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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES FACULDADE DE EDUCAÇÃO FUNDAÇÃO CECIERJ /Consórcio CEDERJ / UAB Curso de Licenciatura em Pedagogia – Modalidade EAD Avaliação a Distância - ADX 1 – 2021.2 Disciplina: Educação e Trabalho Coordenadora(o): Prof. Dr. Carlos Soares Barbosa Aluno(a): Juliana de Rezende Goettinaer Matr.: 21112080050 Polo: Angra dos Reis Questão 1 (3 pontos) No decorrer da História, os grupos humanos instituíram diferentes modos de organizar a produção e a sociedade, tendo o trabalho como elemento central. Das comunidades primitivas ao atual modo de produção capitalista, o trabalho adquiriu distintos formatos. Com base Saviani (2005), disserte sobre o conceito de trabalho, demonstrando a forma que adquire na sociedade capitalista. O trabalho é a atividade que garante a produção e reprodução da existência humana, por meio da relação entre homem e natureza. Como demonstra Saviani (2007), a existência humana não é uma dádiva natural, mas produzida pelos próprios homens, sendo, portanto, um produto do trabalho, já que o homem não tem sua existência garantida pela natureza, sem agir sobre ela, transformando -a e adequando-a às suas necessidades. Por ser uma ação racional, consciente, trata-se de atividade especificamente humana, a qual os homens modificam não só os instrumentos (tecnologias) e técnicas de trabalho, mas a organização e relações de trabalho. Por essa razão, ao longo da história, os homens organizaram diversos modos de produção econômico-social, seja baseado no trabalho igualitário das sociedades primitivas, seja no trabalho servil (dos servos) durante a Idade Média, no trabalho escravo (na Antiguidade Greco-Romana e nas Américas, no período da colonização europeia, entre os séculos XVI a XIX), seja no trabalho assalariado, nas sociedades capitalistas. A sociedade de classes não é produto exclusivo do capitalismo. Ela se configura nas sociedades pré-capitalistas, quando ocorre a apropriação privada da terra, que provocou a ruptura da unidade que havia nas sociedades primitivas e gerou a divisão do trabalho e a configuração de duas classes fundamentais: a dos proprietários e a dos não-proprietários. Todavia, foi no capitalismo que houve a dupla expropriação dos não-proprietários (trabalhadores): a expropriação dos meios de produção e do conhecimento de todas as etapas da produção. E como no capitalismo os homens não produzem para satisfação de suas próprias necessidades, mas para garantir a produção de excedente que vai garantir a acumulação da riqueza dos proprietários (detentores dos meios de produção), o formato que o trabalho adquire é o do trabalho alienado, já que o produto do seu trabalho não mais lhe pertence, mas sim a outro. O emprego, baseado no trabalho assalariado, é a forma que o trabalho adquire no capitalismo, ou seja, o trabalho alienado e assalariado. Na sociedade capitalista a força de trabalho se torna uma mercadoria a ser comercializada no mercado. É na exploração da força de trabalho que os detentores do capital conseguem acumular bens e riquezas. Sendo assim, o desenvolvimento da tecnologia não está a serviço de garantir tempo livre aos trabalhadores, mas em possibilitar sua maior exploração. Isso fica evidente na sociedade atual, quando o homem trabalha não somente no seu local de trabalho, mas em outros espaços sociais e além da sua carga horária de trabalho. Além disso, a tecnologia, em alguns setores, tem substituído o trabalho humano, incidindo no aumento do desemprego. Embora o desemprego estrutural não possa ser explicado unicamente pelo uso que se tem conferido à tecnologia, o desemprego gera consequências perversas aos trabalhadores. No aspecto social, produz o aumento da pobreza, da desigualdade social, da população em situação de rua, crescimento das favelas, aumento da violência, da exploração do trabalho infantil, entre outros. No aspecto econômico, ocasiona a redução do salário, uma vez que há mais demanda do que oferta, e cria condições favoráveis de ataque aos direitos trabalhistas. De tal modo, que o atual presidente do Brasil afirma que é melhor ter emprego sem direitos, do que ter direitos sem emprego. Questão 2 (3 pontos) No texto de Saviani (2005) é possível perceber o surgimento da sociedade de classes e as consequências produzidas a partir de então. Com base no referido autor, indique algumas consequências produzidas pela sociedade de classes, inclusive na educação, e explique como essas consequências se configuram na atual sociedade brasileira. A divisão dos homens em classes, desde o escravismo na Antiguidade Greco-Romana, irá ocasionar uma divisão na educação: uma para a classe dos proprietários, identificada como a educação dos homens livres, e outra para classe não proprietária, identificada como a educação dos escravos e serviçais. Etimologicamente a palavra escola significa “lugar do ócio”, isto é, lugar para onde iam os que dispunham de tempo livre. Por essa razão, na escola se desenvolveu uma forma específica de educação, diferentemente da que ocorria no processo produtivo (local de trabalho), perpetrando -se a separação entre educação e trabalho. O surgimento da sociedade de classe gerou uma educação diferenciada, de acordo com a classe social dos sujeitos: enquanto a classe detentora do tempo livre/ocioso é educada na escola, a outra continuava a ser educada no processo de trabalho. Na sociedade capitalista, grosso modo, essa formação diferenciada se mantém, assim como se mantém a separação entre educação e trabalho/escola e produção, o que irá se materializar em processos formativos distintos: de um lado, aquele destinado ao desenvolvimento do trabalho intelectual e preparação para futuros dirigentes, com domínio dos fundamentos teóricos; e, do outro, uma formação destinada ao desenvolvimento do trabalho manual, com uma formação prática, reservado a maioria. Estrutura-se, assim, o sistema dual de educação: escolas profissionais para as classes trabalhadoras, e escolas de ciências e humanidades para os futuros dirigentes. O objetivo da estrutura dual de ensino é manter a sociedade de classes, conformando os sujeitos a se adaptar a ela como algo natural. No Brasil, atualmente, essa dualidade da educação é nitidamente perceptível, seja nas ofertas das condições estruturais das escolas destinadas aos trabalhadores (muitas delas, sem quadra de esportes decente, sem laboratórios de informática e ciências etc.), seja na falta de recursos pedagógicos que produz uma educação minimalista, baseada em rudimentos de leitura, escrita e cálculo. Trata-se de uma formação pobre para pobre. Uma formação simples para a maioria que ocupará postos de trabalhos simples. Dentre as principais consequências para a educação, podemos destacar a institucionalização da educação, o fortalecimento da sociedade de classes e a divisão do trabalho. Escolas diferenciadas de acordo com a classe social dos sujeitos. Questão 3 (4 pontos) Considerando que uma das funções da educação capitalista é transmitir para as gerações futuras os valores e ideias que garantam a manutenção do sistema capitalista, Gramsci defende um outro modelo de escola a ser oferecido para as classes trabalhadoras. De acordo com os textos estudados, qual a escola defendida por Gramsci? Como deve ser organizado este modelo educacional? Uma escola que proporcione as condições para “[...] que cada ‘cidadão’ possa tornar- se ‘governante’ e que a sociedade o ponha, ainda que ‘abstratamente’, nas condições gerais de poder fazê-lo [...]”. (GRAMSCI, 2001, p. 50). A escola para Gramsci deveria ser comum a todos, ou seja, com oportunidade de acesso para todos. Escolas de todos os níveis de ensino que prepare de maneira igual os indivíduos às mesmas oportunidades profissionais.Educação que oportunize a absorção e assimilação pelo educando de todo o seu passado cultural, acumulado historicamente e que deu origem à sociedade em que o indivíduo está inserido. E seu tempo, Gramsci defendi a uma educação que proporcionasse ao educando o conhecimento de toda a história anterior à civilização moderna, condição “[...] para ser e conhecer conscientemente a si mesmo.” (GRAMSCI, 2001, p.46). Para Gramsci, todo ou a maior parte do processo educativo de um indivíduo, desde sua infância até sua escolha profissional, deve estar calcado em princípios “desinteressados” e proporcionar uma formação humanista geral. Deve ser concebida e organizada como a fase decisiva, na qual se tende a criar os valores fundamentais do humanismo, a autodisciplina intelectual e a autonomia moral necessárias a uma posterior especialização, seja de caráter científico (estudos universitários), seja de caráter imediatamente prático (indústria, burocracia, organização de trocas etc.). A criatividade deve ser estimulada na escola e não deixada ao acaso da vida prática. Gramsci defendia o desenvolvimento integral do ser humano, através de uma formação politécnica (intelectual, física e tecnológica), com acesso para todos. A escola não poderia ser reflexo das divisões de classe, todos conheceriam os fundamentos das técnicas e não apenas uma técnica específica. Desta forma, ele propõe uma “escola desinteressada”, onde o aluno tem conhecimento do seu passado cultural e a origem da sociedade em que vive, conhecimento que o permitirá se tornar um cidadão crítico, reflexivo, autor da sua história. Contrapondo-se ao modelo capitalista, a escola defendida por Gramsci oferece uma condição de estudo igualitária a todos os cidadãos e não perpetuar as discrepâncias entre as classes sociais.
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