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HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA (HDA) A hemorragia GI alta, aquela proximal ao ligamento de Treitz, é o local mais comum de hemorragia GI aguda. A doença ulcerosa péptica e a hemorragia varicosa são as causas mais comuns. A maior parte da hemorragia GI baixa provém do cólon, com os divertículos e as angiodisplasias constituindo a maior parte dos casos. Em outros casos, a origem no intestino delgado é a causa. Múltiplos fatores influenciaram a incidência desta doença. O uso expressivo de certas medicações (p. ex. AINEs e inibidores seletivos da recaptação da serotonina) aumentou a prevalência da hemorragia GI, enquanto o uso de inibidores da bomba de prótons e agentes que erradicam a Helicobacter pylori diminuiu a incidência de hemorragia. A determinação do local do sangramento é importante para orientar as intervenções diagnósticas com um retardo mínimo. Entretanto, as tentativas de localização da origem nunca devem preceder as medidas de reanimação adequadas. Definição · Emergência cirúrgica não traumática. · Sangramento digestivo decorrente de lesões proximais ao ângulo de Treitz (porção do duodeno que é fixa). · HAD: Esôfago, estômago e duodeno 85% dos casos de hemorragias digestivas. - Doença péptica gastroduodenal. - Lesão aguda de mucosa gastroduodenal. - Varizes esofágicas – hipertensão portal. Epidemiologia · 1 a 2% das internações de urgência no Brasil. · Mortalidade em torno de 10%: - Comorbidades agravam o prognóstico (Ex.: Insuficiência Cardíaca até 28,4% de mortalidade). Quadro Clínico História clínica – queixa: · Melena fezes enegrecidas com odor forte e característico. · Hematêmese vômitos com sangue vivo. · Hematoquezia sangue vivo misturado nas fezes (mais comum na HDB). · Enterorragia sangramento em grande volume junto com as fezes. - incluir no exame físico o toque retal! · Sangramento oculto perda de maneira crônica. · Uso de AINH ou de anticoagulantes caso o paciente não use é importantes colocar que ele nega o uso. · Cirurgias / intervenções prévias. · Hábitos (etilismo) caracterizar a quantidade. · Região endêmica para esquistossomose. Critérios clínicos de alto risco para morbi-mortalidade: · Idade maior que 60 anos. · Comorbidades associadas Insuficiência cardíaca, Doença renal crônica, Diabetes mellitus, Neoplasias e Insuficiência hepática. · Choque ou instabilidade hemodinâmica Necessidade de transfusão sanguínea (Aspiração de sonda nasogástrica com sangue vivo, mas não é mais um consenso). · Hematêmese volumosa. · Enterorragia volumosa. · Melena persistente. · Hemorragia digestiva em pacientes internados (principalmente em hospitalizações não relacionadas ao TGI). · Ressangramento em pacientes já tratados com EDA. Conduta inicial nos pacientes com HDA Conduta inicial – ABCDE: · Vias aéreas pérvias (A). · Ventilação adequada (B). · Restaurar a volemia (C): · Exame físico: Palidez cutânea / mucosas; Perfusão periférica; Tempo de enchimento capilar/ PA/ FC/ FR; Alteração do nível de consciência; Diurese. · Acessos venosos calibrosos (em MMSS): Avaliar necessidade de cristaloide (Ringer Lactato) e hemoderivados (Hb entre 7 e 8 g/dL, idosos ou cardiopatas). * Distúrbios de coagulação: Plaquetas, Plasma Fresco Vitamina K, Sulfato de Protamina. Exames laboratoriais: · Hemograma. · Coagulograma. · Função renal – Eletrólitos. · Tipagem sanguínea. · Para hepatopatas – função hepática. Endoscopia Digestiva Alta: · Entre 12 – 24 horas de internação, idealmente após estabilização hemodinâmica. · < 12 horas: persistência de instabilidade hemodinâmica; pacientes de alto risco; hematêmese intra-hospitalar; contraindicação a interrupção de anticoagulantes (ex: prótese mecânica no coração). · > 24 horas: Preparo com eritromicina (pró-cinético) ou Lavagem gástrica – questionável ?!?!?! Classificação e causas mais frequentes HDA NÃO- VARICOSA: · Úlcera Péptica Hemorrágica: Ressangramento = estigmas endoscópicos. Second Look = nova endoscopia! A capacidade de prever a possibilidade de um novo sangramento possibilita a implementação de uma terapia profilática, monitoração mais rigorosa e a detecção mais precoce da hemorragia em pacientes de alto risco. A classificação de Forrest foi desenvolvida em uma tentativa de avaliar esse risco com base nos achados endoscópicos, e para estratificar os pacientes nos grupos de baixo, intermediário e alto risco. CONDUTA NA ÚLCERA (IMPORTANTE!): · Bloqueador da bomba de prótons por via endovenosa (reduz o risco de ressangramento e a necessidade de intervenção cirúrgica). · Omeprazol 80mg EV em bolus (infusão rápida) + Infusão contínua de 8mg/hora/72h. · H.pylori. · Interromper a utilização de AINES e outros medicamentos ulcerogênicos. · Indicação cirúrgica: - SANGRAMENTOS EXSANGUINANTES; - INSUCESSO DO TRATAMENTO ENDOSCÓPICO; - RECORRÊNCIA DO SANGRAMENTO APÓS TRATAMENTO ENDOSCÓPICO; - ÚLCERAS VOLUMOSAS E PROFUNDAS (> 2 cm); - ÚLCERAS EM LOCAIS DE ARTÉRIAS CALIBROSAS: Bulbo duodenal posterior – Gastroduodenal e Pequena curvatura – Gástrica esquerda. - SANGRAMENTO ASSOCIADO A PERFURAÇÃO. SEGUIMENTO NA ÚLCERA: · Bloqueador da bomba de prótons por 4 semanas Omeprazol 20mg 12/12 horas. · Tratamento para o Helicobacter pylori por 7 a 14 dias Amoxicilina 1g 12/12 horas e Claritromicina 500mg 12/12 horas. · Nova EDA de acordo com a evolução clínica. · Síndrome de Mallory-Weiss: · Hematêmese causada por lacerações longitudinais da mucosa do esôfago distal. · Vômitos incoercíveis Hiperemese gravídica e Intoxicação alcoólica. · 90% cessa espontaneamente. · Medidas iniciais de suporte Hidratação, Anti-eméticos e Bloqueador de bomba de prótons. · Avaliação endoscópica. · Tratamento Esclerose, adrenalização, cauterização. · Lesão de Dieulafoy: · Malformações vasculares. · Vasos arteriais submucosos presentes no corpo gástrico alto ou na pequena curvatura. · Fisiopatogenia Erosão superficial do vaso, circundado por mucosa normal; pode ocorrer hemorragia maciça. Endoscopia: · Dificuldades na identificação do local de sangramento: 1- Paciente pode se apresentar hipotenso e não haver sangramento ativo no momento do exame OU 2- Sangramento abundante dificultando a visualização. · Se identificável Métodos combinados de tratamento: heater probe + adrenalização melhores resultados. Endoscopia falha em identificar a lesão: · Arteriografia tronco celíaco para diagnóstico e tentativa de embolização OU · Tratamento cirúrgico: Ressecção em cunha ou Gastrectomia total. · Causas menos frequentes: · Hemobilia: sangramento das vias biliares para o trato gastrointestinal. - Tríade de Sandblom: HDA, dor em cólica em hipocôndrio direito e icterícia. - Causas: trauma hepático, procedimentos invasivos sobre fígado e vias biliares. - Endoscopia normal. - Arteriografia: diagnóstico e embolização. - CPRE: esvaziamento de coágulos na via biliar. · Hemosuccus pancreaticus: ruptura de aneurisma ou pseudo-aneurisma da artéria esplênica ou de seus ramos. Clínica: antecedente de pancreatite e hematoquezia. · Úlcera de Cameron: erosões ou ulcerações da mucosa gástrica em pacientes com grandes hérnias hiatais. · Tumores. · Ectasia Vascular de Antro Gástrico. · Fístula Aortoduodenal. HDA VARICOSA: · Síndrome de Hipertensão Portal: · Quando o nível pressórico do sistema porta supera em mais 5mm Hg a pressão da veia cava inferior. · A hemorragia decorrente da hipertensão portal é geralmente o resultado de sangramento de varizes. Essas veias submucosas dilatadas se desenvolvem em resposta à hipertensão portal, produzindo uma via colateral para a descompressão do sistema porta na circulação venosa sistêmica. · Circulação colateral desvio de sangue. · Formação de Varizes Gradiente de pressão sistema porta x veia cava inferior > 10mmHg. · Risco de sangramento Gradiente de pressão sistema porta x veia cava inferior > 12mmHg. · Gradiente > 20mmHg risco de sangramento contínuo e risco de insucesso terapêutico. Avaliação inicial: · História: hematêmese e/ou melena. · Antecedente/hábitos: esquistossomose/ etilismo/outras causas de cirrose. · Exame físico: buscar estigmas de hepatopatia crônica (ascite, cabeça de medula, sinais de desnutrição crônica). · Critérios de risco para morbi-mortalidade. · Conduta inicial – ABCDE. · Atenção ao nível de consciência! · Em comparação com sangramento não varicoso, a hemorragia varicosa está associada ao aumento do risco de ressangramento, maior necessidade de transfusões, maior permanência hospitalar e mortalidade aumentada. A hemorragia varicosa frequentemente é volumosa, acompanhada por hematêmese e instabilidade hemodinâmica. · CUIDADO PACIENTES COM MAIOR GRAVIDADE!!!!! Indicação de internação em UTI. Conduta (IMPORTANTE): · Endoscopia Digestiva Alta (precoce < 12h). · Terapia farmacológica Cirróticos – antibiótico profilático (7 a 14 dias): Ciprofloxacino, Ceftriaxona. · Drogas que promovam vasoconstrição esplâncnica (2 a 5 dias) Vasopressina (associada a nitroglicerina), Somatostatina, Octreotíde, Terlipressina. · Endoscopia Digestiva Alta Varizes de esôfago: 1 - Ligadura elástica (90% sucesso) ou 2 – Escleroterapia - injeção de etanolamina. · Endoscopia Digestiva Alta Varizes de fundo gástrico Escleroterapia - injeção de cianoacrilato. Balão de Sengstaken-Blackmore: · Indicação: - Sangramento volumoso com grave instabilidade; - Ressangramento pós-tratamento endoscópico; - Indisponibilidade de tratamento endoscópico. · Sonda com dois balões Esofágico e Gástrico. · Complicações (20 a 30%) Pneumonia por aspiração; Laceração esofágica; Perfuração esofágica. · Tempo ideal de permanência: 12 – 24h. Conduta – Refratariedade: · Descompressão Portal de Emergência TIPS (Transjugular Intrahepatic Portosystemic Shunt) através da veia hepática perfura o parênquima hepático gerando um caminho alternativo. Seguimento: Medicamentoso: · Beta bloqueador não seletivo (Propranolol, Nadolol) ou Nitrato (caso o paciente tenha asma). · Bloqueador da bomba de prótons por 4 semanas Omeprazol 20mg 12/12 horas e Sucralfato. · EDA: Ligadura elástica programada. · TIPS ou descompressão cirúrgica dependendo da reserva hepática. · Paciente esquistossomótico Além das medidas clínicas, indicação de tratamento cirúrgico; Derivação portal seletiva (anastomose espleno-renal); Desconexão azigoportal + esplenectomia (DAPE). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C
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