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INTÉRPRETE EDUCACIONAL: CARACTERÍSTICAS E SINALÁRIO Elisabeth Aparecida Andrade Silva Figueira Unidade I APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR-AUTOR Pedagoga com habilitação em surdez pela PUC-SP. Tradutora Intérprete de libras pela Feneis – SP e Pós-Graduada em Tradução Interpretação e Ensino de Libras pela Faculdade de Agudos. Proficiência para o Ensino de Libras no Ensino Superior (Prolibras). Guia-intérprete de surdocegos pelo Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e Múltiplo Deficiente Sensorial. Audiodescritora pela Fundação DorinaNowill. Experiência profissional: Na área de educação de surdos, surdocegos, deficiência múltipla e ensino superior. Em tradução e interpretação, guia-interpretação e audiodescrição em conferências, espaços educacionais e nas áreas da saúde, jurídica e cultural. Serviços técnicos educacionais na Secretaria de Educação do Município de São Paulo, Diretoria de Orientação Técnica, Educação Especial. Docente no curso de especialização em Surdez/Deficiência Auditiva na Universidade Gama Filho. Membro Fundadora e Presidente (2007-2011) da APILSBESP - Associação dos Profissionais Intérpretes e Guias-intérpretes da Língua de Sinais Brasileira do Estado de São Paulo e da FEBRAPILS - Federação Brasileira das Associações dos Profissionais Tradutores Intérpretes e Guias-intérpretes de Língua de Sinais. Docente de Libras e Educação Especial Inclusiva na Universidade Presbiteriana Mackenzie. SUMÁRIO 1. OTRADUTOR INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS -TILS 1.1 O tradutor intérprete educacional de Libras – Língua Brasileira de Sinais. 2. O PROFESSOR DA SALA DE AULA E O INTÉRPRETE EDUCACIONAL DE LIBRAS 3. Características, exigências e desafios para o TILS educacional. 3.1 Formação inicial e continuada. 4. O INTÉRPRETE NA EDUCAÇÃO INFANTIL E NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL. 5. INTERPRETAÇÃO NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL E NO MÉDIO EM DIANTE. 4 INTRODUÇÃO Caro estudante, Você está cursando o curso de Pós Graduação, à distância denominado Intérprete de Libras. A disciplina Intérprete Educacional: características e sinalário, 40 horas, foi preparada com todo cuidado e irá apresentar um panorama geral das questões que envolvem a profissão do tradutor intérprete de língua de sinais e, mais especificamente, o trabalho do intérprete que atua no âmbito educacional. A disciplina está dividida em duas Unidades. Na Unidade I, falaremos a respeito do profissional que desenvolve o trabalho de tradução e interpretação entre a língua brasileira de sinais e a língua portuguesa. Refletiremos a respeito da delicada, mas, relevante relação professor / intérprete e sua importância para o sucesso escolar do aluno com surdez. Estudaremos também as características e exigências necessárias para o intérprete de Libras que pretende atuar na área da Educação. Refletiremos também, a respeito das especificidades do trabalho com crianças da Educação infantil e dos alunos que estão nos níveis mais avançado de escolarização. Na Unidade II, estudaremos aspectos relacionados à tradução e interpretação no espaço escolar. Veremos o trabalho do intérprete desde o preparo do ambiente físico onde desempenhará seu trabalho, até as diferentes situações relacionadas ao contexto acadêmico e nas quais a participação desse profissional é fundamental. E, não só finalmente, mas durante a apresentação desta disciplina, você poderá consultar o Sinalário de Libras que preparamos com os principais sinais da área da Educação e das Áreas do Conhecimento. É muito bom ter você conosco neste desafio. Nesse período, nosso objetivo, ao ministrar as aulas e coordenar as discussões sobre o assunto, é motivado tanto para compreensão da complexidade que essa temática envolve, como para o reconhecimento do longo caminho que ainda temos que percorrer para alcançar uma política educacional efetivamente universal e democrática na sociedade brasileira. Objetivo Geral: Apresentar ao aluno os principais aspectos relacionados à profissão de tradutor intérprete de Libras e Língua Portuguesa, características e exigências profissionais. Contribuir para uma reflexão a respeito das interações desse profissional com os diversos personagens que integram a comunidade escolar e de seu papel no como colaborador na inclusão do aluno com surdez e seu sucesso acadêmico. Objetivos específicos: Apresentar e estimular situações para que o aluno possa: 5 • Refletir a respeito do perfil e formação necessários para atuação como tradutor intérprete no contexto educacional. • Discutir e refletir a respeito das especificidades dos papeis e da complexidade das relações dos vários atores que constituem a comunidade escolar. • Refletir a respeito da importância do seu papel como agente promotor da inclusão social e educacional do aluno com surdez e de sensibilização de outros alunos e profissionais como participantes nesse processo. • Ampliar o repertório lexical em libras da área educacional e utilizá-lo dentro de contextos significativos de comunicação. 6 1. O TRADUTOR INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS - TILS O tradutor intérprete de língua de sinais (TILS) é a pessoa que interpreta de uma língua oral para uma língua de sinais, ou o contrário. É fundamental que conheça com profundidade os idiomas com os quais trabalha. Ele pode dominar outras línguas orais, como o espanhol, o inglês e a língua de sinais de outros países. É importante que além do conhecimento linguístico e cultural das línguas envolvidas, o intérprete também tenha “domínio dos processos, dos modelos, das estratégias e técnica de tradução e interpretação”. (QUADROS, SEESP/MEC, 2004, p.28). Diferenciando interpretação de tradução, Quadros (2004, p.11) esclarece que “tradução refere-se ao processo envolvendo pelo menos uma língua escrita”. Assim, um tradutor intérprete de língua de sinais trabalha com línguas orais nas modalidades falada (oralizada) e escrita e, com uma língua sinalizada (modalidade visual- espacial). TRADUÇÃO / TRADUZIR1 INTERPRETAÇÃO / INTERPRETAR Existem alguns sistemas de representação gráfica das línguas de sinais apresentados em Quadros (2013, p. 87): SignWriting: “criado em 1974 por Valerie Sutton, inicialmente com o objetivo de fazer notações de passos de dança. Permite o registro gráfico de qualquer língua de sinais. O sistema foi introduzido no Brasil pela pesquisadora e professora Marianne Rossi Stumpf a partir de 1996.” A ELIS - Escrita das Línguas de Sinais: “criado por Mariângela Estelita Barros em sua dissertação de mestrado no ano de 1998. O sistema é composto por 95 visografemas, distribuídos em quatro grupos: Configuração de Dedos, Orientação da Palma, Ponto de Articulação e Movimento.” 1 Imagens Capovilla, Raphael e Maurício (2009) 7 SEL: “Sistema de Escrita para Línguas de Sinais foi desenvolvido pela linguista Profa. Dra. Adriana Stella Cardoso Lessa de Oliveira da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia”. Sinal de SigWriting usado no curso Letras-Libras - UFSC2 Além da referência acima, você poderá conhecer mais a respeito do Sistema SignWriting em Barreto (2012). Todavia, no contexto geral de tradução e interpretação de Libras no Brasil, a Escrita de Sinais não é utilizada e o detalhamento para o uso dos sistemas acima citados é desconhecido pela maioria dos surdos. 1.1 O tradutor intérprete educacional de libras – língua brasileira de sinais Fonte: Diário TILS3 Para atender a legislação e se garantir a inclusão dos surdos na Educação, grande parte dos intérpretes de Libras é contratada para atuar nesses 2 Imagem: Capovilla, Raphael e Maurício (2009)3 Disponível em http://diariotils.blogspot.com/ Acesso em 27/01/2020. 8 espaços. O tradutor intérprete educacional é aquele que atua na área educacional tanto nos sistemas de ensino tradicionais da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) e Superior (Cursos de Tecnologia, Bacharelado e Licenciatura), bem como no ensino profissionalizante, articulado ou não ao Ensino Médio. Também pode atuar em quaisquer outros cursos de livre iniciativa que abordem os mais diversos temas e práticas de aprendizagem. O TILS educacional necessita ter um perfil específico, pois intermedia no dia-a-dia, a comunicação entre os professores e alunos com surdez e, destes com seus pares ouvintes. Não podemos deixar de considerar também a interação que acontece entre o aluno surdo e toda a comunidade escolar ou seja, alunos ouvintes, demais professores, diretores, coordenador pedagógico, coordenador dos TILS, funcionários e pais. Portanto, no contexto escolar, ocorrem relações de codependência que permeiam a rotina desses diferentes atores. 9 2. O PROFESSOR DA SALA DE AULA E O INTÉRPRETE EDUCACIONAL DE LIBRAS A relação professor X intérprete, algumas vezes, têm gerado conflitos resultantes da falta de clareza na definição dos papéis desses dois profissionais e, não é raro surgirem questões éticas. Legalmente falando, a situação não seria tão difícil, pois, a Classificação Brasileira de Ocupação – CBO-Ministério do Trabalho e Emprego especifica claramente as funções4 tanto do professor como do TILS: PROFESSOR - CBO 2312 TRADUTOR INTÉRPRETE DE LIBRAS - CBO 2614 2 -Profissionais das ciências e das artes 23 - Profissionais do ensino médio 231 - Professores de nível superior na educação infantil e no ensino fundamental 2312 - Professores de nível superior do ensino fundamental (primeira à quarta séries) 2312-05 - Professor da educação de jovens e adultos do ensino fundamental (primeira à quarta série) 2312-10 - Professor de nível superior do ensino fundamental (primeira à quarta série) 2311- Professor de nível superior na educação infantil 2323 – Professor de nível superior no ensino fundamental (quinta a nono) 2614 -Filólogos, Tradutores, Intérpretes e afins. 2614-25 – (Sinônimo do CBO): Intérprete de língua de sinais Guia-intérprete, Intérprete de libras, Intérprete educacional, Tradutor de libras, Tradutor-intérprete de libras; 2614-30 - Audiodescritor. DESCRIÇÃO SUMÁRIA Ministram aulas (comunicação e expressão, integração social e iniciação às ciências) nas quatro primeiras séries do ensino fundamental. Preparam aulas; efetuam registros burocráticos e pedagógicos; participam na elaboração do projeto pedagógico; planejam o curso de acordo com as diretrizes educacionais; atuam em reuniões administrativas e pedagógicas; organizam eventos e atividades sociais; culturais e pedagógicas. Para o desenvolvimento das atividades utilizam constantemente capacidades de comunicação. DESCRIÇÃO SUMÁRIA Traduzem, na forma escrita, textos de qualquer natureza, de um idioma para outro, considerando as variáveis culturais, bem como os aspectos terminológicos e estilísticos, tendo em vista um público-alvo específico. Interpretam oralmente e/ou na língua de sinais, de forma simultânea ou consecutiva, de um idioma para outro, discursos, debates, textos, formas de comunicação eletrônica, respeitando o respectivo contexto e as características culturais das partes. Tratam das características e do desenvolvimento de uma cultura, representados por sua linguagem. Fazem a crítica dos textos. Prestam assessoria a clientes. 4 Disponível em: http://portalfat.mte.gov.br/classificacao-brasileira-de-ocupacoes-cbo/ Acesso em:22/01/2020 10 Como podemos ver no quadro acima, se trata de duas profissões distintas e que, embora o professor e o interprete possam atuar no mesmo espaço escolar e com os mesmos objetivos, ou seja, o de promover o aprendizado e o sucesso acadêmico do aluno com surdez; demandam funções e responsabilidades que se diferenciam em vários pontos. Na sala de aula, essas funções acabam sendo confundidas e delimitá-las bem como o modo de atuação de cada um, não é uma tarefa tão simples. Muitas vezes, diante da dificuldade de interagir diretamente com a criança surda, professores delegam ao intérprete a tarefa do ensino dos conteúdos desenvolvidos em aula. Assim, o intérprete se vê diante de uma situação delicada e, mesmo que possua formação pedagógica, naquele momento, ocupa o cargo de intérprete e não de professor. No preparo das aulas, é comum, o professor utilizar recursos e estratégias que atendem melhor aos alunos ouvintes; através da apresentação de atividades que privilegiam o canal da audição para o acesso às informações e ao conhecimento. Concordando com Skliar (2013, p. 28), A surdez é uma experiência visual, (...) e isso significa que todos os mecanismos de processamento da informação, e todas as formas de compreender o universo em seu entorno, se constroem como experiência visual. Não é possível aceitar, de forma alguma, o visual da língua de sinais e disciplinar a mente e o corpo das crianças surdas como sujeitos que vivem uma experiência auditiva. Nesse sentido, a questão didática, a questão do conhecimento, tanto o escolar quanto o não escolar, e a questão das interações que as regulam, devem ser criticamente discutidas e reconstruídas. O intérprete, por ter mais conhecimento em relação às características da surdez e à cultura visual surda, poderá contribuir para auxiliar o professor nessas discussões e reconstruções. É necessário que aconteça entre os dois profissionais uma parceria com troca de experiências, discussão na elaboração do plano de aula e a respeito das estratégias que serão utilizadas. Mas, sem dúvida, com cada um respeitando o conhecimento, o papel e as responsabilidades do outro. Na sala de aula, para que o convívio seja o mais harmonioso possível, a função de cada um desses profissionais deve ser explicada para alunos surdos e ouvintes, pois é comum acontecer que alunos ouvintes se dirijam ao intérprete, 11 como se ele fosse o professor. Com o tempo, espera-se que as crianças se acostumem com a dinâmica diferenciada de uma sala de aula inclusiva. Os papeis e responsabilidades do professor e do intérprete devem ser discutidos e apresentados de forma clara, também, à toda comunidade escolar; para que sejam evitados possíveis conflitos. Todavia, não há como negar a necessidade e importância de que educadores, coordenação pedagógica e demais participantes do processo escolar, recebam formação a respeito de questões relacionadas à surdez, estruturação do pensamento e forma de aprendizado da criança surda, e em Libras; pois, com certeza, o tradutor intérprete, por mais conhecimento e experiência que possua, não poderá dar conta do processo de inclusão sozinho. Desculpando-nos pela repetição do termo, mas, a verdade é que a inclusão social do surdo é responsabilidade de toda sociedade e a escola é primeiro espaço social no qual essa criança deveria ter respeitada sua condição de sujeito que apreende o mundo e o conhecimento através do canal visual, que a modalidade da sua língua natural é visual-espacial e que ela tem o direito de ter sua identidade surda construída de forma positiva e respeitada, mediante a possibilidade de convívio com seus pares e adultos surdos desde pequena. Ainda que essa identidade apresente múltiplas facetas, assim como a diversas identidades ouvintes, pois as diferenças na surdez são muitas. Concordamos com Lopes (2013, p.115) quando afirma que as identidades surdas Se manifestam conforme os sujeitos são contados ou chamados a narrarem diferentes experiências e subjetividades. Acredito que todos os surdospossuem, entre outras, uma identidade surda, porém essa se apresenta de forma variada ou de acordo como estes são representados. Dessa forma, a escola deve estar atenta ao fato de ser um espaço onde as interações poderão criar e reproduzir relações de poder e desigualdade, tanto entre indivíduos ouvintes, entre surdos e, entre surdos e ouvintes. Assim, coordenadores, educadores e intérpretes devem inserir essas questões em suas discussões e reflexões durante a elaboração do currículo, para este considere o fato da existência da pluralidade naquele universo e que, ao mesmo tempo, promova o respeito a diversidade. 12 3. CARACTERÍSTICAS, EXIGÊNCIAS E DESAFIOS PARA O TILS EDUCACIONAL Sabemos que quanto mais a comunidade surda de um país é engajada e protagonista nas lutas pelos seus direitos linguísticos e de inclusão social, suas exigências quanto a qualidade na formação dos intérpretes aumenta. O serviço que antigamente era exercido de forma empírica e voluntária por amigos ou familiares, passa a ser requerido pelos surdos, que seja atribuído às pessoas que tenham passado por cursos formais, com carga horária que permita um aprofundamento maior em aspectos relevantes para a qualidade do trabalho que será exercido. 3.1 Formação inicial e continuada Quadros (2004, p. 51) discorre sobre as características e grade curricular dos cursos que existem em diferentes países. Dentre as disciplinas necessárias para essa formação, propõem: estudo das línguas de sinais e oral do país, conhecimento do mundo dos surdos, sua história e cultura, código de conduta profissional, linguística, processos envolvidos e tipos de interpretação, aspectos sócio-políticos e psicológicos. Em alguns países, como a Inglaterra, há a especialização dos intérpretes em áreas como educação, medicina, recursos humanos etc. e os cursos são em tempo integral. Na Finlândia, os alunos aprendem também a comunicação com pessoas com surdocegueira ou ensurdecidas. No Brasil, a formação de guias- intérpretes5 para pessoas com surdocegueira acontece de forma desvinculada dos cursos de formação de tradutores intérpretes para surdos. Apresenta uma abordagem generalista, ou seja, não conta ainda com disciplinas que foquem as especificidades do guia-intérprete educacional, apesar da função desse profissional estar prevista em lei. Em nosso país, o trabalho de tradução e interpretação em Libras foi disposto em documentos oficiais em 2005, no Decreto nº 5626 e a profissão do tradutor 5 Nota da autora: Para saber mais a respeito da surdocegueira e do guia-intérprete de surdocegos: Adefav - Centro de Recursos em Deficiência Múltipla, Surdocegueira e Deficiência Visual (www.adefav.org.br); Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e ao Múltiplo Deficiente Sensorial (https://www.facebook.com/GrupoBrasildeApoioaoSurdocego); ABRASC- Associação Brasileira de Surdocegos (https://pt-br.facebook.com/associacaobrasileiradesurdocegos/ ); AGAPASM – Associação Gaúcha de Pais e Amigos dos Surdocegos e Multideficientes (www.agapasm.com.br). 13 intérprete foi regulamentada em 2010, na Lei nº 12.3196. Nesses dois documentos encontramos orientações a respeito de quais instituições podem oferecer a formação do profissional tradutor intérprete de Libras. O Decreto nº 5626/2005 Capítulo V, Art. 18. Determina que a formação deve acontecer “nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto” através de cursos de educação profissional ou de extensão universitária e; de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior e instituições credenciadas por secretarias de educação. A Lei 12.319/2010, no Art. 4º, determina que a Formação profissional do tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa, em nível médio (grifo meu)7 , deve ser realizada por meio de: I - cursos de educação profissional reconhecidos pelo Sistema que os credenciou; II - cursos de extensão universitária; e III - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior e instituições credenciadas por Secretarias de Educação(...). Embora no Brasil já tenha ocorrido a publicação de materiais de pesquisa abordando questões referentes ao processo de tradução e interpretação entre a Libras e a língua portuguesa, bem como as especificidades relacionadas ao trabalho do tradutor intérprete. Também tenham sido realizadas discussões em espaços acadêmicos, congressos e a apresentação de alguns documentos pela Febrapils – Federação Brasileira das Associações dos Profissionais Tradutores e Intérpretes e Guias-Intérpretes de Língua de Sinais8 (código de conduta profissional e notas técnicas referentes ao exercício profissional); até o momento, diretrizes oficiais que norteiem como se dará essa formação e quais conteúdos devem ser aprofundados, não foram publicadas. No Brasil, o tradutor intérprete de língua de sinais tem formação generalista e, portanto, acaba sendo chamado para atuar nas mais diferentes áreas: jurídica, médica, corporativa, cultural, esportiva, de eventos científicos e educacional. Um grande desafio, pois, é praticamente impossível dominar o conhecimento, conceitos e o léxico em Libras pertencente a cada uma dessas áreas. Mesmo assim, essa formação ainda não oferece uma qualificação técnica básica e necessária que permitiria o exercício da função em qualquer que 6 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12319.htm. Acesso em: 13/05/2020. 7 Nota da autora: O Artigo 3º com a exigência de formação em curso superior foi vetado na ocasião da publicação da Lei. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12319.htm Acesso em 17/05/2020 8 Disponível em: http://febrapils.org.br/documentos/ Acesso em: 13/05/2020 14 seja sua área de atuação. Além da falta dessa qualificação básica, a ausência de um aprofundamento maior em relação aos conhecimentos e ao léxico pertinentes à área em que irá atuar, diminuem a qualidade da performance do TILS e, consequentemente, resultam em prejuízo para o surdo que poderia ser beneficiado com o serviço. Trazendo a questão para o espaço escolar, em pesquisa realizada por Quadros (2004, p. 65) foram detectados, através da filmagem e “análise das produções dos intérpretes na língua de sinais comparando-se com as produções dos professores e, ou colega na língua portuguesa”, vários problemas decorrentes na falta de competência dos intérpretes contratados pelas instituições de ensino, dentre eles: perdas, distorção ou simplificação das informações; acréscimos de informações com interferência pessoal do intérprete no conteúdo do que foi falado pelo professor; e diminuição da qualidade devido ao cansaço em situação de interpretação simultânea. Esse último item tem a ver com a necessidade dos TILS trabalharem em esquema de revezamento, pois é fato que o cansaço leva à diminuição da capacidade de atenção, concentração e memória imediata necessária durante o processo de interpretação simultânea. Como somente o domínio da língua utilizada pelo aluno não é suficiente para o sucesso no processo de ensino-aprendizagem, é fundamental que os tradutores intérpretes que irão atuar no âmbito educacional, sejam, preferencialmente, aqueles que além da fluência na língua de sinais, conhecimento a respeito da cultura surda, das técnicas e do processo tradutório; tenham também formação pedagógica. Mas, isso ainda não será o suficiente, pois, por mais abrangente que seja a formação inicial do TILS, deve haver investimentos para que a formação continuada desse profissional integre as políticas que tratam da inclusão social da pessoa com surdez. Da mesma forma que já existe consenso a respeito da importânciae necessidade de formação continuada para as diferentes categorias profissionais, é indispensável esse mesmo olhar para os intérpretes de línguas de sinais. Uma política que também, abranja os profissionais que atuam com surdos incluídos nas escolas comuns de Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, quando não há escola de educação bilíngue para atender a demanda da região; pois, o intérprete, assim como o professor tem um papel fundamental no processo de ensino-aprendizagem e construção do conhecimento pelo aluno. 15 4. O INTÉRPRETE NA EDUCAÇÃO INFANTIL E NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL O trabalho do TILS com surdos em processo de inclusão em escolas comuns de Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental se depara com grandes desafios. Um deles é que crianças surdas, filhas de pais ouvintes (a maioria), ainda não tiveram contato com a Libras e, portanto, só poderão adquirir essa língua mediante exposição intensa à mesma, de forma natural, convivendo com surdos mais velhos e ouvintes fluentes. Todavia, essa exposição, apesar de prevista em Lei9, ainda acontece de forma muito rara em nosso país. De acordo com Lacerda (2009, p. 57), É frequente que sinais utilizados pelas intérpretes não sejam reconhecidos pelas crianças por seu domínio incipiente da língua. Então, as intérpretes se veem compelidas a buscar experiências/informações visuais para complementar as aulas ou ainda a fazer desvios ou atalhos explicando conteúdos que possam fazer mais sentido para crianças surdas procurando alcançar aquilo que é o objetivo da professora. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional10 (1998) em seu Capítulo II, Seção II, Artigo 29, estabelece que, A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Mas, geralmente, a criança surda é matriculada em uma escola comum de ouvintes que não está preparada para atender suas necessidades linguísticas de forma a possibilitar uma qualidade de interação que promova seu desenvolvimento integral, o acesso às informações e conhecimentos escolares e de socialização trabalhados nessa etapa da educação básica. Conforme dados apresentados por Quadros (2018, p.121), O resultado dos dados coletados quanto à idade de aquisição da língua é preocupante, pois 80% dos surdos declararam que a aquisição da Língua 9 Decreto nº 5626 de 2005:Capítulo IV, Deve ser ofertado “(...) obrigatoriamente, desde a educação infantil, o ensino da Libras” 10 Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htmAcesso em: 13/05/2020 16 Brasileira de Sinais ocorreu após os quatro anos de idade, período considerado tardio para o desenvolvimento da linguagem. É interessante retomar o resultado da pergunta sobre a idade de diagnóstico da surdez, o qual indica que 79% dos participantes foram diagnosticados surdos até os quatro anos. Essa informação indica que mesmo com o acompanhamento e a descoberta da surdez nos primeiros anos de vida, a maior parte dos surdos não está tendo acesso à língua de sinais nesse período crucial. A criança ouvinte adquire a língua oral desde o seu nascimento, no convívio familiar; o que, certamente, colabora para o seu desenvolvimento linguístico, cognitivo e social. É através da língua que indivíduo estrutura seu pensamento. Já a criança surda, somente com cerca de 4 anos, irá ter contato com a Libras, através de surdos e ouvintes fluentes no idioma, numa escola bilíngue, ou, se for matriculada numa escola comum para ouvintes, o contato, será bem mais restrito, em muitos casos, somente com o tradutor intérprete. Gráfico: Quadros (2018, p.121)11 Assim, esse aluno surdo acaba ficando em desvantagem em relação às crianças ouvintes e, esse prejuízo linguístico, cognitivo, em relação aos saberes escolares e social, é levado em sua caminhada nos níveis seguintes de escolarização. Com certeza, o intérprete sozinho não conseguirá cobrir todas as lacunas decorrentes dessa situação. Outro desafio para o TILS é que, nessa fase, a capacidade de atenção voluntária da criança ainda é limitada. Ela precisa olhar para o intérprete, mas, os muitos estímulos visuais existente em uma sala de aula, podem desviar sua 11 Disponível em: file:///C:/Users/55119/Downloads/Lingua%20brasileira%20de%20sinais%20ebook- 15841299695e6be7b169b5e1.44063933.pdf . Acesso em: 29/05/2020 17 atenção. Um professor da classe de pequenos costuma utilizar sua entonação de voz e movimentação corporal para atrair a atenção dos alunos ouvintes. A criança surda, nesse contexto, não sabe ao certo para onde direcionar sua atenção e acaba perdendo informações ou acessando-as de forma fragmentada e desprovida de sentido. Além disso, a criança pequena tem dificuldade “em entender que aquele que está passando a informação é apenas um intérprete, é apenas aquele que está intermediando a relação entre o professor e ela”. (QUADROS, 2004, p. 60). Ele não é o professor. O papel dos dois profissionais que atuam na sala, geralmente, é confundido pelas crianças surdas e pelas ouvintes. É necessário que seja esclarecido. Para o aluno com surdez, o intérprete, muitas vezes, é aquele adulto com quem é muito mais interessante conversar ou brincar, pois ele utiliza uma língua visual-espacial, muito mais acessível para ele. O ideal é que o surdo tivesse acesso aos conhecimentos e descobertas relativos a esses primeiros anos escolares, interagindo diretamente com professores e outros alunos surdos fluentes em Libras. Esse contato natural da criança surda com um ambiente linguístico que favoreça a aquisição da Libras, deveria ser o mais cedo possível para que, quando chegasse aos anos finais do Ensino Fundamental ou no Ensino Médio, tivesse suficiente conhecimento de Libras e maturidade para se beneficiar dos serviços de um tradutor intérprete. 18 5. INTERPRETAÇÃO NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL E NO MÉDIO EM DIANTE Para os anos mais avançados do Ensino Fundamental, Ensino Médio, Superior e Cursos Profissionalizantes, a parceria entre professores e intérpretes também é necessária, para que a metodologia que será utilizada pelo docente possa se adequar às especificidades da cultura visual surda, facilitando o acesso do aluno aos saberes e informações. Isso implica que o professor precisa se disponibilizar a rever seus conceitos em relação aos procedimentos e instrumentos utilizados no processo de ensino-aprendizagem, agora, também, dentro de uma perspectiva focada na apreensão do mundo e do conhecimento, não só, mas, predominantemente, pelo canal visual. A dedicação do TILS ao estudo e pesquisa nas diferentes áreas do conhecimento e assuntos que irá interpretar é fundamental. Assim como o professor, o profissional intérprete tem parte da responsabilidade pelo sucesso acadêmico do aluno. Lacerda (2009, p. 33) comenta que em alguns países, como na Itália, a preocupação em diferenciar o intérprete de eventos daquele que atua no âmbito educacional é tão forte que o profissional é denominado de “assistente de comunicação”, Principalmente porque trata-se de um profissional que deverá versar conteúdos da língua majoritária para a língua de sinais do país e vice-versa, mas que também se envolverá de alguma maneira com as práticas educacionais, constituindo aspectos singulares a sua forma de atuação. (...) o objetivo nesse espaço não é apenas o de traduzir, mas também o de favorecer a aprendizagem por parte do aluno surdo. Para isso é necessário que os professorescompartilhem seu material de estudo com o intérprete e a ele, deve ser reservado dentro da carga horária total de trabalho, tempo para planejamento e preparo da interpretação; estudo dos temas que serão abordados na aula; inclusive, pesquisa de sinais. Nos graus de estudo mais avançados, muitos sinais da Libras ainda não foram criados ou podem ser desconhecidos pelo intérprete. No momento destinado ao estudo, ele poderá realizar pesquisas e ter momentos fora da aula, onde possa tratar com o aluno algumas dúvidas em relação a esse aspecto. É comum, na falta de um sinal para determinado assunto ou conceito, que TILS e alunos façam os chamados 19 “combinados”, situação onde, o aluno combina um sinal que será usado pelos dois provisoriamente para representar determinada palavra ou procedimento. Sander (2002, p.134), relata, Mesmo que, neste universo do conhecimento, não houvesse sinais próprios na área, eu, como intérprete da LS, e Roberto Paciulo Castilhos (acadêmico surdo do curso de engenharia elétrica da UNICID), aos poucos, codificamos sinais próprios da área de engenharia, usados naquele contexto, temporariamente, como se fosse “oficiais” naquela situação particular, e compreendidos perfeitamente. Assim, devido à necessidade, vão surgindo sinais próprios da área. Inicialmente, usei muito o alfabeto manual (datilologia), mas aos poucos fomos elaborando sinais para serem usados nas fórmulas, nos nomes técnicos e nas experiências da área da engenharia. Os surdos e os surdocegos, que utilizam a libras-tátil12, estão cada vez mais em busca do conhecimento. Quer seja na educação formal, nos mais avançados níveis; como no cursos técnicos profissionalizantes ou, até mesmo, nos livres, que transitam pelas mais diferentes áreas do conhecimento e cultura. Assim, a cada dia, mais e mais a falta lexical de sinais relacionados a essa diversificada temática é sentida pelos alunos surdos e pelos tradutores intérpretes e guias-intérpretes educacionais. Os dicionários de libras existentes não conseguem atender a demanda de sinais para os novos termos e conceitos que são apresentados a esses alunos diariamente. O que normalmente acontece é que o TILS, após interpretar a conceituação do termo apresentada pelo professor, soletra a palavra com o alfabeto manual. E, para que na interpretação não seja necessário utilizar muito esse recurso, pois, ele demanda tempo - algo preciosíssimo na interpretação simultânea – TILS e aluno improvisam os “combinados”. Um exemplo13 ocorrido em um curso de Massoterapia: O professor explicou que a Cromoterapia é um tratamento que existe desde 2.800 a.C., utilizado por diferentes povos, baseado nas sete cores do arco-íris. Cada cor tem sua função terapêutica e atua em um órgão do corpo humano, estabelecendo o equilíbrio e a harmonia entre corpo, mente e emoções etc. Tanto o aluno quanto a intérprete desconheciam algum sinal para a palavra Cromoterapia. Após as explicações do professor que foram interpretadas para o 12 Nota da autora: Libras Tátil é uma das formas de comunicação utilizada pela pessoa com surdocegueira que domina a Libras. A pessoa mantém uma de suas mãos ou ambas sobre as mão do guia-intérprete e as informações são recebidas pelo tato. 13 Experiência pessoal. 20 discente, este, combinou com a intérprete que iriam usar o sinal de COR em Libras para se referirem, tanto à Disciplina como à técnica de Cromoterapia. Sinal de cor.14 Logicamente que o sinal de COR não traduz toda complexidade que o tratamento com Cromoterapia encerra. Mas, naquela circunstância, não havia tempo para se trabalhar de forma mais acurada a criação de um sinal, nem, tampouco realizar uma consulta com possíveis surdos que conhecessem o sinal. Atualmente, muitos sinais são divulgados nas redes sociais e devido a facilidade tecnológica para comunicação visual, acabam sendo adotados pela comunidade surda. Um exemplo que podemos destacar é o Manuário da TV-INES, programa que apresenta novos itens lexicais em Libras. É um dicionário acadêmico bilíngue: Língua Brasileira de Sinais e Português. Resultado de pesquisa do DESU- Departamento de Ensino Superior do INES - Instituto Nacional de Educação de Surdos. Imagem: Manuário do INES.15 14 Capovilla, Raphael e Maurício (2009) 21 Seria muito positivo se entidades de surdos como a Feneis – Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos e as Associações de surdos, em parceria com universidades ou instituições culturais etc., se organizassem no sentido de criar mais dicionários/sinalários em vídeos, com terminologia específica para atender alunos que estudam e/ou trabalham no mais diferentes espaços sociais. Isso, com certeza, também contribuiria para o trabalho dos tradutores intérpretes de Libras. Outro aspecto essencial na formação de qualquer profissional que atue com tradução e interpretação, é o estudo e domínio da língua portuguesa. Na sala de aula, o intérprete fará a interpretação da língua portuguesa para a Libras e vice- versa. Segundo Albres (2010), Quando “fazemos voz”, ou seja, interpretamos um discurso de uma língua de sinais para uma língua oral, é necessário que haja adequação ao nível linguístico e ao tipo de discurso utilizado pela pessoa com surdez. Tanto em eventos como no contexto de sala de aula, muitas vezes, o surdo deseja se manifestar e para que isso ocorra, o intérprete “empresta” sua própria voz para ele. É de fundamental importância que o intérprete domine muito bem os idiomas com os quais trabalha, principalmente no ambiente acadêmico; pois, além da necessidade de adequação ao nível linguístico e tipo de discurso do aluno quando for interpretar da língua de sinais para a língua oral, o TILS também é responsável por mediar e contribuir para a construção do conhecimento do educando. Além disso, o aluno tem o direito e deve ser incentivado a participar da aula, esclarecendo dúvidas ou manifestando sua opinião. Quando desejar se expressar, o educando deve avisar o intérprete e este avisará o professor. O aluno falará em língua de sinais e sua colocação será interpretada para o educador. Após a resposta, o TILS interpretará em Libras para o aluno. 15 Disponível em: http://tvines.org.br/?page_id=333. Acesso em:29/05/2020 22 REFERÊNCIAS ALBRES, N.A., Mesclagem de voz e tipos de discursos no processo de interpretação da língua de sinais para o português oral, In Cadernos de Tradução, v.2 nº 26, 2010, UFSC. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/traducao/article/view/2175- 7968.2010v2n26p291/14232 BARRETO, M. – Escrita de sinais sem mistérios / Madson Barreto, Raquel Barreto – Belo Horizonte: Ed. Do autor, 2012. BRASIL, Ministério da educação. Secretaria de Educação Especial. Ensino de língua portuguesa para surdos : caminhos para a prática pedagógica / Secretaria de educação Especial. – Brasília : MEC/SEESP, 2002. CAPOVILLA, F.C.; RAPHAEL, W. D.; MAURICIO, A.C.L. Novo Deit-Libras: dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da língua de sinais brasileira baseado em linguística e neurociências cognitivas. S.l: s.n., São Paulo, EDUSP, 2009. DAMÁZIO, M.F.M., Atendimento educacional especializado – Pessoa com surdez. - SEESP / SEED / MEC, Brasília/DF – 2007 LACERDA, C.B.F. – O intérprete educacional de língua de sinais no Ensino Fundamental: refletindo sobre limites e possibilidades. In Letramento e Minorias. (Org.) LODI, A. C.B. et al. Porto Alegre: Mediação, 2002. LACERDA, C.B.F., - Intérprete de Libras : em atuação naeducação infantil e no ensino fundamental. - Porto Alegre : Mediação /FAPESP, 2009. QUADROS, R. M. - O tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e língua portuguesa. Secretaria de Educação Especial; Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdos – Brasília : MEC ; SEESP, 2004. QUADROS, R.M. et al. Língua brasileira de sinais: patrimônio linguístico brasileiro /– Florianópolis: Editora Garapuvu, 2018. Disponível em: file:///C:/Users/55119/Downloads/Lingua%20brasileira%20de%20sinais%20ebook- 15841299695e6be7b169b5e1.44063933.pdf Acesso em: 29/05/2020 SANDER, R. – Questões do intérprete da língua de sinais na universidade. In Letramento e Minorias, / Org.: Ana Claúdia B. Lodi, Kathryn M. P. Harrison, Sandra R. L. de Campos, OttmarTeske – Porto Alegre: Mediação, 2002. 23 SKLIAR, C. Os estudos surdos em Educação: problematizando a normalidade. In A surdez: um olhar sobre as diferenças / Carlos Skliar (org.). – 6.ed. Porto Alegre : Mediação, 2013