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www.r2formacaopedagogica.com.br | @r2formacaopedagogica Tema: Português https://www.r2formacaopedagogica.com.br/ 02 Siga nossas páginas! Sou a Professora Patrícia C. G. Pereira, autora desse guia de estudos. Estudaremos temas importantes na formação inicial e continuada de professores e no desenvolvimento de práticas educativas inovadoras, por meio de trabalhos que desenvolveremos em todos os níveis e modalidades da educação brasileira. Nos norteamos e nos respaldamos nas legislações vigentes, principalmente referentes a LDB 9394/96 e a Resolução CNE/CP n. 2/2015 e 2/2019 que definem as diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores. Este e-book trata-se da disciplina PORTUGUÊS que irá abordar: a história da língua portuguesa e os fundamentos da língua materna que auxiliarão na compreensão sobre o ensino da língua portuguesa e para isso estudaremos nas próximas 4 unidades os seguintes temas: 1. HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA: ALGUNS APONTAMENTOS. 2. FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DO ENSINO DE LÍNGUA. 3. O TRABALHO COM A ORALIDADE, LEITURA, ESCRITA E ANÁLISE LINGUISTICA. 4. TCD. SAUDAÇÕES! 03 Você já percebeu como a língua portuguesa vem se delineando em relação ao tempo e ao espaço no nosso território brasileiro? Para entender sua perspectiva no ensino de língua materna, é preciso entender a pedagogia em uma sala de aula de língua materna, no caso, sala de aula do Português Brasileiro. Você já se questionou sobre em que os professores se baseiam para planejar suas aulas? Existem fundamentos teórico-metodológicos compartilhados pelos estudiosos da Linguística e pelas diretrizes nacionais. A concepção de linguagem como interação é a base na qual se fundamentam as orientações para as práticas de leitura, escrita, análise linguística e oralidade. Os pressupostos teóricos do interacionismo sociodiscursivo e do letramento também fundamentam as diretrizes do ensino de Língua Portuguesa na atualidade. No século XIII, no reinado de D. Dinis, o português arcaico foi adotado como língua escrita. No entanto, em função da diversidade linguística, ao lado do português antigo, com os trovadores, se originava a produção poética galego-portuguesa. O português médio, não sendo ainda a língua escrita por Camões, floresceu no início do século XV. Essa época é fundamental para a autonomia da língua portuguesa, pois o seu uso passou a fazer parte da cultura de Portugal. A expansão da língua portuguesa foi resultado da necessidade de afirmação nacional e de consolidação de uma nova monarquia, o que ocorreu juntamente às grandes navegações. A época das grandes navegações foi essencial para a formação do português clássico. Com o avanço das conquistas, os portugueses descobriram novas terras, novas línguas e novas realidades. Portugal, após chegar ao Brasil, em 1500, começou a normatização da língua. Desde então, mesmo que a língua oficial do Brasil tenha sido o português, o país nunca foi monolíngue. Desde a imposição inicial do 1. HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA: ALGUNS APONTAMENTOS Siga nossas páginas! INTRODUÇÃO Siga nossas páginas! 04 português, a comunidade já falava línguas indígenas, e o contato não se deu somente com as línguas africanas, mas também com outras nações europeias, por exemplo, com os espanhóis, franceses, holandeses e ingleses. E isso se refere apenas aos primeiros 300 anos desde o descobrimento. Na visão de Mello (2011), a língua portuguesa se consolidou no Brasil após a vinda da família Real, em 1808, e a ampliação da escolarização no século XIX. Na linha do tempo trazemos um pequeno resumo da história da língua portuguesa desde o descobrimento do Brasil. • 1500 — Ocorre a chegada dos portugueses no Brasil. É o primeiro momento de contato linguístico entre as nações. • 1536 — É publicada a primeira gramática da língua portuguesa, escrita por D. Fernão. • 1580 — Começa a ser registrada a língua brasílica ou língua geral paulista. “Tucuriuri” significava “gafanhotos verdes”. • 1580 a 1640 — Período de dominação espanhola. • 1759 — Marquês de Pombal promulga lei impondo o uso da língua portuguesa; no entanto, no território brasileiro, coexistem diversos idiomas indígenas e africanos. • 1808 — A chegada da família real é decisiva para a difusão da língua: são criadas bibliotecas, escolas e gráficas (e, com elas, jornais e revistas). • 1819 — A chegada de imigrantes europeus incentiva o branqueamento e as transformações do idioma, com a introdução de diversos estrangeirismos. • 1907 — Inicia-se a imigração japonesa. • 1922 — A Semana de Arte Moderna carrega o português informal para as artes. A crescente urbanização e o surgimento do rádio ajudam a misturar variedades linguísticas. • 1988 — A Constituição garante a preservação dos dialetos de grupos indígenas e remanescentes de quilombos. • 1990 — Com a televisão presente em mais de 90% dos lares, não se constata isolamento linguístico. • 2000 — Com a evolução tecnológica, a internet começa a fazer parte da cultura brasileira. Devido à globalização, há uma aproximação bastante significativa da sociedade brasileira com outras culturas. O português brasileiro se formou a partir de uma língua base portuguesa, trazida pelos colonizadores, adquirida como segunda língua por milhões de pessoas. Devemos sempre desconstruir sobre o certo e o errado na língua, e sim comentarmos a ideia de que temos adequações e inadequações linguísticas, que podem ser explicadas pela historicidade e pelo contexto linguístico. A identidade linguística do português brasileiro se afirmou através de suas expressões próprias e movimentos sintáticos e léxicos, por exemplo, mudança na colocação pro- 05 -nominal e também na conjugação para a segunda pessoa do singular, tu, como: tu fizeste < tu fez. É importante que o professor saiba explicar os processos de gramaticalização da língua para que os alunos compreendam seus movimentos sintáticos, léxicos, semânticos, fonéticos e/ou morfossintáticos. É comum em uma aula de língua portuguesa, como língua materna no Brasil, comentários preconceituosos em relação às variantes brasileiras faladas e ortográficas em cada Estado do nosso país. Esses comentários quase sempre se baseiam na variante portuguesa para comparações. Momentos como este não muito comuns, mas cabe ao professor de língua portuguesa ensinar que a sociedade atribui valores distintos a variantes segundo classe, cor, credo. Pela perspectiva saussuriana, entendemos que a língua é um sistema que pode ser alimentado pela fala. A fala é o momento de produção da língua, que pode movimentar-se em relação aos novos contatos que lhe é propiciado. Desse modo, no desenho, você vai ver como a língua portuguesa surgiu e se modificou através da fala (vernáculo) até chegar ao português brasileiro. Além disso, vai perceber que há formas de ensinarmos a língua portuguesa em diferentes perspectivas da gramática. Para Meillet (1905 apud Orlandi 2002), "é preciso criar uma unidade linguística, uma nação que sinta sua unidade". Ter uma unidade linguística mostra a existência de uma nação brasileira. O Brasil tem uma unidade linguística entendida como o português brasileiro. Nossa unidade linguística já se distanciou da variante portuguesa. Apesar de termos diferenças regionais, a unidade linguística do Brasil é o português brasileiro e essa unidade linguística é estabelecida pelo coletivo. Em vários momentos de nossa história política, cogitou-se nomear a língua que falamos como por- Siga nossas páginas! 06 -tuguesa? Brasileira? Portuguesa brasileira? Portuguesa do Brasil? Para responder essas indagações, podemos dizer que a construção nacional da língua é que se impõe chamá-la brasileira. Porque desde que se tem um país, uma nação, um Estado com uma língua nacional, há uma demanda por nomeá-la. Em nosso caso, uma vez que há uma homogeneidade imaginária produzida pela colonização, se direciona para nomeá-la brasileira. Nós já produzimos enunciadosnossos, com nossa sintaxe e fonética. Afim de aprofundar mais no tema sobre a história da língua Portuguesa, sugerimos a leitura do livro: História da Língua Portuguesa, escrito pelo Professor Paul Teyssier, da Universidade de Paris-Sorbonne, tem como intuito a discussão e reflexão em uma perspectiva diacrônica sobre a questão da “evolução” da língua portuguesa, abordando desde aspectos históricos a aspectos fonéticos, fonológicos, morfológicos e lexicais. As diretrizes que fundamentam o ensino de Língua Portuguesa estão relacionadas à perspectiva da enunciação. Isso significa que as práticas dos eixos que permeiam as aulas de Português (oralidade, leitura, escrita e análise linguística) devem promover o desenvolvimento da competência comunicativa dos alunos. Para tanto, buscam-se textos reais que considerem as variedades linguísticas e questionamentos que levem à reflexão crítica, ou seja, que considerem o contexto, os sujeitos envolvidos e a finalidade comunicativa. O ensino de Língua Portuguesa pressupõe o desenvolvimento de alguns aspectos em sala de aula: oralidade, análise linguística, leitura e escrita. A forma como esses aspectos serão trabalhados em sala de aula tem relação com os fundamentos teórico-metodológicos que orientam 2. FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DO ENSINO DE LÍNGUA Siga nossas páginas! https://drive.google.com/file/d/1K9zDyjqhL0phTb6wYZEt9WHHwYAcVNTu/view essas práticas. A concepção de linguagem como interação e os pressupostos da teoria da enunciação são o principal parâmetro para professores planejarem suas aulas e para autores elaborarem seus livros didáticos. Os estudos linguísticos sobre a enunciação, constituem a principal base teórica que direciona o ensino da língua portuguesa atualmente. Suas principais características são: Veja como essas concepções aparecem na prática pedagógica: No cotidiano escolar essas práticas se revelam em cada prática da língua materna: • Na oralidade. • Na escrita. • Na leitura. • Na análise linguística. As principais ações em cada prática são: Oralidade: Explicação dos gêneros orais da comunicação pública; Espaços para ideias e trocas de ideias informais; trabalho com gêneros textuais/discursivos. Escrita/produção textual: Não ignorar a inferência do aluno; considerar o contexto comunicativo e as interações de comunicação na construção de sentidos; destinar os textos a um determinado leitor e fazer circular diferentes tipos de textos. 07 Siga nossas páginas! Após conhecermos os conceitos sobre o ponto e a linha, convidamos a assistir um vídeo para fixar e retomar algumas características desses elementos. Leitura: Vincular a leitura aos diferentes usos sociais; oferecer uma leitura que coincida com o que se precisa ler fora dos portões da escola; privilegiar os elementos relevantes para a compreensão global do texto (sendo aqueles relativos a ideia central, ao argumento principal defendido; a finalidade global do texto; ao reconhecimento do conflito que provocou o enredo da narrativa, entre outros). Análise linguística: a gramática precisa estar contextualizada, isto é, não se deve apresentar frases soltas, sem sujeitos interlocutores, para que se possa propor somente um exercício sem correlação com a realidade do estudante; buscar apoio em textos reais; dedicar-se a escrita sobre o que se diz e como se diz. Portanto os pontos conceituais sobre os fundamentos do ensino de língua portuguesa se referem a uma prática integrada as necessidades do uso da língua. Para se aprofundar ainda mais sobre linguagem, leia os capítulos A área de Linguagens; Competências específicas de Linguagens para o Ensino Fundamental; Língua Portuguesa Ensino Fundamental – Anos Iniciais: práticas de linguagem, objetos de conhecimento e habilidades e Língua Portuguesa no Ensino Fundamental – Anos Finais: práticas de linguagem, objetos de conhecimento e habilidades que fazem parte do documento da BNCC. Os resultados do PISA, do ano de 2018, indicam que metade dos estudantes brasileiros alcançou, ao menos, o nível básico de proficiência em leitura, ou seja, isso significa que eles conseguem identificar a ideia central de um texto. Mas apenas 25% dos participantes brasileiros consegue atingir níveis mais elevados de compreensão em leitura, ou seja, apenas esta pequena parcela de estudantes consegue entender um texto mais extenso que contenha ideias não intuitivas ou mais 08 Siga nossas páginas! https://drive.google.com/file/d/1487uSMdecRDLQf0SSfTT3Q2n6vjvlLEK/view 09 abstratas, que exigem inferências e relação entre conhecimentos no processo de interpretação. Isso pode ser traduzido em problemas de leitura e de interpretação que dificultam a ação dos estudantes no contexto social. Para Cavalcante e Ribeiro (2016, p. 28): [...] o baixo desempenho em leitura dos jovens brasileiros tem raízes mais diversas, como os baixos indicadores socioeconômicos da nação, a falta de infraestrutura das escolas e a ausência de planos de valorização do professor. De acordo com Cavalcante e Ribeiro (2016), o baixo desempenho dos alunos brasileiros em leitura tem relação com alguns fatores. I - Os baixos indicadores socioeconômicos da nação. II - A falta de infraestrutura das escolas. III - A ausência de planos de valorização do professor. O trabalho com oralidade na sala de aula deveria corresponder ao estudo e à explicitação dos gêneros orais da comunicação pública. No entanto, as atividades escolares costumam se concentrar na identificação dos padrões coloquiais de uso da língua na oralidade. As aulas de português, dessa forma, excluem as convenções sociais e os registros formais da comunicação oral. Vale ressaltar que isso ocorre na melhor das hipóteses, pois, geralmente, há uma omissão quase completa da fala como objeto de estudo nas aulas de português. Em algumas situações a oralidade serve apenas de contraponto à escrita: como se a fala fosse o espaço para as regras da gramática tradicional serem violadas. Antunes (2003, p. 24) alerta que: 3. O TRABALHO COM A ORALIDADE, LEITURA, ESCRITA E ANÁLISE LINGUISTICA Siga nossas páginas! “De acordo com essa visão, tudo o que é “erro” na língua acontece na fala e tudo é permitido, pois ela está acima das prescrições gramaticais; não se distinguem, portanto, as situações sociais mais formais de interação que vão, inevitavelmente, condicionar outros padrões de oralidade que não o coloquial. ” É evidente que oferecer espaço para as conversas e troca de ideias informais é fundamental para as aulas de língua portuguesa, porém não se pode oportunizar apenas esse tipo de abordagem para a oralidade. Daí a necessidade de trabalho com os gêneros textuais/discursivos. O seminário, por exemplo, do qual em algum momento da vida de estudante os alunos participarão, exige escolhas lexicais mais formais e, muitas vezes, mais específicas. O estudo dessas questões não pode ser deixado de lado. Outra prática fundamental nas aulas de português é a escrita, ou melhor, a produção textual. Esse ponto costuma ser crítico, tanto para alunos quanto para professores: os estudantes se mostram desmotivados a escrever, afirmam que estão sem inspiração e que não sabem escrever; os docentes dedicam longas horas à correção das redações, às sugestões e não veem receptividade dos alunos às suas anotações. Certamente, parte desse problema surge da artificialidade da escrita na escola, ou seja, como a proposta de produção textual parte de uma simulação, é comum que haja desmotivação dos envolvidos. Nesse sentido, é importante que as atividades em torno da escrita não ignorem a interferência do aluno: seu registro revela as hipóteses que ele cria sobre a representação gráfica da língua. Portanto, o uso adequado de regras ortográficas, por exemplo, não pode ser parâmetro para avaliar se um texto está bem escrito. Isso significa que é preciso desmistificar a ideia de que saber escrever é saber as regras de ortografia e gramática. Esse tipo de abordagemacaba oportunizando a escrita artificial. A escrita significativa exige um contexto comunicativo para que haja intenções de comunicação que preenchem a escrita de sentidos. Dessa forma, o texto se constrói com textualidade e com resposta a um contexto social. Antunes (2003, p. 26) alerta que se pode constatar nas aulas de língua portuguesa: [...] a prática de uma escrita sem função, destituída de qualquer valor interacional, sem autoria e sem recepção (apenas para “exercitar”), uma vez que, por ela, se estabelece a relação pretendida entre a linguagem e o mundo, entre o autor e o leitor do texto. Entretanto, se a proposta de produção textual for improvisada de tal forma que o objetivo seja ape- 10 Siga nossas páginas! 11 -nas realizá-la, perde o significado e a finalidade de escrita. Afinal, os alunos não veem sentido em escrever algo que será lido apenas pelo professor, e para que ele possa, em muitos casos, apenas atribuir uma nota. A prática de leitura, muitas vezes, se revela dissociada da interação verbal, pois é centrada apenas na decodificação da escrita ou na extração de informações. Entretanto, a leitura se caracteriza pelo contato do leitor com o texto e, para que isso aconteça, é preciso vinculá-la aos diferentes usos sociais. Nesse caso, há uma relação muito próxima com os problemas de escrita: a leitura se revela como uma atividade exclusivamente escolar; algo para cumprir, desvinculada de um interesse. Essas propostas buscam recuperar apenas os elementos da superfície do texto. Quase sempre esses elementos privilegiam aspectos apenas pontuais do texto (alguma informação localizada num ponto qualquer), deixando de lado os elementos de fato relevantes para sua compreensão global (como seriam todos aqueles relativos à ideia central, ao argumento principal defendido, à finalidade global do texto, ao reconhecimento do conflito que provocou o enredo da narrativa, entre outros) (ANTUNES, 2003, p. 28). A função da escola é dar subsídios ao aluno para que ele possa ler em outros espaços sociais. Dessa forma, não se pode oferecer uma leitura que não coincida com o que se precisa ler fora dos portões da escola. A análise linguística deve ser tratada como algo vinculado aos usos reais da língua (escrita e falada). Isso significa que a gramática precisa estar contextualizada, isto é, não se podem apresentar frases soltas, sem sujeitos interlocutores, para que se possa propor um exercício apenas. Afinal, a gramática fragmentada não contribui com o desenvolvimento da competência comunicativa dos falantes e não se encontra nos contextos mais previsíveis de uso da língua. Antunes (2003, p. 32) afirma: Vale a pena lembrar que, de tudo o que diz respeito à língua, a nomenclatura é a parte menos móvel, menos flexível, mais estanque e mais distante das intervenções dos falantes. Talvez, por isso mesmo, seja a parte “mais fácil” de virar objeto das aulas de língua. Vale a pena lembrar também que a gramática de uma língua é muito mais, muito mais mesmo, do que o conjunto de sua nomenclatura, por mais bem elaborada e consistente que seja. Siga nossas páginas! 12 Dessa forma, a análise linguística ou o ensino de gramática só tem sentido se ocorre com o apoio de textos reais. Assim, a preocupação não pode ser com a prescrição e com as normas que indicam o certo e o errado. É preciso se dedicar à escrita sobre o que se diz, como se diz e se o aluno tem algo a dizer (ANTUNES, 2003). Afinal, há muitos aspectos linguísticos relevantes, como os discursivos, e deter-se apenas à correção significa reduzir os estudos da língua. Como se nota, as práticas de oralidade, leitura, produção de texto e análise linguística exigem um trabalho de interação, na perspectiva da enunciação. As práticas de oralidade, leitura, produção de texto e análise linguística exigem um trabalho de interação na perspectiva da enunciação. Algumas teorias e metodologias fundamentam essa relação, como o interacionismo sociodiscursivo (ISD) e o letramento. De acordo com os estudos do ISD, a atividade da linguagem se organiza em discursos e em textos, e os textos se organizam em gêneros textuais/discursivos. Daí a necessidade de trabalhar a aula de Língua Portuguesa a partir da diversidade textual dos gêneros textuais/discursivos. O ISD propõe que os textos sejam analisados na perspectiva das múltiplas atividades para que, a partir das análises, compreenda-se o humano. Assim, é possível aliar a leitura e a escrita ao ensino gramatical. O letramento, que considera a linguagem como interação, dedica-se não só ao ler e ao escrever, mas também ao uso do ler e do escrever, e isso se refere às demandas de leitura e de escrita impostas pela sociedade. Como está associado à concepção social da linguagem, enfatiza o trabalho com gêneros textuais/discursivos. Assim, indica a necessidade de práticas pedagógicas que privilegiem o estudo da língua de forma integrada: leitura, oralidade, escrita e análise linguística. Segundo (SOARES, 2009, p. 18)."letramento é, pois, o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita". A leitura, a oralidade e a escrita são fundamentais para o desenvolvimento do letramento na perspectiva das práticas de linguagem inseridas no universo da interação e do uso social. As práticas de letramento devem permitir trocas entre os sujeitos, construção de relações intertextuais e entrecruzamento de culturas. Atualmente, exigem-se práticas de letramento na escola diferentes das tradicionais, pautadas na alfabetização e na codificação e decodificação dos textos. Afinal o letramento não está preso às paredes da escola; ele ocorre fora da sala de aula também, garantindo interações e comunicações entre interlocutores. Isso porque os significados não estão no texto, por isso não é possível propor Siga nossas páginas! 13 práticas de letramento na escola que se limitem a decodificar textos. A necessidade passa a ser de propostas pedagógicas de construção de sentidos em negociações intersubjetivas. Assim, as práticas de linguagem devem permitir trocas entre os sujeitos, construção de relações intertextuais com textos orais e escritos, entrecruzamento de culturas, etc. Assim, leitura, oralidade e escrita se revelam imbricadas. Enquanto as habilidades de leitura se estendem da habilidade de decodificar palavras escritas à capacidade de integrar informações provenientes de diferentes textos, as habilidades de escrita se estendem da habilidade de registrar unidades de som até a capacidade de transmitir significado de forma adequada a um leitor potencial. O Guia PNLD determina que os materiais didáticos levem os estudantes ao entendimento sobre as modalidades oral e escrita da língua, tanto na produção como na análise de textos. E quando trabalhado sistematicamente, espera-se que aprimorem o domínio das estruturas formais da Língua Portuguesa do Brasil, por meio das práticas de análise linguística e semiótica relacionadas com o desenvolvimento produtivo das práticas de oralidade, leitura e escrita. Observe o material didático a seguir e observe a avaliação crítica sobre esse material. O material busca inserir o texto no centro das práticas pedagógicas, pois as práticas de leitura, escrita, análise linguística e oralidade estão ligadas ao texto. No entanto, esse trabalho é superficial, pois os aspectos da oralidade enfatizados não consideram as formalidades dos textos orais, por exemplo. Além disso, as questões sobre o texto não contribuem com a construção de sentido por parte do leitor, pois são centradas em significados de palavras e extração de exemplos de uso gramatical. Esse é o caso da questão 4, que não favorece a compreensão do texto. A produção textual proposta não oferece subsídios para o aluno construir um texto de opinião. Siga nossas páginas! 14 Chegou o momento de praticarmos os conhecimentosconstruídos ao longo dessa disciplina, para isso segue a seguinte proposta a ser desenvolvida: O Guia PNLD determina que os materiais didáticos levem os estudantes ao entendimento sobre as modalidades oral e escrita da língua, tanto na produção como na análise de textos. E quando trabalhado sistematicamente, espera-se que aprimorem o domínio das estruturas formais da Língua Portuguesa do Brasil, por meio das práticas de análise linguística e semiótica relacionadas com o desenvolvimento produtivo das práticas de oralidade, leitura e escrita. • Elabore um material didático no qual o texto seja o centro das práticas pedagógicas, fazendo com que práticas de leitura, escrita, análise linguística e oralidade estejam ligadas ao texto. • As questões sobre o texto devem contribuir com a construção de sentido por parte do leitor, e devem estar centradas em significados de palavras e extração de exemplos de uso gramatical. • A produção textual proposta deve oferece subsídios para o aluno construir um texto de opinião. Para a elaboração você pode consultar novamente o exemplo da avaliação do material didático descrito nesse e-book. Chegamos ao final desse guia de estudos, da disciplina de Português voltado a formação de professores. É importante observar que os conteúdos aqui apresentados não tiveram a pretensão de esgotar o assunto, mas sim, de traçarem os principais pontos que envolvem o tema, utilizando-se de uma linguagem acessível e prazerosa, com o intuito de despertar seu interesse pela continuidade das investigações na área. Nesse E-book você pode obter as informações básicas, necessárias para o entendimento dos processos que envolvem percurso histórico da língua português e como pode ser realizado o trabalho com a leitura, escrita oralidade e análise linguística. Para ter mais informações sobre essa temática, consulte a bibliografia apresentada a seguir. Desejamos ótimos estudos e sucesso em processo formativo. Prof. Ma. Patrícia Cesar Gonçalves Pereira 4. TCD 5. CONCLUSÃO Siga nossas páginas! BIBLIOGRAFIA ALTENHOFEN, C. V.; RASO, T. (org.). Os contatos linguísticos no Brasil. Belo Horizonte: UFMG, 2011. p. 57–72. AZEREDO, J. C. Iniciação à sintaxe do português. 7. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. BATTISTI, E. O português falado no Rio Grande do Sul: história e variação linguística. In: BISOL, L.; BATTISTI, E. (org.). O português falado no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2014. p. 9–17. CALVET, L. J. Sociolinguística: uma introdução crítica. São Paulo: Parábola Editorial, 2002. CÂMARA JR., J. M. História e estrutura da língua portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Padrão, 1976. CARDEIRA, E. O essencial sobre a história do português. Lisboa: Editorial Caminho, 2006. CROCI, F. A imigração no Brasil: In: MELLO, H. R.; ALTENHOFEN, C. V.; RASO, T. (org.). Os contatos linguísticos no Brasil. Belo Horizonte: UFMG, 2011. p. 73–120 HOLM, J. O português do Brasil e o português europeu. In: MELLO, H. R.; ALTENHOFEN, C. V.; RASO, T. (org.). Os contatos linguísticos no Brasil. Belo Horizonte: UFMG, 2011. p. 157–172. MELLO, H. R. Formação do português brasileiro sob a perspectiva da linguística de contato. In: MELLO, H.; ALTENHOFEN, C. V.; RASO, T. (org.). Os contatos linguísticos no Brasil. Belo Horizonte: UFMG, 2011. p. 173–185. MELLO, H. R. The genesis and development of Brazilian vernacular Portuguese. Ann Atbor: Universidade de Nova York, 1997. MELLO, H. R.; ALTENHOFEN, C. V.; RASO, T. (org.). Os contatos linguísticos no Brasil. Belo Horizonte: UFMG, 2011. NEVES, M. H. M. Que gramática estudar na escola? Norma e uso na língua portuguesa. São Paulo: Contexto, 2004. 15 Siga nossas páginas! Indicação de artigos: Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões da professora: 1) O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR Neste artigo, você vai ver uma análise, sob uma perspectiva crítica, das orientações da BNCC no âmbito do ensino de Língua Portuguesa. https://drive.google.com/file/d/1L7wn-4HjxtuU5qZ31iaTfcOSwaIL5O9m/view?usp=sharing 2)CONHEÇA AS MELHORES OBRAS PARA SE APROFUNDAR NA BNCC DE LÍNGUA PORTUGUESA A revista Nova Escola publicou uma comparação entre os Parâmetros Curriculares Nacionais e a Base Nacional Comum Curricular na área de Língua Portuguesa. Confira as mudanças e as continuidades no link a seguir. https://drive.google.com/file/d/1qxvC8Bv8GRQRTogjps05JdPGAeKZSc9-/view?usp=sharing 3) A ANÁLISE LINGUÍSTICA NA SALA DE AULA E SUAS ARTICULAÇÕES COM AS PRÁTICAS DE PRODUÇÃO E REESCRITA TEXTUAL O trabalho com a gramática na sala de aula, continua sendo um desafio para muitos educadores, ainda que alguma fundamentação teórica e orientações metodológicas tenham sido produzidas e divulgadas nos últimos anos acerca dessa temática. O texto produzido pelo aluno constitui-se o elemento norteador das ações desencadeadas no processo investigativo, visto ser a unidade de ensino elementar para o trabalho com a escrita. https://drive.google.com/file/d/1n_LZQKnWZza0kx2WH6-66CDBXYPHkZZn/view?usp=sharing 16 Siga nossas páginas! https://drive.google.com/file/d/1L7wn-4HjxtuU5qZ31iaTfcOSwaIL5O9m/view https://drive.google.com/file/d/1qxvC8Bv8GRQRTogjps05JdPGAeKZSc9-/view https://drive.google.com/file/d/1n_LZQKnWZza0kx2WH6-66CDBXYPHkZZn/view SIGA NOSSAS REDES SOCIAIS https://www.instagram.com/r2formacaopedagogica/ https://www.facebook.com/https://www.instagram.com/r2formacaopedagogica/ https://www.youtube.com/c/R2Forma%C3%A7%C3%A3oPedag%C3%B3gica https://twitter.com/FormacaoR2 https://www.linkedin.com/company/r2-forma%E7%E3o-pedag%F3gica
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