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Práticas Pedagógicas no Ensino de Língua Portuguesa no Ensino Médio

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UM ESTUDO SOBRE AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DO ENSINO DE LINGUA PORTUGUESA NO ENSINO MÉDIO
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo trazer para a discussão como o ensino da língua portuguesa tem sido abordado através das práticas pedagógicas aos alunos do ensino médio, diante de tantas exigências em avaliações governamentais como o SAEB (Sistema de avaliação da Educação Básica) e ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio). Para tanto, se faz necessário um levantamento bibliográfico sobre o ensino da disciplina de Língua Portuguesa no Ensino Médio, analisando ainda as diversas formas de trabalho que o professor se utiliza para levar ao conhecimento dos alunos conteúdos pertinentes à disciplina, e quais os benefícios esperados com a abordagem destes conteúdos na vida pessoal e escolar do aluno, inclusive nos resultados exigidos nas avaliações supracitadas. Dessa maneira, os dados presentes foram obtidos através de artigos científicos disponíveis em bancos de dados online, baseados em estudos sobre as práticas pedagógicas do ensino de Língua Portuguesa no ensino médio. Enfim, o estudo sobre esse assunto contribui para que novas pesquisas possam orientar o trabalho do professor da disciplina, levando à comunidade escolar a importância sobre a abordagem de determinados conteúdos para a vida dos alunos, sugerindo ainda que práticas relevantes se consolidem para desmistificar pontos negativos relacionados às propostas curriculares da disciplina. 
Palavras-chave: Língua Portuguesa. Práticas Pedagógicas. Ensino Médio. 
1. INTRODUÇÃO
O ensino da língua português sempre ocupou um lugar de destaque nas propostas curriculares, mesmo sofrendo diversas mudanças durante décadas em relação a sua prática nas instituições educacionais, considerando de suma importância a disciplina na grade curricular desde a educação infantil até o ensino médio. 
Os conteúdos de filosofia geralmente eram baseados unicamente sobre as ideias dos filósofos que se destacaram na história, mas após diversas discussões, atualmente a flexibilidade é destacada como primordial ao se trabalhar com a disciplina, como forma de mantê-la dentro do ensino nas escolas (RODRIGO, 2010). 
Considerando a importância do conhecimento dos diferentes conceitos abordados pela filosofia, a exemplo, como a vida, a moral, a ética, entre outros importantes para a harmonia da humanidade no cotidiano, esta pesquisa compreenderá as diferentes práticas pedagógicas utilizadas no ensino de filosofia para alunos do ensino médio.
A pesquisa teve como objetivo geral trazer para a discussão como o ensino de filosofia tem sido abordado através das práticas pedagógicas aos alunos do ensino médio. Como objetivos específicos foram definidos traçar alguns apontamentos teóricos sobre a disciplina de Filosofia no Ensino Médio, analisar as diversas formas de trabalho do professor para levar ao conhecimento dos alunos conteúdos pertinentes e compreender quais os benefícios esperados com a abordagem destes conteúdos na vida do aluno como sujeito ativo na sociedade. 
Para a realização deste artigo, o método utilizado foi a pesquisa bibliográfica onde os dados coletados foram obtidos através de artigos científicos disponíveis em bancos de dados online, que se baseiam no estudo sobre o ensino de Filosofia no Ensino Médio. Para atingir os objetivos desta pesquisa, inicialmente em sua primeira parte será abordado um breve histórico sobre o ensino de Filosofia no Brasil; na segunda parte serão traçados alguns apontamentos teóricos sobre a importância do ensino de Filosofia. Logo, na terceira parte, serão pontuadas as práticas pedagógicas do ensino de Filosofia no Ensino Médio, como forma de atingir o objetivo geral da pesquisa. A seguir, a quarta parte deste trabalho contemplará a metodologia utilizada na pesquisa, encerrando-se na quinta parte com breve conclusão sobre os estudos abordados. 
2. O ENSINO DE FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA
2.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE O ENSINO DE FILOSOFIA NO BRASIL
No Brasil, o ensino de Filosofia foi iniciado com a chegada dos jesuítas advindos com a Companhia de Jesus, a partir do século XVI. Neste momento, os interesses se voltavam ao fortalecimento da fé cristã dos povos a serem catequizados, o que pode ser retratado no depoimento de Padre José de Anchieta, precursor desta trajetória:
...mas, embora o nosso principal cuidado fosse ensinar e inculcar a eles os rudimentos da fé, também lhes ensinavam as letras; pois eram de tal modo aficionados a aprender a doutrina, que na mesma ocasião eram levados a aprender a doutrina da salvação; davam conta daquilo
que pertencia à fé, instruídos segundo algumas fórmulas de interrogações (catecismo), alguns até sem elas... (MAZAI E RIBAS, 2001, p.2 apud SCHMITZ.1994. p.48).
	Nota-se que enquanto os interesses eram voltados à prática de uma doutrina, ao mesmo tempo justificava-se pela necessidade da alfabetização deste povo a ser catequizado. Mazai e Ribas (2001), ressalta que neste período, o ensino de Filosofia tinha como foco evitar desvios de conduta em relação a essa doutrina incutida nos povos, já com um caráter teológico e militante. 
Relata Juk (2019, p.104) que “os educadores jesuítas introduziram no Brasil um ensino com ênfase em disciplinas humanistas clássicas que valorizavam a literatura erudita e a religiosidade cristã”, contrariando a aplicação de conteúdos técnicos ou científicos na abordagem das disciplinas escolares.
Esses pensadores são importantes, pois no momento em que os portugueses chegavam ao Brasil com o interesse imediato de se instalar e obter posse das riquezas naturais e escravizar os nativos, os jesuítas se propõem a ensinar o povo, certamente com interesses maiores que se relacionavam com a necessidade de expansão do cristianismo, uma vez que seguiam as propostas do Concílio de Trento, concílio que surge em oposição à reforma protestante e afirma o fortalecimento e expansão dos dogmas católicos (SANTOS, 2016, p. 116).
	Mesmo diante deste ponto de vista positivo por parte da sociedade, as críticas começaram a surgir em relação ao ensino abordado pelos jesuítas, que iam a favor da igreja e deixam para segundo plano a preparação dos povos para servirem ao estado civil. Desta forma, os jesuítas foram expulsos pelo Marquês de Pombal, puramente por motivos políticos, e logo, as ideias francesas “de igualdade, de liberdade e de defesa de uma anticristianismo” adentraram ao Brasil com objetivos de propagar discursos iluministas (MAZAI E RIBAS, 2001, p. 4). 
	Neste momento, conceitos da ciência substituem conteúdos catequéticos que eram aplicados pelos jesuítas, iniciando um novo processo no ensino de Filosofia, destacando assim, interesses políticos e sociais. No entanto, Mazai e Ribas (2001) afirmam que mesmo após essas mudanças, o ensino de Filosofia ainda continuou dentro de uma abordagem religiosa:
...o ensino orientou-se ainda para os mesmos objetivos religiosos e livrescos dos jesuítas; realizou-se através dos mesmos métodos pedagógicos, com apelo à autoridade e à disciplina estreitas, tendendo a impedir a criação individual a originalidade. Quanto ao ensino de filosofia, continuou também no mesmo estilo livresco e escolástico (MAZAI E RIBAS, 2001, p.5 apud CARTOLANO, 1985, p.25).
	Percebe-se que mesmo diante de tantas mudanças, os interesses particulares de cada líder em relação aos conteúdos a serem ensinados nas escolas, permanecem estáticos dentro da ótima catequética imposta como regra, tanto pelo Marquês de Pombal como pelos próprios jesuítas. 
Mas, enfim, a partir de 1808 com a chegada de D. João VI ao Brasil, inicia-se a era comercial mundial que traz discussões, inclusive de ordem filosófica, estabelecendo mudanças drásticas no ensino dos cidadãos. Neste momento, o foco das escolas estava em formar profissionais para trabalharem no mundo dos negócios que se iniciavam (MAZAI E RIBAS, 2001).
	Os interesses políticos começam a permitir que a Filosofia vá se transformando como uma disciplina importante na formação de uma sociedade pensante. E o Brasil se estabelece em uma novafase:
Com a passagem para o Brasil imperial passa a vigorar um ecletismo no pensamento filosófico nacional, onde se encontram características empiristas e espirituais trabalhadas num mesmo âmbito, o positivismo de Comte passa a vigorar de forma importante no sentido de defensor e crítico dessa linha de conhecimento (SANTOS, 2016, p. 114).
	Importantes mudanças ocorrem neste período, inclusive em relação à concepção das pessoas em relação ao positivismo. Mazai e Ribas (2001, p.6) afirmam que as ideias positivas já davam sinais de serem as soluções necessárias para o momento em que a sociedade se encontrava; “as ideias positivistas se faziam sentir nas escolas e notava-se o interesse pela ciência”, o que trazia certa expectativa em relação a liberdade de pensamento tão esperada. 
	Porém, diante de tantas mudanças, ainda surge um movimento para contrapor às ideais positivas: 
[...] Escola de Recife, que trouxe para o pensamento filosófico brasileiro questões sociológicas, culturais, folclóricas, jurídicas etc”, contrariando assim as ideias positivas [...] Movimento nascido em Recife na Faculdade de Direito de Recife, primeira faculdade do gênero ainda no Brasil Império nos anos de 1860/90, tendo como líder a figura de Tobias Barreto, e sendo representado por nomes como Silvio Romero (1878). Esses pensadores se colocam em oposição ao domínio do pensamento positivista e trazem uma nova inclinação para o pensamento filosófico. Herdeiros de um kantismo, trabalham a filosofia num plano epistemológico, sendo provavelmente os primeiros a introduzir esse nível de discussão em solos nacionais (SANTOS, 2016, p. 118).
	Compreende-se assim, que as mudanças ocorridas até esta época, buscavam trazer às escolas e à sociedade em si, um ensino voltado à uma proposta científica, na tentativa de minimizar o empirismo apropriado até então. No entanto, mesmo diante dos diversos movimentos, Santos (2016) destaca que os ensinamentos jesuíticos ainda permaneciam discretamente na sociedade, mas ganham forças com o surgimento de um projeto de Leonardo Boff intitulado como a teologia da libertação com o objetivo de unir “a filosofia com a teologia, produzindo o diálogo teológico com o marxismo, ao passo que propõe um ideal de libertação para os povos que sofrem desigualdades na tentativa de refletir a problemática” (SANTOS, 2016, p. 119).
	Porém, no Brasil, ao final do século XVIII, surge a inquietação da elite intelectual em se manter uma sociedade racional, tendo em vista as mudanças que ocorreriam com a queda do império e a instauração da República neste mesmo momento (MAZAI E RIBAS, 2001).
	Deduz-se que este momento é marcante para a Filosofia, visto que se estabelece o uso da razão como antes não havia sido notado, tal que a sociedade apenas seguia os comandos ditados pela ordem teológica e empírica, com discretas tentativas de ideias científicas. 
	Com a Primeira Guerra Mundial, a sociedade brasileira começa a se preocupar com os bens locais, deixando de seguir ideias de outros países; “acentuou-se o amor à terra e às coisas tipicamente nacionais o que até então não se pensava”. Surge então um processo de concorrência entre as ideias europeias pré-existentes no Brasil com as novas propostas da Filosofia de Comte, baseadas em preocupações sociológicas (MAZAI E RIBAS, 2001, p. 8).
	Nesta trajetória percorrida até se alcançar uma Filosofia científica de cunho religioso e racional, o que resumidamente evoca os estudos abordados até então, denota a Filosofia na atualidade, que sofreu muitas transformações, que, provavelmente foram necessárias para garanti-la como uma disciplina a ser abordada nas escolas. Mas, ainda assim, Santos (2016) destaca que o culturalismo também teve parte nesse caminho transcorrido pela Filosofia, e veio a somar, assim como afirmam Mazai e Ribas (2001, p.8):
[...] uma contribuição importante foi a formulação do método culturalista na abordagem dos autores, ou seja, antes de identificá-los como membros dessa ou de outra corrente, era necessário ver qual a problemática que os preocupava, a fim de construir a trilha seguida pelo seu pensamento. Isso permitiu ao pensamento brasileiro compreender-se a si mesmo, superando o vício da Filosofia Apologética.
	
	Desta maneira a Filosofia se estabeleceu como disciplina no ensino brasileiro, no entanto, diante de diversas tentativas em se fixar nas grades curriculares. Fávero et al. (2004) apontam que a disciplina de Filosofia, por volta da década de 60 deixou de ser obrigatória e com a lei nº 5.692 de 1971, ela quase foi extinta nas escolas. Ressalta-se que a referida lei foi promulgada durante a ditadura militar estabelecendo sérias mudanças nas concepções de educação da época, afetando negativamente as estruturas curriculares vigente naquele momento. 
Com as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (Resolução CEB/CNE n. 3/98), aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação em 1998, e os PCNEM (de 1999), os responsáveis oficiais pela política educacional do período – ministro, membros da Secretaria de Educação Média e Tecnológica (SEMTEC) e pareceristas do Conselho Nacional de Educação (CNE) – procuraram caracterizar os conhecimentos filosóficos a serem trabalhados nas escolas como temas transversais (Fávero et al., 2004, p. 259). 
	Esta é a situação atual da Filosofia como disciplina no ensino brasileiro, a qual não ficou estabelecida como obrigatoriedade, mesmo após tentativas de governantes, onde finalizaram-se com o veto do Artigo 36 da LDB em 2001 pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, conforme destaca Fávero et al. (2004).
	Por diversos fatores foi rejeitada a proposta de inserir a Filosofia como disciplina obrigatória no Ensino Médio, dentre eles, a falta de preparo profissional dos professores e a escassez de recursos financeiros para manter mais disciplinas na educação (Fávero et al. 2004). 
Desta forma, o ensino de Filosofia não se posicionou exatamente como uma disciplina, mas os conteúdos de abordagem filosófica foram autorizados a se estabelecerem nos planos de ensino. Porém, sabe-se que a opção de ter na grade curricular a disciplina de Filosofia ficou a critério de cada federação. 
Após uma breve abordagem sobre a trajetória sobre o ensino de Filosofia no Brasil, será abordado no próximo tópico qual a importância de se abordar na escola os conteúdos filosóficos.	
2.2 A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE FILOSOFIA 
Conforme aponta Campaner (2012), o ensino de Filosofia foi declarado como obrigatório Brasil e no Ensino Médio pela Câmara dos Deputados por volta de 1999, após tantos momentos de inclusão e exclusão da disciplina dentro dos currículos escolares nacionais. Diante de tantos obstáculos, a Filosofia como disciplina se consolidou através do discurso de uma “formação de uma vida ética e política” para os alunos se engajarem na sociedade de forma positiva (CAMPANER, 2012, p.14).
Nota-se que o ensino de Filosofia estaria ligado a formação do próprio indivíduo como cidadão relacionando à conteúdos bastante abstratos, diferente de outras disciplinas que são direcionadas ao ensino de habilidades a serem desenvolvidas de forma prática.
O ensino da filosofia sugere uma concepção pedagógica fundamentada nas construções dos saberes, que aponte para os educandos no período final da educação básica condições de reconhecer e confrontar as diversas situações por meio de enfoques para o diálogo crítico, fundamentado e consciente “e esta rigorosidade metódica não tem nada que ver com o discurso ‘bancário’ meramente transferidor do perfil do objeto ou do conteúdo” (LUZ E SANTO, 2012 apud FREIRE 2011, p.28).
	
	Desta forma, o ensino de filosofia carrega a responsabilidade de não apenas transferir conteúdos como em outras disciplinas, mas sim em levar à transformação interna do aluno, sensibilizando seus pensamentos e sua própria personalidade, em busca de instiga-lo a querer saber muito mais, para assim assumir seus próprios saberes. 
	Campaner (2012) afirma que a presença da Filosofia como disciplina pode se justificar pela necessidade dediscutir-se assuntos relacionados ao comportamento e modos de viver da sociedade, possibilitando esclarecer ou até mesmo desvendar o que para tantos se parece tão óbvio. 
	Os alunos do ensino médio necessitam deste momento para refletir sobre suas vidas e vivências, o que a Filosofia pode favorecer na sala de aula está relacionado justamente à estes momentos de reflexão sobre como funciona o mundo, proporcionando mudanças de pensamento. 
A necessidade da inserção do ensino da Filosofia no Ensino médio de forma obrigatória demonstra o hiato existente para a construção do ser crítico e pleno preparado para interagir de forma complexa na sociedade. Não cabe pensar que a filosofia busca somente formar um ser ético e crítico, pois ela busca competências que fundamentam o convívio humano nas mais diversas realidades apresentadas pela sociedade contemporânea (LUZ E SANTO, 2012, p. 311)
	De forma discreta, a ciência da Filosofia se apresenta no cotidiano em diversos aspectos, trazendo o discurso sobre a necessidade de se refletir sobre as ações dos indivíduos no cotidiano e suas consequências para a sociedade. Diante disto Campaner (2012) destaca, a partir de argumentos do filósofo alemão Walter Benjamin, que a Filosofia se apresenta como um “‘freio de emergência’ que faz parar sob o olhar dos estudantes o ritmo frenético da comunicação, que impede a reflexão” (CAMPANER, 2012, p. 41). 
	Os autores Luz e Santo (2012) e Campaner (2012) trazem a mesma ideia sobre o que pensam do ensino da Filosofia e sua importância para os estudantes, sempre relacionada ao ato de refletir sobre si e sobre a sociedade, em busca de se tornar um ser ativo na sociedade:
Assim, a inserção do ensino da filosofia no ensino médio se afirma como um saber capaz de provocar interrelação entre as áreas do conhecimento, inquietações, reflexões e mudanças necessárias para a construção da autonomia do educando (LUZ E SANTO, 2012, p. 313). 
	Os saberes da Filosofia como disciplina escolar abarca não somente os alunos mas também o próprio professor, na medida que reflete conteúdos em salas de aula com a intenção de trazer as problemáticas a serem abordadas, se constrói a si mesmo enquanto ensina. Para tanto, Luz e Santo (2012, p.314) afirma que:
se faz necessário uma articulação pedagógica que perceba a necessidade da fuga do processo alienativo a fim de construir um ser autônomo capaz de se reconhecer enquanto sujeito cognoscente do processo dialético através de um ensino que estabeleça as conexões necessárias para a construção de saberes sólidos capaz de sugerir ações transformadoras através da exploração da interrelação com as demais disciplinas e através utilização do lúdico como ferramenta para uma aprendizagem que seja capaz de dialogar com os desafios das sociedades contemporâneas.
	Assim, mais importante do que os próprios conteúdos a serem abordados pela disciplina, a Filosofia exige o professor possua habilidades pessoais e profissionais para ser capaz de dialogar com seus alunos sobre conceitos tão abstratos, mas de muita importância para suas vidas. Na medida que os conteúdos de Filosofia são abordados, aluno e professor se reconstroem através da interação e reflexão coletiva.
Para tanto, atrair os alunos para os conteúdos filosóficos, requer que os professores se aprimorem de uma metodologia mais significativa, unindo os objetivos pedagógicos com os interesses particulares de cada aluno, reconhecendo assim, a subjetividade de cada um. 
	Portanto, nota-se a importância de práticas pedagógicas que sejam capazes de aplicar a Filosofia de forma que a disciplina alcance seus verdadeiros objetivos. No próximo tópico serão abordadas estas questões para a conclusão desta pesquisa.
	
2.3 AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DO ENSINO DE FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO
Abordar conteúdos filosóficos de forma a atrair a atenção de jovens, pode não ser uma tarefa fácil, exige que estratégias próprias para esta faixa etária sejam empregadas pelos professores. No entanto, Novaes e Azevedo (2014) trazem reflexões sobre como o interesse ativo é importante para os alunos, visto que se houver o desinteresse pelo assunto a ser estudado, indiferente das estratégias a serem utilizadas, pode não fluir o aprendizado. Necessariamente o professor necessita conhecer seus alunos, compreendendo a linguagem que facilita o diálogo com os mesmos, a fim de alcançar seus objetivos no ensino da disciplina. 
Novaes e Azevedo (2014) pontuam que mesmo diante do fato explícito que a disciplina de Filosofia aborda uma constante prática do pensamento, ainda assim esta prática deve ser direcionada por estratégias conceituais filosóficas para que não se perca o real objetivo da disciplina. 
Para tanto, assim como em todas as disciplinas, o ensino de Filosofia também deve ser direcionado a partir do planejamento curricular, onde serão dispostas as “condições necessárias e suficientes para a apropriação, por parte do aluno, das habilidades, saberes e atividades relevantes” (NOVAES E AZEVEDO, 2014, p. 46).
Através da bagagem de conhecimentos que os alunos trazem para a escola, o professor poderá conduzir o processo de aprendizagem para que o aluno seja capaz de fazer uma ligação entre o cotidiano e a teoria, o que facilitará o aprendizado de forma condizente. No entanto, Novaes e Azevedo (2014, p. 48) destacam a importância de se seguir o currículo da disciplina: 
Parece ser evidente que o planejamento curricular em filosofia deve levar em primeira conta o fato de ela ser uma disciplina que trata de problemas e conceitos fundamentais, que ocorrem nos mais diversos aspectos da experiência humana. Esses problemas podem ser percebidos no cotidiano, e esse ponto de partida de uma atividade didática em filosofia deve ser colocado na perspectiva da vida escolar; da mesma forma que a vida cotidiana pode ser levada por nós com uma certa desatenção quanto a problemas e conceitos fundamentais, a vida escolar pode ser mais ou menos pobre de atenção aos conceitos fundamentais que atravessam as aprendizagens. Precisamos elaborar metodologias que valorizem os elementos do mundo cotidiano vivido e o mundo das vivências e aprendizagens escolares. 
O planejamento curricular direciona o trabalho do professor para que o processo de ensino e aprendizagem ocorra de forma condizente com a metodologia da disciplina propriamente dita, evitando que se perca o foco nas aulas em meio a tantos debates e reflexões, já que a Filosofia aborda tantos conteúdos do cotidiano da sociedade. 
Existem cuidados ao se trabalhar os conteúdos relacionados à Filosofia, alguns critérios, supostamente apontados no currículo, garantem que desvios sejam evitados no ensino da disciplina. Deve-se considerar a preservação dos conteúdos filosóficos tradicionais que precisam abordados junto aos alunos, recordando que a filosofia possui relações com as artes e as ciências, porém a mesma “não é uma ciência a ser aprendida mediante memorização, mas não é uma atividade espiritual que possa viver de forma independente dos demais domínios do espírito” (NOVAES E AZEVEDO, 2014, p. 49).
Dentre as diversas práticas pedagógicas do ensinar da Filosofia aos alunos do Ensino Médio, a didática no diálogo é essencial para o professor, quando o mesmo consegue expressar suas ideias, pautadas em teorias fidedignas, e além de tudo, ser capaz de ouvir o que os alunos têm para exprimir neste momento. Desta forma, Campaner (2012, p. 46) ressalta que:
Faz parte do trabalho do professor evitar exageros da palavra, praticando ele mesmo o exame de cada sopro de ideia externa e exigindo de cada um de seus alunos que explique, argumente, mas também justifique suas palavras. Uma discussão filosófica não pode ser marcada apenas pela disputa de poder. Essa disputa é inevitável; no entanto, deve ficar claro para todo aquele que dela participa quando um argumento é de força e quando não.
	Diante da citação acima, entende-se que o professor precisa direcionar as reflexões sobre conceitos filosóficos, ensinando seus alunos a partir do próprio exemplo. O professornecessita ser bom ouvinte, facilitando que os alunos reflitam e usem as palavras da forma que seus pensamentos exigem no momento. Para Campaner (2012, p.44) a partir da experiência do aluno em dizer o que pensa permitindo ser ouvido a si próprio, ele vivencia seus pensamentos de forma singular, favorecendo “a síntese de todo processo de formação de conteúdos”. 
	Percebe-se como o trabalho do professor é importante ao ensinar o aluno a filosofar, e não somente a apreender os conteúdos filosóficos. A teoria passa a fazer sentido na vida daquele que dela se apropria a partir do momento que possa ser situada e refletida na vida e no cotidiano de cada um, possibilitando, inclusive, mudanças de paradigmas e pensamentos.
A reflexão filosófica centrada no trabalho com o texto também contribui substantivamente para a formação não só do leitor crítico, como da autoria de textos e escritos de caráter filosófico, ou seja, na produção de textos com estrutura lógica e argumentativa, bem como clareza no entendimento das ideias e na produção conceitual. A leitura e sistematização de textos filosóficos para além da inteligibilidade têm ainda outra função: a de permitir que o estudante possa posicionar-se frente às polêmicas existenciais e problemas sociais e políticos que o cotidiano lhes apresenta (NOVAES E AZEVEDO, 2014, p. 33).
	Nota-se que é a partir do texto filosófico que o professor garante a base do ensino da disciplina de Filosofia, estabelecendo uma relação com a atualidade para que os alunos se sintam motivados a refletirem sobre os diferentes assuntos filosóficos. Rodrigo (2009) aponta que o desinteresse dos alunos pelos conteúdos abordados nas aulas de filosofia se justifica, em partes, pela falta de compreensão e significação de determinados conhecimentos na vida de cada um. O professor pode ter sua parcela de culpa nisto, caso as estratégias que utilize produzam indiferença e desinteresse em seus alunos. 
	Diante das ideias dos diversos autores, nota-se a importância de motivar os alunos durante uma aula de Filosofia, buscando um clima satisfatório para abordar conteúdos, por vezes, tão complexos, mas tão importantes para serem refletidos, principalmente pelos alunos do Ensino Médio. 
	Logo, no próximo tópico, será apresentada a metodologia utilizada nesta pesquisa. 	
2.4 METODOLOGIA
	Para a realização deste artigo, o método utilizado foi a pesquisa bibliográfica que, segundo Gil (2002, p.44), “é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. Assim, os dados aqui presentes foram obtidos através de artigos científicos disponíveis em bancos de dados online de caráter científico, trabalhos monográficos já publicados sobre o tema, assim como livros de autores como Rodrigo (2009) e Campaner (2012), baseados em estudos sobre o ensino de Filosofia e suas estratégias em sala de aula. Desta forma, este estudo delimita-se à pesquisa do tipo descritiva, que de acordo com Gil (2002), tem por objetivo estudar as características específicas de certo assunto e não se interessa em descobrir as causas dos fenômenos. 
Em relação à natureza dos dados da pesquisa, a mesma é qualitativa, a qual, segundo Martins e Bicudo (1989, p. 23) “busca uma compreensão particular daquilo que estuda”. Considerando a pesquisa bibliográfica como uma exploração de materiais bibliográficos existentes para coleta de informações, faz-se necessário um levantamento para identificar de que forma ocorre o ensino de Filosofia no Ensino Médio na atualidade e quais práticas pedagógicas podem ser utilizadas neste processo. 
Através do acesso a diversos documentos já elaborados sobre o assunto desta pesquisa, foi possível compreender os diferentes pensamentos dos autores, no entanto, a maior parte deles faz referência sobre a importância da abordagem de conteúdos filosóficos na ensino brasileiro, possibilitando entender que a Filosofia se destaca como uma disciplina de suma importância visto a quantidade de pesquisas realizadas sobre assuntos relacionados. 
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de todo exposto, pode-se considerar que o ensino de Filosofia é importante para os adolescentes do Ensino Médio, na medida que os ensina os conteúdos filosóficos, orientando-os para reflexões sobre a própria vida. No entanto, ainda há de se considerar que a disciplina não é tão atrativa para muitos alunos, podendo esta ser uma consequência de um processo de ensino em desacordo com as propostas abordadas durante esta pesquisa. 
A partir dos diferentes estudos realizados para efetivar esta pesquisa, foi possível compreender que os conceitos abordados na disciplina de Filosofia podem favorecer os alunos inclusive no cotidiano da vida, no entanto, esta não é uma realidade reconhecida pelos mesmos, e um dos fatores que justifica este detalhe está relacionado, inclusive, à quantidade de aulas da disciplina que é oferecida nas escolas. Tomando como base as escolas públicas a maior parte da carga horária das aulas são destinadas às disciplinas de português e matemática, ficando outras disciplinas com desfalque grande quando comparadas com estas. Outro fato negativo ao ensino de Filosofia está relacionado ao desinteresse e falta de entendimento pelos conteúdos apontados pelos alunos.
Reconhecendo as dificuldades próprias do sistema de ensino, nota-se como é importante o professor estar preparado para atuar com os desafios do ensino de Filosofia; para atrair seus alunos necessita muito mais que didática pedagógica, é necessário muita criatividade para que o alunado possa se motivar com os conteúdos a serem abordados, visto que são um tanto abstratos. 
Uma proposta apresentada pelos diferentes autores citados nesta pesquisa e que se destaca na prática docente condiz sobre correlacionar os conteúdos teóricos com o cotidiano de cada aluno, facilitando o entendimento de conceitos mais complexos e fixação de conteúdos ligados à algo concreto da realidade. Esta é uma forma de motivar os alunos a participarem das aulas e serem atingidos pelo ensino proposta. 
Entendendo a importância do trabalho do professor numa disciplina como a Filosofia, a formação deste profissional deve exigir que o mesmo se aproprie de práticas que permitam que seus futuros alunos tenham acesso e superem os estigmas existentes e trazidos pela história da disciplina, que ainda se mantém em muitas instituições de ensino. A Filosofia precisa ser vista por outro viés pelo alunado, e esta mudança deve ser comprovada pelo trabalho dos professores, visto que em outras disciplinas não existe tanta abertura para a liberdade de pensamento e diálogo constante em sala de aula, situações que podem motivar os alunos. 
Considerando as peculiaridades de cada escola e o fazer pedagógico de cada professor, faz-se necessário que pesquisas continuem no sentido de motivar adequações nas diretrizes curriculares propostas no projeto político pedagógico das instituições de ensino, adicionando exigências práticas para o ensino de Filosofia. 
Por fim, as diversas vantagens em se apropriar de conteúdos filosóficos e adquirir habilidades em refletir sobre diversas problemáticas da realidade e da vida, apresentadas no decorrer desta pesquisa, já são indícios da necessidade de um trabalho diferenciado na disciplina de Filosofia, buscando desmistificar pontos negativos relacionados a mesma. 
Sobre a construção deste trabalho, foi possível atingir os objetivos da pesquisa bibliográfica na medida que os apontamentos permitiram compreender diversas peculiaridades do ensino de Filosofia, principalmente diante de argumentos dos diferentes autores citados no decorrer do trabalho. 
Para tanto, compreende-se que os conteúdos filosóficos precisam ser compreendidos primeiramente pelo próprio professor para que o mesmo repasse aos seus alunos através de teorias, auxiliando-os no aprendizado da reflexão e interiorização de ideias e pensamentos que surjam na aulas. Um ensino baseado num currículo adequado e dirigido de forma positiva pelo professor, poderá acarretar o aprendizadoque a disciplina de Filosofia anseia. 
Os estudos teóricos trouxeram outros conhecimentos além do que a pesquisa apresentou como objetivos, inclusive sobre a importância de se saber escutar os alunos durante os debates; sabe-se que geralmente os alunos não possuem tantas oportunidades em sala de aula para falarem; visto que a disciplina exige o diálogo constante, a escuta precisa ser desenvolvida pelo professor de Filosofia. 
Portanto, além desta pesquisa sugerir outros estudos sobre o tema, recomenda-se ainda pesquisas de campo para estudar a realidade do ensino de Filosofia no Ensino Médio. Esta sugestão parte do princípio de que foi perceptível o grande número de pesquisas bibliográficas sobre o tema, no entanto, sabe-se que pesquisas de campo auxiliam no entendimento de forma autêntica e atualizada sobre determinado assunto, contribuindo muito mais para a consolidação de um conjunto de conhecimentos, instigando práticas mais consistentes e uma compreensão mais efetiva acerca de tal temática. 
	
REFERÊNCIAS
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