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DAOP: Vascularização e Retorno Venoso dos Membros Inferiores

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Leticia Martinussi 
SITUAÇÃO PROBLEMA 8: DAOP 
VASCULARIZAÇÃO E RETORNO VENOSO DOS 
MEMBROS INFERIORES 
 
A extremidade inferior é dividida em quatro regiões: 
quadril, coxa, perna e pé. 
• Artéria femoral: 
É a maior artéria do membro inferior e fornece 
sangue oxigenado a todo o membro, 
Ramos: artéria epigástrica superficial, artéria ilíaca 
circunflexa superficial, artéria pudenda externa 
superficial, artéria pudenda externa profunda, 
artéria femoral profunda e artéria genicular 
descendente. 
• Artérias 
Quadril e coxa: artérias femoral, glúteas (superior 
e inferior), obturadora, femoral profunda e 
genicular descendente. 
Joelho e perna: artérias poplítea, genicular 
superior (medial e lateral), genicular inferior 
(medial e lateral), tibial (anterior e posterior), 
maleolar anterior (medial e lateral) e fibular 
(peroneal). 
Tornozelo e pé: artérias maleolares (anterior e 
posterior), artéria dorsal do pé, artérias plantares 
(medial e lateral), artérias tarsais (medial e lateral), 
artéria arqueada, artérias metatarsais dorsais, arco 
plantar profundo e artérias metatarsais plantares. 
• Veias 
Sistema venoso superficial: rede venosa superficial 
dorsal, redes venosas plantares, veias marginais, 
veias metatarsais → veia safena parva → veia 
poplítea e veia safena magna → veia femoral. 
Sistema venoso profundo: veias digitais, veias 
metatarsais → arcos venosos profundos plantar e 
dorsal → veia tibiais (anterior e posterior) e 
fibulares (peroneais) → veia poplítea → veia 
femoral. 
DOENÇA ARTERIAL OBSTRUTIVA PERIFÉRICA 
• A aterosclerose é uma doença sistêmica das 
artérias de grande e médio calibre que causa 
estreitamento luminal (focal ou difuso) como 
resultado do acúmulo de material lipídico e 
fibroso entre as camadas íntima e média do 
vaso. 
• Pode causar doenças das artérias coronárias, 
cerebrais e periféricas. 
• A aterosclerose das artérias dos membros 
inferiores é definida como doença arterial 
obstrutiva periférica (DAOP). 
FISIOPATOLOGIA 
• A aterosclerose é considerada uma resposta 
inflamatória crônica da parede arterial à lesão 
endotelial. 
• A progressão da lesão envolve a interação de 
lipoproteínas modificadas, macrófagos, 
linfócitos T e constituintes celulares da parede 
arterial. 
• A aterosclerose é formada inicialmente por 
uma lesão endotelial que promove o 
espessamento de íntima e na presença de 
dietas ricas em lipídios resulta na formação de 
ateromas típicos. 
• Uma sequência de eventos contribuí para a 
origem do ateroma: adesão de monócitos ao 
endotélio; migração para a íntima e 
diferenciação em macrófagos e células 
espumosas; acúmulo de lipídios no interior dos 
macrófagos com liberação de citocinas 
inflamatórias; recrutamento de células 
musculares lisas devido aos fatores liberados 
pela ativação de plaquetas; macrófagos e 
células da parede vascular e proliferação de 
células musculares lisas para formação do 
ateroma maduro. 
• Distribuição anatômica da aterosclerose é 
geralmente constante, com uma concentração 
das placas nas bifurcações e angulações dos 
vasos, onde sabidamente ocorrem alterações 
locais devidas ao esforço, a separação do fluxo, 
turbulência e estase. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
As diretrizes da American College of cardiology sobre 
DAOP sugeriram a seguinte distribuição da 
apresentação clínica da DAOP nos pacientes acima de 
50 anos. 
• Assintomáticos: 20-50% 
• Dor na parte atípica: 40-50% 
• Claudicação clássica: 10-35% 
• Membro ameaçado: 1-2% 
Assintomáticos: 
Os pacientes assintomáticos são diagnosticados pela 
triagem que é recomendada em casos específicos. 
Estes pacientes se beneficiam da redução de lipídios, 
controle da PA e cessação do tabagismo que reduzem 
o risco de infarto do miocárdio, acidente vascular 
cerebral e morte. 
Dor nos membros inferiores: 
Sintoma predominante em pacientes com DAOP e é 
devido a graus variados de isquemia. Pode ocorrer na 
panturrilha, coxa ou nádega provocada por atividade e 
aliviada com repouso (claudicação intermitente), dor 
atípica nas pernas ou dor constante (dor isquêmica no 
repouso). 
Claudicação intermitente: 
A claudicação intermitente é definida como um 
desconforto reprodutível de um grupo definido de 
músculos que é induzido pelo exercício e aliviado com 
o repouso. Embora o suprimento de sangue seja 
suficiente para atender as demandas do músculo 
inativo, ocorre uma incompatibilidade entre o 
suprimento de sangue e o aumento da demanda 
induzida pela atividade. A percepção claudicante pode 
variar de um desconforto incômodo de pouca 
consequência a uma dor severa e debilitante que se 
torna limitadora do estilo de vida. É comum o relato do 
paciente de dor nas pernas por esforço que começa 
após uma certa distância a pé, faz com que ele pare de 
andar e se resolve dentro de 10 minutos, permitindo 
que retome a caminhada. Pode se apresentar uni ou 
bilateralmente, em nádegas, quadris, coxas, 
panturrilhas ou pés de acordo com o local anatômico 
da DAOP. 
Dor atípica nas extremidades: 
Os sintomas atípicos são mais comuns em pacientes 
com comorbidades, inatividade física e percepção 
alterada da dor. Muitas vezes é difícil separar nesses 
casos a dor decorrente da DAOP de outras etiologias, 
como artrite por exemplo. 
Dor isquêmica em repouso: 
Uma redução severa na perfusão dos membros pode 
resultar em dor isquêmica em repouso. Esta é 
tipicamente localizada no antepé e nos dedos dos pés 
e não é facilmente controlada por analgésicos. O 
paciente refere uma piora da dor com a elevação do 
membro inferior. Redução crônica no fluxo sanguíneo 
das extremidades também pode levar a uma dor 
neuropática isquêmica sobreposta que é 
frequentemente descrita como latejante ou ardente. 
Dor difusa grave: 
A isquemia aguda difusa dos membros é caracterizada 
pelo inicio repentino de dor nas extremidades, 
progredindo para dormência e finalmente paralisia da 
extremidade, acompanhada de palidez, parestesias e 
ausência de pulso palpável. 
Feridas/úlceras sem cicatrização: 
As úlceras isquêmicas geralmente começam como 
pequenas feridas traumáticas e depois não cicatrizam 
porque o suprimento de sangue é insuficiente para 
atender as crescentes demandas do tecido 
cicatrizante. 
Descoloração da pela gangrena: 
A isquemia extrema altera a aparência da pele. Podem 
surgir áreas focais de descoloração da pele que podem 
evoluir para necrose cutânea. 
FATORES DE RISCO 
• Tabagismo: principal fator predisponente, com 
impacto nos dois sexos. Risco de 
desenvolvimento da doença é 3 a 4 vezes 
maior em fumantes, se manifestando até uma 
década antes. 
• Hipertensão arterial sistêmica: com o aumento 
da pressão, cresce o risco nos homens em 2,5x 
e nas mulheres 4 vezes. A presença de 
hipertrofia ventricular esquerda é o fator 
preditivo de claudicação intermitente em 
ambos os sexos. 
• Hiperlipidemia: se observa relação entre níveis 
elevados de lipídeos plasmáticos e o 
desenvolvimento de arteriosclerose. 
• Diabetes mellitus: faz aumentar a incidência e 
a gravidade da aterosclerose periférica, além 
de antecipar seu aparecimento. A frequência 
da DAOP é de 2 a 6 vezes maior nos diabéticos, 
nesses pacientes, as lesões costumam ser mais 
difusas e afetam mais as artérias infra 
poplíteas. 
• Genéticos: o componente genético está 
estimado em 40 a 60% dos casos. 
• Idade e sexo: predomina na faixa etária de 50 
a 70 anos e acomete principalmente homens, 
com tendencia a se manifestar de 5 a 10 anos 
antes nos homens do que nas mulheres. 
FATORES QUE INFLUENCIAM O TRATAMENTO 
• Paciente (sexo, idade, etnia, estado civil, 
escolaridade e nível socioeconômico) 
• Doença (cronicidade, ausência de sintomas e 
consequências tardias) 
• As cresças de saúde, hábitos de vida e culturais 
(percepção da seriedade do problema, 
desconhecimento, experiênciacom a doença 
no contexto familiar e auto estima) 
• Tratamento dentro do qual se engloba a 
qualidade de vida (custo, efeitos indesejáveis, 
esquemas terapêuticos complexos). 
• Instituição (politica de saúde, acesso ao serviço 
de saúde, tempo de espera versus tempo de 
atendimento) 
• Relacionamento com a equipe de saúde. 
REFERÊNCIAS 
Tavares, Noemia Urruth Leão et al. Factors 
associated with low adherence to medicine 
treatment for chronic diseases in Brazil. 
Revista de Saúde Pública [online]. 2016, v. 
50 
PORTH, Carol Mattson. Fisiopatologia. 9. 
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 
2016. 
MOORE, Keith L; DALLEY, Arthur F; AGUR, 
A. M. R; 
Anatomia Orientada para a Clínica. 6. Ed. Rio 
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

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