E ESTADO 
A política é um processo social no qual o poder está em constante disputa 
e uso, sendo o poder político muito importante para a organização das mais 
diversas esferas da vida. As sociedades modernas desenvolveram instituições 
políticas especializadas que, em conjunto, formam o Estado, passando a política 
a designar as atividades exercidas pelo Estado, percepção decorrente das 
revoluções liberais que ocorreram a partir do século XVII. Conforme Sell (2006), 
muitas vezes, a história da política se confunde com a história do Estado. 
As origens do Estado enquanto forma de ordenamento político têm raízes 
na Idade Média. Nas sociedades anteriores, as formas de poder político e governo 
existentes (como as cidades-estados da Antiguidade Clássica, as quais tinham 
TÓPICO 1 —A QUESTÃO DO PODER: O QUE É O PODER?
9
uma estrutura política complexa) não estavam organizadas sob a pessoa jurídica 
do Estado, mas operavam a partir de costumes e crenças religiosas, sendo o poder 
político legitimado por aspectos religiosos e mágicos. O Estado Moderno surgiu 
na Europa a partir do século XIII e desenvolveu-se até os fins do século XVIII ou 
início do século XIX (BOBBIO; MATTEUCCI; PASQUINO, 2010). 
O autor que teria utilizado pela primeira vez o termo “Estado” é Nicolau 
Maquiavel (1468-1527), em seu livro O Príncipe (2010), publicado em 1513. O 
Estado foi definido por Maquiavel como todo domínio que exerce o império sobre 
o homem. Na obra Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio (2007), publicada 
em 1517, o autor salienta que a acumulação de poder cria mais poder, alertando 
para os perigos que homens sedentos de poder podem representar para uma 
república. É nesse sentido que para Maquiavel, a utilização de qualquer meio (até 
mesmo a morte) é justificável para a manutenção do Estado, sendo atribuída a ele 
a famosa frase “os fins justificam os meios”. 
Maquiavel afirmava que qualquer regime político pode ser legítimo ou 
ilegítimo, sendo que o que mensura a legitimidade e a ilegitimidade é o grau de 
liberdade. Para Maquiavel, a preservação da liberdade é um elemento importante, 
sendo ela “maior ou menor segundo o “desenho institucional” estabelecido a 
partir das relações existentes entre as instituições e os interesses em conflito” 
(KRITSCH, 2010, p. 36). 
Fator importante de legitimação é o modo como as lutas sociais encontram 
respaldo político que garanta o princípio que rege a política, ou seja, o poder do 
príncipe deve ser superior ao poder dos grandes e estar a serviço do povo. Um 
dos pontos fundamentais em Maquiavel é de que o povo é o melhor guardião da 
liberdade. 
Um dos mecanismos institucionais que Maquiavel menciona como 
favorecendo a preservação e a expansão da liberdade é o direito de acusar, diante 
do povo, de um magistrado, ou de um tribunal, quem tenha atentado contra a 
liberdade. De acordo com Kritsch (2010), Maquiavel salienta que não basta a 
existência da lei para garantir a liberdade, mas essa lei precisa criar espaço para a 
canalização dos conflitos. Para Maquiavel (2007), as instituições são instrumentos 
que propiciam estabilidade à república e garantem a manutenção da liberdade 
dos cidadãos. 
Outros autores também viam a administração dos conflitos sociais e a 
manutenção do bem comum como funções das instituições políticas, logo, do 
Estado. Alguns autores da chamada teoria contratualista são considerados os 
precursores da Teoria Clássica do Estado, pois segundo esses autores, o Estado 
era resultado de um contrato social ou acordo de vontades, através do qual 
os homens abririam mão de alguns direitos em prol do bem comum. Três dos 
principais autores da teoria contratualista são Thomas Hobbes (1588-1679), John 
Locke (1632-1704) e Jean Jacques Rousseau (1712-1778). 
UNIDADE 1 —CONCEITOS BÁSICOS SOBRE PODER POLÍTICO E REPRESENTAÇÃO
10
A teoria contratualista compreende o surgimento do Estado como resultado de 
um contrato social realizado entre os indivíduos. Para estabelecer esse contrato, os indivíduos 
abrem mão de seus direitos naturais, visando obter a tranquilidade e as vantagens da ordem 
política que passa a ser garantida com a instituição de um governo. O motivo para estabelecer 
esse contrato social são os conflitos constantes registrados no estado de natureza.
ATENCAO
Reiterando a perspectiva de Maquiavel, acerca dos perigos inerentes 
às disputas pelo poder, Hobbes escreveria no século seguinte, na obra Leviatã 
[1651], que “é tendência geral de todos os homens um perpétuo e irrequieto 
desejo de poder e mais poder, que cessa apenas com a morte” (HOBBES, 1979, p. 
64). Segundo Hobbes (1979), isso ocorria porque os homens percebiam que para 
proteger o que já possuíam, precisavam conservar e aumentar constantemente 
o seu poder. No estado de natureza, os indivíduos viviam num estado de medo 
constante, vivendo em luta permanente, uma guerra de todos contra todos. Não 
havia garantias para a vida nem para a posse de terras e, mesmo com a invenção 
de armas e cercamento de terras, o perigo de um homem mais forte vir e tomar 
tudo era constante. Imperava assim a lei do mais forte que tudo podia quando 
tinha força para conquistar e conservar. 
Já John Locke (1978), no livro Segundo Tratado sobre o Governo Civil, destaca 
que no estado de natureza as leis que vigoravam eram as leis da natureza, que 
tratavam sobre a não autorização de lesar os outros indivíduos no tocante às suas 
vidas, bens e liberdade. Vivia o homem em liberdade sobre seus atose posses e 
em igualdade em relação às vantagens que a natureza oferecia. Porém, quando o 
homem iria decidir sobre seus atos ou no julgamento dos atos de outros indivíduos, 
ele poderia ser influenciado pelas suas paixões e valores, implicando assim uma 
possibilidade muito forte de julgar e executar as leis de maneira injusta. 
Por fim, de acordo com Jean-Jacques Rousseau, no livro Discurso 
sobre a origem da desigualdade entre os homens (1985), no estado de natureza, os 
indivíduos viviam em estado de plena bondade, vivendo dos frutos da natureza 
e desconhecendo conflitos. No entanto, este estado de bondade é encerrado 
quando um indivíduo teria cercado um terreno e dito “é meu”. A consequente 
divisão entre o que é de um e/ou de outro (instituição da propriedade privada), 
teria originado o estado de sociedade, em que a guerra de todos contra todos 
prevalece. 
TÓPICO 1 —A QUESTÃO DO PODER: O QUE É O PODER?
11
FIGURA 3 - ÍNDIOS EM SUA CABANA – JOHANN MORITZ RUGENDAS
FONTE:: <https://bit.ly/3hKYi1Z>. Acesso em: 22 set. 2019
A Figura 3, a pintura “Índios em sua cabana”, de Johann Moritz Rugendas, 
na qual apresenta os índios sentados em semicírculo, acendendo uma fogueira 
para preparar a caça para a alimentação do grupo, pode ser compreendida como 
uma representação de uma sociedade na qual, a propriedade privada não foi 
estabelecida. 
Assim, de acordo com Hobbes (1979), Locke (1978) e Rousseau (1985), no 
estado de natureza havia a liberdade natural e a posse natural de bens (igualdade), 
mas isso não garantia a preservação dos direitos naturais à vida, à liberdade e 
à igualdade. Fica então a indagação: como os homens fizeram para sair deste 
estado de medo e de incerteza e o que propicia, a partir de então, a garantia de 
seus direitos? A saída foi a consolidação de um pacto social, ou contrato social 
entre os indivíduos, quando renunciaram à liberdade natural e passaram para 
um terceiro – o soberano – o poder de decisão, de punição (uso da força), de criar 
e aplicar as leis, de declarar a guerra e/ou a paz (HOBBES, 1979; LOCKE, 1978; 
ROUSSEAU, 1985). 
UNIDADE 1 —CONCEITOS BÁSICOS SOBRE PODER POLÍTICO E REPRESENTAÇÃO
12
O que diferencia o direito natural do direito positivo?
O direito natural é compreendido como leis que refletem a natureza dos seres e dos 
objetos. Nesse sentido, os autores contratualistas destacam o predomínio dos mais fortes 
no estado de natureza. 
Já o direito positivo surge com o estabelecimento de um Estado, seguindo a perspectiva de 
Locke e Hobbes, ou da sociedade civil, conforme Rousseau. O direito positivo caracteriza-
se pelas normas e regras que regem o convívio humano dentro de um contexto histórico, 
social e territorial. São exemplos, nesse sentido, as constituições e as demais normas que 
regem os Estados.
IMPORTANT
E
Mas, como é possível o estabelecimento de um pacto ou um contrato social 
e o que legitima o poder soberano? Tomando como referência o jusnaturalismo, 
os autores explicam que a ideia de contrato social é justificável, uma vez que, por 
natureza, todos os homens são livres, e que um contrato social é válido somente 
quando as duas partes possuem as mesmas condições de liberdade e igualdade, 
quando de modo voluntário e livre consentem em consolidar um contrato. Assim, 
o poder soberano é legítimo, pois é fruto da transferência voluntária de direitos 
dos indivíduos para o soberano. 
Mas a quem pertence o poder soberano? Qual é a forma de governo 
desejada, segundo cada autor? Esse pertencimento do poder soberano é 
compreendido de maneiras distintas pelos três autores. 
Segundo Hobbes (1979), o único modo de instituir um poder comum 
capaz de protegê-los de invasões dos estrangeiros e das injúrias uns dos outros, 
garantindo-lhes dessa maneira segurança suficiente para que possam alimentar-
se e viver satisfeitos com o próprio trabalho e frutos da terra, “é conferir toda 
a sua força e poder a um homem, ou a uma assembleia de homens, que possa 
reduzir suas diversas vontades, por pluralidade de votos, a uma só vontade” 
(HOBBES, 1979, p. 106). Nas palavras do autor, 
é como se cada homem dissesse a cada homem: Cedo e transfiro meu 
direito de governar-me a mim mesmo a este homem, ou a esta assembleia 
de homens, com a condição de transferires a ele teu direito, autorizando 
de maneira semelhante todas as suas ações. Feito isto, à multidão assim 
unida numa só pessoa se chama Estado, em latim civitas. É esta a 
geração daquele grande Leviatã, ou antes (para falar em termos mais 
reverentes) daquele Deus Mortal, ao qual devemos, abaixo do Deus 
Imortal, nossa paz e defesa. Pois graças a esta autoridade que lhe é 
dada por cada indivíduo no Estado, é-lhe conferido o uso de tamanho 
poder e força que o terror assim inspirado o torna capaz de conformar 
as vontades de todos eles, no sentido da paz em seu próprio país, e 
da ajuda mútua contra os inimigos estrangeiros. É nele que consiste 
a essência do Estado, a qual pode ser assim definida: Uma pessoa 
TÓPICO 1 —A QUESTÃO DO PODER: O QUE É O PODER?
13
de cujos atos uma grande multidão, mediante pactos recíprocos uns 
com os outros, foi instituída por cada um como autora, de modo a ela 
poder usar a força e os recursos de todos, da maneira que considerar 
conveniente, para assegurar a paz e a defesa comum (HOBBES, 1979, 
p. 105-106, grifo no original).
Designada uma assembleia ou um homem como representante das demais 
pessoas, fica esta conhecida como Estado, aquele que garante a paz e a defesa. O 
portador de tal poder chama-se soberano. Nesse sentido, o Estado é visto como 
guardião dos direitos naturais à vida e à propriedade, os quais ficam ameaçados 
em sua ausência. 
Segundo o argumento de Hobbes, a soberania pertence de modo absoluto 
ao Estado (que promulga e aplica as leis, garante a propriedade privada, exige 
obediência dos governados), desde que respeite os direitos naturais intransferíveis 
pelos quais o soberano foi criado – o direito à vida e o direito à paz. O soberano 
pode ser um rei, uma assembleia democrática ou um grupo de aristocratas; para 
Hobbes, o importante é quem possui a soberania possa de fato garantir a paz e a 
segurança aos governados, por isso, o número de governantes e o tipo de regime 
político são secundários, mas Hobbes tem maior simpatia com o regime político 
monárquico, pois este lhe aparenta ser o mais capaz de todos.
FIGURA 4- PODER MONÁRQUICO
FONTE: <https://sobrehistoria.com/la-edad-media/historia-de-la-edad-media>. Acesso em: 19 ago. 2019
A Figura 4 apresenta uma ilustração do poder monárquico, onde um rei é 
coroado e abençoado por membros do alto clero da Igreja. Vários integrantes da 
aristocracia assistem à cerimônia. 
UNIDADE 1 —CONCEITOS BÁSICOS SOBRE PODER POLÍTICO E REPRESENTAÇÃO
14
Uma questão que inquieta os postulados de Hobbes, é quanto 
uma contradição no pensamento do autor, ou uma crença na bondade dos 
representantes. Se o autor assume que o homem tem uma vontade insaciável de 
poder, “por que, então, justamente o soberano deveria estar livre desse desejo 
inesgotável de poder e mais poder?” (HERB, 2013, p. 274). 
Os autores subsequentes a Hobbes vão buscar outras formas para delimitar 
o poder, pensando nas fronteiras e barreiras do poder. É nesse sentido que autores 
do liberalismo se voltaram a pensar quanto o poder soberano também deve ser 
controlado. 
Na perspectiva de Locke (1978), pelo pacto social, se constitui o governo 
civil. O propósito do governo civil é, especialmente, a proteção da propriedade 
privada, entendida como a conservação da vida, dos bens e da liberdade. E quem 
seria o detentor do poder soberano no governo civil, segundo o autor? Locke 
(1978) questiona o direito divino dos reis. Para o autor, o regime político ideal 
é a monarquia constitucional, uma soberania descentralizada, concentrando-
se o poder em três lugares: no parlamento (poder legislativo); na Coroa (poder 
executivo) e no poder federativo (o poder de uma nação em relação às outras). No 
entanto, oautor defendia que o poder do parlamento fosse superior aos demais. 
Essa divisão dos poderes vai inspirar Montesquieu em sua teoria da divisão dos 
poderes, conforme veremos na Unidade 3.
 
Locke (1978) enfatiza ainda que caso o poder soberano não garanta, de 
fato, as condições que o homem negociou no pacto, há o direito de deposição dos 
governantes que se valham do governo para fins que não aqueles acordados no 
pacto social, ou seja: a garantia da propriedade e a segurança. O autor introduziu 
o ideal da liberdade burguesa na Teoria do Estado, sendo considerado um 
precursor do liberalismo no Reino Unido. Nesse sentido, ao Estado caberia a 
regulação das relações da vida no âmbito social, resguardando-se aos homens as 
liberdades fundamentais e o direito à vida, direitos anteriores e acima do próprio 
Estado.
 
Rousseau (1989), por sua vez, também contrário à ideia de o poder 
soberano ser absoluto, afirma que a partir do contrato social é criada a vontade 
geral (um corpo moral coletivo, o Estado). A única soberania válida é a do povo, 
“corpo dos cidadãos que adquire realidade na medida em que exerce o poder 
legislativo” (JOUVENEL, 1980, p. 423). Um governante não é o soberano, mas 
representante da soberania popular, sendo tolerável enquanto fosse justo. Assim, 
os direitos naturais são transferidos para o povo a fim de serem convertidos 
em direitos civis, ou seja, em cidadania e em direito à propriedade. O regime 
político que melhor corresponderia às garantias do contrato social, uma vez que 
a soberania é do povo, seria a democracia direta ou participativa. 
O Estado é uma organização encarregada de determinadas funções, sendo 
sua constituição resultante de longos processos históricos. Os principais elementos 
de um Estado são o povo, o território, o poder e a soberania. Talvez uma definição 
TÓPICO 1 —A QUESTÃO DO PODER: O QUE É O PODER?
15
de Estado que melhor apresente suas características é a definição apresentada 
por Max Weber (2010). Segundo esse autor, o Estado é uma associação humana 
e uma das muitas organizações burocráticas da sociedade, sendo marcada pela 
centralização do poder; pela profissionalização dos políticos; radicada em um 
território específico e com monopólio legítimo do uso da força. 
FIGURA 5 - ESTADO E MONOPÓLIO DA FORÇA FÍSICA
FONTE: <https://www.anf.org.br/wp-content/uploads/2018/02/Rio-de-Janeiro-Brasil-696x432.
jpg>. Acesso em 18 Jul. 2020
Na Figura 5, soldados do Exército Brasileiro atuam com armas na mão em 
ruas de uma comunidade, atuando em nome do Estado com vistas à garantia da 
lei e da ordem com o uso da força física. 
Feita essa revisão sobre as origens e características do Estado Moderno, a 
pergunta que se apresenta é: como o poder político é organizado internamente aos 
Estados? É importante termos em mente que não há uma forma única de exercer 
o poder político no Estado. De acordo com os arranjos institucionais aliados ao 
processo histórico e cultural de uma sociedade, ela pode experimentar regimes 
políticos que se diferenciam daqueles de outras sociedades. 
Os principais exemplos de formas de exercício do poder político são 
os sistemas políticos, sendo o autoritarismo e a democracia as formas mais 
comuns; e os sistemas de governo, que em sua maioria se organizam em sistemas 
presidencialistas e parlamentaristas. 
Quais são as bases desses sistemas e o que os diferencia? Na sequência 
desse tópico compreenderemos quais são os pressupostos e exemplos de sistemas 
políticos. Os sistemas de governo (parlamentarismo e presidencialismo) serão 
abordados no Tópico 2 desta unidade. 
UNIDADE 1 —CONCEITOS BÁSICOS SOBRE PODER POLÍTICO E REPRESENTAÇÃO
16
4 AUTORITARISMO 
Em seu significado mais antigo, o termo autoridade “indica que as 
pessoas de autoridade reforçam, confirmam e sancionam um curso de ação ou 
pensamento” (SARTORI, 1994, p. 251). A existência de autoridades é considerada 
importante e necessária no âmbito político. No entanto, se há atuação de uma 
autoridade política de modo autoritário, isso pode gerar efeitos prejudiciais ao 
exercício da liberdade dos indivíduos de uma sociedade. Bobbio, Matteucci e 
Pasquino (2010) esclarecem que: 
O adjetivo "autoritário" e o substantivo autoritarismo, que dele deriva, 
empregam-se especificamente em três contextos: a estrutura dos 
sistemas políticos, as disposições psicológicas a respeito do poder e as 
ideologias políticas. Na tipologia dos sistemas políticos, são chamados 
de autoritários os regimes que privilegiam a autoridade governamental 
e diminuem de forma mais ou menos radical o consenso, concentrando 
o poder político nas mãos de uma só pessoa ou de um só órgão e 
colocando em posição secundária as instituições representativas. 
Nesse contexto, a oposição e a autonomia dos subsistemas políticos 
são reduzidas à expressão mínima e as instituições destinadas a 
representar a autoridade de baixo para cima ou são aniquiladas 
ou substancialmente esvaziadas. Em sentido psicológico, fala-se 
de personalidade autoritária quando se quer denotar um tipo de 
personalidade formada por diversos traços característicos centrados 
no acoplamento de duas atitudes estreitamente ligadas entre si: de 
uma parte, a disposição à obediência preocupada com os superiores, 
incluindo por vezes o obséquio e a adulação para com todos aqueles 
que detêm a força e o poder; de outra parte, a disposição em tratar 
com arrogância e desprezo os inferiores hierárquicos e em geral todos 
aqueles que não têm poder e autoridade. As ideologias autoritárias, 
enfim, são ideologias que negam de uma maneira mais ou menos 
decisiva a igualdade dos homens e colocam em destaque o princípio 
hierárquico, além de propugnarem formas de regimes autoritários e 
exaltarem amiudadas vezes como virtudes alguns dos componentes 
da personalidade autoritária (BOBBIO; MATTEUCCI; PASQUINO, 
2010, p. 94, grifo no original). 
Considerando a definição de autoritarismo de Bobbio, Matteucci e 
Pasquino, temos que nos sistemas políticos autoritários, as necessidades e 
interesses do Estado estão acima dos interesses dos cidadãos comuns, não 
havendo mecanismos legais e institucionais que possibilitem fazer oposição ao 
governo ou mesmo remover os chefes autoritários do poder. 
Os termos autoritarismo e totalitarismo são palavras recentes. Surgiram 
depois da Segunda Guerra Mundial e foram usadas com o significado de oposto 
de democracia (SARTORI, 1994). 
Em geral embasados em pressupostos ideológicos que podem referir-se 
a conflitos étnicos, religiosos, econômicos e científicos, os sistemas autoritários 
tendem a fazer forte apelo emocional com o uso das ideologias. 
TÓPICO 1 —A QUESTÃO DO PODER: O QUE É O PODER?
17
Há na História mundial recente, diversos casos de sistemas autoritários 
e totalitários que tolheram as liberdades dos cidadãos. Certamente, o caso mais 
conhecido é o do nazismo na Alemanha, que fez um uso muito intenso da 
ideologia da superioridade da pureza da raça branca e da identidade nacional 
para legitimar principalmente o extermínio de judeus, comunistas, ciganos, 
homossexuais e pessoas com deficiência. 
FIGURA 6 - PRISIONEIROS DE GUERRA
FONTE: <http://www.sarahmatthias.co.uk/wp-content/uploads/2016/11/Scan-9-768x760.jpeg>. 
Acesso em: 25 nov. 2019
A Figura 6, o quadro “Buchenwald: metade pessoas, metade faces” é 
uma representação de prisioneiros no campo de concentração Buchenwald, na 
Alemanha. O quadro é uma pintura de Karl Stojka, um cigano sobrevivente dos 
campos de concentração nazistas. 
 
Também os casos de regimes comunistas em países do Leste Europeu e na 
China, que se denominavam democráticos, diferindo muito do que habitualmente 
se compreende por democracia, sendo normalmente formados por sistemas 
unipartidários, com eleições em que concorriam apenas candidatos do Partido 
Comunista, ou apenas um candidato, não havendo assim muita margem de escolha. 
O Partido Comunista era o poder predominante nos países com regime comunista, 
controlando o sistema econômicoe o sistema político (GIDDENS, 2012). 
UNIDADE 1 —CONCEITOS BÁSICOS SOBRE PODER POLÍTICO E REPRESENTAÇÃO
18
Mas também podemos olhar para História da América Latina, na qual 
diversos países como Brasil, Argentina e Chile viveram sob regimes autoritários 
durante boa parte da segunda metade do século XX. 
No Brasil, a ditadura vivenciada entre 1964 e 1979 foi um período em 
que as políticas de Estado estiveram fundamentadas no uso da força e da 
violência (GRIGOLI, 2016) para obter êxito na execução de políticas nas mais 
diversas áreas, como educação, assistência social e economia. O contexto pode 
ser analisado observando-se a aliança entre a burguesia nacional, o Estado e 
empresas multinacionais (FERNANDES, 1982). 
5 DEMOCRACIA 
Após regimes políticos de tipo autoritário terem sido experimentados 
e fracassado em grande parte do mundo, a democracia apresenta-se como o 
melhor sistema político e é nesse sentido que houve a expansão dos sistemas 
democráticos a partir da década de 1980, que teve como influenciadores o 
processo de globalização, as mudanças no plano econômico em nível global e a 
forte influência da Organização das Nações Unidas (ONU). 
Democracia possui amplos significados, sendo a forma que toma em 
cada contexto resultado do modo como os valores e objetivos democráticos 
são compreendidos por cada sociedade. Em linhas gerais, democracia pode ser 
definida como o sistema político mais propício à garantia das liberdades políticas 
e individuais, bem como é um sistema no qual o interesse comum é defendido, 
indo ao encontro dos cidadãos, e onde é incentivado o autodesenvolvimento moral 
dos indivíduos e possibilitada a tomada de decisão que considere os interesses 
da coletividade (HELD, 1987). De acordo com Nogueira (2008), numa democracia 
o poder está submetido a algum tipo de controle ou contenção, uma vez que 
“o poder democrático não é apenas um poder limitado e dividido, mas também 
um poder compartilhado, uma vez que vive e funciona com base em interações 
dinâmicas e de responsabilizações recíprocas entre governantes e governados” 
(NOGUEIRA, 2008, p. 116, grifo no original). Dois elementos fundamentais nas 
democracias atuais são os sistemas partidários e os sistemas eleitorais, sistemas 
que estudaremos no próximo tópico e na próxima unidade. 
De acordo com Giddens (2012), o aumento dos contatos transnacionais 
que a globalização trouxe, incentivou movimentos democráticos em diversos 
países. Habitantes de nações não democráticas passaram a ter contato com 
ideais democráticos através de meios de comunicação globais e com o avanço 
das tecnologias, incentivando assim, organização interna e pressão por eleições e 
alterações nos regimes políticos. 
Giddens (2012) salienta também que organizações como a ONU e União 
Europeia passaram a ter um papel cada vez mais importante, exercendo pressão 
sobre os Estados para o avanço em direção à democracia. “Em alguns casos, essas 
organizações conseguem usar embargos comerciais, condições para empréstimos 
TÓPICO 1 —A QUESTÃO DO PODER: O QUE É O PODER?
19
para desenvolvimento econômico e estabilização e manobras diplomáticas 
de vários tipos para incentivar o desmantelamento de regimes autoritários” 
(GIDDENS, 2012, p. 706). Além do suporte técnico e administrativo, a ONU oferece 
apoio para o desenvolvimento de uma cultura democrática junto a organizações 
da sociedade civil e incentiva a existência de mídia livre.
Além disso, Giddens (2012) também destaca a expansão do capitalismo 
mundial como um dos propulsores da democratização, uma vez que para as 
grandes corporações, firmar negócios em nações democráticas representa maior 
estabilidade e previsibilidade de lucros. 
Nesse sentido, ressalta-se que não é somente o poder político que 
é hegemônico nas sociedades modernas, uma vez que o poder passa a ser 
descentralizado, passando o poder econômico a assumir uma grande influência 
sobre a própria organização política dos Estados modernos. De acordo com 
Nogueira (2008) 
Quando os territórios são afetados por muitos fluxos (comerciais, de 
informação, culturais, políticos) ou sofrem efeitos de decisões tomadas 
por diferentes atores ou protagonistas, ou simplesmente não podem 
ser objeto de decisões governamentais voluntárias e soberanas, não há 
como negar que ocorre um declínio em termos de poder: passa-se a 
viver sob os efeitos de uma rede de poderes cruzados, que se remetem 
o tempo todo uns aos outros. Reduz-se assim o poder que os Estados 
detêm sobre os territórios, e os diferentes poderes concorrentes passam 
a ter, cada um deles, uma menor dose de poder efetivo (NOGUEIRA, 
2008, p. 24). 
Em outras palavras, não é somente o Estado que exerce poder sobre um 
determinado território. 
A globalização manifesta-se em diferentes aspectos: social, econômico, 
político, cultural, informacional, tecnológico e comunicacional. Embora esse processo 
tenha contribuído para que mais sociedades tenham contato com os ideais e as práticas 
democráticas (GIDDENS, 2012), há também uma dimensão da globalização que é 
excludente, uma vez que nem todas as pessoas têm acesso ao universo de oportunidades 
e melhorias. Com o aprofundamento do processo neoliberal, tem-se um contexto em que 
há a desregulamentação e a flexibilização das normas do mercado e financeiras, e um 
sistema jurídico que é conivente com esse processo (SILVA, 2016, p. 4). 
 Esses fatores geram impactos muito profundos no âmbito dos aspectos 
econômicos, dos direitos sociais e nas relações humanas, no sentido de gerar instabilidade 
e insegurança quanto ao mercado de trabalho, redução do papel do Estado na garantia de 
condições mínimas de segurança à parcela mais pobre da população, e aprofundamento 
dos processos de competitividade e individualidade (SILVA, 2016; AFECHE PIMENTA; 
FUGAZZOLA PIMENTA, 2011; SANTOS, 2006; BAUMAN, 1999).
NOTA
UNIDADE 1 —CONCEITOS BÁSICOS SOBRE PODER POLÍTICO E REPRESENTAÇÃO
20
Considerando a expansão da democracia pelo mundo, aparecendo como 
uma promessa de sistema político melhor que sistemas autoritários, o que se 
espera é que estaria funcionando bem. Mas será que é esse o panorama atual? 
A mudança em relação aos valores políticos é apontada como uma 
alteração no interesse pela política. Segundo Inglehart (1997), os valores políticos 
passaram de valores materialistas a valores pós-materialistas, ou seja, uma vez 
que nas sociedades mais desenvolvidas foi atingido bom nível de estabilidade 
econômica, as preocupações dos eleitores passam a ser em relação à qualidade 
de suas vidas individuais ao invés do coletivo. Nesse sentido, a participação na 
política se daria somente em questões que dizem respeito às suas liberdades 
individuais. 
Em relação a um dos principais instrumentos democráticos, o direito 
ao voto, tem sido registrado um declínio no comparecimento eleitoral, sendo 
debatidos os fatores que levam a esse fenômeno. A crise de confiança nas 
instituições políticas vem sendo apontada por diversos cientistas políticos, 
especialmente em relação aos partidos políticos, considerados os principais 
agentes de mediação entre sociedade civil e Estado. 
Também o predomínio do neoliberalismo e a crise do Estado de bem-
estar social, levou a um descrédito em relação ao bom desempenho do Estado 
democrático no sentido de promover bens e serviços essenciais à população. 
Mais recentemente, há o registro de movimentos que alertam para os riscos 
que as democracias contemporâneas estão correndo no sentido das liberdades 
individuais e garantia de direitos humanos. São exemplos nesse sentido, a negação 
de refúgio para pessoas que fogem de conflitos em seus países; as violências para 
com imigrantes; a polarização política nos pleitos eleitorais; a eleição de líderes 
políticos que compactuam com ideais antidemocráticos e com a discriminação de 
minorias; movimentos separatistas, entre outros. 
Para a compreensão das democracias atuais, diversos modelos de 
democracia buscam explicar e analisar as dinâmicasdos sistemas democráticos, 
sendo os três principais modelos a democracia participativa, a democracia 
representativa e a democracia deliberativa. Embora por algum tempo no âmbito 
dos debates teóricos não havia o reconhecimento de elementos dos três modelos 
de democracia na prática dos sistemas democráticos reais, muito recentemente 
esse reconhecimento ocorreu, no entanto, cumpre salientar que o modelo de 
democracia representativa é o predominante, uma vez que as democracias 
eleitorais estão intimamente relacionadas com a representação. 
5.1 DEMOCRACIA PARTICIPATIVA
A democracia participativa, também conhecida como democracia direta, 
tem como principal postulado que as decisões são tomadas por aqueles que estão 
sujeitos a elas. Esse modelo de democracia teve origem na Grécia Antiga e na 
TÓPICO 1 —A QUESTÃO DO PODER: O QUE É O PODER?
21
dinâmica pela qual estava organizada, somente aqueles que eram considerados 
cidadãos reuniam-se com certa regularidade para discutir a política. Importante 
destacar que fazia parte do grupo de cidadãos uma minoria da sociedade, ficando 
excluídos, por exemplo, os escravos e as mulheres (DAHL, 2012). 
O modelo de democracia participativa direta tende a ser mais propício 
a pequenas comunidades, pois com o desenvolvimento das sociedades e os 
desafios apresentados à vida política a partir do desenvolvimento dos Estados 
nacionais, especialmente com o aumento dos territórios geográficos e do número 
de pessoas com direito à participação na vida política, os potenciais da democracia 
participativa tendem a ser limitados, uma vez que seria impossível a participação 
direta e ativa de todos os cidadãos nas decisões que lhes dizem respeito (DAHL, 
2012; SARTORI, 1994). Contudo, alguns aspectos da democracia participativa são 
importantes nas sociedades modernas e são usadas com certa frequência. 
Alguns mecanismos de participação, como os referendos, consultas 
públicas e audiências públicas, são instrumentos de participação direta que são 
levados em consideração pelos governos na elaboração de legislações, distribuição 
de recursos orçamentários e execução de políticas públicas. Estudaremos esses 
mecanismos na Unidade 3. 
5.2 DEMOCRACIA REPRESENTATIVA
Com as limitações da democracia participativa no que diz respeito à 
viabilidade da participação direta em sociedades com magnitude maior de 
cidadãos aptos a participar dos processos decisórios, a democracia representativa 
aparece como uma solução viável desse dilema. De forma simplificada, a 
democracia representativa pressupõe a existência de pessoas que foram eleitas 
para atuarem como representantes dos demais membros da coletividade, 
estando autorizados a tomar decisões em nome destes. No âmbito do governo 
nacional brasileiro, a democracia representativa assume a forma de eleições para 
deputados federais e estaduais, senadores, presidente, governadores, prefeitos e 
vereadores.
Os princípios da representação também podem ser observados em espaços 
em nível internacional, como organizações que contam com representantes de 
diversos países, os quais formam um comitê executivo que toma decisões que 
impactam em áreas como o comércio, a saúde, meio ambiente e desenvolvimento, 
educação, entre outras. 
É importante evitarmos um erro bastante comum: o de associar 
diretamente a representação à democracia. Sendo, “em grande medida, um 
fenômeno cultural e político, um fenômeno humano” (PITKIN, 2006, p. 16), o 
entendimento e as práticas de representação alteram-se ao longo do processo 
histórico das sociedades. Manin (1997) destaca que autores como Madison e 
Sieyès compreendiam a representação como uma forma superior de governo, 
alegando que a representação não possuía elementos democráticos. Ao olhar 
UNIDADE 1 —CONCEITOS BÁSICOS SOBRE PODER POLÍTICO E REPRESENTAÇÃO
22
para a história do conceito de representação, alguns autores destacam que a ideia 
de representação foi sendo vinculada à ideia de democracia apenas a partir do 
século XIX (MANIN, 1997; PITKIN, 1967, URBINATI, 2006). 
No âmbito da teoria democrática contemporânea o tema da representação 
política vem sendo analisado sob o prisma da ampliação da noção de representação, 
indo além do sistema eleitoral, partidário e parlamentar (LAVALLE; HOUTZAGER; 
CASTELLO, 2006; AVRITZER, 2007; URBINATI, 2006). Nesse movimento, 
vem sendo incorporadas questões que buscam compreender a pluralização da 
representação nas sociedades contemporâneas, com destaque para a necessidade 
de inclusão de minorias políticas nos processos de representação (mulheres, 
negros e pessoas com deficiência são alguns dos exemplos) (WILLIAMS, 2000; 
YOUNG, 2006).
Também a participação e a representação exercidas pelos movimentos 
sociais e associações (que, especialmente no cenário brasileiro ocorre fora dos 
momentos eleitorais, como conselhos gestores de políticas públicas, fóruns, 
conferências) são debatidas, uma vez que questões acerca da legitimidade da 
representação exercida pelos não eleitos são levantadas (GURZA LAVALLE; 
HOUTZAGER; CASTELLO, 2006; LÜCHMANN, 2007; AVRITZER, 2007). 
Segundo o argumento de Garcêz (2015), a representação passa a ser essencial para 
a formação da opinião pública e também para as práticas democráticas dentro e 
fora do Estado (URBINATI, 2006). 
FIGURA 7 - PLURALIDADE E DEMOCRACIA
FONTE: <https://bit.ly/3fYWlyl>. Acesso em: 22 set. 2019
Na Figura 7, o desenho de diversas mãos erguidas, com cores representando 
a diversidade de pessoas e grupos sociais, demonstra a pluralidade de questões 
sociais que os sistemas democráticos representativos passaram a acolher na 
política, como grupos minoritários relacionados à origem étnica e gênero. 
TÓPICO 1 —A QUESTÃO DO PODER: O QUE É O PODER?
23
Quando abordamos o conceito de minorias, podemos nos referir às minorias 
sociológicas ou às minorias numéricas. O que distingue uma da outra? As minorias 
numéricas caracterizam a minoria de uma população dentro de um Estado. Já as minorias 
sociológicas, são caracterizadas por grupos com diferenças culturais, identitárias, e 
grupos marginalizados como negros, homossexuais, pessoas com deficiência e mulheres 
(MARTINS; MIZUTANI, 2011). De acordo com Joan Scott (2005) “os eventos que determinam 
que minorias são minorias o fazem através da atribuição do status de minoria a algumas 
qualidades inerentes ao grupo minoritário, como se essas qualidades fossem a razão e 
também a racionalização de um tratamento desigual” (SCOTT, 2005, p. 18). Já Iris Young 
(2006) define como minorias aqueles grupos sociais que são “estrutural ou culturalmente 
diferenciados e socialmente desfavorecidos” (YOUNG, 2006, p. 184).
IMPORTANT
E
5.3 DEMOCRACIA DELIBERATIVA 
Outro modelo de democracia que tem recebido bastante atenção é o 
modelo de democracia deliberativa que tem em Jürgen Habermas (1995) seu 
principal expoente. O autor critica os modelos hegemônicos de democracia 
e propõe um modelo pautado na ação comunicativa. Para Habermas (1995), a 
legitimidade das decisões políticas estaria no processo deliberativo e na formação 
de um consenso, e não no princípio da maioria, que toma as decisões a partir da 
maioria, em vista da impossibilidade de unanimidade nas sociedades modernas. 
Segundo seu argumento, a política deliberativa se daria com a conjugação de 
duas vias: a construção da opinião em espaços não institucionais, como fóruns de 
discussão informais e a formação da vontade construída democraticamente nos 
espaços institucionais.
Como mencionado anteriormente, nas democracias reais, elementos dos 
diversos modelos teóricos de democracia são combinados, como nos casos de 
consultas e audiências públicas, referendos, conferências temáticas, conselhos 
gestores, audiências públicas, processos nos quais há participação direta dos 
cidadãos, deliberação e representação. 
Também é importante salientar que a democracia se estrutura, se 
reconfigura, se movimenta num processo não linear, uma vez que a maioria 
dos Estados democráticos é recente,as instituições e leis estão em processo de 
consolidação e, aliado aos valores políticos, históricos e culturais de cada país, 
sendo perpassados por questões e poderes transnacionais, alguns ruídos, avanços 
e recuos são constituintes do processo político. 
Em nossa disciplina, vamos nos voltar ao estudo das formas de organização 
e distribuição do poder político nas democracias, abordando os sistemas 
presidencialistas e parlamentaristas e analisando os sistemas partidários, os 
sistemas eleitorais e o processo legislativo que constituem a sua dinâmica interna. 
UNIDADE 1 —CONCEITOS BÁSICOS SOBRE PODER POLÍTICO E REPRESENTAÇÃO
24
ÍNDICE DE DEMOCRACIA 
 Quais são os critérios para definir se um país pode ser classificado como 
democrático? A Freedom House, uma organização sem fins lucrativos sediada nos Estados 
Unidos, atualiza anualmente o índice de democracia de diversos países, observando os 
direitos políticos e liberdades civis que neles há. 
 Dentre os direitos políticos, por um lado é analisado o processo eleitoral, no qual 
se consideram o direito de organização política em partidos; se há direito de oposição; 
se minorias étnicas, religiosas, de gênero, LGBTs ou outros possuem direitos políticos e 
oportunidades eleitorais. Por outro lado, o funcionamento do governo também é avaliado no 
que tange à implementação do plano de governo dos representantes eleitos; se há políticas 
efetivas de constrangimento à corrupção e também se há transparência na gestão pública.
 Já no referente às liberdades civis, são observados os seguintes aspectos: 
1. liberdade de expressão e de crença: se há meios de comunicação livres e independentes; 
se há liberdade religiosa, se há liberdade acadêmica, bem como sistemas educacionais 
livres de doutrinação; se há liberdade de expressão sobre questões políticas ou outras 
que possam ser delicados sem medo de vigilância ou repressão; 
2. direito de associação e organização: se há liberdade de associação (de lazer, cultura, 
trabalho, sindicatos etc.); se organizações da sociedade civil que são ativistas de direitos 
humanos possuem liberdade; 
3. sobre o Estado de Direito: se há um poder judiciário independente; se há garantia 
de acesso ao sistema judiciário e devidos encaminhamentos dos processos; se há 
proteção contra o uso ilegítimo da força; se as leis, políticas e práticas garantem 
tratamento igual para todos os segmentos da população; 
4. direitos individuais e autonomia pessoal: se há direito de mobilidade, seja de local 
de residência, de emprego, de curso; se desfrutam do direito de empreender, sem 
intervenções indevidas de agentes do governo; se há liberdades sociais, como escolha 
de parceiro, tamanho da família, proteção contra violência doméstica; se há igualdade 
de oportunidades e liberdade da exploração econômica. 
 A situação do Brasil também pode ser consultada nesse ranking, tendo sido 
registrado um declínio no nível democrático brasileiro na atualização efetuada no final de 
2018, sendo os pontos mais críticos do Brasil os aspectos relacionados à segurança pública, 
violação dos direitos de minorias, corrupção e o aumento da polarização política. 
 Na síntese do panorama da Freedom House sobre o Brasil, o país é descrito como 
uma democracia na qual eleições competitivas são realizadas periodicamente, sendo 
registrado debate público vibrante no período eleitoral. Contudo, jornalistas independentes 
e ativistas da sociedade civil correm risco de perseguição virtual (em redes sociais e outros 
meios de comunicação), sofrendo inclusive ataques físicos violentos. O governo mostrou-
se também incapaz de conter o aumento na taxa de homicídios ou de enfrentar a violência 
desproporcional e a exclusão econômica da qual as minorias são vítimas. A corrupção é 
endêmica nos níveis mais altos da política, contribuindo para o aumento do descrédito para 
com os partidos políticos.
IMPORTANT
E
TÓPICO 1 —A QUESTÃO DO PODER: O QUE É O PODER?
25
 No entanto, a Freedom House destaca que a situação do Brasil não é um caso 
isolado, pois são registradas baixas nos níveis democráticos em muitos países do mundo 
inteiro, sendo esse declínio motivo de preocupação tanto de analistas quanto de ativistas 
de direitos humanos, e esse movimento é, obviamente, objeto de estudos que visam 
compreender essa nova grande transformação em curso.
 Se você tiver interesse em conhecer mais, consulte o site oficial da Freedom 
House e conheça os indicadores de modo mais detalhado. Links:
<https://freedomhouse.org/about-us>.
<https://freedomhouse.org/country/brazil/freedom-world/2020>.
26
Neste tópico, você aprendeu que:
RESUMO DO TÓPICO 1
• O poder é relacional, processual e reflexo de contextos específicos. Baseado 
em uma relação triádica, onde há uma pessoa/grupo que detém o poder, uma 
pessoa/grupo que é sujeito ao poder e uma esfera (familiar, política, econômica) 
na qual a relação de poder ocorre.
• Os três principais tipos de poder são o econômico, o ideológico e o político.
• O poder político ampara-se em um Estado e possui o monopólio legítimo do 
uso da força. 
• Quando o poder é exercido com o reconhecimento de quem a ele está sujeito, 
o poder é legítimo. Existem três os tipos de dominação legítima, segundo Max 
Weber: a tradicional (base nos costumes), a carismática (com base na crença de 
que o líder tem dons especiais que o fazem digno de confiança) e a racional-
legal (com base nas leis e normas das organizações burocráticas das sociedades 
modernas).
• Com vistas a limitar e regulamentar o poder, o Estado foi criado, sendo os 
autores do contratualismo essenciais para a compreensão desse processo. 
• Nos Estados o poder é organizado em sistemas políticos (autoritários ou 
democráticos) e sistemas de governo (parlamentarismo e presidencialismo).
27
1 Max Weber diferenciou os tipos ideais de dominação ilegítima (imposição, 
baseado no uso da força), e dominação legítima (quando a autoridade é 
reconhecida e não há uso da força). Sobre os tipos de dominação legítima, 
assinale a alternativa INCORRETA:
a) ( ) A autoridade na dominação tradicional tem origem no passado, nos 
costumes e na tradição. 
b) ( ) A dominação carismática baseia-se na crença de que somente uma pessoa 
é capacitada para liderar.
c) ( ) O carisma é um traço da personalidade de alguns líderes.
d) ( ) A dominação racional legal é encontrada nas organizações e nas 
burocracias das sociedades modernas.
e) ( ) A dominação racional legal é legitimada por meio de normas e 
regulamentações e se ampara em instituições oficiais como o Estado. 
2 Diversos autores buscaram explicar o surgimento do Estado e a importância 
das instituições políticas. Considerando os autores estudados ao longo do 
Tópico 1, leia atentamente as frases a seguir:
1 As instituições são instrumentos que propiciam estabilidade à república e 
garantem a manutenção da liberdade dos cidadãos. 
2 Designada uma assembleia ou um homem como representante das demais 
pessoas, fica esta conhecida como Estado, aquele que garante a paz e a 
defesa de todos. 
3 O propósito do governo civil é, especialmente, a proteção da propriedade 
privada, entendida como a conservação da vida, dos bens e da liberdade.
4 Os direitos naturais são transferidos para o povo a fim de serem convertidos 
em direitos civis, ou seja, em cidadania e em direito à propriedade.
Qual alternativa apresenta a sequência CORRETA dos autores das ideias 
expressas acima? 
a) ( ) 1. Maquiavel; 2. Hobbes; 3. Locke; 4. Rousseau.
b) ( ) 1. Hobbes; 2. Maquiavel; 3. Rousseau; 4. Locke.
c) ( ) 1. Maquiavel; 2. Locke; 3. Hobbes; 4. Rousseau.
d) ( ) 1. Locke; 2. Hobbes; 3. Maquiavel; 4. Rousseau. 
3 Os sistemas democráticos são analisados por três perspectivas teóricas 
principais: a teoria representativa, a teoria participativa e a teoria 
deliberativa. Em relação aos sistemas democráticos, assinale a alternativa 
INCORRETA: 
AUTOATIVIDADE
28
a) ( ) Nas democracias reais, elementos dos diferentes modelos de democracia

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