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Psiquiatria: Interconsulta

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OUTUBRO 2019PSIQUIATRIA //
I N T E R C O N S U L T A
Se refere à presença do psiquiatra em uma unidade
ou serviço médico atendendo à solicitação de um
médico de outra especialidade
Seu objetivo último é melhorar a qualidade da
atenção ao paciente, proporcionando cuidados
integrais a todos os aspectos envolvidos na
situação de estar doente e hospitalizado
É uma sub-especialidade da Psiquiatria que se ocupa da
assistência, ensino e pesquisa na interface entre a Psiquiatria
e a Medicina
É um instrumento metodológico utilizado pelo psiquiatra no
trabalho em instituições de saúde visando compreender e
aprimorar a tarefa assistencial.
Em um sentido amplo, a Interconsulta se refere à presença
do psiquiatra em uma unidade ou serviço médico
atendendo à solicitação de um médico de outra
especialidade. 
A Interconsulta é, portanto, em essência, uma
atividade inter-profissional e inter-disciplinar
objetivos
Auxiliar no diagnóstico e tratamento de pacientes com
distúrbios psiquiátricos;
Instrumentalizar o médico consultante a lidar com situações
emergentes de natureza psicológica que ocorrem com os
pacientes e familiares;
Orientar o médico consultante quanto ao manejo de
psicofármacos;
Ampliar a compreensão do paciente em seu contexto
biopsicossocial, favorecendo a integração das ações
terapêuticas;
Estimular a criação de uma instância reflexiva sobre o
cotidiano da instituição e da prática assistencial, com
possibilidade de detecção de entraves na função
assistencial, bem como de pautas estereotipadas.
a natureza dos pedidos
O Interconsultor é chamado para atender o caso de um
paciente de 70 anos, hipertenso e diabético, que foi
encontrado no corredor da enfermaria, desorientado e
falando coisas sem sentido. Este é um exemplo típico de
pedido de Interconsulta que ocorre em diversas enfermarias,
com pacientes de ambos os sexos, de várias faixas etárias e
que estão internados em um hospital geral pelos mais
diferentes tipos de doenças. São os estados confusionais
agudos.
1
A Interconsulta é solicitada para atender uma jovem de 22
anos que está internada devido a sintomas de fraqueza e dor
no braço direito. As investigações excluíram qualquer
patologia neuro-vascular e o médico neurologista pede uma
avaliação quanto a possibilidade de ser um quadro
conversivo. Este é um outro padrão de Interconsulta onde o
psiquiatra é chamado para fazer um diagnóstico diferencial
entre quadro orgânico e psíquico.
2
O psiquiatra é solicitado para avaliar o caso de um paciente
internado devido a uma fratura na perna com osteomielite e
que tem apresentado diversas alterações de conduta na
enfermaria, como por exemplo: ameaça de se jogar pela
janela caso não fosse atendido em uma série de
reivindicações. Este tipo de Interconsulta, com graus variáveis
de comprometimento na relação equipe - paciente, ocorre
em diversas unidades médicas, estando habitualmente
associado ao atendimento de pacientes sociopatas e usuários
de drogas
3
O Interconsultor é chamado para atender um caso de uma
paciente, testemunha-de Jeová, que se recusa a receber
sangue por convicção religiosa. Este é um outro exemplo de
solicitação de Interconsulta que tende a crescer em número
e que abrange um conjunto de situações, os chamados
dilemas éticos
4
Na maioria das vezes o psiquiatra é chamado para
avaliar o estado mental do paciente, colaborar no
diagnóstico diferencial entre etiologia orgânica ou
psíquica, atender casos de tentativa de suicídio e
para acompanhar pacientes submetidos a
procedimentos traumatizantes, como amputações e
cirurgias de grande porte.
O trabalho em Interconsulta envolve a elaboração de diagnósticos
situacionais; a devolução das informações trabalhadas é um de
seus aspectos mais importantes. O interconsultor deve transmitir
impressões, idéias e conceitos de forma clara, evitando o uso de
jargões da especialidade ou uma linguagem hermética que possa
bloquear a interação consultante-interconsultor
FREQUÊNCIA E NATUREZA DOS
DISTÚRBIOS PSIQUIÁTRICOS NO
HOSPITAL GERAL
Cerca de 50% dos pacientes internados em hospital geral
apresentam algum tipo de distúrbio psiquiátrico.
OUTUBRO 2019PSIQUIATRIA //
Os transtornos observados podem ser a expressão de um
problema mental crônico, de manifestação psiquiátrica
decorrente do quadro clínico de base, ou ainda, de reações
à doença aguda, de seu tratamento e da hospitalização
 
Os principais diagnósticos psiquiátricos em pacientes
internados em hospital geral são:
A. Reações de ajustamento ao adoecer e à internação
com sintomatologia predominantemente depressiva,
B. Estados confusionais agudos associados a quadros
cérebro-orgânicos decorrentes de: 
quadros infecciosos (encefalites, meningites,
toxoplasmose cerebral, abscessos cerebrais, AIDS,
septicemia, etc.)
distúrbios metabólicos (diabetes, insuficiência
renal, insuficiência hepática, etc.)
intoxicações exógenas (acidentes, uso de drogas,
tentativas de suicídio)
 alcoolismo (síndrome de abstinência, Wernicke-
KorsaKoff)
vasculopatias cerebrais (hipertensão, diabetes,
arterioesclerose, vasculite por lupus, etc)
A morbidade psiquiátrica é maior em enfermarias
de serviços de emergência e em unidades que
lidam com pacientes em estado crítico. 
Transtornos mentais orgânicos são mais
freqüentes em idosos, quando comparados a
pacientes mais jovens; estes últimos tendem a
apresentar transtornos afetivos. 
Dentre os transtornos afetivos, as reações de
ajustamento constituem o grupo mais
freqüente. 
A exemplo do observado na atenção primária, o
padrão mais comum de sintomas é de natureza
indiferenciada, compreendendo uma combinação
de preocupações excessivas, ansiedade, depressão
e insônia. 
No caso de doenças agudas, os sintomas
desenvolvem-se dentro de dois ou três dias. 
A ansiedade surge primeiro, principalmente
quando não se tem certeza do diagnóstico e da
evolução do quadro clínico. Sintomas depressivos
aparecem posteriormente e podem durar
semanas.
Em alguns casos, os sintomas persistem por
mais tempo. Geralmente, são de natureza
depressiva, atingindo níveis de gravidade
compatíveis com critérios diagnósticos para
episódio depressivo maior.
os pacientes queixam-se do corpo, não relatando
problemas “psicológicos” (acusam-lhes a presença,
entretanto, se questionados diretamente);
as “pistas” fornecidas pelo paciente a respeito de seu
estado emocional não são percebidas pelo médico;
falta de privacidade, em alguns ambientes, para se
conversar;
ao encontrarem uma causa física, os médicos detêm aí a
investigação;
certos sintomas “vegetativos” (fadiga, insônia, taquicardia,
falta de ar, anorexia, diminuição da libido etc.) podem ser
decorrentes de patologia tanto orgânica quanto mental,
confundindo o diagnóstico;
considerados como “compreensíveis” ou “fazendo parte” do
quadro clínico, certos
transtornos afetivos deixam de receber tratamento
específico;
mesmo quando suspeitam da presença de um problema
psicológico, os profissionais podem se sentir inseguros para
o aprofundamento e o manejo;
outra dificuldade conhecida nessa área é que no hospital
geral torna-se difícil diferenciar “casos” psiquiátricos,
notadamente quando se combinam, além do sofrimento
psíquico, doenças físicas e problemas sociais
concomitantes.
Apesar de causarem considerável sofrimento e implicações
clínicas, pelo menos 30% dos pacientes acometidos por
transtornos mentais não são reconhecidos como tais pelos seus
médicos. Tal fato pode ser decorrente da combinação de vários
fatores, entre os quais:
BENEFÍCIOS
melhora a qualidade da assistência ao paciente
 reduz o tempo de hospitalização 
diminui as reinternações
ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO
Dada a velocidade com que os fatos se sucedem no
hospital geral, impõe-se um acompanhamento diário das
situações. 
Não é raro que, ao atender um paciente em
determinada unidade, o interconsultor encontre, no
dia subsequente, mudanças significativas na situação. 
A morte do paciente, a piora do quadro clínico com
transferência para a UTI,a realização de uma cirurgia
em caráter emergencial, a alta hospitalar por decisão
médica ou por solicitação do paciente, são alguns
exemplos relativamente freqüentes.
o pronto atendimento aos pedidos de Interconsulta e o
acompanhamento diário contribuem para uma diminuição
do tempo de internação, com consequente redução de
custo
A FORMAÇÃO EM
INTERCONSULTA
OUTUBRO 2019PSIQUIATRIA //
O interconsultor deve ser um psiquiatra com experiência em
Psicologia Médica e ter familiaridade com o trabalho médico
em hospitais gerais, onde o atendimento se faz em
condições especiais, via de regra à beira do leito, na
presença de outros pacientes e com frequentes
interrupções em virtude de sintomas do paciente ou de
procedimentos de enfermagem.
O interconsultor deve, em todo atendimento de
Interconsulta, conhecer as condições clínicas do paciente,
bem como estar informado sobre o uso atual e recente de
medicamentos, visando nortear a eventual administração de
terapêutica psicofarmacológica. 
O interconsultor é um profissional que se introduz como
observador participante de uma situação, podendo
eventualmente se tornar o depositário de poderosas
ansiedades e reagir de forma inapropriada. 
A possibilidade de se identificar maciçamente com pessoas
envolvidas na situação é um dos riscos a que está
frequentemente exposto.
Em função dessas características inerentes à atividade
em Interconsulta, recomenda-se que os profissionais
encarregados do atendimento aos pedidos de
Interconsulta no Hospital Geral tenham com quem dividir
e encaminhar a solução das suas ansiedades
(supervisão dos atendimentos) e que sejam também
estimulados a buscar sua própria terapia.

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