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RESUMÃO PATO

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Prévia do material em texto

Por Eduarda Lins e Isabela Rubini 
Patologia Especial III – Dr. Carlos Takita 
HIPÓFISE 
É composta por dois componentes distintos 
morfológica e funcionalmente: o lóbulo ante-
rior (adeno-hipófise) e o lóbulo posterior 
(neuro-hipófise). 
A neuro-hipófise consiste em células gliais mo-
dificadas e processos axonais de neurônios hi-
potalâmicos. É responsável pela secreção de 
dois hormônios: a ocitocina e o hormônio an-
tidiurético (ADH ou vasopressina). Esses, na 
realidade, são sintetizados no hipotálamo e 
armazenados dentro dos terminais axônicos 
encontrados na neuro-hipófise. 
A adeno-hipófise, por sua vez, constitui cerca 
de 80% da glândula e a produção da maioria 
de seus hormônios é controlada predominan-
temente pela liberação de fatores estimulan-
tes a partir do hipotálamo. A maior exceção é 
a prolactina – seu controle hipotalâmico pri-
mário é inibitório, através da ação da dopa-
mina.
 
TUMORES PRIMÁRIOS 
A maioria dos tumores primários de hipófise 
são adenomas, sendo que os carcinomas são 
raros. Os adenomas hipofisários são classifica-
dos com base no hormônio produzido pelas 
células neoplásicas, as quais são detectadas 
por colorações imuno-histoquímicas. 
Alguns adenomas hipofisários podem secre-
tar dois hormônios (com HC e prolactina, 
sendo a combinação mais comum), e rara-
mente, os adenomas hipofisários são pluri-
hormonais. 
Podem ainda ser divididos em funcionais (i.e., 
associados com o excesso de hormônio e as 
manifestações clínicas disto) ou não funcionais 
(i.e., demonstração imuno-histoquímica e/ou 
ultraestrutural da produção hormonal no nível 
do tecido, sem sintomas clínicos do excesso 
de hormônio). 
2 
 
Dos tumores malignos de hipófise, o mais co-
mum é o metastático de câncer de mama. 
Classificação 
1. De células produtoras de: 
 Prolactina: lactotrófico 
 GH: somatotrófico 
 TSH: tireotrófico 
 ACTH: corticotrófico 
2. De células gonadotróficas (produtores de 
FSH e LH): geralmente silenciosos, corres-
pondendo à maioria dos casos de “células 
nulas”, isto é, sem imagem à imuno-histo-
química. 
3. Mistos (pluri-hormonais): mais comumente 
produção associada de GH e prolactina 
(mamossomatotrófico). 
4. Hormônio-negativos 
Microscopia 
 
Descrição da aula: células monomórficas se-
melhantes a linfócitos (pequenas, redondas e 
com pequenos nucléolos), ao corar peça com 
reticulina, peça não se cora (sem trama de re-
ticulina). 
Este monomorfismo celular e a ausência de 
uma rede de reticulina significativa distinguem 
os adenomas hipofisários do parênquima da 
adeno-hipófise não neoplásica. 
Diagnóstico 
O melhor método de imagem é a RMN, pela 
qual são classificados em micro (menores que 
1 cm) ou macroadenomas (com risco de her-
niação uncal). Macroadenomas (> 1cm) são in-
dicações formais de cirurgia, sendo geral-
mente tipo silencioso ou de células nulas. 
O tipo mais frequente é o lactotrófico/prolac-
tinoma (26%), seguido dos de células nulas 
(17%) e dos corticotróficos (15%). Os demais 
ocorrem nas seguintes frequências: 
 Somatotrófico: 14% 
 Pluri-hormonal: 13% 
 Gonadotrófico: 8% 
 Oncitoma (céls. oncocíticas símile): 6% 
 Tireotrófico: menos comum, 1% 
Quadro clínico 
Os sinais e sintomas comuns seriam os por 
efeito de massa local. Pela proximidade com o 
quiasma, lesões hipofisárias expansivas geral-
mente comprimem as fibras cruzadas no qui-
asma óptico, levando a anormalidades do 
campo visual (hemianopsia bitemporal). O au-
mento da PIC pode levar a dor de cabeça, náu-
sea e vômito. 
Ademais, o quadro clínico específico varia con-
forme o hormônio produzido pelas células de 
origem. 
Prolactinomas 
Os níveis séricos aumentados da prolactina, 
ou prolactinemia, causam amenorreia, galac-
torreia, perda da libido e infertilidade. O diag-
nóstico de um adenoma é feito mais pronta-
mente na mulher do que no homem, especi-
almente entre as idades de 20 a 40 anos, pre-
sumivelmente por causa da sensibilidade da 
menstruação de ser interrompida pela hiper-
prolactinemia. 
Somatotróficos 
Níveis persistentemente elevados de HC esti-
mulam a secreção hepática do fator de cresci-
mento semelhante à insulina 1 (IGF-1 ou so-
matomedina C), o que causa muitas das mani-
festações clínicas. 
3 
 
Se aparece em crianças antes do fechamento 
das epífises, níveis elevados de HC (e IGF-1) re-
sultam em gigantismo (aumento generalizado 
do corpo + braços e pernas desproporcional-
mente longos). Quando já completado o fe-
chamento, resultam em acromegalia. 
O excesso de HC leva a uma variedade de ou-
tros distúrbios, incluindo disfunção gonadal, 
diabetes melito, fraqueza muscular generali-
zada, hipertensão, artrite, insuficiência cardí-
aca congestiva e um risco aumentado de cân-
ceres gastrointestinais. 
Corticotróficos 
A produção excessiva de ACTH leva à hiperse-
creção suprarrenal de cortisol e ao desenvol-
vimento de hipercortisolismo (síndrome de 
Cushing). Os estágios iniciais se apresentam 
com hipertensão e ganho de peso, que com o 
tempo se torna característica, com obesidade 
central, fácies em lua cheia e formação da giba 
(“corcova de búfala”). 
Causa uma atrofia seletiva das miofibras de 
contração rápida (tipo 2), resultando em 
massa muscular diminuída e fraqueza nos 
membros proximais. Os glicocorticoides indu-
zem a gliconeogênese e inibem a captação de 
glicose pelas células, resultando em diabetes 
secundário. 
Os efeitos do catabolismo causam perda de 
colágeno e reabsorção óssea. Consequente-
mente, a pele é fina, frágil e facilmente machu-
cada; a cicatrização de ferimentos é fraca; e as 
estrias cutâneas são particularmente comuns 
na área abdominal. A reabsorção óssea re-
sulta no desenvolvimento de osteoporose, com 
consequente dor nas costas e suscetibilidade 
a fraturas aumentada. 
Não funcionais 
Sua apresentação típica são os efeitos de 
massa. Essas lesões também podem compro-
meter suficientemente a adeno-hipófise resi-
dual, causando o hipopituitarismo. Isto pode 
ocorrer como resultado do aumento gradual 
do adenoma ou após o aumento abrupto do 
tumor devido a uma hemorragia aguda (apo-
plexia hipofisária). 
As manifestações clínicas do hipofunciona-
mento podem ser muito variáveis. 
 Deficiência de GH: falha de cresci-
mento (nanismo hipofisário) 
 Deficiência de gonadotrofina 
o Mulheres: amenorreia e inferti-
lidade 
o Homens: diminuição da libido, 
impotência e perda de pelos 
pubianos e axilares 
 Deficiência de TSH: hipotireoidismo 
 Deficiência de ACTH: hipoadrenalismo 
 Deficiência de prolactina: falha da lac-
tação pós-parto 
A adeno-hipófise também é uma rica fonte de 
hormônio estimulador de melanócitos (MSH), 
sintetizado a partir da mesma molécula pre-
cursora que produz o ACTH. Portanto, uma 
das manifestações do hipopituitarismo inclui 
palidez decorrente da perda dos efeitos esti-
mulatórios do MSH nos melanócitos. 
Diagnóstico diferencial 
 Síndrome de Sheehan: necrose pós-
parto da adeno-hipófise 
 Hipofisite autoimune 
 Craniofaringioma: cístico à RMN, relati-
vamente comum, derivado de células 
resquiciais embrionárias 
 Meningioma 
 Cistos da fenda de Rathke 
 Entre outros 
 
DIABETES INSIPITUS 
Causada pela deficiência de ADH. A maioria é 
de causa idiopática (30%), seguido dos glio-
mas (em adultos, 25%), pós-hipofisectomia 
(20%) e traumatismos (15%). 
4 
 
Caracteriza-se pela micção excessiva (poliúria) 
decorrente da incapacidade do rim de absor-
ver a água apropriadamente da urina nos duc-
tos coletores. O sódio sérico e a osmolalidade 
estão aumentados como resultado da perda 
renal excessiva de água livre, resultando em 
sede e polidipsia. 
 
_______________________________________________ 
PATOLOGIA PEDIÁTRICA NÃO NEOPLÁSICA I 
No primeiro ano de vida, as principais causas 
de óbito são: 
 Malformações congênitas, deformida-
des e anomalias cromossômicas Complicações por prematuridade e 
baixo peso ao nascer 
 Síndrome da morte súbita do lactente 
 Distúrbios da placenta, membranas 
amnióticas e cordão umbilical 
 Síndrome da angústia respiratória do 
recém-nascido 
 Sepse bacteriana do recém-nascido 
 Hipóxia intrauterina e asfixia ao nasci-
mento 
MALFORMAÇÕES 
Representam erros primários na morfogê-
nese, em que existe desenvolvimento anormal 
intrínseco no processo de desenvolvimento. 
Incluem alterações desde poli e sidactilia até 
dismorfogenesia externa incompatível com a 
vida. 
A maioria das malformações são tidas como 
multifatoriais (20-25%) ou de causa desconhe-
cida (40-60%). As conhecidas são: 
 Genéticas 
o Aberrações cromossômicas: 10 
a 15% 
o Herança mendeliana: 2 a 10% 
 Ambientais 
o Infecções (SToRC e HIV): 2 a 3% 
o Doença materna (PKU, DM e 
endocrinopatias): 6 a 8%
DISTÚRBIOS DA PLACENTA, MEMBRANAS E 
CORDÃO UMBILICAL 
DISRUPÇÃO 
As rupturas, ou disrupturas, resultam da des-
truição secundária de um órgão ou de uma re-
gião do corpo, cujo desenvolvimento prévio 
era normal. Logo, ao contrário das malforma-
ções, surgem a partir de um distúrbio extrín-
seco na morfogênese. 
O exemplo mais clássico são as faixas ou ban-
das amnióticas. Decorrem da ruptura do âm-
nio durante o desenvolvimento fetal, podem 
5 
 
comprimir, fixar ou circundar partes do feto 
em desenvolvimento. 
 
OLIGODRÂMNIO 
Uma sequência consiste em um padrão de 
anomalias desencadeadas em cadeia a partir 
de uma aberração inicial. Um bom exemplo é 
a sequência oligoidrâmnio (ou de Potter). 
Foi primeiramente descrito em 1950, pela pa-
tologista pediátrica Dra. Potter. 
 
Suas causas incluem o extravasamento crô-
nico de líquido amniótico devido a ruptura do 
âmnio, insuficiência uteroplacentária secun-
dária à hipertensão materna ou toxemia grave 
e agenesia renal no feto (urina fetal é um com-
ponente importante do líquido amniótico). 
A compressão fetal associada ao oligoidrâm-
nio significativo acarreta um fenótipo clássico 
no recém-nascido, incluindo face achatada e 
anormalidades posicionais das mãos e dos 
pés (talipe equinovaro). Os quadris podem es-
tar luxados. 
 
O crescimento da parede torácica e dos pul-
mões também é comprometido, e, por conse-
guinte, costuma haver hipoplasia pulmonar. 
Com frequência, há nódulos no âmnio (âmnio 
nodoso) e apresentação pélvica do feto. 
 
SÍNDROME DA ANGÚSTIA RESPIRATÓRIA 
É a causa mais comum de dificuldades respi-
ratórias no recém-nascido. Também é conhe-
cida como doença da membrana hialina, pela 
deposição de uma membrana de material 
6 
 
proteináceo hialino nos espaços aéreos peri-
féricos dos neonatos que sucumbem a esse 
distúrbio. 
O neonato quase sempre é prematuro e AIG, e 
há associações fortes, mas não invariáveis, ao 
diabetes materno e ao parto cesáreo. 
Patogenia 
A imaturidade dos pulmões é o elemento mais 
importante que leva ao desenvolvimento 
desse distúrbio. A incidência de SAR é inversa-
mente proporcional à idade gestacional. Ela 
ocorre em cerca de 60% dos recém-nascidos 
com menos de 28 semanas de gestação e me-
nos de 5% daqueles nascidos com até 37 se-
manas de gestação. 
Seu defeito fundamental é uma deficiência de 
surfactante pulmonar, cuja produção pelas 
células alveolares tipo II é acelerada no feto 
após a 35ª semana de gestação. 
 
Ao nascimento, a primeira respiração requer 
altas pressões inspiratórias para expandir os 
pulmões. Com níveis normais de surfactantes, 
os pulmões conservam até 40% do volume de 
ar residual após a primeira incursão respirató-
ria, necessitando de pressões inspiratórias 
bem menores nas seguintes. 
Com uma deficiência de surfactante, os pul-
mões sofrem colapso a cada incursão respira-
tória, por aumento da tensão superficial alve-
olar. Assim, o esforço de cada uma é tão in-
tenso quanto o da primeira. O problema dos 
pulmões atelectásicos rígidos é agravado pela 
parede torácica flexível, que é puxada para 
dentro quando o diafragma desce. 
Então, a atelectasia progressiva e uma com-
placência pulmonar reduzida causam hipoxe-
mia e retenção de CO2 que evoluem para aci-
dose, vasoconstrição e hipoperfusão pulmo-
nares, gerando lesão endotelial. Há conse-
quente exsudação rica em proteína e fibrina 
para dentro dos espaços alveolares, com a 
formação de membranas hialinas que agem 
como barreiras à troca de gases, levando à re-
tenção de CO2 e hipoxemia. Por sua vez, a hi-
poxemia prejudica ainda mais a síntese de 
surfactante, e um círculo vicioso se instala. 
Prevenção e tratamento 
A síntese de surfactante é modulada por uma 
variedade de hormônios e fatores de cresci-
mento, como cortisol, insulina, prolactina, tiro-
xina e TGF-β. O papel dos glicocorticoides é es-
pecialmente importante. As condições associa-
das ao estresse intrauterino e à RCF que au-
mentam a liberação de corticoesteroides di-
minuem o risco de desenvolvimento da SAR. 
O trabalho de parto é conhecido por aumen-
tar a síntese de surfactantes; logo, o parto ce-
sáreo induzido antes do trabalho de parto 
pode induzir o risco de SAR. 
Uma parte importante do controle da SAR ba-
seia-se na prevenção, seja por adiamento do 
7 
 
parto até que o pulmão fetal atinja a maturi-
dade ou pela indução da maturação dos pul-
mões nos fetos em risco. 
Os corticoesteroides reduzem a morbidade e 
a mortalidade neonatais quando administra-
dos às mães em ameaça de parto prematuro 
com 24 a 34 semanas de gestação. Isso pois 
induzem a formação de lipídios, surfactantes 
e apoproteínas nos pulmões fetais. 
A administração profilática de surfactante exó-
geno ao nascimento em neonatos extrema-
mente prematuros (IG de 26 a 28 semanas) 
ajuda a evitar a morte. Após o nascimento, a 
base do tratamento consiste na reposição de 
surfactante e administração de oxigênio. 
O tratamento possui risco de toxicidade do 
oxigênio causado por radicais livres derivados 
do oxigênio. Altas concentrações de oxigênio 
administradas por períodos prolongados ge-
ram duas complicações bem conhecidas: reti-
nopatia da prematuridade e displasia bronco-
pulmonar. 
Macroscopia 
Pulmões de tamanho normal, mas sólidos, 
desprovidos de ar e roxo-avermelhados. 
Microscopia 
 
Microscopicamente, os alvéolos são mal de-
senvolvidos, e aqueles presentes sofreram co-
lapso. Quando o neonato morre no início do 
curso da doença, restos celulares necróticos 
podem ser observados nos bronquíolos ter-
minais e ductos alveolares. 
Descrição da aula: atelectasia alternante e di-
latação dos alvéolos, com membranas hialinas 
eosinofílicas espessas que revestem os alvéo-
los dilatados. 
Complicações 
Os lactentes que se recuperam da SAR apre-
sentam um risco maior para o desenvolvi-
mento de uma variedade de outras complica-
ções associadas ao parto prematuro, sendo as 
mais importantes a persistência do canal arte-
rial, a hemorragia intraventricular e a enteroco-
lite necrosante. 
Enterocolite necrosante 
Mais comum em lactentes prematuros, inver-
samente proporcional à IG. Tem potencial de 
ruptura intestinal com evolução para perito-
nite purulenta ou fecaloide por distensão glo-
bal das alças, podendo culminar em sepse. 
 
 
São vistas áreas de infarto hemorrágico e ne-
crose coagulativa transmural à microscopia. 
As radiografias abdominais costumam de-
monstrar gás dentro da parede intestinal 
(pneumatose intestinal). 
SÍNDROME DA MORTE SÚBITA DO LACTENTE 
Definida como morte súbita de um lactente 
menor de um ano de idade que permanece 
inexplicada após uma investigação minuciosa 
do caso, incluindo a realização de uma ne-
cropsia completa, exame do local da morte e 
revisão da história clínica. 
8 
 
A incidência vem aumentando. Aproximada-
mente 90% de todas as mortes por SMSL 
ocorrem durante os 6 primeiros meses de 
vida, a maioria entre 2 e 4 meses. 
Etiologia e fatores de risco 
O fatordesencadeante parece ser um desen-
volvimento retardado de “estímulos” e con-
trole cardiorrespiratório, por imaturidade do 
tronco encefálico, sobretudo do bulbo. 
Inúmeros fatores de risco foram propostos; a 
academia americana de pediatria aponta que 
a causa mais relacionada é a posição ventral 
ao dormir. 
 
Morfologia 
O achado mais comum são petéquias múlti-
plas (aproximadamente 80% dos casos); elas 
geralmente estão presentes no timo, na 
pleura parietal e visceral, e no epicárdio. Ma-
croscopicamente, os pulmões estão geral-
mente congestionados, e microscopicamente 
observa-se, na maioria dos casos, ingurgita-
mento vascular com ou sem edema pulmonar. 
Estudos morfométridos sofisticados revela-
ram anormalidades quantitativas do TE, como 
a hipoplasia do núcleo arqueado ou uma dimi-
nuição na população neuronal no tronco en-
cefálico nos casos graves. 
HIDROPSIAS FETAIS 
Referem-se ao acúmulo de líquido no feto du-
rante o crescimento intrauterino. Pode ser di-
fuso, com edema generalizado do feto (hidro-
pisia fetal), uma condição geralmente fatal, ou 
focal, com acúmulo de fluido pós-nucal (hi-
groma cístico), que são compatíveis com a vida. 
 
 
Suas causas dividem-se entre imunes e não 
imunes. Até recentemente, a anemia hemolí-
tica por incompatibilidade Rh (hidropsia 
imune) era a causa mais comum, mas o su-
cesso de sua profilaxia fez com que as hidro-
pisias não imunes emergissem como as prin-
cipais culpadas. 
As três causas principais da hidropisia não 
imune incluem os defeitos cardiovasculares, 
anormalidades cromossômicas e anemia fetal. 
Entre as anormalidades cromossômicas, o ca-
riótipo 45,X (síndrome de Turner) e as trisso-
mias do 21 e do 18 estão associados à hidro-
pisia fetal. As anemias fetais por α-talassemia 
9 
 
monozigótica e infecção transplacentária por 
parvovírus B19 também são causas de hidrop-
sias fetais não imunes. 
Nas hidropisias associadas à anemia fetal, 
tanto o feto como a placenta são caracteristi-
camente pálidos. Na maioria dos casos, o fí-
gado e o baço estão aumentados devido a in-
suficiência cardíaca e congestão. 
Adicionalmente, a medula óssea exibe uma hi-
perplasia compensatória dos precursores eri-
troides (sendo a aplasia das hemácias associ-
ada ao parvovírus 19 uma grande exceção) e 
a hematopoese extramedular (pequenas célu-
las azuis) ocorre no fígado, no baço e nos lin-
fonodos, e, possivelmente, em outros tecidos 
como os rins, pulmões e até mesmo o cora-
ção. 
 
A atividade hematopoética aumentada justi-
fica a presença de um grande número de he-
mácias imaturas na circulação periférica, inclu-
indo reticulócitos, normoblastos e eritroblas-
tos (eritroblastose fetal). 
A ameaça mais séria na hidropisia fetal é a le-
são do sistema nervoso central conhecida 
como kernicterus. O cérebro afetado apre-
senta-se aumentado e edemaciado e, quando 
seccionado, apresenta uma coloração ama-
relo-brilhante, particularmente nos núcleos 
basais, tálamo, cerebelo, massa cinzenta cere-
bral e medula espinal. 
 
Essa condição ocorre principalmente em lac-
tentes prematuros, pois a BHE não é bem de-
senvolvida. Esse acúmulo de bilirrubina nos 
núcleos da base, secundária à degradação de 
hemácias pela hidropsia, culmina em condi-
ção neurológica de retardo mental irreversí-
vel. 
Microscopia 
 
 
_______________________________________________ 
TIREOIDE 
A tireoide é uma glândula localizada na porção 
anterior do pescoço a nível da cartilagem cri-
10 
 
coide. Consiste em dois lobos laterais volumo-
sos conectados por um istmo relativamente 
fino, geralmente localizados abaixo e anterior-
mente à laringe. Cerca de 8 a 12% das pessoas 
apresentam ainda um lóbulo acessório, deno-
minado piramidal, este sempre localizado su-
periormente, nunca inferior. 
É inervada pelo nervo laríngeo recorrente, 
ramo do nervo vago. Este pode ser lesionado 
na abordagem cirúrgica da glândula, gerando 
rouquidão, afonia/disfonia, etc. 
ANOMALIAS CONGÊNITAS – ECTOPIA 
Tireoide ectópica é qualquer tecido tireoide-
ano localizado fora de sua topografia habitual, 
podendo apresentar-se na linha mediana do 
pescoço ou, mais raramente, na região cervi-
cal lateral. A localização mais frequente é a re-
trolingual, que pode obstruir vias respiratórias 
e causar insuficiência respiratória. 
 
Outras localizações são intralingual, sublin-
gual, pré-laríngico, intratraqueal e substernal, 
em ordem decrescente de ocorrência. O diag-
nóstico é feito por cintilografia, pela visualiza-
ção de massa que capta iodo radioativo. O pa-
ciente com tireoide ectópica pode ou não ter 
tireoide “tópica”. 
BÓCIO COLOIDE MULTINODULAR 
O aumento da tireoide, ou bócio, é a manifes-
tação mais comum de doença tireoidiana. O 
bócio difuso e multinodular reflete a síntese 
prejudicada de hormônio tireoidiano, mais 
frequente por deficiência alimentar de iodo. 
O dano na síntese de hormônio tireoideano 
(T4) leva a aumento compensatório no nível 
sérico de TSH, que gera hipertrofia e hiperpla-
sia das células foliculares tireoidianas e conse-
quente aumento macroscópico da glândula. 
Esse aumento compensatório é capaz de su-
perar a deficiência hormonal, garantindo o es-
tado metabólico eutireoideo na maioria dos 
indivíduos. 
Se o distúrbio for suficientemente grave, a res-
posta compensatória é insuficiente e resulta 
em hipotireoidismo bocioso. O grau do au-
mento glandular é proporcional ao nível e à 
duração da deficiência do hormônio tireoidi-
ano. 
Morfologia 
 
 
A glândula grosseiramente nodular contém áreas de fi-
brose e de alteração cística. 
Descrição da aula: nódulos delimitados por 
traves fibrosas. 
Na maior parte dos casos, a hipertrofia e a hi-
perplasia das células foliculares tireoidianas 
induzidas pelo TSH resultam inicialmente em 
aumento difuso e simétrico da glândula (bócio 
difuso). 
Os folículos estão revestidos por células colu-
nares agrupadas, que podem se amontoar e 
formar projeções semelhantes àquelas vistas 
11 
 
na doença de Graves. Se o iodo dietético au-
mentar subsequentemente ou se as deman-
das por hormônio tireoidiano forem reduzi-
das, o epitélio folicular estimulado involui para 
formar uma glândula aumentada, rica em co-
loide (bócio coloide). 
A superfície de corte da tireoide nesses casos 
geralmente é marrom, com aspecto um tanto 
vítreo, e translúcida. As lesões mais antigas 
exibem áreas de fibrose, hemorragia, calcifica-
ção e alteração cística. 
Comentário aleatório do professor: mandioca é 
bociogênica. 
Com o tempo, episódios recorrentes de hiper-
plasia e involução se combinam para produzir 
aumento mais irregular da tireoide, denomi-
nado bócio multinodular. Virtualmente todos 
os bócios difusos de longa duração se conver-
tem em bócios multinodulares. 
 
Microfotografia de uma amostra de nódulo hiperplásico, 
com parênquima tireoidiano residual comprimido na peri-
feria. Os folículos hiperplásicos contêm “coloide” rosado 
abundante nos seus lumens. Observe a ausência de cáp-
sula proeminente, uma característica que diferencia essas 
lesões das neoplasias da tireoide. 
HIPOTIREOIDISMO 
É razoavelmente comum e a prevalência do hi-
potireoidismo aparente na população é de 
0,3%, enquanto o hipotireoidismo subclínico 
pode ser encontrado em mais de 4%. Quanto 
à causa, pode ser primário (anormalidade tire-
oideana) ou secundário (doença hipofisária ou 
hipotalâmica). 
O hipotireoidismo primário pode ser congê-
nito, adquirido ou autoimune. O tipo autoi-
mune é o mais comum em áreas do mundo 
com iodo suficiente, sendo a grande maioria 
decorrente da tireoidite de Hashimoto, des-
crita por Hashimoto em 1912. 
Quadro clínico 
O termo mixedema é aplicado ao hipotireoi-
dismo que se desenvolve em crianças mais ve-
lhas ou em adultos. Caracteriza-se por lenti-
dão das atividades física e mental. 
Os sintomas iniciais incluem fadiga generali-zada, apatia e preguiça mental. As funções de 
linguagem e intelectuais se tornam lentas. Os 
pacientes são apáticos, intolerantes ao frio e 
frequentemente estão acima do peso. 
A atividade simpática diminuída resulta em 
constipação e sudorese diminuída (pele seca). 
A pele desses pacientes é fria e pálida devido 
à redução do fluxo sanguíneo. O débito cardí-
aco reduzido provavelmente contribui para o 
encurtamento da respiração e a capacidade 
de exercício reduzida. 
Além disso, o hipotireoidismo promove um 
perfil aterogênico – aumento dos níveis de co-
lesterol total e lipoproteína de baixa densi-
dade (LDL). Outras queixas incluem alopecia, 
bócio, vitiligo, galactorreia, ascite, leuconíquia 
(sobretudo leuconíquia punctata, que con-
siste em um ou mais pontos brancos na unha), 
hidrocele, redução de pelos genitais, reflexo 
aquileu prolongado, derrame pleural, infusão 
pericárdica, surdez, edema orbital (pálpebra 
infiltrada), ptose palpebral, cabelos brancos 
prematuros e expressão letárgica (sem vivaci-
dade). 
Histologicamente há um acúmulo de substân-
cias matriciais na pele, no tecido subcutâneo 
e em vários pontos viscerais. Isso resulta em 
edema não depressível, um alargamento e en-
grossamento das características faciais (fácies 
mixedematosa), aumento da língua e aprofun-
damento da voz. 
12 
 
O cretinismo se refere ao hipotireoidismo que 
se desenvolve no período da lactância. Atual-
mente é uma complicação rara graças À tria-
gem neonatal. 
Morfologia 
A tireoide está, com frequência, difusamente 
aumentada. A tireoide normal apresenta cor 
âmbar, enquanto a com tireoidite de Hashi-
moto, apresenta coloração branco-acinzen-
tada de consistência “borrachosa” com peque-
nos nódulos difusos. 
 
Apresenta infiltrado linfocitário que vai pouco 
a pouco destruindo a arquitetura normal da 
glândula formando folículos linfoides nos cen-
tros germinativos. Os folículos tireoidianos 
são atróficos e estão revestidos em muitas 
áreas por células epiteliais diferenciadas pela 
presença de abundante citoplasma eosinofí-
lico e granular, denominadas células de 
Hürthle, ou oxifílicas. Isso constitui uma res-
posta metaplásica do epitélio folicular cuboi-
dal normalmente baixo à lesão continuada. 
HIPERTIREOIDISMO 
A tirotoxicose é um estado hipermetabólico 
causado por níveis circulantes elevados de T3 
e T4 livres. Como essa condição é causada 
mais comumente pelo hiperfuncionamento 
da glândula tireoide, é frequentemente co-
nhecida como hipertireoidismo. 
As três causas mais comuns de tirotoxicose 
estão também associadas ao hiperfunciona-
mento da glândula: 
 Hiperplasia difusa da tireoide por do-
ença de Graves (85% dos casos) 
 Bócio multinodular hiperfuncionante 
 Adenoma hiperfuncional da tireoide 
Quadro clínico 
Inclui mudanças conhecidas como estado hi-
permetabólico induzido pelo excesso de hor-
mônio tireoidiano e pela superatividade do 
sistema nervoso simpático. 
Desse modo, os sintomas incluem pele 
quente, macia e ruborizada pelo FS aumen-
tado e vasodilatação periférica para aumento 
da perda de calor. A intolerância ao calor é co-
mum. A taxa metabólica basal aumentada 
também resulta em perda de peso aumen-
tada a despeito do apetite aumentado. 
As manifestações cardíacas estão entre as 
mais precoces e mais consistentes caracterís-
ticas do hipertireoidismo. Taquicardia, palpita-
ções e cardiomegalia são comuns. As arrit-
mias, particularmente fibrilação atrial, ocor-
rem frequentemente e são mais comuns em 
pacientes idosos. 
 
13 
 
No sistema neuromuscular, a superatividade 
do sistema nervoso simpático produz tremor, 
hiperatividade, labilidade emocional, ansie-
dade, incapacidade de concentração e insô-
nia. Fraqueza muscular proximal e massa 
muscular diminuída são comuns (miopatia ti-
reoidiana). 
Um olhar fixo e arregalado e movimento lento 
da pálpebra superior estão presentes por 
causa da superestimulação simpática do le-
vantador de pálpebra superior. A oftalmopatia 
tireoidiana associada à proptose é vista so-
mente na doença de Graves. 
No TGI, há hiperestimulação causando hiper-
motilidade, má absorção e diarreia. No sis-
tema esquelético, hormônio tireoidiano esti-
mula a reabsorção óssea, causando osteopo-
rose e risco aumentado de fraturas. 
Outros achados incluem atrofia do músculo 
esquelético, com infiltração gordurosa e infil-
trados linfocíticos intersticiais focais; dilatação 
hepática mínima devida às alterações adipo-
sas nos hepatócitos; e hiperplasia linfoide ge-
neralizada e linfadenopatia em pacientes com 
doença de Graves. 
Morfologia 
A glândula tireoide está, em geral, simetrica-
mente aumentada por causa da hipertrofia e 
hiperplasia difusas das células epiteliais folicu-
lares da tireoide. Em corte, o parênquima tem 
uma aparência macia e carnuda, parecendo 
um músculo normal. 
 
Há um aumento simétrico difuso da glândula e um pa-
rênquima muito avermelhado e carnoso. 
Histologicamente, as células epiteliais folicula-
res, em casos não tratados, são altas e mais 
populosas do que o normal. Esta superpopu-
lação frequentemente resulta na formação de 
pequenas papilas, que se projetam no lúmen 
folicular e passam dos limites do coloide, algu-
mas vezes enchendo os folículos. 
Tais papilas não apresentam núcleos fibrovas-
culares, contrariamente às do carcinoma pa-
pilar. O coloide no lúmen folicular é pálido, 
com margens recortadas. Os infiltrados linfoi-
des, consistindo predominantemente em cé-
lulas T, com poucas células B e plasmócitos 
maduros, estão presentes por todo o interstí-
cio; os centros germinativos são comuns. 
 
Descrição da aula: vacúolos secretório no polo 
apical das células foliculares. 
TIREOIDITES 
Inflamação da glândula, podendo cursar com 
hipo ou hipertireoidismo. 
Tipos 
 Hashimoto 
 Pós-parto indolor: mais frequente 
 Indolor esporádica: infrequente 
 De De Quervain/subaguda granuloma-
tosa: mais frequente, 20 a 60 anos, 
14 
 
possível etiologia virótica, dor local à 
palpação 
o Microscopia: granulomas com 
células epitelioides e células gi-
gantes multinucleadas decor-
rente da ruptura dos folículos 
com migração de infiltrado in-
flamatório 
 Infecciosa aguda 
 De Riedel/fibrótica crônica: em discus-
são se é evolução da tireoidite de 
Hashimoto; infiltrado inflamatório exu-
berante acompanhado de fibrose; 
pode ser confundido com carcinoma 
infiltrativo (diagnóstico diferencial) 
o Recomenda-se investigação 
por biópsia 
Observação: nódulos > 1 cm de diâmetro deve 
ser feita punção aspirativa 
CLASSIFICAÇÃO DE BETHESDA 
Para classificação material de punção. 
 
Classe III: 3 a 4 meses de seguimento do paci-
ente, repetindo os exames. Se houver cresci-
mento, realizar nova punção. 
Classes V e VI: casos cirúrgicos. 
TUMORES DE TIROIDE 
O nódulo tireoidiano solitário é um aumento 
palpavelmente distinto na glândula tireoide 
aparentemente normal. Os nódulos simples 
são cerca de 4x mais comuns em mulheres do 
que em homens. A incidência de nódulos tire-
oidianos aumenta ao longo da vida. 
Adenomas 
São tipicamente massas solitárias, discretas e 
derivadas do epitélio folicular, e por isso são 
conhecidos como adenomas foliculares. Em 
geral, não são precursores dos carcinomas. 
Embora, em sua grande maioria, os adenomas 
sejam não funcionantes, uma pequena pro-
porção produz hormônios tireoidianos e 
causa tireotoxicose clinicamente aparente. 
Quando é hiperfuncionante (na cintilografia, 
ou seja, quando capta iodo) é chamado de do-
ença de Plummer. 
O adenoma tireoidiano típico é uma lesão so-
litária, esférica e encapsulada que é bem de-
marcada do parênquima tireoidiano circun-
dante. Os adenomas foliculares medem cerca 
de 3 cm de diâmetro, mas alguns são um 
pouco maiores (≥10 cm em diâmetro). 
 
As células neoplásicas são demarcadas do pa-
rênquima adjacente por uma fina cápsulade 
15 
 
tecido conjuntivo bem definida e intacta. Na 
ausência de cápsula, trata-se de carcinoma fo-
licular bem diferenciado, que corresponde a 
10% dos casos. 
Observação: todo tumor com características pa-
pilíferas é carcinoma, não adenoma; adenoma 
folicular da tireoide é o único que existe. 
Células formam folículos aparentemente uni-
formes que contêm coloides, com padrão de 
crescimento folicular geralmente um tanto 
distinto do da tireoide não neoplásica adja-
cente. As células epiteliais que compõem o 
adenoma folicular revelam uma pequena vari-
ação na morfologia celular e nuclear, e figuras 
mitóticas são raras. 
Carcinomas 
A maioria dos carcinomas tireoidianos (exceto 
carcinomas medulares) é derivada do epitélio 
folicular tireoidiano, e, destes, a grande maio-
ria é formada por lesões bem definidas. 
São relativamente raros, predominando no 
sexo feminino. O principal fator predispo-
nente é radiação, particularmente na infância. 
Os tipos mais comuns são o carcinoma papilí-
fero (cerca de 80%) e o folicular (15%). 
O papilífero predomina entre os 20 e 40 anos, 
o folicular mais tarde (entre 40 e 50 anos). Po-
dem ser únicos ou múltiplos, encapsulados ou 
não. Ambos tipos geralmente não captam 
iodo radioativo, aparecendo em cintilografias 
como nódulos frios. 
Carcinoma papilífero 
Elevada taxa de cura, de 98 a 100%. É mal de-
limitado, às vezes, na microscopia, macrosco-
pia tem excrescências papilíferas dentro de 
uma cavidade. Tende a dar metástases a linfo-
nodos regionais. Contudo, é de crescimento 
muito lento e o prognóstico é bom (98 % de 
sobrevida em 10 anos). 
 
As células tendem a dispor-se ao longo de ei-
xos conjuntivo-vasculares ramificados, for-
mando papilas. As células costumam ser cu-
boides ou colunares baixas, uniformes e bem 
diferenciadas. Atualmente, a arquitetura papi-
lífera não é mais considerada o critério deci-
sivo para o diagnóstico deste tipo de tumor, 
dando-se maior importância às características 
nucleares. 
Diagnóstico é feito pela arquitetura da lesão à 
microscopia: cromatina vesiculosa clara e ho-
mogênea, gerando núcleos com aspecto em 
vidro fosco (“em olhos da órfã Annie”, caracte-
rísticas mais importantes) e pseudoinclusão 
nuclear. 
 
16 
 
 
As pseudoinclusões nucleares resultam de in-
vaginações da membrana nuclear contendo 
citoplasma (invaginações do citoplasma para 
dentro do núcleo). A imagem é criada por su-
perposição, não se tratando de inclusão ver-
dadeira. São uma feição comum do carcinoma 
papilífero. Às vezes é possível visualizar fenda 
na membrana nuclear, de aspecto seme-
lhante, este sendo artefato da coloração. 
 
 
 
 
Um tipo de calcificação laminar concêntrica 
característica é chamada de corpo psamoma-
toso e está presente em carcinomas papilífe-
ros em geral (ovário, pâncreas, pulmão, etc.) 
Têm importância para o diagnóstico de carci-
noma papilífero porque são muito mais raros 
em outros tipos de carcinoma da tiroide como 
o folicular, medular e anaplásicos. 
 
17 
 
 
Os carcinomas papilíferos têm pelo menos al-
guns folículos em meio às papilas. Em alguns, 
o componente folicular pode predominar 
muito sobre o papilífero, ou o tumor pode ser 
exclusivamente folicular. Nesses casos, o diag-
nóstico de carcinoma papilífero baseia-se nas 
características nucleares. 
Esses carcinomas papilíferos são chamados 
de variante folicular e se comportam biologi-
camente como os carcinomas papilíferos ha-
bituais, ou seja, são infiltrativos localmente e, 
geralmente, não são encapsulados. Seu prog-
nóstico é melhor que o do carcinoma folicular 
verdadeiro. 
 
Carcinomas papilíferos podem ocorrer como 
lesões solitárias ou multicêntricas na tiroide. 
Alguns tumores são bem delimitados e até en-
capsulados. Outros, contudo, infiltram o pa-
rênquima adjacente com margens mal defini-
das. 
 
 
Carcinoma folicular 
Segundo mais frequente, representando 10 a 
15%. É francamente invasivo, apresentando 
pior prognóstico em relação ao papilífero, com 
propensão a invadir vasos e dar metástases a 
distância para ossos, pulmões, fígado, etc. A 
chance de cura é de 65 a 75%. 
 
18 
 
O critério diagnóstico é invasão da cápsula fi-
brosa (carcinoma folicular bem diferenciado), 
gerando imagem em cogumelo, ou infiltração 
vascular desta. Diferentemente do que ocorre 
nos cânceres papilares, a disseminação linfá-
tica é incomum em cânceres foliculares. 
 
Carcinomas foliculares demonstram invasão capsular (se-
tas) que é mínima, como nesse caso, ou ampla, com exten-
são para as estruturas locais do pescoço 
Carcinoma medular 
Representa cerca de 5% dos carcinomas. É es-
porádico e unilateral em 85% dos casos. Em 
torno de 15% pode ser familiar ou fazer parte 
das síndrome de neoplasia endócrina múlti-
pla. 
 
Sua característica é a produção de calcitonina 
(substância amiloide). Às vezes, faz parte de 
uma síndrome que tem múltiplos neurofibro-
mas ou neuromas na ponta da língua ou na 
mucosa bucal, fazendo parte de uma neopla-
sia endócrina múltipla: 
 NEM2A: carcinoma medular de tire-
oide em 100% + feocromocitoma em 
40-50% + hiperparatireoidismo em 10-
25% 
 NEM2B: carcinoma medular de tire-
oide em 100% + feocromocitoma em 
50% + ganglioneuroma e hábito marfa-
noide associados – pessoas altas, ma-
gras, às vezes jogadoras de basquete 
 Carcinoma familiar isolado 
Carcinoma anaplásico 
Subtipo mais agressivo, com sobrevida de até 
1 ano após o diagnóstico. Apresenta alto grau 
de infiltração de estruturas vizinhas. À micros-
copia, mostra-se muito pouco diferenciado, 
com células gigantes e células fusiformes e es-
pinhosas. 
_______________________________________________ 
PATOLOGIA PEDIÁTRICA NÃO NEOPLÁSICA II 
FIBROSE CÍSTICA 
É a doença genética letal mais comum na po-
pulação branca, sendo incomum em asiáticos 
e afrodescendentes. Apresenta transmissão 
autossômica recessiva simples e não afeta 
portadores heterozigotos. 
Seu defeito primária é a função anormal de 
uma proteína do canal de cloreto epitelial co-
dificada pelo gene regulador de condutância 
transmembrana (CFTR – transportador trans-
membrana da fibrose cística). Essa alteração 
funcional se dá por mutação, que pode ser 
grave, gerando doença multissistêmica, ou 
branda, com quadro de extensão e gravidade 
limitados. A alteração deste transportador 
torna as membranas epiteliais relativamente 
impermeáveis aos íons cloreto, cuja repercus-
são será órgão-específica. 
Quadro clínico 
Nos ductos da glândulas sudoríparas, a princi-
pal função da CFTR é reabsorver íons de clo-
19 
 
reto luminais e aumentar a reabsorção de só-
dio através do canal de sódio epitelial. Logo, 
sua disfunção leva a uma redução na reabsor-
ção de cloreto de sódio e à produção de suor 
hipertônico (“salgado”). 
Já nos epitélios intestinal e respiratório, a CFTR 
é um dos caminhos mais importantes para a 
secreção luminal ativa de cloreto. Assim, há 
perda ou redução da secreção de cloreto no 
lúmen. Ao contrário, a patogenia das compli-
cações respiratórias e intestinais na FC parece 
advir de uma camada de líquido superficial 
isotônica, porém de volume baixo. Nos pul-
mões, essa desidratação leva à ação mucoci-
liar defeituosa e ao acúmulo de secreções vis-
cosas concentradas que obstruem as passa-
gens de ar e predispõem a infecções pulmo-
nares recorrentes. 
Essas secreções mucosas atipicamente visco-
sas que bloqueiam as vias respiratórias e os 
ductos pancreáticos são responsáveis pelas 
duas manifestações clínicas mais importantes: 
infecções pulmonares recorrentes e crônicas 
e insuficiência pancreática. Essa última é 
muito comum, sendo que 90% dos pacientes 
possuem alterações morfológicas no pân-
creas. 
A causa mais comum de mortalidade são as 
manifestações cardiopulmonares, sobretudo 
as infecções pulmonares, frequentemente 
causadas por Pseudomonasresistentes e que 
culminam em bronquiectasia e insuficiência 
cardíaca direita. São frequentemente acome-
tidos por sinusite e polipose. O baquetea-
mento digital é comum. 
Outro sistema comumente afetado é o repro-
dutivo, cujo achado típico em meninos é infer-
tilidade por agenesia bilateral de ductos defe-
rentes. 95% dos pacientes apresentam esteri-
lidade e/ou azospermia. 
O íleo meconial é visto em 5 a 10%, causado 
pela obstrução do intestino delgado por tam-
pões de muco espesso e viscoso. A cirrose he-
pática difusa é vista em 5% dos pacientes e re-
sulta da obstrução dos canalículos biliares por 
muco. 
Macroscopia 
 
Descrição da aula: secção transversal de pul-
mão com brônquios dilatados até próximo à 
pleura + áreas de broncopneumonia (consoli-
dação esverdeada) bilaterais. 
Microscopia 
 
Pâncreas: dilatação de ácinos e ductos preen-
chidos por mucina + fibrose dos ácinos do 
20 
 
pâncreas exócrino. Com o tempo, desenvolve-
se DM por destruição das ilhotas. 
MÁ ABSORÇÃO 
Pode ser primária, decorrente de alteração de 
superfície mucosa ou por deficiência enzimá-
tica, ou secundária a doença, cirurgia, trauma 
e drogas. Manifesta-se mais comumente 
como diarreia crônica e caracteriza-se por de-
feito de absorção das gorduras (principal), vi-
taminas lipossolúveis e hidrossolúveis, proteí-
nas, carboidratos, eletrólitos, sais minerais e 
água. 
Doença celíaca (forma infantil) ou esteatorreia 
idiopática (forma adulta) 
É uma enteropatia imunomediada desenca-
deada pela ingestão de cereais que contêm 
glúten, como trigo, centeio ou cevada, em pes-
soas geneticamente predispostas. Isto é, 
trata-se de uma hipersensibilidade ao glúten e 
seus derivados, sobretudo a gliadina. 
O glúten é digerido por enzimas luminais e da 
borda em escova em aminoácidos e peptí-
deos, incluindo um peptídeo de 33 aminoáci-
dos, a gliadina, que é resistente à degradação 
por proteases gástricas, pancreáticas e do in-
testino delgado. 
A gliadina é capaz de interagir com HLA-DQ2 
ou HLA-DQ8 em células apresentadoras de 
antígenos e ser apresentada a células T CD4+. 
Essas células T produzem citocinas que po-
dem contribuir para o dano tecidual e a histo-
patologia típica da mucosa. Uma resposta tí-
pica de células B se segue: isso inclui a produ-
ção de anticorpos antitransglutaminase teci-
dual, antigliadina desamidada e, talvez como 
resultado de epítopos de reatividade cruzada, 
antiendomísio, que são úteis para o diagnós-
tico. 
Quadro clínico 
No geral, costuma se manifestar sob a forma 
de diarreia crônica (> 30 dias). 
Manifestações Clínicas da Má Absorção Intestinal 
Doença Processo Associação 
genética 
Sintomas Tratamento 
Má absorção específica 
Intolerância à lactose Deficiência de 
lactase (dissa-
caridase) 
Rara Distensão abdominal, flatulên-
cia, diarreia associada a inges-
tão de produtos lácteos 
Administração de lactase 
Abetalipoproteinemia Falência da sín-
tese de apopro-
teína B 
Autossômica 
recessiva 
Perda de reflexos tendinosos 
profundos, ataxia, acantoci-
tose eritrocitária 
Ingestão de triglicerídeos de 
cadeia média 
Espru tropical Contaminação 
intestinal pro-
longada com 
bactérias 
Ausente Esteatorreia, anemia, perda de 
peso, deficiência de ácido fó-
lico e vitamina B12, hipoalbu-
minemia 
Tetraciclina e ácido fólico 
Má absorção generalizada 
Doença celíaca Lesão epitelial, 
adenovírus?, AC 
antiendomisi-
ais, anti-glia-
dina? 
HLA-B8, DR8, 
DQ2 
Má absorção generalizada as-
sociada à ingestão de trigo, ce-
vada, centeio (exposição à glia-
dina); dermatite herpetiforme 
Dieta sem glúten 
Doença de Whipple Tropheryma 
whippelii 
Ausente Má absorção generalizada; 
achados sistêmicos 
Antibióticos 
Associada a hipogama-
globulinemia (adqui-
rida) 
Disfunção 
imune, com Gi-
ardia associada 
Ausente Má absorção generalizada Metronidazol 
Linfangiectasia Dilatação dos 
vasos quilíferos 
Ausente Esteatorreia com perda de 
proteína, linfopenia, ascite qui-
losa 
Tratar distúrbios subjacen-
tes (pancreatite, sarcoidose), 
cirurgia 
Enterite por radiação Irradiação Ausente Anorexia, cólicas, diarreia Sintomático 
21 
 
Nos adultos, costuma manifestar-se entre 30 
e 60 anos. Quando sintomática, frequente-
mente associada a anemia (devido à deficiên-
cia de ferro e, menos comumente, deficiência 
de B12 e folato), diarreia, distensão abdominal 
e fadiga. 
A doença celíaca pediátrica se manifesta, com 
sintomas clássicos, tipicamente por volta dos 
6-24 meses (após a introdução de glúten na 
dieta), com irritabilidade, distensão abdomi-
nal, anorexia, diarreia, déficit de crescimento, 
perda de peso ou perda de massa muscular. 
Uma típica lesão cutânea pruriginosa, com bo-
lhas, a dermatite herpetiforme, também está 
presente em até 30% dos pacientes, locali-
zada em face extensora de membros, sobre-
tudo antebraço. 
Diagnóstico 
Testes sorológicos não invasivos geralmente 
são realizados antes da biópsia. Os testes 
mais sensíveis são a presença de AC anti-
transglutaminase tecidual ou anti-gliadina de-
samina. Os ACs antiendomísio são altamente 
específicos, mas menos sensíveis que os ou-
tros. Também é feita, nesta primeira fase, a 
pesquisa de HLA-DQ2 e HLA-DQ8. Sua ausên-
cia é útil pela alto valor preditivo negativo, mas 
a presença não serve de confirmação diagnós-
tica. 
Caso as sorologias sejam negativas ou incon-
clusivas, é realizada EDA com biópsia intestinal 
das primeiras porções do jejuno (preferível). 
Geralmente também é feita colonoscopia con-
comitante. 
Microscopia 
 
Descrição da aula: atrofia de vilos + hiperplasia 
das criptas glandulares + infiltrado de linfóci-
tos (T CD8+) no epitélio de revestimento (> 4 
por 10 campos de grande aumento, > 8 prati-
camente fecha o diagnóstico). 
 
 
 
22 
 
Doença de Whipple 
Condição sistêmica rara causada por actino-
miceto Gram-positivo, Tropheryma whippelii). 
O quadro clínico cursa com diarreia, perda de 
peso e má absorção, associado a manifesta-
ções extraintestinais, tais quais: artrite, febre, 
linfadenopatia, doença neurológica, cardíaca 
ou pulmonar. 
Microscopia 
 
O marco morfológico da doença de Whipple é 
o acúmulo denso de macrófagos espumosos 
e distendidos na lâmina própria do intestino 
delgado (A). Os macrófagos contêm grânulos 
ácido periódico-Schiff (PAS)-positivos e resis-
tentes à diástase, que representam lisosso-
mos recheados com bactérias parcialmente 
digeridas (B). Bacilos em forma de bastão in-
tactos também podem ser identificados por 
microscopia eletrônica (C). 
Descrição da aula: vilos com macrófagos de ci-
toplasma finamente espumoso. Com a colora-
ção PAS, o citoplasma se mostra granuloso, 
pela presença das bactérias. 
 
_______________________________________________ 
SUPRARRENAIS 
ANATOMIA 
 
As glândulas suprarrenais são órgãos endócri-
nos pareados que consistem em um córtex e 
uma medula. Abaixo da cápsula da suprarre-
nal está a camada estreita da zona glomeru-
losa. Uma zona reticular igualmente estreita li-
mita a medula. Dividindo, está a ampla zona 
fasciculada que constitui cerca de 75% do cór-
tex total. 
O córtex sintetiza três diferentes tipos de es-
teroides 
1. Glicocorticoides: principalmente cor-
tisol), na zona fasciculada e, em menor 
grau, reticulada 
 Níveis fisiológicos: inibem sín-
tese proteica + aumentam de-
gradação proteica + aumentam 
gliconeogênese 
 Excesso: adiposidadade de 
face e tronco, hipertensão arte-
rial, suprime processo cicatri-
cial, imunossupressão, anti-in-
flamatório, inibe crescimento, 
causa osteoporose, ulceração 
péptica e estado diabético 
23 
 
2. Mineralocorticoides: sobretudo aldos-
terona, na zona glomerulosa 
3. Esteroides sexuais: estrogênios e an-
drogênios, na zona reticular 
As células na zona glomerular se dispõe em 
trabéculas e apresentam citoplasma granu-
loso e vesiculoso. Adisposição se torna mais 
dessa conforme mais profunda-se nas zonas 
mais internas. 
A medular suprarrenal é composta de células 
cromafínicas, as quais sintetizam e secretam 
catecolamina, principalmente epinefrina. 
Quando normal, a suprarrenal é de difícil visu-
alização, pois fica entremeada no tecido adi-
poso perirrenal, no polo superior. 
HIPERPLASIA SUPRARRENAL CONGÊNITA 
Definida pela hiperplasia cortical suprarrenal 
bilateral causa, principalmente, por deficiência 
da enzima 21-hidroxilase. Esse defeito enzi-
mático leva ao acúmulo de esteroides inter-
mediários de colesterol, que são convertidos 
em andrógenos. 
 
Consequências da deficiência da 21-hidroxilase. A deficiên-
cia da 21-hidroxilase prejudica a síntese tanto de cortisol 
quanto de aldosterona. A diminuição resultante na inibi-
ção retroativa (linha pontilhada) causa uma secreção au-
mentada de ACTH, resultando, por fim, em hiperplasia su-
prarrenal e síntese aumentada de testosterona. Os locais 
de ação da 11-, 17- e 21- hidroxilase são mostrados pelos 
números nos círculos. 
A produção aumentada de andrógenos leva à 
virilização. Quando no sexo feminino, há hi-
pertrofia de clitóris e fusão de pregas labioes-
crotais. Em meninos, ocorre pseudopuber-
dade precoce. 
INSUFICIÊNCIA CORTICOSSUPRARENAL 
Crônica 
Maior parte é primária (Doença de Addison). 
Causas secundária incluem infecções (TB, 
PCM – principal causa secundária no Brasil), 
metástase de CA, amiloidose e sarcoidose. 
Sintomas: aumento da pigmentação na mu-
cosa gengival ou mucosa oral, aumento da 
pigmentação da pele (aspecto bronzeado), es-
curecimento dos cabelos, aparecimento de 
sardas, vitiligo, acentuação da pigmentação na 
área de mamilos e áreas de fricção, concentra-
ção de pigmentos em dobras cutâneas e cica-
trizes, perda de peso, anorexia, vômito, diar-
reia, fraqueza muscular. 
Na doença de Addison de causa primária 
(adrenalite autoimune), há formação de anti-
corpos contra a enzima 21-hidroxilase. À me-
dida que a doença evolui, ocorre falência su-
prarrenal completa. 
Tem componente familiar, com associação 
com alguns haplótipos, síndrome autoimune 
poliglandular tipo I (quando ocorre na infância 
ou adolescência com hipoparatireoidismo e 
candidíase mucocutânea crônica) e II (ocorre 
entre 20-40 anos, associação a doença de 
Graves ou tireoidite de Hashimoto, diabetes 
mellitus insulino-dependente e falência ovari-
ana prematura). 
Morfologia 
Glândula atrófica com atrofia das 3 camadas 
corticais (glomerular, fascicular e reticular) as-
sociada a inflamação crônica (infiltrado linfoci-
tário leva à destruição quase total da glândula) 
do tecido e fibrose do córtex adrenal. 
24 
 
 
 
Aguda, Síndrome de Waterhouse-Friderichsen 
Acomete mais crianças, sobretudo na faixa 
dos 6-7 aos 10-12 anos, mas também pode 
ocorrer em adultos. Há destruição abrupta da 
glândula por infarto hemorrágico bilateral do 
córtex da adrenal em decorrência de menin-
gococcemia (causa mais comum) ou septice-
mia por Pseudomonas (hoje mais raro devido 
ao conhecimento). 
Pode ocorrer hipotensão e choque, sendo po-
tencialmente fatal. A clínica é de febre de início 
abrupto, associada a petéquias, artralgia, fra-
queza, e mialgia, seguidos por necrose hemor-
rágica aguda das glândulas suprarrenais e dis-
função cardiovascular severa. 
É possível visualizar meningococos dentro de 
neutrófilos em exame de sangue, LCR ou swab 
de orofaringe. 
Morfologia 
 
 
 
Descrição da aula: destruição hemorrágica da 
cortical, destruição da arquitetura. 
HIPERADRENALISMO 
Síndrome de Cushing 
Causada por qualquer condição que produza 
níveis elevados de glicocorticoides. A sín-
drome de Cushing pode ser geralmente divi-
dida em causas exógenas e endógenas. A 
vasta maioria dos casos de síndrome de Cus-
hing é o resultado da administração de glico-
corticoides exógenos. Ocorre em 4 padrões 
distintos: 
1. Tipo hipofisária: adenoma produtor de 
ACTH que estimula hiperplasia do cór-
tex da adrenal 
2. Decorrente de um tumor produtor de 
corticosteroide dentro da própria glân-
dula suprarrenal: geralmente ade-
noma produtor de corticosteroide, 
que vai estimular a parte que não está 
comprometida, ocorrendo hiperplasia 
nodular na forma de pseudotumores 
 Histologia: tumor único solitá-
rio, com hiperplasia das zonas 
produtoras de corticoide (fasci-
culada e reticular) 
Síndrome de Wa-
terhouse-Fride-
richsen em uma 
criança. As glân-
dulas suprarre-
nais escuras e 
hemorrágicas es-
tão distendidas 
com sangue. 
25 
 
3. Paraneoplásica: produção ectópica de 
ACTH a partir de uma neoplasia à dis-
tância 
 Mais comum: carcinoma de 
pulmão, geralmente o de célu-
las pequenas/oat cell carci-
noma/carcinoma avenocelular) 
 80-85% dos casos terá achado 
pulmonar, tendo necessidade 
de investigação 
4. Iatrogênica: causa medicamentosa, 
por ingestão de corticoides; determina 
atrofia adrenal 
Sintomas: obesidade central (85-90%; “cor-
cunda de búfalo”), fácies em lua cheia (85%), 
fraqueza e cansaço (85%), hirsutismo (75%), 
hipertensão arterial (75%; cardiopatia hiper-
tensiva com hipertrofia de VE), pletora (75%), 
intolerância à glicose e diabetes (75%), osteo-
porose (75), distúrbios neuropsiquiátricos (em 
até 80%), anormalidades do ciclo menstrual 
(70%; amenorreia) e estrias cutâneas (50%; so-
bretudo na região abdominal lateroinferior), 
tumor ou hiperplasia de suprarrenal (depen-
dendo do tipo), pele fina e enrugada, púrpura, 
cicatrização precária de feridas. 
Síndrome de Conn 
Causada por níveis elevados de mineralocorti-
coides (aldosterona), chamado de hiperaldos-
teronismo primário. A etiologia mais comum 
(95%) é um adenoma produtor de aldoste-
rona, que, na maioria absoluta das vezes, 
(99%) é condição benigna. O restante ocorre 
por hiperplasia adrenal bilateral ou, rara-
mente, por carcinoma. 
Sintomas: sinal de Chvostek (presença de es-
pasmos dos músculos faciais em resposta à 
percussão do nervo facial na região zigomá-
tica) e Trousseau/tetania latente (observado 
em pacientes com hipocalcemia, quando es-
pasmos carpais pode ser provocados ao se 
ocluir a artéria braquial) positivos, perda fecal 
de potássio aumentada, aumento do líquido 
extracelular/edema, sódio corporal aumen-
tado, hipertensão arterial. 
Morfologia 
 
Características histológicas de um adenoma cortical su-
prarrenal. As células neoplásicas são vacuolizadas por 
causa da presença de lipídios intracitoplasmáticos. Há ple-
omorfismo nuclear leve. Atividade mitótica e necrose não 
são observadas. 
Carcinoma: tumor irregular amarelo ou mar-
rom, repleto de necrose e hemorragia, com 
alto pleomorfismo nuclear e anisocitose (ati-
pias nucleares). 
TUMORES ZONA MEDULAR E SISTEMA PARA-
GANGLIONAR 
Os gânglios e paragânglios localizam-se ao ní-
vel da bexiga, ilíacas internas, aorta, veia e hilo 
renal, VCS, ao longo da artéria carótida pró-
xima ao nervo vago e veia jugular. Ninhos de 
células paraganglionares podem formar isola-
damente tumores. 
 
26 
 
Quando formados fora da suprarrenal são 
chamados de paragangliomas e quando den-
tro da suprarrenal feocromocitoma. Ambos 
são malignos e o grau de malignidade de-
pende do estadiamento do tumor. 
Embriogênese 
Células da crista neural → simpatogônias → 2 
linhas de diferenciação: feocromoblastos e 
neuroblastos 
Feocromoblastos: origina células cromafins 
 Dentro da medula: feocromocitoma 
 Fora da medula: paraganglioma 
Neuroblastos: podem sofrer 2 linhas de dife-
renciação 
 Direta formando neuroblastoma 
 Indireta (passando por estágio de neu-
rônios-gânglios simpáticos) formando 
ganglioneuroma 
Neuroblastoma 
Tumor de células redondas azuis caracterís-
tico da infância, derivado dos neuroblastos, 
sendo um dos tumores malignos da região 
medular da suprarrenal. 
Ganglioneuroma 
Também ocorre na região medular, porém 
temcomportamento benigno, tumor não ne-
oplásico (necessita biópsia para diagnóstico), 
derivado de neurônios dos gânglios simpáti-
cos. 
Feocromocitoma 
Pode estar associado a síndromes familiares, 
como NEM2A e NEM2B, síndrome Sturge-We-
ber, Síndrome de von Hippel-Lindau e Sín-
drome de von Recklinghausen 
NEM2A: carcinoma medular da tireoide e hi-
perplasia de células C em 100% praticamente, 
feocromocitomas e hiperplasia da medular da 
suprarrenal em geral 50/50%, hiperplasia de 
paratireoides 
NEM 2B: carcinoma medular da tireoide ou hi-
perplasia de células C, feocromocitomas e hi-
perplasia medular da suprarrenal 50/50%, 
neuromas mucosos e hábitos marfanoides. 
Síndrome de von Hippel-Lindau: cistos renais, 
hepáticos e pancreáticos e do epidídimo + car-
cinoma de células renais (células claras) + feo-
cromocitoma + angiomatose + hemangioblas-
toma cerebelar. 
Síndrome de von Recklinghausen: neurofibro-
matose (manchas cutâneas café-com-leite) + 
schwanoma + meningioma + glioma + feocro-
mocitoma. 
Síndrome de Sturge-Weber: hemangiomas ca-
vernosos na distribuição do nervo trigêmeo + 
feocromocitoma. 
Mieloblastoma 
Tumor maligno indiferenciado de células da 
medula suprarrenal. Comum na infância. 
Prognóstico depende da presença ou ausên-
cia da amplicação do oncogene CNIC. 
METÁSTASES ADRENAIS 
1. CA de pulmão 
2. CA de mama (nas mulheres) 
3. Melanoma (2º nos homens) 
_______________________________________________ 
PÂNCREAS 
 
O pâncreas endócrino, formado pelas ilhotas 
de Langerhans, é composto por 4 tipos celula-
res principais: 
27 
 
 Células beta: produtoras de insulina, 
maioria (70%) 
 Células alfa: produtoras de glucagon, 
20% 
 Células delta: produtoras de somatos-
tatina, 8% 
 Células PP: produtoras de polipeptídeo 
pancreático, 2% 
Para diferenciá-las, é preciso recorrer à imu-
nocitoquímica, para avaliar a quantidade de 
cada tipo de célula presente ou pela micros-
copia eletrônica (que não é feita na prática, 
usada apenas em pesquisas). 
 
Produção hormonal nas células das ilhotas pancreáticas. A 
coloração com imunoperoxidase mostra um produto de 
reação escuro para a insulina nas células β (A), glucagon 
nas células α (B), e somatostatina nas células δ (C). D, Mi-
crografia eletrônica de uma célula β mostrando grânulos 
característicos envoltos por membrana, cada um contendo 
um núcleo denso e frequentemente retangular e um halo 
distinto. E, Porções de uma célula α (esquerda) e de uma 
célula δ (direita) também mostram grânulos, mas com 
membranas contactadas intimamente. O grânulo da cé-
lula α mostra um centro denso e arredondado. 
HORMÔNIOS E SUAS FUNÇÕES 
Insulina: promove a entrada de glicose no in-
terior das células, síntese de glicogênio e sua 
degradação, lipogênese e lipólise, e, junta-
mente com o GH, promove a síntese proteica. 
No tecido periférico aumenta lipogênese, 
inibe lipólise e aumenta captação de glicose 
pelas células. 
No fígado, a insulina diminui glicogênese 
e aumenta lipogênese, o que tem implicação 
direta no diabético. Nesses pacientes, a bióp-
sia hepática revelará esteatose micro ou ma-
crogoticular. Desse modo, a DM por si só, au-
menta o risco de câncer hepático. 
Glucagon: promove a síntese de proteínas, 
promove a degradação do glicogênio (apenas 
do fígado) e gliconeogênese (glicose a partir 
de proteínas). 
Somatostatina: inibe a secreção de insulina e 
do glucagon. 
Polipeptídeo pancreático: função ainda desco-
nhecida. 
 
Pâncreas normal. Fotomicrografia de grande aumento 
mostrando uma ilhota de Langerhans (à direita) circun-
dada por ácinos pancreáticos exócrinos e por um ducto (à 
esquerda). 
DIABETES MELLITUS 
Em 2007, os países com maior incidência 
eram, em ordem decrescente: Índia, China, 
EUA, Rússia, Alemanha, Japão, Paquistão e 
Brasil (8º lugar). Para 2025, a projeção da po-
sição do Brasil é de 4º lugar. 
Causas 
Mutações gênicas estão sendo descobertas, 
tanto para tipo 1 (deficiência absoluta da pro-
dução de insulina) quanto 2 (existe produção 
de insulina que a longo prazo é insuficiente – 
sofre resistência insulínica periférica devido, 
principalmente, aos fatores de HAS, dislipide-
mia e ganho de peso). 
28 
 
Algumas síndromes genéticas aumentam a in-
cidência como Síndrome de Down, Klinefelter, 
Turner, Prader-Willi e DM gestacional, além de 
drogas, sobretudo glicocorticoides. 
Entre as infecções, as principais relacionadas 
são as por CMV, vírus coxsackie B e rubéola 
congênita. Outras causas incluem endocrino-
patias, defeitos na ação da insulina e doenças 
pancreáticas exócrinas, como pancreatite crô-
nica, tumores do pâncreas, hemocromatose, 
fibrose cística. 
Tipo 1 ou juvenil 
É uma doença autoimune, por alteração here-
ditária ou desencadeada por virose, caracteri-
zada pela destruição das células β e uma defi-
ciência absoluta de insulina. Ele é responsável 
por aproximadamente 5% a 10% de todos os 
casos, e é o subtipo mais comum diagnosti-
cado antes dos 20 anos. 
Tipo 2 
É causado por uma combinação de resistência 
periférica à ação da insulina e uma resposta 
secretória inadequada das células β pancreá-
ticas (“deficiência relativa de insulina”). Aproxi-
madamente 90% a 95% dos pacientes diabé-
ticos têm o diabetes do tipo 2, e a grande mai-
oria de tais indivíduos é obesa. 
Embora classicamente considerada como “de 
início na vida adulta”, a prevalência do tipo 2 
em crianças e adolescentes está aumentando 
a passos alarmantes. 
Fatores de risco 
 Sobrepeso, IMC > 25 
 HF em parente de 1º grau 
 Sedentarismo 
 Pré-diabetes, prova de glicemia de je-
jum inapropriada ou tolerância dimi-
nuída a glicose 
 HAS 
 História de DM gestacional ou parto 
com RN > 4 kg 
 Síndrome dos ovários policísticos 
 Dislipidemia: HDL< 35 ou Tri > 250 
 DCV ou acantose nigricans (pele ás-
pera de aspecto liquidificado em áreas 
de dobras, principalmente no pescoço 
ou nas axilas; condição associada tam-
bém a neoplasias) 
Diferenças 
Tipo 1 
Início em geral na infância e adolescência. 
Peso normal ou perda de peso anterior ao di-
agnóstico. 
Níveis de insulina vão diminuindo progressiva-
mente até parar totalmente de produzir. Pre-
sença de autoanticorpos contra células da 
ilhota (doença imunomediada). Ocorre cetoa-
cidose diabética (CAD) na ausência da terapia 
de insulina. 
Pode apresentar ligação com alterações gené-
ticas (genes MHC classes I e II e VNTRs do gene 
da insulina). 
Patogenia: disfunção nas células T regulatórias 
(Tregs) levando à interrupção da autotolerân-
cia aos autoantígenos das ilhotas. 
 Insulite (infiltrado inflamatório de célu-
las T e macrófagos) 
 Depleção importante de células β, ge-
rando atrofia das ilhotas 
 
Insulite autoimune em modelo murino (BB) de diabetes au-
toimune. Esse distúrbio também é observado no diabetes 
humano do tipo 1. 
29 
 
Tipo 2 
Em geral no adulto, com aumento recente da 
incidência na idade mais jovem. Cerca de 80% 
são obesos. 
Inicialmente há aumento da insulina e, poste-
riormente, há platô (estabilização) e, mais tar-
diamente (em 10-15 anos), há diminuição da 
produção de insulina a ponto de precisar do 
uso da insulina. Não há autoanticorpos contra 
células da ilhota. Cursa mais comumente com 
coma hiperosmolar não-cetótico mais co-
mum. 
Nenhuma ligação com HLA; ligação a genes 
candidatos a diabetogênicose relacionados à 
obesidade (TCF7L2, PPARG, FTO etc.) 
Patogenia: Resistência à insulina nos tecidos 
periféricos, falha na compensação pelas célu-
las β. Múltiplos fatores associados à obesi-
dade (ácidos graxos não-esterificados circu-
lantes, mediadores inflamatórios, adipocitoci-
nas) ligados à patogenia da resistência à insu-
lina. 
 Nenhuma insulite 
 Deposição amiloide nas ilhotas 
 Depleção branda de células β 
 
Amiloidose de uma ilhota pancreática no diabetes do tipo 
2. A amiloidose é tipicamente observadaposteriormente na 
história natural dessa forma de diabetes, sendo a inflama-
ção das ilhotas percebida nas primeiras observações. 
Observação: por isso, muitas pessoas, depois de 
uma cirurgia bariátrica, têm controle total da DM 
tipo 2. 
Quadro clínico 
Tipo 1 
O início é marcado por poliúria, polidipsia, po-
lifagia e, quando grave, cetoacidose, todas re-
sultando de desarranjos metabólicos. Como a 
insulina é um dos principais hormônios ana-
bólicos no corpo, a deficiência de insulina re-
sulta em um estado catabólico que afeta não 
somente o metabolismo de glicose, mas tam-
bém o metabolismo de gordura e proteínas. 
 
O catabolismo de proteínas e gorduras tende 
a induzir um balanço de energia negativo, o 
que, por sua vez, leva ao apetite aumentado 
(polifagia), logo completando a tríade clássica 
do diabetes: poliúria, polidipsia e polifagia. A 
despeito do apetite aumentado, os efeitos ca-
tabólicos prevalecem, resultando em perda de 
peso e fraqueza muscular. A combinação da 
polifagia e da perda de peso é paradoxal e 
deve sempre levantar a suspeita de diabetes. 
A cetoacidose diabética é uma complicação sé-
ria do diabetes tipo 1, mas também pode 
ocorrer no diabetes tipo 2, embora não tão 
30 
 
comumente e não em uma extensão tão sig-
nificativa. 
Tipo 2 
Também pode apresentar poliúria e poli-
dipsia, mas, diferentemente do que ocorre no 
diabetes tipo 1, os pacientes, em geral, são 
mais velhos (acima de 40 anos) e frequente-
mente obesos. No entanto, com o aumento da 
obesidade e do estilo de vida sedentário na 
nossa sociedade, o diabetes tipo 2 agora é 
visto em crianças e adolescentes com uma fre-
quência crescente. 
Em alguns casos, a atenção médica é procu-
rada por causa de fraqueza ou perda de peso 
inexplicados. No entanto, mais frequente-
mente, o diagnóstico é feito após teste de san-
gue e de urina rotineiros em pessoas assinto-
máticas. 
No estado descompensado, esses pacientes 
podem desenvolver coma hiperosmolar não 
cetótico decorrente da desidratação grave 
como resultado de uma diurese osmótica sus-
tentada (particularmente em pacientes que 
não bebem água suficiente para compensar 
as perdas urinárias da hiperglicemia crônica). 
Complicações a longo prazo 
Cardiovasculares 
 Hipertensão 
 Aterosclerose 
 Microangiopatia 
 Infartos cerebrais hemorrágicos 
 Doença coronariana isquêmica (angina 
atípica, com equivalentes anginosos, 
diaforese) 
 Doença vascular periférica: gangrena, 
infecções e formação de úlceras de di-
fícil controle devido às infecções 
Oculares 
1. Retinopatia diabética 
o Microaneurismas 
o Hemorragias 
o Hemorragias + exsudato 
o Proliferativa: irreversível 
2. Catarata precoce 
3. Glaucoma 
Pancreáticas: perda das células da ilhota e in-
sulite no tipo 1 e amiloidose no tipo 2. 
Renais 
 
 Nefroesclerose com glomeruloescle-
rose: doença de Kinnestiel-Wilson (co-
loração de PAS), muito característico 
de diabetes – quase toda autópsia tem 
– superfície enrugada e irregular, com 
31 
 
múltiplas cicatrizes na superfície ex-
terna e atrofia cortical 
 Arterioloesclerose 
 Pielonefrite crônica 
 Papilite necrosante ou necrotizante: 
complicação renal bem específica de 
diabetes, podendo levar a insuficiência 
renal aguda 
 
 
Glomerosclerose diabética difusa e nodular (coloração 
PAS). Observe o aumento difuso na matriz mesangial e os 
nódulos PAS-positivos acelulares característicos. 
 
Neuroautonômicas 
 Neuropatia periférica 
 Disfunção erétil 
 Bexiga “preguiçosa”: inervação da be-
xiga urinária está deteriorada e então 
a pessoa perde o controle miccional 
 Disfunções autonômicas no geral 
 Aumento da incidência de diarreia 
TUMORES NEUROENDÓCRINOS 
O termo preferido para os tumores das célu-
las das ilhotas pancreática (“tumores das célu-
las das ilhotas”) é neoplasias endócrinas pan-
creáticas. As três síndromes mais comuns e 
mais distintivas clinicamente são: 
1. Hiperinsulinismo 
2. Hipergastrinemia e a síndrome de Zol-
linger-Ellison 
3. Neoplasia endócrina múltipla (MEN) 
Insulinoma 
Os tumores de células β são as neoplasias en-
dócrinas pancreáticas mais comuns. Elas po-
dem ser responsáveis pela produção de insu-
lina suficiente para induzir uma hipoglicemia 
clinicamente significativa. Insulina está au-
mentada em 80% dos casos com aumento da 
hipoglicemia em 25% das vezes. 
O quadro clínico característico é dominado 
por episódios hipoglicêmicos, os quais são 
precipitados pelo jejum ou exercício e são 
prontamente aliviados pela alimentação ou 
administração parenteral de glicose. Ocorrem 
com glicemia < 50 mg/dL do soro e consistem 
principalmente em manifestações do sistema 
nervoso central, como confusão, estupor e 
perda de consciência. 
Geralmente trata-se de tumor solitário, menor 
que 2 cm no maior diâmetro. Há deposição fo-
cal de substância amiloide com hiperplasia fo-
cal das ilhotas de Langerhans. Pode ocorrer 
fora do tecido pancreático, na vizinhança. 
 
32 
 
Gastrinoma – Sínd. de Zollinger-Ellison 
A hipersecreção marcante de gastrina geral-
mente tem sua origem em tumores produto-
res de gastrina (gastrinomas). Associação entre 
as lesões das células das ilhotas pancreáticas, 
a hipersecreção de ácido gástrico e a ulcera-
ção péptica grave está presente em 90% a 
95% dos pacientes. 
Os gastrinomas podem surgir no pâncreas, na 
região peripancreática (tecidos moles), ou na 
parede do duodeno. Mais da metade dos tu-
mores produtores de gastrina são localmente 
invasivos ou já metastizaram no momento do 
diagnóstico. Em aproximadamente 25% dos 
pacientes, os gastrinomas surgem em con-
junto com outros tumores endócrinos, como 
parte da síndrome de MEN-1, sendo geral-
mente multifocais. 
As úlceras duodenais e gástricas são frequen-
temente múltiplas. Embora sejam idênticas 
àquelas encontradas na população em geral, 
elas são frequentemente não responsivas à 
terapia. 
Além disso, as úlceras podem ocorrer em lo-
calizações incomuns tal como o jejuno; 
quando úlceras jejunais intratáveis são encon-
tradas, a síndrome de Zollinger-Ellison deve 
ser considerada. 
Mais de 50% dos pacientes têm diarreia; em 
30% este é o sintoma de apresentação. A prin-
cipal causa de óbito é a metastização hepática, 
cujo crescimento progressivo leva à falência 
do órgão em cerca de 10 anos. 
Glucagonoma 
Tumor de células alfa de baixo grau de malig-
nidade. 
Estão associados aos níveis séricos aumenta-
dos de glucagon e a uma síndrome que con-
siste em diabetes melito brando, uma erupção 
de pele característica (eritema migratório ne-
crolítico) e anemia. Eles ocorrem mais fre-
quentemente em mulheres na perimeno-
pausa e pós-menopausa e são caracterizados 
por níveis extremamente altos do glucagon 
plasmático. 
 
Somatostatinoma 
Tumor de células beta de baixo grau de malig-
nidade. 
Estão associados a diabetes melito, colelitíase, 
esteatorreia e hipocloridria. Eles são extrema-
mente difíceis de serem localizados préopera-
toriamente. Níveis plasmáticos altos de soma-
tostatina são necessários para o diagnóstico. 
VIPoma 
Tumor maligno de células PP. 
O VIPoma (diarreia aquosa, hipocalemia, aclo-
ridria ou síndrome WDHA) é um tumor endó-
crino que induz uma síndrome característica, 
causada pela liberação de peptídeos intesti-
nais vasoativos (VIP) pelo tumor. Alguns des-
ses tumores são localmente invasivos e me-
tastáticos. O diagnóstico é por imuno-histo-
química. 
Os tumores da crista neural, como neuroblas-
tomas, ganglioneuroblastomas e ganglioneu-
romas e feocromocitomas, também podem 
estar associados à síndrome do VIPoma.

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