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Julia Paris Malaco – UCT16 SP3 – fadiga, perda de peso e anemias Síndrome paraneoplasica Conjunto de sinais e sintomas que antecedem ou que ocorrem concomitantes a presença de um câncer nos organismos e que não são relacionadas diretamente com invasão, obstrução ou efeitos metastáticos do tumor. São desencadeadas por ativação do sistema autoimune (auto anticorpos) ou por produção de peptídeos/hormônios/ citocinas pelo tumor. Estas manifestações podem ocorrer antes, durante ou depois do diagnóstico da neoplasia propriamente dita. Estes sintomas podem ser endócrinos, neuromuscular/ musculoesquelético, cardiovascular, cutâneo, hematológico, gastrointestinal, renal, ou uma miscelânea. As etiologias possíveis são: Síndromes endócrinas: secreção de proteínas que não estão associadas ao equivalente tissular normal do câncer, como sd. endócrinas ectópicas, destruição local de tecidos por citocinas secretadas por tumores. o Carcinoma de Pulmão de pequenas células o ACTH - SIADH → ADH Síndromes neurológicas: produção de anticorpos específicos contra antígenos que normalmente se expressam em outros tecidos Síndromes reumáticas: causas desconhecidos como produtos do tumor não identificados ou complexos imunes simulados pelo tumor ➡ osteoartropatia causada por carcinoma broncogênico Síndromes Hematológicas Síndromes GI Síndromes Dermatológicas Hipercalcemia humoral da neoplasia: pode ocorrer por aumento da produção de PTHrP, por carcinoma de células escamosas, câncer de mama, tumores neuroendócrinos, renais, de pele e próstata e se apresenta com reabsorção óssea e hipercalcemia; aumento da produção de calcitriol em pacientes com linfoma, mas também pode ocorrer em sarcoidose, beriliose, tuberculose e infecções fúngicas. Secreção ectópica de ACTH: pode ser por secreção de POMC (proopiomelanocortina) nos CA de pequenas células, carcinoma pulmonar, medular da tireoide, adenomas ou carcinomas de ilhotas, feocromocitomas e ganglioneuromas ou secreção do próprio ACTH por CA medular de tireoide, paraganglioma, CA de próstata e de ilhotas. Paciente apresenta uma síndrome de Cushing. Gonadotrofina coriônica humana: produzida em tumores trofoblásticos (coriocarcinoma, carcinomas testiculares embrionários e seminomas) e em menor frequência em outros tumores de pulmão e pâncreas. O paciente apresenta puberdade precoce, ginecomastia e hipertireoidismo SSIADH: tumores de cabeça e pescoço, células pequenas do pulmão e outros carcinomas de pulmão. Hipoglicemia associada ao câncer: por produção de insulina por tumor de ilhotas; metástases hepáticas de carcinoma de células das ilhotas; substituição quase completa do fígado por metástase e ausência de produção de IGF2, nos tumores abdominais (fibrossarcomas, hemangiopericitomas ou hepatomas). Os pacientes estão em maior risco durante grandes períodos de jejum. A hipoglicemia pode resultar da produção de fatores de crescimento tipo insulina ou da produção de insulina. Degeneração cerebelar subaguda: Ocasiona ataxia bilateral progressiva no membro inferior e no membro superior, disartria e algumas vezes vertigem e diplopia. Os sinais neurológicos podem incluir demência com ou sem sinais do tronco cerebral, oftalmoplegia, nistagmo e sinais plantares extensores com disartria proeminente e envolvimento do membro superior. A degeneração cerebelar normalmente progride por semanas a meses, causando, muitas vezes, deficiência profunda. A degeneração cerebelar pode preceder a descoberta de câncer por semanas a anos. Um anticorpo circulante, anti-Yo, é encontrado no sangue e no líquor de alguns pacientes, em especial em mulheres com câncer de mama ou ovário. TC ou RM pode mostrar atrofia cerebelar, sobretudo na doença avançada. Julia Paris Malaco – UCT16 As alterações patológicas características incluem perda disseminada de células de Purkinje e formação de bainha linfocítica de vasos sanguíneos profundos. O líquor ocasionalmente apresenta pleocitose linfocítica leve. Glomerulonefrite membranosa: Glomerulonefrite membranosa pode ocorrer em pacientes com câncer de cólon, câncer de ovário e linfoma como resultado dos complexos imunes circulantes. A Glomerulonefrite ou Glomerulopatia é uma doença renal, em que ocorre lesão dos Glomérulos ou pequenos vasos sanguíneos nos rins. Câncer de ovário O câncer de ovário não é um tumor agressivo do ponto de vista biológico. A sua alta letalidade ocorre porque o quadro clínico tende a ser silencioso, e a doença acaba sendo diagnosticada em estágios avançados. Os tumores malignos de ovário representam grande desafio à prática médica atual, devido ao estado avançado em que a maioria das pacientes é diagnosticada – geralmente no estádio III ou IV. Faixa etária: 40-60 anos (período pós menopausa). Fatores de risco: Mutações nos genes BRCA1 e BRCA2: BRCA1 aumenta a chance de câncer de ovário (40%), BRCA 2 mutado (15%-20%) Tumores ovarianos associados ao câncer colorretal hereditário não polipoide; Síndrome de Lynch II Idade História familiar; Raça branca; Menarca precoce e menopausa tardia Nuliparidade Terapia hormonal Obesidade Tabagismo (somente no carcinoma mucinoso) Endometriose e SOP Fatores de proteção: Gestação Uso de anticoncepcional oral Amamentação Atualmente, se acredita que os tumores de ovário surjam, em última análise, de um dos três componentes ovarianos: Epitélio superficial derivado do epitélio celômico; Células germinativas, que migram para o ovário a partir do saco vitelino e são pluripotenciais; Estroma do ovário, incluindo os cordões sexuais, que são os precursores do aparelho endócrino do ovário pós-natal. Os sintomas mais comuns são: Dor e distensão abdominal Sintomas dos tratos urinário e gastrointestinal (compressão ou invasão) Sangramento vaginal As formas benignas podem ser totalmente assintomáticas. Tumores do epitélio superficial (mullerianos) A maioria dos tumores ovarianos se origina nas tubas uterinas ou em cistos epiteliais do córtex ovariano. Como mencionado, estudos demonstraram que muitos dos tumores que se acreditava surgirem do epitélio celômico que reveste a superfície ovário, hoje são atribuídos à extremidade fimbriada da tuba uterina. O epitélio de revestimento dos cistos corticais pode ser proveniente do deslocamento do epitélio de superfície do ovário ou do revestimento da tuba uterina. Estes podem se tornar metaplásicos ou sofrer uma transformação neoplásica originando uma variedade de tumores epiteliais. Existem três tipos histológicos principais: Serosos Mucinosos Endometrioides Classificação: Benigna (proliferação epitelial mínima) Limítrofe (proliferação epitelial moderada) Maligna (proliferação epitelial acentuada com invasão do estroma) Julia Paris Malaco – UCT16 Os tumores benignos muitas vezes são adicionalmente classificados com base nos componentes tumorais, que podem incluir Áreas císticas (cistadenomas) Áreas císticas e fibrosas (cistadenofibromas) e Áreas predominantemente fibrosas (adenofibromas). Os tumores limítrofes e os malignos também podem apresentar um componente cístico e, quando malignos, algumas vezes são chamados de cistadenocarcinomas. A teoria mais amplamente aceita para a derivação de tumores epiteliais müllerianos é a transformação do epitélio celômico. Esta visão se baseia na via embriológica pela qual os ductos de Müller são formados a partir do epitélio celômico e evoluem para epitélio seroso (tubário),endometrioide (endometrial) e mucinoso (cervical) presentes no trato genital feminino normal. Acredita-se que estes tumores ocorram predominantemente no ovário porque o epitélio celômico é incorporado ao córtex ovariano para formar cistos de inclusão epiteliais (também conhecidos como cistos de inclusão mesoteliais, corticais ou germinativos). O mecanismo exato pelo qual os cistos se desenvolvem não é conhecido, mas se acredita que seja o resultado de invaginações do epitélio superficial que subsequentemente perde sua conexão com a superfície. Os cistos mais frequentemente são revestidos por epitélio mesotelial ou de tipo tubário. A associação próxima entre os carcinomas ovarianos e o epitélio superficial ovariano ou os cistos de inclusão pode explicar o desenvolvimento de carcinomas extraovarianos de histologia semelhante derivados de vestígios do epitélio celômico (a chamada endossalpingiose) no mesentério. Contudo, claramente é uma simplificação excessiva da patogenia do câncer ovariano. Tumores serosos Estas neoplasias císticas comuns são revestidas por células epiteliais altas, colunares, ciliadas e não ciliadas e preenchidas por um líquido seroso claro. Embora o termo seroso descreva apropriadamente o líquido do cisto, se tornou sinônimo do epitélio de tipo tubário destes tumores. São divididos também em benigno, limítrofe e maligno. Em conjunto, os tipos benigno, limítrofe e maligno representam aproximadamente 30% de todos os tumores ovarianos e um pouco mais de 50% dos tumores epiteliais ovarianos. Aproximadamente 70% são benignos ou limítrofes e 30% são malignos. Os carcinomas serosos representam aproximadamente 40% de todos os casos de câncer do ovário e constituem os tumores ovarianos malignos mais comuns. Tumores benignos e limítrofes são mais comuns entre 20 e 45 anos de idade. O carcinoma seroso em média ocorre mais tarde na vida, embora um pouco mais cedo nos casos familiares. Fatores de risco para carcinomas serosos Nuliparidade História familiar Mutações hereditárias (BRCA1 e BRCA2) Disgenesia gonadal em crianças Com base em estudos clinicopatologicos e moleculares, recentemente foi proposto que o carcinoma ovariano seroso pode ser dividido em dois grupos principais: Carcinoma de baixo grau (bem diferenciado) o Mutações nos oncogenes KRAS ou BRAFMutações raras na p53 o Risco menor de metástase e invasão a distancia Julia Paris Malaco – UCT16 Carcinoma de alto grau (moderadamente a pouco diferenciado) o Alta frequência de mutações no gene p53. 0Ausência de mutações em KRAS ou BRAF BRCA1 ou BRCA2 o Risco maior de metástase a distância por conta da rápida proliferação Alguns carcinomas de baixo grau surgem em associação com tumores limítrofes serosos, enquanto a maioria dos carcinomas de alto grau parece surgir “diretamente” sem uma lesão precursora reconhecível. Os tumores de baixo grau originados de tumores limítrofes serosos apresentam mutações nos oncogenes KRAS ou BRAF, com apenas mutações raras em p53. Ao contrário, os tumores de alto grau apresentam uma alta frequência de mutações no gene p53, mas não possuem mutações em KRAS ou BRAF. Quase todos os casos relatados de carcinoma de ovário originados em mulheres com mutações BRCA1 ou BRCA2 são carcinomas serosos de alto grau e comumente apresentam mutações em p53. Os tumores serosos ovarianos, tanto de baixo quanto de alto grau, apresentam uma propensão à disseminação para superfícies peritoneais e omento e comumente estão associados à presença de ascite. Como ocorre com outros tumores, a extensão da disseminação para fora do ovário determina o estágio da doença. Tumores mucinosos São raros antes da puberdade e após a menopausa. Benignos ou limítrofes (85%) Malignos (15%) As células tumorais costumam diferenciar-se em epitélio semelhante ao canal endocervical. Corresponde a cerca de 15 a 20% dos carcinomas primários de ovário. Tem a característica de atingir os maiores volumes, e as células semelhantes ao epitélio glandular endocervical começam a produzir muco. Isso o torna preenchido por conteúdo viscoso amarelado, de aspecto gelatinoso. Como todos os tumores mucinosos, pode apresentar, como complicação da sua ruptura, o pseudomixoma peritoneal, situação em que a cavidade abdominal se encontra preenchida pelo material amarelo gelatinoso – mucina – já descrito. A ruptura dos tumores apendiculares também pode levar a pseudomixoma peritoneal. Fatores de Risco para carcinomas mucinosos: Tabagismo Mutação do proto-oncogene KRAS Em seu aspecto macroscópico, os tumores mucinosos diferem da variedade serosa de vários modos. Eles são caracterizados pela Raridade do envolvimento superficial São menos frequentemente bilaterais (apenas 5%) Tendem a produzir maiores massas císticas; São observados macroscopicamente como tumores multiloculados preenchidos com um fluido pegajoso e gelatinoso rico em glicoproteínas. O segundo grupo mais comum inclui tumores que exibem crescimento glandular ou papilar abundante com atipia nuclear e estratificação, um aspecto notavelmente semelhante aos adenomas tubulares ou adenomas vilosos do intestino. Estes tumores supostamente são precursores da maioria dos cistadenocarcinomas. Os cistadenocarcinomas contêm áreas de crescimento sólido, atipia evidente de células epiteliais e estratificação, perda da arquitetura glandular e necrose; estes tumores são semelhantes ao câncer do cólon em aparência. Uma vez que tanto os cistadenomas mucinosos limítrofes quanto os malignos formam glândulas complexas no estroma, a documentação da invasão estromal clara, que é facilmente verificada nos tumores serosos, é mais difícil. Uma condição clínica citada como pseudomixoma peritoneal é definida por extensa ascite mucinosa, implantes epiteliais císticos na superfície peritoneal, aderência e frequentemente um tumor mucinoso envolvendo os ovários. O pseudomixoma peritoneal, se extenso, pode resultar em obstrução intestinal e Julia Paris Malaco – UCT16 morte. Historicamente, se acreditava que muitos casos de pseudomixoma peritoneal em mulheres eram decorrentes de neoplasias mucinosas primárias do ovário. Contudo, evidências recentes apontam para a presença, na maioria dos casos, de um tumor mucinoso primário extraovariano (geralmente do apêndice) com disseminação ovariana e peritoneal secundária. Uma vez que a maioria dos tumores ovarianos mucinosos primários é unilateral, a apresentação bilateral de tumores mucinosos sempre requer a exclusão de uma origem não ovariana Tumores endometrioides Tumores endometrioides benignos, chamados adenofibromas endometrioides, e tumores endometrioides limítrofes são raros. Contudo, os carcinomas endometrioides representam aproximadamente 20% de todos os casos de câncer de ovário. Os tumores endometrioides são distinguidos dos tumores serosos e mucinosos pela presença de glândulas tubulares muito semelhantes ao endométrio benigno ou maligno. Carcinomas endometrioides podem surgir no contexto de endometriose e estão ocasionalmente associados a áreas de tumor limítrofe. Embora estes sejam menos comuns que os tumores serosos ou mucinosos, sabe-se mais sobre as alterações genéticas moleculares associadas ao seu desenvolvimento. Estudos moleculares encontraram mutações relativamente frequentes no gene supressor de tumor PTEN e nos oncogenes KRAS e β-catenina, assim como instabilidade de microssatélite. De modo semelhante aos carcinomas endometrioides do endométrio, as mutações em p53 são comuns nos tumores pouco diferenciados. Curiosamente,nos carcinomas endometrioides associados a endometriose, mutações em PTEN idênticas foram detectadas tanto no carcinoma quanto na endometriose, sugerindo que mutações PTEN podem preceder o desenvolvimento da malignidade. Em seu aspecto macroscópico, os carcinomas endometrioides se apresentam como uma combinação de áreas sólidas e císticas, semelhante a outros cistadenocarcinomas. Quarenta por cento envolvem os dois ovários e esta bilateralidade geralmente, mas nem sempre, implica em extensão da neoplasia além do trato genital. Estes são tumores de baixo grau que revelam padrões glandulares muito semelhantes àqueles de origem endometrial. A taxa de sobrevida em 5 anos para pacientes com tumores de estágio l corresponde a aproximadamente 75% Tumores de células germinativas Constituem 15% a 20% de todos os tumores ovarianos. Acometem principalmente em crianças e adultos jovens. Teratomas: Maduros (benignos) Imaturos (malignos) Monodérmicos ou altamente especializados Teratomas Maduros (Benignos) A maioria dos teratomas benignos é cística (conhecido como cistos dermoides). Teratomas císticos são encontrados em mulheres jovens durante o período reprodutivo ativo. Podem ser descobertos por acaso, mas algumas vezes estão associados a síndromes paraneoplásicas clinicamente importantes, como a encefalite límbica inflamatória, que pode remitir após a remoção do tumor. Os teratomas benignos são bilaterais em 10% a 15% dos casos. Caracteristicamente, são cistos uniloculares contendo pêlos e material sebáceo caseoso. Ao corte, revelam uma parede fina revestida por uma epiderme enrugada, opaca, cinza-esbranquiçada. A partir desta epiderme, frequentemente ocorre a protrusão de feixes de cabelo. No interior da parede, é comum encontrar estruturas dentárias e áreas de calcificação. Ao exame histológico, a parede do cisto é composta por epitélio escamoso estratificado com glândulas sebáceas subjacentes, hastes de cabelos e outras estruturas de anexos cutâneos. Na maioria dos casos, é possível identificar estruturas de outras camadas germinativas, como cartilagem, osso, tecido tireoidiano e tecidos neurais. Em raros casos, um teratoma benigno é sólido e composto inteiramente por coleções heterogêneas de aspecto benigno de tecidos e estruturas organizadas derivadas das três camadas germinativas. Julia Paris Malaco – UCT16 Teratomas Monodérmicos ou Especializados Strumaovarii: tecido tireoidiano → hipertireoidismo Carcinoide ovariano: epitélio intestinal → 5- hidroxitriptamina o Flushing, diarreia, dor abdominal, telangiectasia, broncosespasmo, pelagra e valvopatias Os teratomas especializados constituem um notável grupo de tumores raros, dos quais os mais comuns são o struma ovarii e o carcinoide. São sempre unilaterais, embora um teratoma contralateral possa estar presente. O struma ovarii é composto inteiramente de tecido tireoidiano maduro. Curiosamente, estas neoplasias tireoidianas podem ser hiperfuncionantes, causando hipertireoidismo. O carcinoide ovariano, que supostamente é originado do epitélio intestinal em um teratoma, também pode ser um tumor funcional, particularmente grande (> 7 cm), produzindo 5- hidroxitriptamina e a síndrome carcinoide. O carcinoide ovariano primário pode ser distinguido do carcinoide intestinal metastático, que é virtualmente sempre bilateral. Teratomas Imaturos Malignos. Estes são tumores raros que diferem dos teratomas benignos pelo fato de que os tecidos componentes lembram o tecido embrionário e fetal imaturo. O tumor é encontrado principalmente em adolescentes pré-puberais e mulheres jovens, com a idade média correspondendo a 18 anos. Os tumores são volumosos e possuem uma superfície externa lisa. Ao corte, apresentam uma estrutura sólida (ou predominantemente sólida). Existem áreas de necrose e hemorragia. Cabelos, material sebáceo, cartilagem, osso e calcificação podem estar presentes. Ao exame microscópico, existem quantidades variáveis de neuroepitélio imaturo, cartilagem, osso, músculo e outros. Um risco importante para a subsequente disseminação extra ovariana é o grau histológico do tumor (l a III), que se baseia na proporção de tecido contendo neuroepitélio imaturo. Os teratomas imaturos crescem rapidamente, com frequente penetração na cápsula e disseminação local ou à distância. Contudo, quase sempre em estádio I, particularmente aqueles com histologia de baixo grau (grau 1), têm um prognóstico excelente. Tumores de maior grau confinados ao ovário geralmente são tratados com quimioterapia profilática. A maioria das recorrências se desenvolve nos primeiros dois anos e a ausência de doença além deste período indica uma excelente possibilidade de cura. Estadiamento Os cânceres de ovário são divididos em quatro estágios: Estágio I: abrange tumores confinados ao ovário; Estágio II: consiste em neoplasias confinadas à pelve; Estágio III: estão confinados à cavidade peritoneal e aos linfonodos retroperitoneais. Esses três estágios são subdivididos, e a apresentação mais comum, o estágio III, é definida como tumores com doença intraperitoneal volumosa ou comprometimento de linfonodos. Cerca de 70% das mulheres se apresentam com a doença no estágio III. Estágio IV: inclui mulheres com metástases parenquimatosas (fígado, pulmão, baço) ou, como alternativa, doença pleural ou da parede abdominal. Os 30% que não apresentam doença de estágio III estão aproximadamente distribuídos de modo uniforme entre os outros estágios. Julia Paris Malaco – UCT16 p Marcadores tumorais CA-125: O CA125 é o teste padrão‐ouro para a monitoração e o acompanhamento de pacientes com câncer de ovário (não é exclusivo para essa neoplasia) mas apresenta limitações importantes, como: pode não estar elevado em 10 a 20% das mulheres; em alguns casos, a concentração não se correlaciona com a massa tumoral; e pode estar elevado em condições benignas, como endometriose, cisto hemorrágico do ovário, gravidez e doença inflamatória pélvica, cirrose, leiomiomas, menstruação. Não é utilizado como triagem O CA125 é uma glicoproteína produzida, normalmente, pelo epitélio das serosas, trompas de falópio, endométrio e endocérvix. CA 125 – é o marcador tumoral mais sensível para os tumores epiteliais, especialmente os serosos. Já o CA 19-9 é particularmente mais sensível para tumores ovarianos mucinosos. Os teratomas císticos benignos normalmente não secretam marcadores tumorais. Por si só, uma simples dosagem do CA 125 não é útil na distinção de uma massa pélvica benigna ou maligna, porque seu valor preditivo positivo é baixo (10%). Referência: 35U/mL 65U/mL (>especificidade) Níveis pré-operatórios elevados de CA-125, em pacientes com câncer de ovário, correlacionam-se a doença avançada e pior prognóstico. Queda dos seus níveis correlaciona-se com resposta terapêutica Normalização após o tratamento (cirurgia ± quimioterapia) está relacionada à melhora da sobrevida HE4: Novo marcador tumoral para câncer de ovário, mais sensível que o CA 125 nos estágios iniciais da doença. Indicado para acompanhamento de tratamento de câncer de ovário e estadiamento de massa ovariana. Em pacientes com câncer de ovário a expressão do HE4 é apresentada em altos níveis HE4 sozinho tem maior sensibilidade para detectar câncer de ovário, especialmente no estágio I da doença. Quando associado ao CA 125 é um preditor maispreciso de malignidade Tratamento Sempre cirúrgico, variando conforme o estadiamento. IA e IB: histerectomia total abdominal, salpingooforectomia bilateral, omentectomia, biópsia do peritônio pélvico e abdominal, biópsia da superfície do diafragma, lavado peritoneal para citologia oncótica, linfonodectomia pélvica e paraórtica (“sampling”). É fundamental a amostragem Julia Paris Malaco – UCT16 linfonodal para um estadiamento correto dos tumores do ovário Pacientes que querem engravidar: tto conservador, salpingooforectomia unilateral, biópsias múltiplas e linfonodectomia pélvica e paraórtica (sampling). Estágio IC: tto radical com quimioterapia sistêmica adjuvante. Estágio II: histerectomia total com anexectomia bilateral e omentectomia. Tto adjuvante com quimio Estágio III: histerectomia total com anexectomia bilateral, omentectomia e citorredução. Terapia adjuvante inclui: paclitaxel e cisplatina ou carboplatina. Nesse estágio, a doença residual macroscópica após a cirurgia está relacionada com a sobrevida. Pacientes com doença residual menor que 2cm apresentam sobrevida mediana de 39 meses, comparado com 17 meses em pacientes com doença residual maior que 2cm Estágio IV: Cirurgia citorredutora e quimioterapia Síndrome consumptiva, caquexia e o câncer Caquexia cancerosa e ́ uma si ́ndrome complexa e multifatorial caracterizada por um intenso consumo generalizado dos tecidos corporais, muscular e adiposo, com uma perda progressiva e involunta ́ria de peso, anemia, astenia, balanc ̧o nitrogenado negativo, disfunc ̧a ̃o imune e alterações metabólicas, geralmente associadas a ̀ anorexia. A frequue ̂ncia e severidade da desnutric ̧a ̃o sa ̃o maiores em portadores de doenc ̧as malignas gastrointestinais e de pulma ̃o, tendo menor risco para diminuic ̧a ̃o de peso os portadores de ca ̂ncer da mama, leucemia, sarcoma e linfoma Síndrome da anorexia-caquexia (SAC): A anorexia é um sintoma comum nos pacientes oncológicos, associada inicialmente ao processo natural da doença ou, mais tardiamente, ao crescimento tumoral e presença de metástases. Pode estar relacionada à náusea e vômito, à própria doença, ou ser resultante de medicamentos utilizados durante o tratamento. Consiste na perda de apetite, saciedade precoce, combinação de ambas ou alteração das preferências alimentares. Esses sintomas não são verificados em todos os tipos de tumor. A diferença mais importante entre desnutrição e caquexia do câncer tem a preferência pela mobilização de gordura poupando o músculo esquelético na desnutrição, enquanto na caquexia há igual mobilização de gordura e tecido muscular. A decisão de comer ou não comer é um processo complexo. Está geralmente associada à fome, seja ela por deficiência de alimentos ou mesmo por falta de nutrientes específicos. A fome é o conjunto de sensações despertadas pela necessidade de alimento, que leva o indivíduo à procura captação e ingestão desse alimento. O termo apetite refere-se à sensação de prazer de uma necessidade fisiológica. A regulação do apetite é um mecanismo complexo, mediado pelos níveis séricos dos nutrientes circulantes, função hepática, capacidade GI, sensações de paladar e olfato, todos esses processos mediados pelo cérebro. A saciedade é a sensação consciente de cessação de fome de plenitude. A etiologia da anorexia é desconhecida, pois muitos fatores intervêm em sua aparição, além de substâncias liberadas tanto pelo tumor como pelo hospedeiro, em resposta à presença do tumor. A anorexia ocorre em cerca de 40% dos pacientes com câncer, no momento do diagnóstico, e em mais de dois terços dos doentes terminais. Tumores sólidos constituem a principal causa de ingestão alimentar deficiente, por efeitos do tumor ou por causas não mecânicas, conduzindo à progressiva inanição, com comprometimento do EN, do perfil imunológico, podendo levar à caquexia. Caquexia cancerosa é uma síndrome complexa e multifatorial caracterizada por um intenso consumo generalizado dos tecidos corporais, muscular e adiposo, com uma perda progressiva e involuntária de peso, anemia, astenia, balanço nitrogenado negativo, disfunção imune e alterações metabólicas, geralmente associadas à anorexia. Por ter intensa relação com a anorexia, utiliza-se o termo SAC. A síndrome da anorexia-caquexia (SAC) é uma complicação freqüente no paciente portador de uma neoplasia maligna em estado avançado. Julia Paris Malaco – UCT16 Caracteriza-se por um intenso consumo dos tecidos muscular e adiposo, com conseqüente perda involuntária de peso, além de anemia, astenia, balanço nitrogenado negativo, devido alterações fisiológicas, metabólicas e imunológicas. A SAC é intensificada pelas alterações no metabolismo dos nutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios), alterações hormonais (leptina, NPY, MC, grelina), além do aumento das citocinas circulantes (TNFa, IL-1, IL-6, IFN). Mudanças na percepção de paladar e olfato ocorridas com a progressão tumoral e com o tratamento oncológico, também contribuem com a anorexia e, consequentemente, com a SAC. O tratamento nutricional é realizado com a utilização de nutrientes especiais, como os ácidos graxos polinsaturados EPA e DHA, os aminoácidos glutamina e arginina e os nucleotídeos. A nutrição deve ser seguida junto ao tratamento farmacológico, com estimulantes do apetite, devido maiores resultados positivos para o paciente com SAC. É caracterizada por uma síndrome consumptiva com perda de apetite. O paciente apresenta uma atrofia muscular e redução da massa magra corporal de maneira involuntária. Essa perda de peso é de 5 a 10% do peso basal de uma pessoa, dentro de seis meses a 1 ano. Alguns sintomas característicos são: Perda ponderal (pela perda de tecido adiposo e massa muscular), fadiga e astenia (pela perda de massa muscular), perda de habilidade motora, fa ́cies hipocra ́tica (perda de massa muscular temporal na face) Fisiopatologia da caquexia A origem da SAC é multifatorial. O aumento do consumo energético pelo tumor, a liberação de fatores que agem no centro da saciedade diminuindo o consumo alimentar e as citocinas produzidas pelo hospedeiro e pelo tumor levam às anormalidades metabólicas características da síndrome. A caquexia pode ser classificada em: primária ou secundária. Primária: relacionada às consequências metabólicas da presença do tumor associada a alterações inflamatórias resulta em consumo progressivo e freqüentemente irreversível de proteína visceral, musculatura esquelética e tecido adiposo. Secundária: resultante da diminuição na ingestão e absorção de nutrientes por obstruções tumorais do TGI, anorexia por efeito do tratamento e ressecções intestinais maciças. As duas condições aparecem concomitantemente em um só indivíduo. A causa prima ́ria e ́ um catabolismo tecidual, si ́ntese proteica diminui ́da e maior degradac ̧a ̃o. E ́ mediada por fatores hormonais, como a produc ̧a ̃o de leptina, grelina e o neuropepti ́dio y, e fatores metabo ́licos. A perda de mu ́sculo passa tanto pelo aumento de fatores catabo ́licos como pela diminuiça ̃o de fatores anabo ́licos e relacionam-se com a via ATP-ubiquitina-protease. No tumor, a produc ̧a ̃o de citocinas (TNF- α, IL-1, IL- 6, IFN-y, IL-10) tambe ́m contribui para o desenvolvimento da caquexia. Ha ́ tambe ́m um aumento dos aminoa ́cidos da musculatura esquele ́tica (alanina e glutamina) sendo direcionados para utilizac ̧a ̃o do tumor em processos energe ́ticos e biossinte ́ticos. A caquexia secundária ao câncer é decorrente de uma complexa interação entre o indivíduo, seu status social e psicológico, e a resposta endócrino- metabólica desencadeadapela doença e pelas múltiplas opções de tratamento. Alterações hormonais: O controle da ingestão alimentar tem regulação cerebral, a nível de hipotálamo, eixo hipotálamo hipofisário e sistema autonômico (simpático e parassimpático). Essa regulação / controle é feita por mecanismos de ordem comportamental, como ingestão de alimentos, padrões de atividade e de sono ou fisiológicos, como ajuste da temperatura corporal, gasto energético basal e ativação da resposta aguda ao estresse. Vários neuropeptídeos centrais e GI - leptina, neuropeptídeo Y, melanocortina, grelina, insulina, galamina, colecistoquinina, endorfina - interferem na regulação da ingestão dos alimentos, como também no gasto energético. Alterações nos níveis dessas substâncias contribuem para a SAC Leptina: Hormônio produzido e secretado pelo tecido adiposo, sendo um componente da alça de homeostase que rege o controle do peso corpóreo. Uma das ações da leptina é a regulação das taxas de gordura corpórea. Níveis elevados de gordura são acompanhados de aumento proporcional dos níveis circulatórios de leptina. Quando há restrição calórica ou inanição, com consequente perda de peso, os níveis de leptina como os de insulina decaem, voltando a elevar-se com a realimentação. Assim, quando há perda de peso, ocorre diminuição dos níveis de leptina proporcionais à perda de gordura corporal. Baixos níveis de leptina cerebral aumentam a atividade de sinais Julia Paris Malaco – UCT16 orexígenos hipotalâmicos, que estimulam o apetite, suprimem o gasto energético e diminuem a atividade de sinais anorexígenos, os quais suprimem o apetite e aumentam o gasto energético, ou seja, leptina reduz o apetite e aumenta o gasto energético, ativando circuitos catabólicos e prevenindo circuitos anabólicos. Altos níveis de leptina bloqueiam a ação do neuropeptídeo Y. A anorexia associada ao câncer parece resultar de fatores circulantes produzidos pelo hospedeiro em resposta ao tumor -as citocinas - substâncias consideradas mediadores do processo da caquexia. Os níveis aumentados de citocinas reduzem a ingestão alimentar e produzem diversas características da SAC, tendo, ainda, correlação com a progressão de tumores. As citocinas podem produzir longa inibição do apetite por estimularem a expressão e liberação de leptina e/ou mimetizam os efeitos hipotalâmicos de um feedback negativo excessivo, sinalizado pela leptina, impedindo a execução normal e mecanismos compensatórios, diante da diminuição da ingestão alimentar e aumento da perda de peso. Por esta razão, a perda de peso observada em um paciente com câncer, difere muito daquela observada em uma desnutrição simples com ausência de tumores. Neuropeptídeo Y (NPY): O hormônio também associado à caquexia, abundantemente distribuído no cérebro, incluindo o hipotálamo, situado abaixo da leptina na via metabólica, é o mais potente peptídeo orexígeno (estimulante do apetite ativado pela diminuição de leptina, fazendo parte de uma rede interconectada de substâncias anorexígenas, como a galanina, insulina, peptídios opióides, hormônio concentrador de melanina (MCH), orexina e AGRP (Peptídeo Agouti Associado). O NPY pode estimular o apetite por si só ou mediante a liberação de outros peptídeos orexígenos acima citados. O NPY tem como ação aumentar a ingestão de alimentos, diminuir o gasto energético e aumentar a lipogênese, promovendo o balanço energético positivo e o aumento da reserva de gordura. Melanocortina (MC): Constituem uma família de peptídeos regulatórios, que incluem a adrenocorticotrofina (ACTH) e o hormônio melanócito estimulante (MSH), também associados à SAC. Esse grupo de peptídeos e seus receptores ajudam a regular o apetite e a temperatura corporal como também são importantes para memória, bem-estar e imunidade. Apesar da acentuada perda de peso, em que normalmente se esperaria uma regulação negativa dos sistemas anorexígenos relacionados à melanocortina, o sistema permanece ativo, durante a caquexia neoplásica, aumentando ainda mais a taxa metabólica, a anorexia e a perda de peso. Mas, se o receptor central de melanocortina for bloqueado, os processos de anorexia e caquexia são revertidos. Grelina: É um hormônio peptídico, predominantemente, secretado por células epiteliais do fundo gástrico. É um importante regulador do apetite e do peso corporal, por mecanismos centrais envolvendo NPY E O ARGP, ambos potentes estimulantes do apetite a nível hipotalâmico. Tem-se atribuído à grelina a causa do balanço energético positivo, pela diminuição da gordura, por mecanismo independente do GH. Os níveis plasmáticos de grelina podem estar diminuídos em pacientes com SAC devido um bloqueio na resposta adaptada ao jejum, por diminuição da expressão do RNAm da grelina no estômago, diminuindo assim o apetite. Mas, existem controvérsias a respeito dos níveis de grelina na circulação e sua ação. Um experimento realizado com pacientes com câncer de pulmão e em QT, indicou níveis elevados de grelina, com diminuição da ingestão alimentar pós-QT por esses pacientes. Quimioterapia e perda de peso Alterações no apetite são comuns em pessoas com câncer ou em tratamento da doença. Pessoas com falta de apetite ou perda de apetite podem comer menos que o habitual, não sentirem fome ou se sentirem saciados após comer apenas uma pequena quantidade. A perda de apetite progressiva pode levar à perda de peso, desnutrição e perda da massa muscular. Causas: Certos tipos de câncer, como de ovário, pâncreas e estômago, geralmente podem causar perda de apetite, por afetarem o metabolismo. A perda de peso relacionada ao câncer pode ser grave porque a pessoa também perde massa muscular A perda de apetite também ocorre em 80% a 90% das pessoas com câncer avançado. As razões para a perda de apetite incluem: Alterações no metabolismo, saciedade precoce, Outros sintomas de câncer, por exemplo, dor, quimioterapia. Imunoterapia e Sedativos. Além disso, o tratamento radioterápico ou cirúrgico dos órgãos GI, como estômago ou intestino, também podem causar perda de apetite. Os efeitos colaterais relacionados à Julia Paris Malaco – UCT16 quimioterapia e radioterapia que podem causar perda de apetite incluem: Náuseas e vômitos, Úlceras e dor na boca, Boca seca, Dificuldade para deglutir, Dificuldade para mastigar, Alterações no paladar e olfato, Dor, Fadiga e Depressão. Os principais efeitos colaterais da quimioterapia são a toxicidade hematológica, GI, a cardiotoxicidade, hepatotoxicidade, toxicidade pulmonar, neurotoxicidade, a disfunção reprodutiva, toxicidade vesical e renal, alterações metabólicas, toxicidade dermatológica, reações alérgicas e anafilaxia. A toxicidade gastrintestinal dos quimioterápicos manifesta-se como náuseas e vômitos, mucosite, anorexia, diarréia e constipação intestinal. Estas variam de intensidade entre leve, moderada e severa, podendo ainda sobrepor-se ou seguir se umas às outras. As náuseas e vômitos, frequentemente, constituem o efeito colateral mais incômodo e estressante referido pelos pacientes submetidos à quimioterapia antineoplásica. Sua ocorrência é atribuída à estimulação do centro controlador do vômito (centro emético) localizado no SNC e sua intensidade guarda relação com o potencial emético da droga utilizada, bem como, com fatores adicionais como dose, via de administração, velocidade de aplicação, combinação de drogas e ainda por reflexo condicionado. Náusea e vômito induzido por quimioterapia: Provavelmente resulta de fármacos quimioterápicos que atuam em dois locais: diretamente no trato gastrointestinal e no centro do vômito do cérebro. Em ambas as áreas, a náusea e o vômito são mediados pelas ações decertos neurotransmissores, sendo a serotonina, a dopamina e a neurocinina-1 as mais importantes. A mucosite pós-quimioterapia deve-se à destruição das células de revestimento de todo o TGI pela ação dos QT, uma vez que, essas células também apresentam um ciclo de vida curto e rápida proliferação com alta taxa de atividade mitótica. Esta agressão pode manifestar-se como ulcerações da mucosa oral, retal e anal, podendo ser leve, moderada ou severa; aparece entre dois a dez dias após a aplicação do quimioterápico e torna o paciente suscetível a infecções, necrose e sangramento. A anorexia apresentada pelos pacientes submetidos à quimioterapia deve-se a vários fatores associados a esta e entre si. Mudanças na musculatura e mucosa do estômago e intestino delgado retardam o processo digestivo, promovendo uma sensação de plenitude gástrica que interfere no apetite. Somados a este fato, estão a presença de náuseas e vômitos, frequentemente de mucosite oral, alterações do paladar relacionadas a alguns QT específicos, e ainda alterações psicológicas como medo, ansiedade, depressão e estresse. Todas estas alterações, presentes em maior ou menor grau levam o paciente à anorexia que, quando não bem avaliada e tratada, é responsável pela debilitação nutricional chegando à caquexia. Quadros assim predispõem o paciente a diversas complicações, reduzindo a qualidade de vida e mesmo a sobrevida. A diarreia frequentemente aparece como manifestação de toxicidade GI, porque a ação dos QT sobre as células deste trato provoca uma descamação da mucosa sem reposição adequada, fazendo com que a irritação, inflamação e alterações funcionais levem à diarréia. Quando intensa e associada aos demais efeitos colaterais dos QT sobre o TGI, a diarréia pode agravar de forma significativa o estado geral do paciente predispondo-o a complicações como desidratação, desequilíbrio hidroeletrolítico, diminuição da absorção calórica, perda de peso e fraqueza. Ainda a constipação intestinal pode manifestar-se como toxicidade Gl dos QT. Normalmente não é ligada apenas ao uso dessas drogas, mas sim à associação de todas as manifestações relacionadas. Especificamente relacionada à quimioterapia, a constipação intestinal é antes uma neurotoxicidade, em que há diminuição da motilidade Gl devida à ação das drogas sobre o sistema nervoso do aparelho digestivo, levando mesmo a quadros de íleo paralítico. A constipação intestinal frequentemente provoca anorexia, desconforto, dor e distensão abdominal. Quando prolongado, este quadro pode ainda provocar náuseas, vômitos e desequilíbrio eletrolítico. Suplementação nutricional Os objetivos da TN em câncer visam evitar ou minimizar a perda de peso corpóreo, cuidar de deficiências de nutrientes específicos e prevenir complicações do tratamento, para, então, adotar medidas que estimulem a aceitação, a digestão e a absorção da dieta via oral ou intervenção adequada da TNE ou TNP. Recomenda-se que a TN seja instituída de forma planejada, imediatamente após o diagnóstico de desnutrição ou constatação de risco nutricional. Julia Paris Malaco – UCT16 A forma preferencial de terapia nutricional é por via oral, primeiramente por meio da orientação nutricional, para que se possa alcançar as necessidades nutricionais por meio da alimentação convencional. Quando não for possível, de preferência sempre que possível utilizar via enteral (oral ou por sonda nasogástrica) e em último caso parenteral. Objetivos: Os objetivos da TN no paciente oncológico incluem prevenção e tratamento da desnutrição; modulação da resposta orgânica ao tratamento oncológico e controle dos efeitos adversos do tratamento oncológico. Os objetivos da TN em ca ̂ncer visam evitar ou minimizar a perda de peso corpo ́reo, cuidar de deficie ̂ncias de nutrientes especi ́ficos e prevenir complicac ̧ões do tratamento, para, enta ̃o, adotar medidas que estimulem a aceitac ̧a ̃o, a digesta ̃o e a absorc ̧a ̃o da dieta A TN para pacientes oncolo ́gicos deve ser iniciada caso a ingesta ̃o dietética menor que 60% das necessidades nutricionais por mais de 10 dias. Ainda, pacientes com alto risco nutricional se beneficiam com o início da TN 10 a 14 dias anteriores ao evento cirúrgico, mesmo que haja necessidade de prorrogar a cirurgia, objetivando manter ou melhorar o estado nutricional do paciente com ca ̂ncer. Sempre estimular a enteral, mesmo sendo oral ou por sonda nasoga ́strica. TNO: A abordagem nutricional inicial do paciente oncolo ́gico deve sempre incluir a via oral. TNE: esta ́ indicada para pacientes oncolo ́gicos que apresentam funcionamento adequado do sistema digesto ́rio e gla ̂ndulas anexas e esta ̃o impossibilitados de se alimentarem devido a sintomas como anorexia, disfagia, odinofagia, alterações do paladar, inconscie ̂ncia, cirurgia e obstruc ̧a ̃o do trato gastrintestinal, decorrentes do tratamento antineoplásico que limitam a ingesta ̃o e aproveitamento dos nutrientes TNP: indicada quando existem limitac ̧ões para utilizaça ̃o da via oral e enteral ocasionadas por alterações do sistema digesto ́rio em decorre ̂ncia da localizac ̧a ̃o do tumor ou dos efeitos colaterais da quimioterapia, radioterapia e cirurgia. Nesses casos, esta ́ indicada naqueles pacientes que estejam hemodinamicamente esta ́veis e com condic ̧ões de tolerar infusa ̃o de flui ́dos, aminoa ́cidos, glicose e emulso ̃es lipídicas na quantidade suficiente para promover adequada nutriça ̃o. Para melhorar a tolera ̂ncia alimentar oral, recomenda-se ingesta ̃o de refeic ̧ões pequenas, com maior fracionamento dos hora ́rios, selec ̧a ̃o cuidadosa dos alimentos, evitando-se carnes vermelhas, li ́quidos pela manha ̃ e alimentos excessivamente gordurosos. Carnes brancas, frutas, vegetais, alimentos salgados e pouco a ́cidos sa ̃o mais facilmente tolerados por esses pacientes Imunonutric ̧a ̃o: intervenc ̧a ̃o nutricional que explora a atividade de muitos nutrientes para modular o sistema imune. Incluem o uso de arginina, glutamina, a ́cidos graxos o ̂mega-3 (Ele pode suprimir as citocinas pro ́- inflamatórias aumentar a ac ̧a ̃o da insulina, aumentar a si ́ntese de óxido ni ́trico e a concentrac ̧ão de acetilcolinano ce ́rebro e proteger os neuro ̂nios das ac ̧ões tóxicas doTNFa), nucleoti ́deos e antioxidantes durante 7 a 14 dias que antecedem cirurgia abdominal de grande porte para pacientes moderadamente a gravemente desnutridos. Cuidado paliativo Assiste ̂ncia promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doenc ̧a que ameace a vida, por meio da prevenc ̧a ̃o e ali ́vio do sofrimento, da identificaça ̃o precoce, avaliaça ̃o impeca ́vel e tratamento de dor e demais sintomas fi ́sicos, sociais, psicolo ́gicos espirituais. Atendem os casos mais simples aos mais complexos, focando no alívio do sofrimento. Princi ́pios Promover o ali ́vio da dor e dos outros sintomas desagrada ́veis Afirmar a vida e considerar a morte um processo normal da vida Na ̃o acelerar nem adiar a morte Integrar os aspectos psicolo ́gicos e espirituais no cuidado ao paciente Oferecer um sistema de suporte que possibilite ao paciente viver ta ̃o ativamente quanto possi ́vel até o momento de sua morte Oferecer sistema de suporte auxiliar aos familiares na doenc ̧a e no luto Oferecer abordagem multiprofissional para focar a necessidade dos pacientes e familiares - Melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente no curso da doenc ̧a Iniciar o mais precocemente possi ́vel o cuidado paliativo Julia Paris Malaco – UCT16 Home care Home Care é o termo em inglêspara a assistência médica domiciliar. Essa modalidade, hoje uma obrigação do SUS e da saúde suplementar, visa permitir desospitalização precoce dos pacientes e tem como principais usuários pacientes com doenças crônicas e grande dependência para cuidados da vida diária e de enfermagem. Benefícios home care Uma revisão sistemática da Cochrane, em 2013, mostrou que cuidados paliativos domiciliares melhoram sintomas dos pacientes (em especial os oncológicos), concluindo que esses deveriam ser oferecidos aos que desejam morrer em casa. Outras vantagens dessa modalidade são: Conforto; Apoio multiprofissional; Autonomia; Redução de custos; Humanização do atendimento. Exames de imagem Avaliação por imagem de neoplasia ovariana A malignidade do ovário tem início insidioso e padrão de crescimento silencioso que, em 70% dos casos, resulta em doença em estágio avançado no momento do diagnóstico. CA-125 é um marcador sorológico para o câncer de ovário, encontrado em níveis elevados em 80% das mulheres com câncer de ovário. O carcinoma do ovário dissemina-se primeiramente por semeadura peritoneal, com pequenos linfonodos implantados no peritônio, no mesentério e no omento, com ascite maligna. Padrões secundários de propagação incluem extensão direta a estruturas adjacentes, metástases linfáticas para linfonodos da pelve e do retroperitônio e disseminação hematogênica tardia para pulmão, fígado e ossos. Espessamento da parede do intestino e distorção de alças intestinais sugere envolvimento intestinal. Nenhum exame por imagem consegue estabelecer de modo confiável a diferença entre massas ovarianas benignas e malignas. Isso não é propriamente uma surpresa, pois muitos casos são limítrofes, mesmo histologicamente. USG: geralmente e ́ o primeiro exame de imagem realizado na avaliac ̧a ̃o de uma lesa ̃o ovariana, porque é amplamente disponi ́vel, bem aceito pelos pacientes, não invasivo, de baixo custo e, muitas vezes, pode ser o método de escolha para biópsia guiada por imagem. O Doppler acrescenta informações quanto a ̀organização vascular da lesão ovariana para melhor caracterizá-la. As caracteri ́sticas morfolo ́gicas sugestivas de malignidade incluem espessura (> 2-3 cm) e irregularidade das paredes e dos septos, presença de áreas sólidas e projeções papilares. A presenc ̧a de ascite, nódulos peritoneais e leso ̃es metastáticas fortalece a suspeição de malignidade. Doppler é essencial, predominantemente na caracterizac ̧a ̃o do fluxo sanguíneo central, que esta ́ mais frequentemente associado a malignidade, enquanto um fluxo periférico é mais típico de uma lesão benigna. Tomografia computadorizada: importante tanto na avaliação de disseminação de lesões malignas como na detecção de recidiva após terapia, porém um valor limitado na detecção primária e caracterização de uma massa ovariana. À TC, basicamente as lesões com componente de gordura e calcificações, como teratoma maduro, podem ser facilmente caracterizados. Julia Paris Malaco – UCT16 Tomografia computadorizada por emissa ̃o de pósitrons (PET/CT): O PET/CT tem um papel importante no acompanhamento pós-operatório e de pacientes com suspeita de recorre ̂ncia de tumor ovariano (sensibilidade de 91% e especificidade de 100%). Tem grande valor, sobretudo, nas situac ̧ões em que o PET/CT é negativo nas pacientes com aumento dos ni ́veis se ́ricos de CA-125. Ressona ̂ncia magnética: A realizac ̧a ̃o da RM e ́ fundamental na caracterização das lesões anexiais e para determinar a origem da lesão na cavidade pélvica. RM tem maior especificidade (84%) e precisa ̃o (89%) para caracterizar as lesões malignas que o USG com Doppler (especificidade de 40% e acurácia de 64%). Portanto, uma lesão anexial suspeita no USG pode ser corretamente caracterizada como lesão de aspecto benigno pela RM, evitando a cirurgia desnecessária. A RM também tem seu papel em caracterizar a composição de uma lesão anexial complexa. A ause ̂ncia do realce ao meio de contraste para- magne ́tico também e ́ indicativa de benignidade
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