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Unidade 3 – Patologia dos sistemas musculoesquelético, nervoso e endócrino Patologia do sistema musculoesquelético O sistema musculoesquelético é c...

Unidade 3 – Patologia dos sistemas musculoesquelético, nervoso e endócrino Patologia do sistema musculoesquelético O sistema musculoesquelético é composto de músculos, ossos e articulações, sendo, às vezes, subdividido – por alguns autores – em muscular e esquelético. Inicialmente, é importante entender que ambos podem desempenhar funções similares referentes à manutenção da postura, locomoção e proteção de órgãos vitais. Todavia, eles diferem em outras, pois os músculos estão envolvidos, também, na manutenção da temperatura corporal e no metabolismo de glicose e glicogênio, enquanto os ossos desempenham funções relacionadas à homeostase de minerais, sobretudo de cálcio (Ca) e fósforo (P), mediante ação hormonal do paratormônio (PTH) e de calcitonina. As células musculares esqueléticas são estriadas e caracterizadas por se arranjarem em múltiplos cilindros, sendo chamadas de fibras musculares. Estas são envolvidas por um tecido conjuntivo fibroso, que, de for a para dentro, é denominado de epimísio, perimísio e endomísio (Figura 1). Na extremidade do músculo, os feixes musculares se unem formando os tendões, os quais ligam os músculos aos ossos. As miofibrilas são células multinucleadas, de citoplasma amplo e estriado, denominado de sarcoplasma, membrana citoplasmática e núcleos periféricos. São evidenciadas, também, células satélite adjacentes às miofibras com função altamente regenerativa. A coloração da musculatura esquelética pode variar conforme a espécie, pois depende da quantidade de pigmento de mioglobina presente no tecido. As células musculares estriadas esqueléticas podem responder a estímulos de forma fisiológica ou patológica. Como fisiológica, temos a hipertrofia muscular, a qual ocorre pelo aumento do tamanho das fibras em resposta ao esforço, e a atrofia muscular, que pode acontecer por desuso, caquexia e senilidade. A atrofia também se dá de maneira patológica, como na denervação do segmento muscular por causas neurogênicas, e de modo secundário a doenças endócrinas. Em geral, as alterações degenerativas, ou a necrose de fibras musculares, ocorrem de forma segmentar, afetando partes da fibra, mas, ocasionalmente, podem envolver toda a sua extensão. Caracterizam-se por fibras inicialmente tumefeitas, hipercontraídas, com sarcoplasma homogêneo, hipereosinofílico e perda de estriação (necrose hialina) (Figura 2). Depois, a fibra muscular passa a se fragmentar e exibe necrose de aspecto flocular, podendo ocorrer, também, influxo de Ca, ou mineralização da fibra necrótica. A partir disso, o segmento muscular necrótico é removido por células inflamatórias com função fagocítica, como macrófagos, para dar início ao processo reparativo, com subsequente proliferação de células satélites e formação de miofibrila em regeneração. Figura 2. Histologia de musculatura estriada esquelética revela múltiplas fibras musculares tumefeitas, com sarcoplasma homogêneo, hipereosinofílico e perda de estriações transversais, o que caracteriza a necrose hialina, ou necrose de Zenker. Processos degenerativos musculares podem ser classificados conforme distribuição (focal, focalmente extensa ou difusa), duração (aguda, subaguda ou crônica) e lesão (monofásica ou polifásica). As lesões monofásicas indicam que houve apenas um insulto inicial, podendo ser um trauma local, ou exposição ao composto miotóxico; e as lesões histológicas são síncronas, ou seja, as fibras afetadas estão na mesma fase de lesão, ou reparo. Já as polifásicas resultam de insultos repetidos por períodos prolongados, como em deficiências nutricionais, miopatias inflamatórias e doenças genéticas. Nesse caso, as lesões são disseminadas na musculatura, com fibras em diferentes fases lesionais, ou reparativas. O sistema esquelético e articular é formado por ossos e articulações, e subdividido em esqueleto axial e apendicular. O axial é constituído de crânio, vértebras, costelas e esterno, além de suas articulações fibrosas (suturas na calota craniana e sindesmoses ósseas) e cartilaginosas (sínfises ósseas e discos intervertebrais). Já o apendicular é formado pelos ossos dos membros torácicos e pélvicos, composto de ossos longos e articulações sinoviais. Estruturalmente, o tecido ósseo é organizado em animais adultos de forma lamelar, ou trabecular, com fibras colágenas de matriz óssea dispostas de maneira paralela. No tecido ósseo cortical denso, as trabéculas se organizam em ósteons de modo concêntrico, ou sistema haversiano. Por sua vez, na cavidade medular dos ossos, há o osso esponjoso, que é caracterizado por lamelas ósseas arranjadas paralelamente à superfície cortical. Outra forma de arranjo do tecido ósseo é a não lamelar, ou trançada (woven bone), na qual as fibras colágenas, ou trabéculas, estão arranjadas ao acaso. Ela é típica de fetos em desenvolvimento e de reações de formação rápida de tecido ósseo, como em calos ósseos após fraturas. O tecido ósseo é formado por osteoblastos, osteócitos, osteoclastos e matriz óssea. Esta, por sua vez, constitui-se de um componente orgânico, ou osteoide, produzido por osteoblastos, e um inorgânico, composto, predominantemente, de cristais de hidroxiapatita. Quando osteoblastos ficam isolados por osteoide, passam a se chamar osteócitos; já osteoclastos são células derivadas da linhagem de macrófagos e têm a função de realizar a reabsorção óssea. DOENÇAS MUSCULARES Doenças congênitas e hereditárias envolvendo os músculos podem ser causadas por alterações de neurônios motores inferiores (condições neuropáticas), as quais acabam afetando o músculo esquelético, ou por defeitos próprios da musculatura esquelética, sendo mais observadas em animais neonatos. Um exemplo de condição neuropática é a artrogripose, em que ocorre rigidez articular congênita associada à denervação de segmentos de fibras musculares, que ficam atrofiadas. É mais comum em ruminantes e equinos neonatos e se caracteriza por membros, ou partes deles, rotados em posições anômalas. Em suínos, a miopatia conhecida como síndrome dos membros abertos (splay leg), ou hipoplasia miofibrilar, é caracterizada, clinicamente, por leitões com membros pélvicos e, por vezes, torácicos em abdução completa. Esses animais apresentam miofibrilas reduzidas em tamanho, o que causa fraqueza muscular. Alterações circulatórias são comuns na musculatura esquelética, visto que o tecido é altamente vascularizado por capilares, que formam um sistema rico em anastomoses. Portanto, hemorragias musculares são frequentes e associadas, sobretudo, a eventos traumáticos (atropelamento, mordida etc.) e acidente por picada de serpente (Bothrops spp.) em diversas espécies de animais domésticos. No carbúnculo sintomático (CS) em bovinos, uma doença causada por Clostridium chauvoei, há acentuada hemorragia muscular, bem como intenso enfisema e necrose, provocando o quadro de miosite necro-hemorrágica enfisematosa. Nessa condição, os esporos do agente permanecem em latência na musculatura, multiplicando-se quando são criadas as condições de anaerobiose local, por meio de traumatismo muscular. As lesões envolvem, predominantemente, grandes grupos musculares dos membros torácicos e pélvicos, mas podem afetar língua, coração e diafragma. O CS deve ser diferenciado de gangrena gasosa e edema maligno, doenças causadas por C. septicum, C. novyi e C. sordelli, que afetam diversas espécies de animais e têm ocorrência esporádica. Ambas diferem por terem relação com lesões penetrantes, como injeções, castração, caudectomia e tosquia, as quais permitem a germinação de esporos desses agentes. Tais lesões envolvem, sobretudo, o tecido subcutâneo, com celulite característica, mas podem se estender por continuidade ao tecido muscular, diferindo do CS. Já lesões isquêmicas à musculatura esquelética são incomuns, devido à vasta rede de capilares anastomos

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AVA Unidade 3 - Patologia dos sistemas musculoesquelético, nervoso e endócrino
29 pág.

Patologia Especial Veterinária Centro Universitário Faculdade Maurício de NassauCentro Universitário Faculdade Maurício de Nassau

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