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1 Sangramento Gastrintestinal H EM ORRA G IA DI G ES TI VA A LT A Introdução e definições ► Causa comum de admissão hospitalar ▪ Mortalidade em torno de 10% ► Apresentação clínica variável ► Principais achados clínicos ▪ Hematêmese − Vômitos de sangue vivo − Geralmente em grande volume − Rápida repercussão hemodinâmica − Etiologia proximal ao ligamento de Treitz Outros: sangramento gengival, nasofaríngeo, pulmonar e de origem pancreático-biliar ▪ Melena − Fezes enegrecidas, pastosas e de odor fétido − > por sangramento de trato digestivo alto Raro: sangramento originário do jejuno, íleo ou cólon ascendente ▪ Enterorragia Etiologia e fisiopatologia ► Causas mais comuns ▪ Úlcera péptica ▪ Lesão aguda da mucosa gastroduodenal ▪ Varizes de esôfago ▪ Síndrome de Mallory-Weiss ► Dividida em varicosa e não varicosa Varicosa ► Uma das complicações mais graves da cirrose hepática ▪ ↑ morbidade e mortalidade ▪ 25 a 35% dos pacientes cirróticos ► Forma varizes quando pressão portal > 10mmHg ▪ Aumentam diâmetro progressivamente − Proporcional ao aumento da pressão portal Influência do fluxo sanguíneo das veias colaterais ▪ Ruptura − Consequência do ↑ da tensão da parede da variz Causa: ↑ da pressão hidrostática no interior do vaso ▪ Sangramento raro se: gradiente de pressão entre a veia hepática livre e ocluída estiver < 12mmHg Não varicosa ► Etiologia + frequente: úlcera gastroduodenal ▪ 40 a 70% ► Sangramento autolimitado (80%) ► Mortalidade aumentada (10%) ► Critérios de maior gravidade Quadro clínico ► Caracterizar: ▪ Forma de exteriorização do sangramento ▪ Duração do evento ▪ Antecedentes patológicos de doenças hepáticas ▪ Úlcera péptica ▪ Ectasias vasculares cutâneo-mucosas − Síndrome de Osler-Weber-Rendu ▪ Câncer ▪ Histórico de ingestão alcoólica, vômitos e uso de medicações (AINEs e Anticoagulantes) ► Exame físico ▪ Sinais de magnitude de perda sanguínea − Palidez cutâneo mucosa 2 − Hipotensão − Taquicardia ▪ Sinais de hepatopatia crônica − Telangectasias − Ascite − Ginecomastia − Eritema palmar ▪ Exame retal − Aspecto + coloração das fezes − Presença de doenças anorretais Diagnósticos e exames complementares ► Técnicas ▪ Endoscópicas − Endoscopia digestiva alta Papel fundamental Estratificação do risco de ressangramento Papel no tratamento − Na úlcera péptica Achados de sangramento ativo em jato, vaso visível ou sangramentos em porejamento → associados a > índices de ressangramento Segundo classificação de Forrest Fatores preditivos de gravidade Se base limpa: risco reduzido de ressangramento − Colonoscopia − Enteroscopia − Cápsula endoscópica ▪ Radiológicas − Angiografia − Angiotomografia computadorizada − Trânsito intestinal ▪ Radioisotópicas − Cintilografia com hemácias marcadas com tecnéico Abordagem inicial e tratamento específico ► Medida inicial ▪ Manutenção de via aérea pérvia − Oxigenação + ventilação adequadas − + ressuscitação hipovolêmica ► Reposição volêmica ▪ Imediata com obtenção de acesso venoso periférico calibroso → infusão de cristaloides + transfusão de hemoderivados ► Amostras de sangue para ▪ Tipagem sanguínea ▪ Dosagem de hematócrito ▪ Hemoglobina ▪ Coagulograma ▪ Uréia ▪ Creatininda ▪ Eletrólitos ► Tratamento específico varicosa ▪ Combinação ou sequência de: − Uso de drogas vasoativas Objetivo: reduzir pressão portal Antes da realização da endoscopia Manter por 2 a 5 dias ou até 48h após controle do sangramento Uso de Terlipressina ✓ Análogo sintético de longa duração da ação de vasopressina ✓ Menor frequência de efeitos colaterais ✓ Complicações decorrentes de eventos isquêmicos, evitar em caso de: • História pregressa de doença arterial coronariana • Arritmias cardíacas • Arteriopatias • Acidente vascular cerebral Somatostatina ✓ Efeitos adversos • Dor abdominal • Diarreia • hiperglicemia Octreotide 3 ✓ Análogo sintético da somatostina → efeito redutor de pressão é controverso ✓ Previne ↑ de pressão portal no período pór-prandial Obs: vasopressina + nitroglicerina: não mais utilizadas pelos efeitos adversos Após término de drogas ativas parenterais → iniciar uso de betabloqueadores (propranolol ou nadolol) não seletivos Entre o 3º e 6º dia após sangramento Reduzir risco de recorrência de ruptura varicosa Ajustar dose até ✓ Redução de 20% da frequência cardíaca basal ✓ Surgimento de efeitos adversos − Terapia endoscópica Identificação da lesão responsável Prognóstico Realização de hemostasia Métodos Injeção de agentes esclerosantes ✓ Solução de oleato de etanolamina ou polidocanol Ligadura elástica das varizes Injeção de adesivo tissular (cianoacrilato) − Tamponamento com balão esofágico Terceira linha Indicado nos sangramentos maciços sem resposta aos ttos anteriores Inserção por via nasogástrica Sob insuflação, com Pressão média de 35 a 45mmHg Cada 12 horas: desinsuflar a via esofágica por 30 minutos Reduzir o risco de necrose isquêmica do esôfago Utilizar em período curto (<24 horas) − Colocação de TIPS (Transjugular INtrahepatic Portosystemic Shunt) − Cirurgia de derivação portal ▪ Profilaxia com ATB é obrigatória − Do diagnóstico até uma semana após início do quadro ↓ taxa de ressangramento e mortalidade − Quinolonas e cefalosporinas Norfloxacino 400 mg a cada 12 horas, por via oral, ou ceftriaxone 1 g a cada 12 horas, por via intravenosa ► Tratamento específico não varicosa ▪ Depende da etiologia ▪ Sempre indicada endoscopia ▪ Outros: isolados ou combinados − Injeção de agentes esclerosantes Adrenalina Oleato de etanolamina − Métodos térmicos Eletrocoagulação mono e bipolar Coagulação com plasma de argônio Heater probe Laser − Métodos mecânicos Hemoclipes Endoloops Ligadura elástica ► Tratamento por hemorragia de úlcera péptica ▪ Combinação de terapia endoscópica + inibidores de bomba de prótons por via intravenosa contínua + pesquisa e erradicação do Helicobacter pylori − Os inibidores mais utilizados são o omeprazol ou pantoprazol, na dose de 80 mg em bolus, seguidos de 8 mg/h em infusão contínua nas 72 horas subsequentes 4 H EM ORRA G IA DI G ES TI VA B A I X A Introdução ► Sangramento originário distalmente ao ligamento de Treitz ► Quadro clínico ▪ Variável − Sintomas como perdas de pequenas quantidades de sangue vermelho-vivo, geralmente com as fezes (hematoquezia), até sangramento volumoso (enterorragia), o que pode provocar instabilidade hemodinâmica e necessidade de hemotransfusão ► 20% dos casos de hemorrafia gastrintestinal ► Mais comum em idosos ► 80% é autolimitado Etiologia ► Varia conforme faixa etária ▪ Acima de 60 anos − Sangramento por doença diverticular − Angiodisplasia − Neoplasia colorretal ▪ Mais Jovens − Doença hemorroidária 5 − Doença inflamatória intestinal ▪ O intestino delgado é responsável por aproximadamente 0,7 a 9% dos casos de enterorragia Avaliação clínica inicial ► Sangramentos volumosos → instabilidade hemodinâmica ▪ Palidez ▪ Taquicardia ▪ Dispneia ▪ Taquipneia ▪ Hipotensão arterial ▪ Síncope ► Investigar: ▪ Duração dos sintomas ▪ Recorrência ▪ Quantidade de perda sanguínea ▪ Mudança do hábito intestinal ▪ Antecedente de radioterapia ▪ Medicações associadas a maior risco de sangramento − Aspirina, anticoagulantes orais ▪ Antecedente de doenças gastrintestinais ▪ Para diagnóstico diferencial − História de dor abdominal − Perda de peso − Febre − Diarreia − Suboclusão intestinal ► Exame físico ▪ Exame retal minuciosocom inspeção da região perianal + toque − Caracterização da perda sanguínea e diagnóstico de patologias orificiais ► Avaliação laboratorial mínima ▪ Hemograma + coagulograma ▪ Quando instabilidade hemodinâmica, acrescenta − Eletrólitos − Lactato − Gasometria arterial Diagnóstico ► Colonoscopia ▪ Procedimento de escolha ▪ Localização do sítio (80%) − Avaliar a presença de estigmas de sangramento, como hemorragia ativa, coágulos aderidos e vasos visíveis + hemostasia ▪ Realizar após limpeza do cólon ► Cintilografia ▪ Mais sensível que a arteriografia para pequenos sangramentos − Normalmente se faz antes também ▪ Não pode utilizar para tto − Precisa confirmar por endoscopia, arteriografia ou cirurgia ► Arteriografia ▪ Quando hemorragia volumosa, a eficácia da colonoscopia é menor ▪ Pode identificar o ponto de sangramento em 90% dos casos e permitir a embolização do vaso correspondente, reduzindo a necessidade de tratamentos cirúrgicos ▪ Fluxo superior a 0,5 mL/min ▪ Complicações − Trombose arterial − Reação ao contraste − Insuficiência renal aguda ► Enteroscopia ▪ Indicada naqueles pacientes cujo local de sangramento não foi identificado por endoscopia digestiva alta ou colonoscopia ▪ Equipamentos − Enteroscópio convencional (push enteroscopy) e enteroscópio de duplo balão ► Capsula endoscópica ▪ Exame do intestino delgado, particularmente nos casos de sangramento gastrintestinal obscuro Tratamento ► Medidas iniciais ▪ Reposição volêmica e corrigir os distúrbios associados ▪ A transfusão de concentrado de hemácias é necessária para manter a hemoglobina entre 8 e 9 g/dL ▪ Se coagulopatia (INR > 1,5 ou plaquetas < 50.000) 6 − Reposições de fatores de coagulação com plasma fresco ou concentrado protrombínico ou ainda a transfusão de plaquetas − A anticoagulação de agentes orais pode ser revertida com plasma fresco e vitamina K ► Tratamento específico ▪ A hemostasia durante a arteriografia pode ser feita pela infusão intra-arterial de vasopressina ou por embolização arterial ▪ Infusão de vasopressina deve ser iniciada assim que o ponto de sangramento for identificado − Ocorre vasoconstrição arterial + contração intestinal, diminuindo o fluxo sanguíneo para a região acometida S ANG RA MEN TO G AS TR IN TES T INA L OB SCUR O Definição ► O sangramento persistente ou recorrente que apresenta investigação inicial por endoscopia digestiva alta e colonoscopia inconclusivas ► Pode ser oculto ou visível 7 Etiologia ► Local mais comum: intestino delgado ▪ Pode estar no trato digestivo alto ► Etiologia mais comum: angiodisplasia Manejo ► Exames como enteroscopia, cápsula endoscópica, enteroscopia com duplo balão, cintilografia ou arteriografia são indicados ▪ Se permanecer indefinido ou necessidade de hemotransfusão → abordagem cirúrgica ► A realização de enteroscopia no intra-operatório facilita o diagnóstico das lesões, com sensibilidade em torno de 55 a 75%
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