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Historia da Arte Contemporanea - UNIDADE 4

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HISTÓRIA DA ARTE CONTEMPORÂNEA
UNIDADE 4 – AS ARTES DE AGORA
Autoria: Márcia Merlo - Revisão técnica: Leandro da Conceição Cardoso
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Introdução
Caro(a) estudante, nesta unidade retomaremos as ideias centrais que envolvem a arte contemporânea. Nosso
foco será a teorização da comunicação em relação à arte na era tecnológica, considerando a contextualização
histórica e algumas das principais realizações de determinados artistas: obras de arte atuais, que parecem
carregar em si as circunstâncias em que foram criadas e aquilo que representam.
Para tanto, precisaremos compreender que, falando do tempo em que estamos inseridos, sempre iremos
observar e compreender apenas uma parte do fenômeno. Ou seja, analisaremos algo que ainda está acontecendo
e que, muitas vezes, as teorias existentes não dão conta de definir. Assim, contemplar, analisar e ensinar arte
contemporânea requer pesquisa e uma metodologia que dê conta de identificar semelhanças, mas, sobretudo,
abranger sua diversidade e seu devir – o vir a ser. Aqui optamos por trazer estudiosos consagrados e
pesquisadores mais atuais, que estão atentos ao fazer artístico de agora.
Por isso, abordaremos o contexto teórico que entende a arte como comunicação, abarcando desdobramentos de
definições que englobam o pensar e o fazer artísticos. O período histórico ao qual nos ateremos vai de meados
dos anos 1970 até os dias atuais.
Acompanhe os tópicos a seguir com atenção. Bons estudos!
4.1 Sistema da arte na contemporaneidade
Refletir sobre o sistema da arte é analisar seu papel, definição, inter-relações e intersubjetividades. Parece
plausível considerar o local onde a arte é criada, seu tempo e suas circunstâncias culturais e políticas, assim
como conhecer todos os atores envolvidos no processo. Isso porque “[...] o sistema da arte é a estrutura que
reúne os agentes ativos do circuito artístico, de maneira que a atuação de cada agente contribui para seu
funcionamento e, que, as inter-relações propiciam o ‘movimento’ do sistema, estabelecendo sua própria
organização interna” (VÁLIO; GROSSMANN, 2007, p. 275).
Desse modo, podemos aprofundar um pouco mais o debate sobre a experiência marcante na arte 
contemporânea. Aquela que a define como arte, que apresenta o artista - com seu saber e fazer -, que mostra
quem é o apreciador da arte, ressaltando juízes de gosto e estéticos que criamos a partir da história da arte, da
nossa história e de um provável vir a ser. A arte na contemporaneidade está em , vivendo umamovimento
transformação na qual estamos envolvidos direta ou indiretamente, seja em um tempo um pouco mais distante
ou no momento presente.
Nossa experiência com a arte, seja como artistas ou como seus apreciadores depende de nossa
compreensão da arte. A compreensão que é um campo amplo e aberto depende, por sua vez, de algo
bem mais estreito: um conceito. O conceito é o eixo em torno do qual se situa nossa compreensão. É
com conceitos que nós entendemos, que elaboramos nossa visão de mundo, das coisas, de nós
mesmos. A compreensão da arte acontece, por exemplo, quando vemos um quadro, uma peça de
teatro e, desde a delimitação do objeto que já temos previamente estabelecida em nosso contexto
cultural, pensamos “isso é arte”. Aí podemos gostar dela ou não. O gosto não nasce sozinho, sem um
conceito prévio que nos indica que podemos compreender, e que logo podemos aceitar o que vemos,
ouvimos ou sentimos. Por outro lado, chamamos de arte contemporânea aquilo que vemos e que,
todavia, não conseguimos delimitar muito bem. Se não a entendemos é que não temos um conceito
preciso do que ela seja. Ela escapa aos nossos conceitos prévios e, por isso, nos perturba. (TIBURI,
2012, on-line)
A filósofa sintetiza a experiência com a arte. Podemos considerar que, independentemente do período em que a
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A filósofa sintetiza a experiência com a arte. Podemos considerar que, independentemente do período em que a
apreciamos, sempre analisaremos a obra a partir do . É o tempo presente que colore opresente vivido
movimento da memória e constitui juízos, a partir dos valores instituídos na sociedade e na cultura ao nosso
redor, e dos quais somos imbuídos. Por isso, ao colocar a questão do gosto, Tiburi (2012) explicita isso e revela
como pode ser perturbador não termos conceitos prévios para estabelecer certos juízos estéticos, que
perpassam, inevitavelmente, os juízos de gosto e até os ideológicos. A autora ainda coloca o seguinte:
A arte contemporânea não está na história, porque ela está acontecendo hoje, no tempo vivido e não
no tempo que podemos experimentar como histórico. Somos extemporâneos do tempo histórico
enquanto vivemos no “hoje em dia” construindo, paradoxalmente, o tempo histórico do qual somos
estranhamente separados. Verdade é que muito do que chamamos de arte contemporânea esteja já
“consagrada” pela teoria e, assim, pelo sistema. (TIBURI, 2012, on-line)
O exposto, contudo, faz parte da relação com a arte, com o mundo da arte e dos humanos. Sendo estranhamente
humana, a arte é um lugar e não somente um objeto de contemplação. Nos faz pensar ou sentir, ir além de um
lugar comum de análise ou não ir a lugar nenhum.
Arte, por sorte, sabem outros, não é selo de distinção, é experiência pessoal e coletiva capaz de
criticar e debochar da “distinção” a que tantos reduzem a arte. Por isso é que não importa selar a arte
contemporânea com o selo de arte, mas antes experimentá-la em sua estranheza como objeto que
não se deixa definir. Quem sabe ela nos mostre algo que ainda não sabemos enquanto acreditamos
que a arte cabe em nossas pequenas cabecinhas muitas vezes ocas de tantas ideias alheias. Arte é
também libertar-se do pensamento pronto e ousar pensar, e fazê-lo de um jeito diferente. A verdade
da obra está nesse lugar onde ela jamais está pronta. (TIBURI, 2012, on-line)
A compreensão da arte, portanto, relaciona-se com a educação e a cultura que recebemos. O conceito é elaborado
a partir desses elementos que são constituídos historicamente e, por isso, não é possível fugir da perspectiva
histórica no entendimento e na análise da arte. É preciso compreender outros elementos imbricados no fazer
artístico atual.
O tempo presente na arte é analisado por Agra (2004, p. 160) da seguinte forma: “[...] o termo ‘contemporâneo’
voltou a ter importância, já que passamos a viver o que Haroldo de Campos chamou de ‘poética da agoridade’, na
qual todos os passados convivem em uma espécie de presente contínuo, no espaço hipermidiático da rede”.
Entretanto, será que analisar o tempo vivido é uma tarefa simples? Evidentemente, não. É como ser juiz e parte
em um tribunal. Você necessita estabelecer um para ler o seu tempo e analisardistanciamento metodológico
partes do fenômeno em questão.
Continuando o exercício de pensar sobre a arte contemporânea, Agra (2004, p. 162) traz uma informação de
VOCÊ QUER LER?
O artigo da filósofa Márcia Tiburi (2012), intitulado “Arte contemporânea: sobre nossa 
dificuldade de pensar e fazer”, traz uma síntese bastante interessante para pensarmos a
dificuldade de se conceituar a arte contemporânea e ainda promove uma reflexão sobre a
apreciação. Não deixe de conferir!
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Continuando o exercício de pensar sobre a arte contemporânea, Agra (2004, p. 162) traz uma informação de
suma importância para refletirmos sobre o papel da comunicação e da tecnologia na configuração da arte na
contemporaneidade.
Em uma época de discussões em torno da Teoria da Informação e da Comunicação [...] a análise dos
meios de comunicação demonstrava que uma grande sofisticação podia ser encontrada na forma
mais reles de entretenimento popular. A figura de apresentadores de televisão egressos do rádio e
do circo, como Chacrinha, tornava-se a máxima representação de ideais de vanguarda: “Eu vim para
confundir e não para explicar”.
É muito interessante relembrar Chacrinha, mesmo para quem não foi seu contemporâneo. A figura de José
Abelardo Barbosa de Medeiros (1917-1988), comunicador de rádio e TV do Brasil e apresentador de programasde auditório de imensurável sucesso durante as décadas de 1950 a 1980, é emblemática.
A tecnologia estava aliada a outras ideias, ocorria a massificação da cultura e o produto arte-cultura era
consumido em múltiplos formatos, ironicamente, em meio a movimentos que repudiavam a pasteurização da
arte e o consumo excessivo de qualquer produto da sociedade individualista moderna. A questão é que o sistema
econômico engendrou outros sistemas, incluindo o da arte. Em suma, ocorreu um e movimento econômico
 que deve ser considerado nesse sistema da arte na modernidade e pós-modernidade.mercadológico
Cauquelin (2005) ressalta que houve a alteração do regime de consumo, relacionado ao movimento da arte
moderna, para o regime da comunicação, relacionado à ruptura proporcionada pela arte contemporânea. No
entanto, podemos nos perguntar em que sentido a autora apresenta essa mudança nos regimes. Isso ocorre,
sobretudo, ao analisar a arte , suas motivações e desdobramentos, e, mais precisamente, ao abordar apop
mudança no status do produto cultural. Isso não quer dizer que haja uma desqualificação da obra de arte, mas,
no sistema mercadológico capitalista moderno, o produto da arte adentra o sistema de renovação contínua do
consumo. A obra de arte não está imune ao sistema: mesmo guardando suas particularidades e potencial
criativo, a questão da reprodutibilidade técnica, tão bem explorada por Walter Benjamin (1892-1940), recoloca-
se.
O problema da arte concerne também o problema das massas - tanto do ponto de vista do mercado e
da produção de massa, quanto da própria estruturação do movimento de massa enquanto tal. Tanto
o fascismo quanto o capitalismo se aproveitam dessa nova relação a si que o sujeito constrói através
da imagem técnica. O sujeito pode, como nunca, se identificar ao objeto-imagem “massa” que ele
possui diante de seus olhos. O fascismo, em particular, explora ideologicamente essa possibilidade,
buscando obter uma segundo o modelo que lhe convém. Todavia, essareprodução das massas
mesma técnica poderia servir a outros fins: a imagem cinematográfica poderia servir, avança
CASO
Chacrinha repetia continuamente a frase: "Na televisão, nada se cria, tudo se copia". Entre os
programas de auditório, que apresentavam novos talentos, Chacrinha foi o personagem mais
polêmico e da TV. Era a época dos festivais, dos espetáculos e da espetacularização dakitsch
vida cotidiana. O , adentrando as casas, encontrava os aparelhos de rádio e televisão sob aspop
ideologias dos canais de comunicação.
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mesma técnica poderia servir a outros fins: a imagem cinematográfica poderia servir, avança
Benjamin, à . É por isso que, em sua reflexão sobre a relação intrínsecatransformação das massas
entre arte e política, a questão da técnica é tão importante para Benjamin. (MIGUEL, 2018, p. 197)
Para Cauquelin (2005, p. 58), a “[...] realidade da arte contemporânea se constrói fora das qualidades próprias da
obra”. Também é possível observar que ela se constitui da imagem que cria dentro dos circuitos de comunicação.
A relação entre arte e comunicação se imbrica na contemporaneidade, devido ao próprio sistema produtivo e
cultural em que vivemos. Assim, começa-se a perceber as novas interatividades entre a tecnologia, as massas e a
arte, com novas linguagens, meios, mediadores e outras interatividades, incluindo as inteligências artificiais.
Quebra-se, enfim, a dicotomia entre o real e o virtual.
4.2 Arte contemporânea e comunicação: entre teorias e 
ações
Para analisar o regime da comunicação, Cauquelin (2005) reforça que há cinco princípios a serem considerados
em relação ao movimento generalizado da comunicação na contemporaneidade, sendo esses: 1) ;noção de rede
2) ; 3) ; 4) bloqueio ou autonomia redundância ou saturação da rede nominação ou prevalência do
 (a rede) sobre o conteúdo; 5) ou simulação.continente construção da realidade em segundo grau 
Em Bueno (2010) também podemos encontrar referências para a teorização da era da comunicação na arte ou
da arte como comunicação.
O mundo da arte contemporânea, fundado numa ampliação da esfera artística, atua, assim, no
sistema de redes e depende da divulgação, levando a um comprometimento inevitável da autonomia
do campo. Um dos aspectos importantes da obra de Cauquelin é o papel preponderante que atribui à
mídia na ordem contemporânea. (BUENO, 2010, p. 41).
Em outra passagem, a autora atualiza o debate sobre o mundo das artes na contextualização de um novo sistema
de atuação inserido na contemporaneidade em geral, particularmente nas artes:
Os mundos da arte que vão processar essa produção – através do mercado e da indústria cultural –
estão preparados para se adequarem ao ritmo das transformações. Becker observa que na sociedade
do final do século XX, na qual o mercado se alimenta da inovação, os se tornam cada vezformatos
mais , assimilando rapidamente todas as eventuais rupturas. Portanto, com relação aoflexíveis
binômio ruptura/inovação, não podemos mais falar de marginalidade artística. Um dos pontos fortes
da obra de Becker, que a distingue das abordagens anteriores, deve-se ao fato de o autor conseguir
desterritorializar a análise da arte do espaço da alta cultura e da tradição artística norte-americana e
europeia para uma esfera mais ampla, que pode abarcar a indústria cultural e a produção realizada
na Ásia e na América Latina. (BUENO, 2010, p. 42)
O interessante dessa análise é o fato de reiterar que a arte moderna se inseriu no sistema de ruptura
 e deixou esse legado para a atualidade da arte, que se refez dentro de seu contexto, mas também/inovação
projetou seu próprio movimento. O que antes era considerado marginal, fora do campo da alta cultura ou da arte
considerada arte de fato, passa a ser compreendido de maneira mais flexível na contemporaneidade, como a arte
urbana, as instalações artísticas, a arte digital, as performances, a , entre outros gêneros.body art
O papel do dadaísmo e do surrealismo, após a Segunda Guerra Mundial, emplacou uma nova concepção de arte
contemporânea, além de todas as rupturas que as vanguardas artísticas e os movimentos sociais/culturais
proporcionaram ao nosso tempo. Nesse debate, há uma noção histórica que reitera que a teoria sempre dialoga
(ou deveria dialogar) com a prática e vice-versa. Olhar para as realidades sociais e entender a cultura,
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(ou deveria dialogar) com a prática e vice-versa. Olhar para as realidades sociais e entender a cultura,
contextualizando-a historicamente, é um movimento necessário para o enriquecimento do conhecimento em
geral e o campo da arte não está fora dessa discussão. Comunicamo-nos, hoje, de forma diferente, dentro de
outra temporalidade. A efemeridade e a informatização tomaram conta de nossas experiências mais comuns. É
claro que esse formato está em tudo, então, por que não estaria na arte?
4.3 Arte como conceito e imagem
Aqui o papel da fotografia é de extrema relevância para a reflexão sobre o papel da arte, a representação dela e
da realidade, assim como sobre o pensar a arte conforme o artista que concebeu/apresentou a obra. Contudo, a
fotografia privilegiou o lugar da imagem na arte contemporânea. A partir daí, outros usos, significados e arranjos
tecnológicos fizeram da fotografia um campo imenso de possibilidades dentro do fazer artístico atual.
[...] a grande inovação da arte conceitual no seio do campo artístico (Bourdieu, 1992) reside
precisamente no seu contributo decisivo e durável para auto centrar a arte em si e nos seus objetivos
inerentemente estéticos ao tornar-se, acima de tudo, uma ideia. Essa via pela conceitualização
significou à arte, mais do que obedecer a um conceito para se consagrar numa nova estrutura formal,
tornar-se um conceito sobre si mesma. No primeiro caso, trata-se de um método e que pode
perpassar grande parte da história da arte, ao passo que o segundo se reporta ao nível fundamental
de elaboração da arte. Ou seja, a arte expressa-se então aos olhos do artista e do público como
conceito/imagem. (AGUAR; BASTOS,2013, p. 183)
Pensar nessa desmaterialização da obra de arte pela primazia do conceito, reconfigurada na contemporaneidade,
seria como dizer que vivemos a arte pela arte. Podemos considerar que a reconfiguração, aqui, está relacionada
não a uma estética modernista no campo do formalismo da arte moderna, mas, exatamente, à desestruturação
 para se chegar a uma concepção mais aberta e plural desse fazer artístico, de seu própriodas antigas formas
conceito, ao qual se refere a arte pós-moderna, ou melhor, contemporânea. A simultaneidade, explorada pela
repetição de imagens que se transforma em pintura, vista na ou na própria fotografia, explicita apop art
capacidade desta de tornar seus próprios sujeitos uma obra de arte. Sua peculiaridade reprodutiva, aliada à
capacidade do artista de manipular a imagem com o uso de novas tecnologias, abriu um largo espaço para o
desenvolvimento da arte digital.
Na concepção dadaísta da arte, que verificamos nos de Duchamp (1887-1968); no uso da imagemready-made
fotográfica e da tecnologia, explorados ao máximo na ; na simplificação das formas, uso redirecionado daop art
luz e de novos materiais no minimalismo; ou ainda nas performances que desmaterializavam a obra em si, sendo
a ideia e a representação a própria arte e tendo no corpo um novo suporte artístico, exploradas na ,body art
podemos identificar a arte conceitual e a redefinição imagética da arte contemporânea, multiplicando
infinitamente o fazer e o pensar artísticos.
As transformações conceituais, materiais e imagéticas da arte também dialogaram com uma nova maneira de
comercializá-la. A arte conceitual demonstrou ter uma capacidade de reprodutibilidade técnica que aliou de
forma significativa a monetarização, ampliando seu mercado.
4.4 Arte e tecnologia
Muito se fala em tecnologia nos tempos de agora, mas técnica e tecnologia sempre acompanharam as culturas
humanas, uma vez que são ferramentas extracorpóreas para o indivíduo se constituir e se sobrepor ao seu
ambiente natural de forma “artificial”, desenvolvendo plasticidade própria. O que mudou, então, na modernidade
/contemporaneidade? Podemos dizer que foi a com a qual as mudanças ocorrem e o avanço nasvelocidade
ferramentas/instrumentalização das tecnologias, sobretudo na microeletrônica e na arquitetura das interfaces e
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ferramentas/instrumentalização das tecnologias, sobretudo na microeletrônica e na arquitetura das interfaces e
interatividades computacionais, além da introjecção dessas linguagens pelas novas gerações.
As autoras Bertoletti e Camargo (2016, p. 107) definem a conexão entre arte e tecnologia, trazendo elementos
para a discussão conceitual e apontando um caminho analítico para as obras de arte digital.
A arte é, acima de tudo, , ou seja, um evento a ser vivido em diálogo com um sistemacomunicação
dotado de e , e não mais um objeto. A partilha com os participantes da experiênciahardware software
modifica a relação obra-espectador, pois não se trata mais de um público com atitude contemplativa,
mas de sujeitos atuantes que recebem e transformam o que é proposto pelo artista por meio de
ações e decisões que são respondidas por computadores. É o fim do espectador e de sua passividade,
então trocada pela possibilidade. O espectador, que experimentava apenas a dinâmica da obra nas
etapas interpretativas de natureza mental, ganha possibilidades que devem ser exploradas quando
se provoca um sistema, ou seja, uma ampliação da interpretação mental pela inclusão de uma ordem
cinestésica de ordem interativa.
O que se observa é que o digital adentrou nossas mentes, informatizou nosso cotidiano, direcionou nosso
trabalho e redimensionou nosso tempo. Devemos nos adaptar, usando esse movimento a nosso favor ou nos
tornaremos escravos dele. O artista digital usa o meio, cria condições especiais para transmitir sua mensagem ou
produzir sua existência, coexistência ou resistência, dependendo de seus propósitos.
4.5 Artistas contemporâneos: um pouco de suas artes
Novos materiais, assim como o uso de outras linguagens e recursos tecnológicos, fazem cair por terra a antiga
maneira de fazer e de pensar a arte, trazendo o olhar e o fazer sob novos suportes artísticos. Aqui, de forma
sucinta, serão apresentados alguns artistas e analisados os contextos e materialidades/imaterialidades de suas
obras.
O universo da arte contemporânea não pode mais ser identificado a partir de uma base material
específica, nem mesmo pelo exercício de determinadas práticas. Pesquisas anteriores que realizamos
sobre o processo de trabalho e o ateliê do artista contemporâneo apontaram a presença de uma
grande diversidade material, envolvendo o exercício de competências muito distintas. Essa expansão
do repertório técnico e da base material ampliou as fronteiras das artes plásticas, circunscritas até
cem anos atrás ao meio da pintura e da escultura, aproximando-as de outros domínios e linguagens.
Em um primeiro momento, registramos um diálogo intenso com a fotografia, o cinema e as artes
cênicas. A seguir, essa relação extrapolou o âmbito das artes, enveredando por outros territórios,
como o vídeo, a internet, a alta tecnologia de um modo geral, a moda, e assim por diante,
VOCÊ SABIA?
O ciberespaço é o ambiente criado de forma virtual e constituído pelos meios de comunicação
modernos. Entre esses meios se destaca a internet, que foi possível devido a uma
infraestrutura técnica e de suportes, como cabos, fios, redes, computadores etc. A arte, assim
como toda a vida atual, está envolvida de forma direta e indireta com esse veículo de
comunicação que estrutura as relações sociais e a cultura em geral.
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como o vídeo, a internet, a alta tecnologia de um modo geral, a moda, e assim por diante,
indefinidamente. (BUENO, 2010, p. 43-44)
Algo singular nesse processo de compreender e definir a arte contemporânea, sobretudo nessa pós-
modernidade, é que não há uma única definição e nem podemos considerar que seria possível uma em meio a
tantas experiências novas e diversas, como afirma Gompertz (2013, p. 384):
Não há um termo consolidado para a arte produzida nas duas décadas que abrangem o fim do século
XX e o início do XXI. Em se tratando de movimentos, o pós-modernismo foi o último a ser
oficialmente reconhecido, e ele perdeu o fôlego perto do fim dos anos 1980. [...] os últimos 25 anos
foram extraordinários. Nunca antes tanta arte foi feita e comprada. Nunca antes o público e a mídia
tiveram tanto interesse pelo assunto. E nunca antes houve tantos lugares aonde ir para ver as coisas.
O lugar da arte na atualidade, seu “objeto” e seus suportes reiteram que pode ser feita em , comqualquer lugar
qualquer material ou até por meio imaterial, com a cibernética, e que é fruto de uma ideia, conceito, intenção,
projeto, ambientação, técnicas e autoria.
Ainda pode ser altamente lucrativa ao artista e seus intermediários, por meio das mídias, dos , dosmarchands
colecionadores de artes, do crivo de um crítico ou da perspicácia do próprio artista em apresentar sua arte e
negociá-la, como souberam fazer Andy Warhol (1928-1987) e Hirst, polemizando com suas obras (guardadas as
proporções e contextos artístico-conceituais).
4.6 Arte de rua e na rua
Os anos 1960 introduziram uma questão importante, explorada nos anos 1970 e intensificada na década de
1980, marcando definitivamente a experiência da , conforme coloca Gompertz (2013). Aacolhida urbana
identidade construída, que criou tal acolhida, é fruto de uma serie de profundas mudanças na arte moderna e de
rompimentos que a arte contemporânea estabeleceu com toda a anterioridade artística, tanto no sentido estético
quanto mercadológico.
As raízes da arte de rua podem ser encontradas nas pinturas rupestres que inspiraram tantos
artistas modernos, de Picasso a Pollock. Mas foi só no final dos anos 1960 e início dos anos 1970,
quando cidades como Nova York e Paris (e, notoriamente, o Muro de Berlim no início dos anos 1980)
VOCÊ O CONHECE?
Damien Hirst (1965) nasceu em Bristol, Inglaterra, no ano de 1965. Tornou-seum dos artistas
mais polêmicos e ricos do nosso tempo. Enquanto estudante da escola de artes londrina 
, organizou a exposição , com trabalhos de vários de seus colegas. EmGoldsmiths College Freeze
1991, realizou o projeto sua primeira exposição individual, em Londres,A Sign of Live, 
apresentando a escultura The Physical Impossibility of Death in the Mind of Someone Living
que apresenta um cadáver de tubarão dentro de um aquário com formol. A partir dessa obra,
outras com animais mortos ou vivos foram produzidas pelo artista, gerando um misto de
repúdio e fascínio por seu trabalho, que, apesar de polêmico, transformou-o em um artista
milionário.
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quando cidades como Nova York e Paris (e, notoriamente, o Muro de Berlim no início dos anos 1980)
tornaram-se a tela para uma geração de artistas não legalmente autorizados da guerrilha visual, que
a noção de arte de rua começou a ganhar força. Desde então o poder e a popularidade do movimento
de arte de rua aumentaram, lado a lado com a emergência de meios de comunicação social digitais,
ambos os quais dependem da propagação viral nas redes sociais para ganhar proeminência e
atenção. [...] A arte de rua tornou-se uma presença familiar e cada vez mais bem acolhida em
ambientes urbanos no mundo todo. (GOMPERTZ, 2013, p. 412)
Uma das mudanças mais significantes é a relacionada à antiga distinção entre alta cultura e cultura popular. A
qualidade técnica e criativa de muitos artistas de rua é inestimável, não sendo possível reduzir o valor estético
dessas intervenções.
Figura 1 - , Kobra, 2014Fight for Street Art
Fonte: Catwalker, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem consiste em uma fotografia de um grande muro com uma pintura em grafite o cobrindo
quase integralmente. O fundo do desenho é formado por formas geométricas multicoloridas. Acima dessas
formas há as pinturas realistas dos rostos dos artistas Warhol e Basquiat, com os braços cruzados no peito e
usando luvas de boxe.
O mural apresentado na imagem é do artista brasileiro Eduardo Kobra (1976). O grafite se trata de uma releitura
de uma emblemática fotografia de Michael Halsband, realizada em 1985 quando Warhol e Jean-Michel Basquiat
(1960-1988) posaram vestidos de boxeadores para a produção de uma série de cartazes.
A escolha dessa imagem é bastante representativa para o movimento da arte urbana e o papel emblemático da 
, bem como desses artistas, em especial para as novas gerações que se apoiam no cotidiano para criar.pop art
Pode-se observar, no grafite de Kobra, vários gêneros e técnicas, mas se destaca a geometrização ao fundo,
fazendo menção ao expressionismo cubista, aliada ao colorido da arte e à perfeição da imagem dos doispop
artistas. Ambos sintetizaram uma geração de nomes consagrados na ruptura com os padrões modernos e na
introdução de uma arte contemporânea em que os meios e os materiais foram outros. Como grafiteiro, no final
dos anos 1970, o jovem Basquiat, negro, filho de um haitiano e de origem pobre, impactou a cena artística nova
iorquina. Trazia em sua arte de rua elementos de outras manifestações artísticas. Não foi à toa que Kobra
reproduziu o cartaz dos dois artistas, utilizando elementos expressionistas, técnicas do grafite e o colorido da
arte .pop
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Torna-se interessante lembrarmos a relação polêmica de Warhol com os críticos de arte e outros artistas da
época, devido à sua maneira de pensar, fazer e negociar a arte. Essa relação com o mercado também marcou a
relação entre Warhol e Basquiat. Estamos falando de artistas que se consagraram como de sua arte:marchands
com apelos à cultura de massa e usando a mídia, tornaram suas obras muito conhecidas, altamente vendáveis,
populares e milionárias.
Figura 2 - Mural urbano sem título, Walala, 2015
Fonte: Michaelpuche, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem apresenta a fachada grafitada de um prédio. A pintura exibe cores vibrantes, mas com
destaque para o preto e o branco. Trata-se de uma composição com diversas formas geométricas.
É interessante observar intervenções urbanas, pois todas refletem a experiência artística da contemporaneidade
e, de forma aberta, misturam estilos e gêneros artísticos.
A história de Basquiat, que morreu com apenas 27 anos, rendeu boas produções
cinematográficas. O filme , dirigido pelo artista plástico JulianBasquiat: traços de uma vida
Schnabel (1996), traz um pouco da trajetória de vida que se misturou à sua arte.underground
Vale a pena assistir para conhecer mais sobre esse artista contemporâneo e seu contexto de
vida, de criatividade e de negócios. Confira!
VOCÊ QUER VER?
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Figura 3 - , Britto, 2013Best Buddies Friendship
Fonte: Hafakot, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem apresenta a escultura de um enorme urso, com aspecto infantil (como um urso de
pelúcia). A obra traz o colorido típico do artista, parecendo ser formada por recortes estampados em tons de
azul, verde, amarelo, vermelho, rosa etc.
Camille Walala e Romero Britto (1963), cada qual com suas singularidades, colocam claramente as referências
do gosto popular e dos traços expressionistas, geometrizados, coloridos, inspirados tanto nas vanguardas
artísticas do modernismo quanto na arte . Ainda assim não deixam de apresentar seus traços criativos epop
ousados dentro de uma experiência artística contemporânea.
4.7 Instalações artísticas
As instalações são provenientes das de artistas modernistas, como Duchamp e outros, que seexperimentações
intensificaram no período contemporâneo, sobretudo na década de 1960. Ainda são designadas como assemblage
ou ambiente construído em espaços de galerias, museus, ruas e até em ambientes naturais, gerando outros
gêneros artísticos, como , , arte e intervenções urbanas. land art minimal art povera A instalação passou a ser uma
forma de arte com potencial para transformar qualquer ambiente em cenário artístico. Confira a seguir mais
detalhes sobre suas características.
• Formato
Quando falamos em instalações, o público não é um mero apreciador da arte, passando a interagir com a
obra, seu conceito e, às vezes, com o próprio artista. Podem ser multimídia e provocar sensações
diversas, desde visuais, táteis e auditivas até térmicas, olfativas etc.
• Gênero
A ideia, o conceito e a intenção do artista são, via de regra, a essência da obra, por isso as instalações se
enquadram na arte conceitual.
A diversidade de temas, formas, materiais e locais expositivos e intervencionistas das instalações denotam
/conotam esse fazer artístico em sua multiplicidade de conceitos e intenções, assim como o que se quer
comunicar com a obra. A tecnologia é usada a partir do que se intenta transmitir.
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Figura 4 - , LeWitt, 1986Upside Down
Fonte: FMilano_Photography, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem apresenta uma grande estrutura de metal, composta por diversos cubos dispostos de
forma a se assemelharem a uma construção predial. Essa estrutura está suspensa no teto, passando a impressão
de ser um prédio invertido.
A instalação do artista Sol LeWitt (1928-2007) apresenta uma obra suntuosa, complexa, repetitiva, estruturada,
mas, sobretudo, bela e impactante, quase uma obra arquitetônica montada de ponta-cabeça.
As instalações gráficas, esculturais, pictóricas, de sucatas e até performáticas dependem dos propósitos
artísticos. Nesse sentido, há artistas que querem causar espanto ou repulsa, tendo o “causar” (seja lá o que for)
como mais uma questão para se pensar sobre a arte contemporânea.
Observa-se que em toda sua diversidade, a instalação artística tem como propósito maior mexer com os sentidos
/sentimentos do seu público, desde o instigar até quase o obrigar a experimentar certas sensações, sejam
agradáveis ou não. A grande questão que se coloca aqui é a liberdade do artista em manipular conceitos e
materiais em uma dada ambientação, fazendo dessa manifestação artística um espelho de nosso tempo-espaço. A
variedade de temas é imensa, assim como a polêmica causada em torno das obras que proporciona dinamismo e
contemporaneidade únicos.- -13
4.8 Land art
Esse gênero artístico traduz o conceito de e em ambientes naturais, utilizando-se de intervenção grandiosa
seus elementos, como pedras, folhas, galhos, madeiras, sal ou rochas para o fazer artístico intervencionista. A
ideia central desses artistas é expor que a arte cabe no espaço natural e é nele que estão seus elementos,
questionando o lugar tradicional de exposição da obra de arte. As materialidades e o lugar da podem serland art
o que desejar,-se desde que exteriores a um museu ou galeria. Logo, os lugares consagrados desse fazer artístico
são montanhas, praias, mares, lagos, desertos, campos ou outros ambientes naturais.
Figura 5 - , Smithson, 1970Spiral Jet
Fonte: Abbie Warnock-Matthews, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem exibe um pôr do sol na beira da praia, com o horizonte alaranjado. Em primeiro plano,
há um grande desenho traçado na areia que consiste em uma espécie de espiral.
A obra é uma escultura gigante, realizada por meio de terraplenagem pelo artista Robert SmithsonSpiral Jetty
(1938-1973). A obra é considerada um forte exemplo da , intermediando a instalação com a escultura emland art
paisagens naturais.
4.9 Esculturas contemporâneas
Há uma diversidade fenomenal de obras esculturais na contemporaneidade. Muitos artistas, que trabalhavam a
arte em outros suportes, passaram a desenvolver esculturas intensamente, explorando diversos materiais, novas
técnicas e tecnologias. Muitas dessas obras viraram grandes que expressam subjetividades,monumentos
tornando-se símbolos.
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Figura 6 - , Serra, 2002.Spheres
Fonte: Shawn Goldberg, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem apresenta uma escultura feita de grandes estruturas metálicas formando uma espécie
de vão arqueado. Está situada no hall de um espaço público, no qual há algumas pessoas sentadas e outras
circulando.
Em suas obras, Richard Serra (1939) faz uso da relação arte-ambiente, trazendo novos materiais, mas sempre
usando/modelando metais pesados, explorando formas incorporadas ao espaço de exposição/instalação da obra
e exaltando, assim, um fazer artístico característico da contemporaneidade, seja em áreas naturais ou urbanas,
galerias de arte ou em espaços públicos, como aeroportos, conforme é o caso da obra exibida na figura. Nesta
podemos ver pessoas circulando entre as placas inclinadas. Em função dessa relação entre obra e espaço, Serra
ficou conhecido como o .escultor de espaços
Figura 7 - , Bourgeois, 1996.Spider
Fonte: Mimadeo, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem apresenta uma enorme escultura em forma de aranha. Suas longas pernas têm pontas
finas que se assemelham a agulhas. A aranha é feita de bronze e está situada ao ar livre.
A escultura , de Louise Bourgeois (1911-2010), tem mais de três metros de altura, foi feita em bronze eSpider
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A escultura , de Louise Bourgeois (1911-2010), tem mais de três metros de altura, foi feita em bronze eSpider
está equilibrada em oito pernas, com terminações que remetem à agulhas e ao bordado. A artista, com a morte
da mãe, transformou suas experiências de infância no ateliê de sua progenitora em uma linguagem visual
altamente pessoal. Suas famosas aranhas foram usadas para simbolizar a psique feminina, a beleza e a dor
psicológica da perda.
Spider é considerada uma das esculturas mais impactantes do mundo, seja por sua grandiosidade ou pela
impressão que causa. Isso nos faz retomar a discussão em torno da simplificação das formas e da imaterialidade
da arte contemporânea. As esculturas monumentais são uma maneira de recolocar a importância no objeto da
arte, ainda que este tenha outra configuração e outros temas. O objeto marca o território, volta a ser imagem,
mas ao sair do lugar consagrado da arte e ir para as ruas, ou para outros ambientes fora dos museus ou galerias,
reafirma sua condição pós-moderna. Contudo, a obra é a expressão mais íntima da artista, daquilo que ela sente
e quer imortalizar.
Há mais um artista escultural icônico que apresenta outro gênero e sentido, trata-se do australiano hiper-realista
Ron Mueck (1958). Suas obras são “assustadoramente” reais, tanto que, para não confundir as pessoas, suas 
criações apresentam tamanho aumentado ou diminuído. São esculturas muito detalhadas que causam
inquietação no espectador. Mueck pode ser considerado um escultor-artesão: sem formação na área, tornou-se
escultor por paixão à arte e pelo seu nível técnico detalhista. Seus materiais são a fibra de vidro, por sua firmeza
e resistência, além de resina, silicone e argila.
Figura 8 - , Mueck, 2001Mask II
Fonte: Taner Muhlis Karaguzel, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem apresenta a escultura de uma cabeça gigante, de um homem branco, em representação
hiper-realista. A fotografia é um close do rosto da escultura, apresentando detalhes impressionantes na pele,
como marcas de expressão, pelos e poros.
Na figura anterior, podemos conferir uma das esculturas ultrarrealistas do artista, que já expôs algumas de suas
obras no Brasil, em 2014. Das nove obras expostas em nosso país, três foram produzidas especialmente para cá,
sendo elas um casal de idosos com guarda-sol (de 5 metros), um casal de adolescentes e uma mulher com bebê.
No Brasil, uma experiência inusitada, divertida, eclética e democrática foi proporcionada pelo evento conhecido
como Nesse movimento de arte a céu aberto, cada artista participante recebe como suporte paraCow Parade. 
sua expressão uma escultura de vaca, em tamanho natural, feita em fibra de vidro. Após a intervenção artística,
as esculturas são expostas em vias públicas e podem ser apreciadas por todos.
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4.10 Pinturas contemporâneas
Dentre todos os suportes, a pintura, sem dúvida, carrega um potencial expressivo humanista, de qualidade
técnica e do subjetivo do artista. Transmuta elementos simbólicos e psicológicos, transmitindo mensagens,
sejam estas temáticas, figurativas, abstratas ou híbridas (no sentido de manipular diversos recursos técnicos e
ou suportes). Assim, a na expressão de sua arte. A pintura e aindividualidade do artista se potencializa
escultura são os suportes que carregam mais tradição. São também aqueles que sofreram transmutações e pelos
quais o artista expressa seu conceito, intuição, referências, conhecimento e autonomia.
Figura 9 - Mural sem título, Haring, 1989
Fonte: Catwalker, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem apresenta uma pintura, em fundo branco, com todos os traços em laranja. Há a frase
“todos juntos podemos parar a AIDS”, escrita em espanhol. Logo abaixo da frase, há as silhuetas que são uma
marca do artista criador.
A figura apresentada se trata do fragmento de um mural, criado por Keith Haring (1958-1990), para uma
campanha de combate à AIDS, em 1989. Em 2014, foi reproduzida em um muro perto do museu Macba, em
Barcelona, ​​na Espanha.
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Figura 10 - Sem título, Basquiat, 1981.
Fonte: Photocritical, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: a imagem apresenta uma tela hipercolorida, com o azul predominando. Há um rosto humano,
aparentando sem um crânio, composto por diversas formas, riscos e rabiscos, coloridos por diversos tons. As
partes do rosto parecem ser compostas por recortes e colagens, formando uma expressão impactante.
Para finalizar, temos a obra apresentada acima, sem título, criada pelo jovem Basquiat, nos anos 1980. A
composição revela sua arte de rua, dos muros grafitados, de uma geração revoltada com sua condição e em busca
de uma identidade.
Conclusão
Nos tópicos que você acabou de ler, verificamos um pouco mais das teorias artísticas, localizando o papel
comunicativo da arte contemporânea, seus processos de individualização no fazer artístico e seu hibridismo em
relação às formas, suportes e conceitos. Ou seja, estudamos a arte com sua forte carga conceitual, tecnológica e
intervencionista no espaço atual e no tempo presente.
Dentro de uma perspectiva histórica não linear, ainda abordamos o trabalho de alguns artistas para
contemporizar seus feitos.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
- -18Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• entender a abrangência das teorias artísticas e como estas se configuram no contexto histórico e das 
práticas culturais de uma determinada época, sociedade, materialidade e imaterialidade;
• conhecer alguns gêneros artísticos contemporâneos que impactaram as artes dos anos 1970 até os dias 
atuais;
• identificar alguns artistas, obras de arte e características de seu fazer artístico.
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	Introdução
	4.1 Sistema da arte na contemporaneidade
	4.2 Arte contemporânea e comunicação: entre teorias e ações
	4.3 Arte como conceito e imagem
	4.4 Arte e tecnologia
	4.5 Artistas contemporâneos: um pouco de suas artes
	4.6 Arte de rua e na rua
	4.7 Instalações artísticas
	Formato
	Gênero
	4.8 Land art
	4.9 Esculturas contemporâneas
	4.10 Pinturas contemporâneas
	Conclusão
	Bibliografia

Outros materiais