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CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS INFECCIOSOS DE SÍTIO CIRÚRGICO Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS): · Condição localizada ou sistêmica, resultante de reação adversa à presença de agente infeccioso ou sua toxina, sendo causada por agentes infecciosos de fontes endógenas (por exemplo: presente na pele do paciente e contaminou a cirurgia) ou exógenas (por exemplo: presente em equipamentos e que não pertence a flora humana, como uma bactéria super resistente). · Não pode haver evidências que a infecção está presente ou incubada no momento da admissão do paciente no serviço de saúde (deve-se ter certeza de que o paciente não tinha uma infecção prévia – perguntar se o paciente teve febre, diarréia ou qualquer sintoma infeccioso nos últimos dias - caso tenha algum sintoma a cirurgia é suspensa). 1º) Infecção do Trato Urinário (ITU). 2º) Pneumonia Relacionada à Assistência à Saúde. 3º) Infecção de Sítio Cirúrgico. 4º) Infecção da Corrente Sanguínea. Infecção de Sítio Cirúrgico (ISC): · É a infecção relacionada a procedimentos cirúrgicos, com ou sem colocação de implantes, em pacientes internados e ambulatoriais, sendo classificada conforme os planos acometidos (quanto mais profundo mais grave, quanto mais superficial mais tranquilo). - com a colocação de implante demora mais para aparecer uma infecção, havendo a necessidade de monitoramento por mais tempo. · Risco infeccioso: potencial de infecção de sítio cirúrgico (ISC), com base em culturas positivas obtidas no intra-operatório. · A ISC ocupa o terceiro lugar entre o conjunto de IRAS (Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde). · Acomete entre 14% a 16% de todos os pacientes hospitalizados. · Terceira complicação infecciosa mais frequente em cuidados de saúde. · Prejuízos físicos, psicológicos e financeiros: - aumento da estadia do paciente (média de 7 a 11 dias). - aumento da chance de readmissão hospitalar. - aumento da chance de cirurgias adicionais. - aumento dos custos relativos ao tratamento (5,5x mais caro). Fórmula para o cálculo: · Numerador todas as infecções diagnosticadas no procedimento sob avaliação. As infecções devem ser computadas na data em que o procedimento correspondente foi realizado. · Denominador todos os procedimentos sob análise realizados no período. A razão é multiplicada por 100 (cem) e é expressa sob a forma percentual. - Exemplo: Foram realizadas 40 herniorrafias no mês de março de 2008; dentre estas, verificaram-se uma ISC superficial, diagnosticada em 25 março, e uma ISC profunda, diagnosticada dia 3 de abril do mesmo ano. A taxa de ISC do mês de março de 2008 será de: (2 / 40) x 100 = 0,05 x 100 = 5%. Fatores predisponentes de infecções de risco cirúrgicos: · Microorganismo: Quantidade de inóculo e Virulência. · Procedimento cirúrgico: Tipo de procedimento (classificação da ferida cirúrgica), Duração da cirurgia (quanto mais longa a cirurgia maior o risco de ISC), Hiperglicemia perioperatória (importante para a cicatrização) e Hipotermia perioperatória. · Paciente: Idade e presença de doenças (obesidade, diabetes mellitus e outras). Classificação da ferida cirúrgica quanto ao grau de contaminação: · Limpa (probabilidade de infecção é de 1 a 5%). - Tecidos estéreis e de fácil descontaminação. - Ferida cirúrgica com ausência de processo infeccioso ou inflamatório. - Sem penetração nos tratos respiratório, digestório e geniturinário. - Fechamento por primeira intenção. - Condições ideais de sala cirúrgica. - Sem quebra de técnica. - Drenagem fechada se necessária. - Estimativa de ocorrência de ISC < 2%. - Exemplos: safenectomia, revascularização do miocárdio. · Limpa-contaminada ou potencialmente contaminada (probabilidade de infecção é de 3 a 5%). - Realizadas em tecidos de difícil descontaminação. - Ferida cirúrgica com penetração nos tratos respiratório, digestório ou geniturinário. - Condições controladas. - Sem contaminação não usual. - Especificamente cirurgias envolvendo o trato biliar, apêndice, vagina e orofaringe são classificadas nesta categoria, sem evidências de infecção ou grande quebra de técnica. - Estimativa de ocorrência de ISC < 10%. - Exemplos: colecistectomia, apendicectomia, perineoplastia, gastrectomia, prostatectomia, nefrectomia, cirurgia de orofaringe. · Contaminada (probabilidade de infecção é de 10 a 17%). - Ferida aberta, aguda e acidental. - Cirurgia com grande quebra na técnica estéril. - Derramamento grosseiro do trato gastrointestinal. - Incisões em que se encontra inflamação aguda não purulenta, incluindo tecido necrótico sem evidência de drenagem purulenta. - Estimativa de ocorrência de ISC 20%. - Exemplo: apendicectomia na presença de processo inflamatório, colecistectomia na colecistite aguda, colectomia, redução de fraturas traumáticas recentes expostas (< 4h). · Infectada - Feridas traumáticas antigas com tecido desvitalizado retido, supuração, necróticos, corpos estranhos (ex: faca, caco de vidro, prego). Obs: UMA BALA É ESTERIL PELO CALOR COM QUE ELE SAI DA ARMA. - As que envolvem infecção clínica existente. - Víscera perfurada. - Secreções purulentas encontradas durante a cirurgia. - Fraturas exposta (>4h). - Estimativa de ocorrência de ISC 30 a 40%. - Exemplos: apendicectomia supurada, debridamento de lesão por pressão com tecido desvitalizado, enterectomia secundária a ruptura de víscera. · Diagnóstico ISC: - Presença de drenagem purulenta pela cicatriz; - Presença de eritema, edema, calor, rubor, deiscência (pontos abertos) e abscesso; - Principal fonte de informação: exame da ferida operatória. ISC – incisional superficial (IS): - Pele e tecido subcutâneo. - Ocorre nos primeiros 30 dias após o procedimento cirúrgico (sendo o 1 º dia a data do procedimento). - Pelo menos UM dos seguintes critérios: ● Drenagem purulenta da incisão superficial. ● Cultura positiva de secreção ou tecido da incisão superficial, obtido assepticamente. ● A incisão superficial é deliberadamente aberta pelo cirurgião na vigência de pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas: dor, aumento da sensibilidade, edema local, hiperemia ou calor, EXCETO se a cultura for negativa. ● Diagnóstico de infecção superficial pelo cirurgião ou outro médico assistente. ISC – incisional profunda (IP): - Tecidos moles profundos à incisão (ex.: fáscia e/ou músculos). - Ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia (sendo o 1 º dia a data do procedimento), ou até 90 dias, se houver colocação de implantes. - Pelo menos UM dos seguintes critérios: ● Drenagem purulenta da incisão profunda, mas não originada de órgão/cavidade. ● Deiscência espontânea profunda ou incisão aberta pelo cirurgião e cultura positiva ou não realizada, quando o paciente apresentar pelo menos 1 dos seguintes sinais e sintomas: febre (T>38ºC), dor ou tumefação localizada. ● Abscesso ou outra evidência de infecção envolvendo tecidos profundos, detectado durante exame clínico, anatomopatológico ou de imagem. ● Diagnóstico de infecção incisional profunda feito pelo cirurgião ou outro médico assistente. ISC – órgão/cavidade (OC): - Qualquer órgão ou cavidade que tenha sido aberta ou manipulada durante a cirurgia. - Ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia, ou até 90 dias, se houver colocação de implantes. - Pelo menos UM dos seguintes critérios: ● Cultura positiva de secreção ou tecido do órgão/cavidade obtido assepticamente. ● Presença de abscesso ou outra evidência que a infecção envolve os planos profundos da ferida identificada em reoperação, exame clínico, anatomopatológico ou de imagem. ● Diagnóstico de infecção de órgão/cavidade pelo médico assistente. Microrganismos relacionados à ISC: · Geralmente é causada por microrganismos colonizadores da pele e/ou mucosa do próprio paciente. · Os cocos Gram-positivos são os mais comuns: Staphylococcus aureus e o Staphylococcus coagulase negativo principais patógenos. · O principal mecanismo de contaminação de ISC é a inoculação direta da microbiota do próprio paciente, principalmente da pele e do sítio manipulado. Outros mecanismos: equipe cirúrgica,material, equipamento e o ambiente. · A ocorrência depende: capacidade de defesa do hospedeiro + quantidade do agente inoculado + virulência do microrganismo. Recomendações no Pré-operatório: Paciente: · Banho / gluconato de clorexidina (recomendada é a clorexidina 2%). · Pomada de mupirocina (borda nasal para reduzir a flora da região). · Preparo mecânico do intestino + antibióticos orais pré-operatórios em adultos a serem submetidos a cirurgia colorretal eletiva. · Profilaxia antibiótica em até 120 minutos antes da incisão cirúrgica. · Antissepsia sítio cirúrgico com CHG alcoólico (gluconato de clorexidina (CHG) em solução aquosa ou alcoólica). Equipe cirúrgica: · Escovação e lavagem das mãos. Recomendações intraoperatórias / perioperatórias: · Suporte nutricional. · Oxigenação (FiO2 80% intra-operatório e O2 suplementar 2 a 6h pós-operatório). · Controle glicêmico intensivo para diabéticos e não diabéticos: glicemia abaixo de 180 mg/dL até 24 horas após a anestesia; - CDC : no Peri-operatório, glicemia < 200mg/dL. · Normovolemia. · Uso de campos estéreis. · Dispositivos de proteção de feridas em cirurgias abdominais potencialmente contaminadas. · Suturas com fios revestidos com antimicrobianos. · Antimicrobianos (protocolo da Comissão de Infecção Hospitalar por tipo de cirurgia): - Uso de dose efetiva de 0 a 60 minutos antes da incisão cirúrgica. - A cefazolina é um dos antibióticos mais utilizados. - Se vancomicina e ciprofloxacina a infusão deve ser iniciada 1 a 2 horas antes da incisão. - Na maioria das cirurgias uma única dose antes da incisão cirúrgica é suficiente. - A profilaxia antibiótica não deve ser estendida por mais de 24 horas. Recomendações Pós-operatório: · Proteger a incisão primariamente fechada com curativo estéril por 24 a 48 horas. · Trocar o curativo (antes das 24 ou 48 horas) com técnica asséptica se molhar, soltar, sujar ou a critério médico. · Uso de soro fisiológico 0,9%. · Educar pacientes e familiares quanto aos cuidados com a incisão, na identificação e notificação de sinais e sintomas relacionados à infecção. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C
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