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Trato Gastrointestinal: Gastrite e Doença Ulcerosa Estomago: • Órgão sacular com capacidade armazenar em torno de 1.000 a 1.500 ml , inicio do processo de digestão por meio de enzimas • Secreção de suco gástrico, o qual é composto principalmente de HCL e pepsinas • pH estomacal é ácido sendo eficiente na conversão de pepsinogênio para pepsina • Responsável por misturar o alimento para aumentar a superfície de contato do bolo alimentar com o suco gástrico Anatomia: • Temos duas curvaturas: uma menor e outra maior • Dividimos o estomago em 4 partes: 1. Cárdia (transição de esôfago para o estomago) 2. Fundo: mesma composição do corpo e junto com ele compõe a maior porção do estomago 3. Corpo: histologicamente igual ao fundo • Antro: transição do estomago para epitélio intestinal • Mucosa do estomago é super características com muitas ondulação, dando um aspecto rugoso que ajuda na melhor movimentação do alimento juntamente com os músculos • Músculos do estomago são formados de feixes longitudinais (diminui e aumenta) e transversais (empurra o alimento para baixo) Histologia: • Tubo oco com lúmen de diâmetro variável, circundado por uma parede formada por 4 camadas distintas: 1. Mucosa: precisou se adaptar para não sofrer a ação do suco gástrico, formado de um epitélio colunar simples secretor de muco alcalino (mucina que em contato com água se transforma em muco) lembra a pomada “hipoglos” devido a sua resistência e forma pegajosa que faz uma proteção física, sendo assim o que fica abaixo do muco não tem contato com o suco gástrico. Temos a presença de fossetas ou fovéolas gástricas que formam invaginações para alocarem as glândulas gástricas que são produtoras de HCL, pepsinogênio, gastrina, serotonina (hormônios). 2. Submucosa: nutrição e suporte 3. Muscular: camada mais espessa, músculos longitudinais e transversais 4. Serosa: revestimento externo Região da cárdia: • Transição do epitélio estratificado pavimentoso (esôfago) para o epitélio gástrico (colunar simples) • Camada gástrica da cárdia possui fossetas e fovéolas rasas. • Abaixo da glândula temos uma camada bem fina muscular responsável pela movimentação acima dela. Corpo e Fundo: • Fossetas bem aprofundas, a túnica mucosa é mais espessa e podemos chamar de mucosa oxíntica • Temos as células parietal ou oxíntica: produtora de HCL e de fator intrínseco – localizadas no corpo da glândula • Temos a células principal ou zimogênicas: produz pepsinogênio – ficam na base da glândula • Obs: Fator intrínseco tem um papel importante na absorção de b12 Antro pilórico: • Células G: produtora de gastrina que estimula a célula parietal a produzir HCL • Células D: somatostatina • Células EC: serotonina • Fossetas gástricas intermediarias, contendo as células acima Regulação da produção de ácido clorídrico • Gastrina é uma das células que influenciam a produção de HCL pelas células parietais • Quando o alimento chega no estomago devido a própria movimentação as células parietais são estimulas a produz HCL, dando início a digestão da parte proteica. Em contrapartida as células do epitélio começam a produção de muco para formar uma proteção contra o HCL secretado. • Acetilcolina e SN entérico estimulam as células enteroendócrinas e enterocromafins a produzir histamina que por sua vez também influenciam as células parietais a produzir mais HCL • Além da proteção física do muco, ele também protege quimicamente por ter bicarbonato de sódio que serve para alcalizar o muco, ou seja, na região onde temos as células epiteliais temos um tamponamento que impede a presença do HCL • Células pepsinogenica também são ativadas no processo digestivo que junto ao ácido clorídrico ajuda na quebra de proteínas • A submucosa possui vasos sanguíneos que servem como um auxiliar caso o HCL consiga passar pela camada mucosa, esses vasos fazem a retirada desse ácido – “fazem a limpeza caso precise” • Então os vasos sanguíneos auxiliam o muco a regular a ação do ácido clorídrico Caso clínico: parte 1 • Julieta Severo, 38 anos procurou o pronto- atendimento após nos últimos 3 dias apresentar vômito com algumas manchas de coloração marrom-avermelhadas, que ela considerou que poderia ser sangue. • Durante a anamnese, além do episódio de hematêmese (presença de sangue no vômito) a paciente relatou que já há algum tempo tem percebido perda de apetite, desconforto abdominal e náuseas. E que esses sintomas aumentaram de intensidade nos últimos meses devido a vida super estressante que ela tem levado por conta a pandemia. • Foi solicitado um hemograma completo e Julieta Severo foi encaminhada para um GASTROENTEROLOGISTA. Gastrite • Inflamação da mucosa gástrica • Aguda: pouco tendo infiltrado de neutrófilos • Crônica: tempo prolongado com predomínio de linfócitos e mastócitos Gastrite aguda • Processo inflamatório transitório (ocorre rapidamente) da mucosa • Infiltrado de neutrófilos • Sintomas: dor epigástrica, náuseas e vomito ou pode ser assintomático na maioria dos casos Patogenia: perda de mecanismos protetores • Anti-inflamatórios • Infecções por h. pilory • Ácido acetilsalicílico • Cigarros e álcool • Hiperacidez gástrica • Refluxo duodenal gástrico Anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) • Inibem a via da cicloxigenase (COX 1) que converte o ácido araquidônico em prostaglandina • Impedindo a produção de prostaglandina fisiológica, temo um comprometimento na secreção de bicarbonato que é importante para proteção da mucosa – então a defesa do epitélio fica desregulada Cigarro e álcool: • Cigarro libera nicotina que é um agente vasoconstrictor (diminui fluxo sanguíneo) e como precisamos de um fluxo sanguíneo eficiente para produção de bicarbonato pelas células epiteliais e a remoção do acido que atravessou a mucosa, então quando temos uma vasoconstrição comprometemos essas duas funções, não produzindo o HCO3 o pH fica mais ácido, acidificando o muco e as células sofrem degradação. • Álcool lesiona diretamente a célula epitelial, pois ele dissolve o muco tirando a proteção da células levando a sua lesão Exame histológico • Edema e fenômenos degenerativos do epitélio • Infiltrado intenso e difuso • Formação de micro abcessos de cripta, erosão, ou perda do epitélio • Inflamação mais intensa na mucosa antral (início), podendo alcançar a mucosa do corpo e fundo após alguns dias – com o passar do tempo o infiltrado torna-se linfoplasmocitário e aumenta progressivamente • Os casos de gastrite aguda por H. pylori tratados com antibióticos mostram regressão das lesões e cura clínica dos pacientes. • Gastrite hemorrágica erosiva aguda = casos específicos onde ocorre EROSÃO e HEMORRAGIA Caso clínico: parte 2 • Durante a consulta com o especialista, Julieta informou que sente mal-estar após as refeições a bastante tempo, como sua alimentação não é muito saudável sempre acreditou que poderia ser essa a razão. • Ela relatou também que faz uso de antiácidos quando preciso e não faz uso de nenhum medicamento de uso contínuo. • Não fuma e bebe socialmente (vinho aos finais de semana) Exame físico: • BEG, corada, hidratada, anictérica, acianótica. P • A: 120/70 mmHg. • FC: 90 bpm. • Aparelho respiratório: MV+, sem RA. • Aparelho cardiovascular: 2BRNF, sem sopros. • Trato gastrintestinal: plano, flácido, dor discreta à palpação de epigástrio, sem visceromegalias e massas palpáveis Gastrite crônica: • Forma mais comum de inflamação gástrica • Inflamação crônica devido a persistência do agressor, com uma resposta mais branda (sem a presençados sinais cardinais) • Sinais e sintomas menos graves e mais persistentes: parecidos com o da gastrite aguda, dificultando o diagnóstico precoce, sendo eles: náusea, desconforto abdominal superior e vomito, hematêmese é incomum • Duas etiologias: H.pylori (principal) e autoimune Epidemiologia: • Mundialmente = variação 10% a mais de 80% • Em áreas de alta prevalência, a infecção geralmente é adquirida na infância e persiste por décadas • Incidência correlaciona-se mais estreitamente com saneamento e higiene durante a infância de um individuo Helicobacter pylori • Em algumas pessoas não causam um desiquilíbrio suficiente para destruir a barreira do muco • Caso a cepa for mais virulenta ela faz com que tenhamos menos muco causando lesão direta no endotélio • 90% dos pacientes com gastrite crônica possuem a região do antro afetada, pois nessa parte temos mais células produtoras de gastrina e serotonina deixando essa região menos ácida que o corpo e o fundo, favorecendo a sobrevivência da bactéria • O aumento da secreção ácida que ocorre na gastrite por H.pilory pode resultar em doença de ulcera péptica do estomago ou duodeno e risco aumentado de câncer gástrico Características e patogenia da H. pulori • Bactéria com forma de bacilo espiral ou curvado gram positivo • Possui de 2 a 6 flagelos: que são fundamentais para movimentação dentro do muco • Produz urease: que tem a capacidade de converter a ureia do suco gástrico em CO2 e amônia, e a amônia serve como um guarda-chuva protegendo a bactéria do suco gástrico (HCL), devido ao seu caráter básico a amônia forma uma proteção alcalinizando a região em volta da bactéria garantindo sua sobrevivência • Possui proteínas capazes de se ligar a célula hospedeira fazendo uma ancoragem e uma dessas proteínas é chamada de cagA (gene associado a citotoxicidade) – nem todas as cepas apresentam essa proteína • Exotoxina: chamada de vacA (citotoxina vacuolizante A) que causa danos direto a mucosa gástrica fazendo a célula ter vacúolos impedindo a produção necessária de muco • Adesina = cagA • Toxinas = vacA • Membrana lesionada começa responder a DAMPS • A célula sem muco além de sofrer a ação da bactéria fica exposta ao HCL então facilmente evolui para uma úlcera que é a degradação do epitélio Teste de diagnostico não invasivo • Teste sorológico de anticorpos anti-H. pylori, • Detecção de bactérias fecais • Teste respiratório da ureia (geração de amônia pela urease bacteriana) Biópsias gástricas • Podem ser analisadas pelo teste de urease rápido, • Cultura bacteriana • PCR para DNA bacteriano Gastrites autoimune • Menos de 10% dos casos de gastrite crônica • Indução de uma hipergastrinemia: muita gastrina resultando no aumento de produção de ácido clorídrico • Caracteriza por: 1. Anticorpos para as células parietais e fator intrínseco: na falta dessa célula não temos a produção de HCL e na tentativa de compensar a falta desse ácido o corpo começa a produzir mais gastrina pelas células G (levando a hipergastrinemia). Outro ponto importante é a queda do fator intrínseco levando a menor absorção de vitamina B12 2. Anemia perniciosa (ou megaloblástica) é uma das principais características da gastrite autoimune e essa anemia é caracterizada pela baixa de B12 – usamos para diferenciar a gastrite crônica autoimune da por h.pylori Morfologia: • Dano das células parietais: menos produção de HCL • Aspecto ressecado devido a atrofia mucosa – principalmente no corpo e fundo • Resposta inflamatória profunda • Infiltrado de linfócitos e macrófagos • Pode ocorrer o aparecimento de pólipos no antro devido a hiperplasia das células G • Tipicamente sem lesões ao antro e cárdia Obs: o corante azul de metileno é usado na endoscopia para corar as células caliciformes auxiliando no exame e melhor observação das regiões que sofreu metaplasia Características clínicas: • Anticorpos contra células parietais e fator intrínseco estão presentes no início da doença • Anemia perniciosa/megaloblástica • Idade média 60 anos • Predominância feminina associação com outras doenças imunes Quadro gastrite Crônica Caso clínico: parte 3 • O médico solicitou alguns exames complementares e uma endoscopia digestiva alta Doença Ulcerosa Péptica (DUP) • Associada na maioria das vezes com infecção por H. pylori ou uso de AINEs (anti-inflamatórios não esteroidais que causam uma inflamação aguda severa) • Desequilíbrio na defesa da mucosa desenvolvendo gastrite crônica • >70% dos casos de DUP esta associado a H.pylori, porém apenas 5-10% dos casos evoluem para ulcera • DUP pode ocorrer em totó trato gastrointestinal exposto ao suco gástrico, ocorre com mais frequência no antro gástrico e primeira porção do duodeno • Úlcera péptica causa frequente de consultas médicas -Tratamento de mais de três milhões de pessoas, 190.000 hospitalizações e 5.000 mortes nos USA/ ANO Patogenia: • Hiperacidez: aumento da quantidade de ácido clorídrico produzido no estomago, causas: o H. pylori o Hiperplasia de células parietais o Resposta secretória excessiva: aumento da produção de gastrina, por exemplo. • Cofatores que causam ulceração o Uso crônico de AINEs: devido a inibição da produção de prostaglandina e por consequência de muco o Tabagismo: fluxo de sangue diminuído e cicatrização prejudicada o Corticosteroides: supressão síntese prostaglandinas devido ao bloqueio da fosfolipase que impede a formação de ácido araquidônico para produzir prostaglandina o Cirrose alcoólica o DPOC o Insuficiência renal o Hiperparatireoidismo: hipercalemia estimula a produção de gastrina Morfologia • 4x mais comum no duodeno do que no estomago, pois, a mucosa dele é menos resistente • Muito próxima da válvula pilórica, parede anterior do duodeno • Úlcera péptica gástricas predominantemente interface corpo e fundo – curvatura maior • Solitárias em 80% dos pacientes – uma única úlcera • Úlceras são classificadas de acordo com a quantidade de camadas lesionadas • Lesões <0,3 cm = superficiais • Lesões > 0,6 cm = probabilidade de ser mais profunda • Lesão em saca-bocado = redonda a oval • Limpa e lisa devido a digestão péptica de exsudado • Sangramento contínuo pode causar hemorragia Em roxo temos a margem da úlcera e em amarelo o fundo Características Clínicas • Frequentemente em adultos de meia-idade a idosos • Principais queixas: do paciente: dor em queimação ou dor epigástrica • A dor tende a ocorrer 1-3 horas após as refeições, piora noturna e aliviada por álcalis ou alimentos. • Náuseas, vômitos, distensão abdominal e eructações • Alguns pacientes apresentam complicações: anemia ferropriva, hemorragia ou perfuração. • Abordagens cirúrgicas eram utilizadas para tratar DUP, mas atualmente são destinadas à erradicação de H. pylori e neutralização do ácido gástrico, reduzindo acentuadamente a necessidade de manejo por cirurgia, que é reservada principalmente para o tratamento de sangramento ou úlceras perfuradas. • A DUP causa muito mais morbidade do que mortalidade Caso clínico: parte 4 • A endoscopia digestiva demonstrou úlcera em duodeno não sangrante, com coágulo aderido, sem outras lesões. Diagnostico: ulcera péptica decorrente de uma gastrite crônica por H.pylori que levou a uma reposta inflamatória e a lesão que causou a úlcera péptica com classificação 2b (sem sangramento com coagulo aderido) G. Bogliolo – Patologia Geral. 5ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2013- capítulo 20 – tubo digestivo Robbins patologiabásica. 9ª Edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. ROBBINS, S. L.; COTRAN R.S.; KUMAR, V – capítulo 14 – cavidade oral e trato gastrointestinal
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