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Curso de graduação em Medicina Italo Oliveira Perutti TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC’S) Porto Velho- RO 2021 HEMISSECÇÃO COMPLETA MEDULAR O que ocorre com a motricidade voluntária, o tato discriminativo e a sensibilidade termo-algésica neste tipo de lesão medular? Sabemos que a medula é considerada um condutor de impulsos nervosos sensitivos e motores entre o cérebro e as demais partes do corpo, possuindo tratos orientados longitudinalmente, configurando a substância branca, circundando a substância cinzenta (corpos de neurônios). A substância branca forma tratos que são vias nervosas ascendentes e descendentes que conduzem os impulsos nervosos ao cérebro e das partes do cérebro para o corpo. Os tratos mais importantes do ponto de vista clínico são: trato espinotalâmico anterior, espinotalâmico lateral, fascículo grácil e cuneiforme, corticoespinhal lateral e corticoespinhal anterior. Nessa definição, destaca-se a Síndrome de Brown-Sequard, a qual pode ocorrer em lesões neoplásicas e traumáticas, que normalmente acometem o funículo posterior e lateral em apenas um lado da medula. As lesões motoras são resultantes da lesão do trato corticoespinhal lateral, o que acarretará síndrome do neurônio motor superior do mesmo lado abaixo do nível da lesão; a lesão do trato espinotalâmico lateral, levará a perda sensitiva de dor e temperatura abaixo do nível da lesão e contra lateral; e por lesão dos funículos grácil e cuneiforme, culminando em perda da sensibilidade vibratória, tato epicrítico e propriocepção abaixo do nível da lesão. Ademais, tendo em vista que a síndrome de Brown-Sequard é classicamente encontrada em lesões da medula espinal, ressalta-se que seu quadro típico reflete uma hemissecção medular com perda da função motora ipsilateral associada a um déficit da sensibilidade superficial (dor e temperatura) contralateral e sua etiologia mais frequente são lesões traumáticas seguidas por lesões medulares. Nesse viés, a hemisseção da medula espinal pode ser causada por fratura com luxação da coluna vertebral, ferida por projétil de arma de fogo ou facada, ou um tumor expansivo e ela pode ser do tipo hemisseção incompleta, a qual é mais comum; ou hemisseção completa que é rara. Diante disso, apontam-se as seguintes manifestações clínicas típicas que são observadas em pacientes com hemisseção completa da medula após o término do período de choque medular: • Paralisia ipsilateral do neurônio motor inferior no segmento da lesão e atrofia muscular. São causadas por lesão dos neurônios na coluna cinzenta anterior e possível mente lesão das raízes nervosas do mesmo segmento. • Paralisia espástica bilateral abaixo do nível da lesão. O sinal de Babinski está presente ipsilateralmente e, de acordo com o segmento medular lesionado, ocorre perda ipsilateral dos reflexos abdominais superficiais e cremastérico. Todos esses sinais decorrem de perda do trato corticoespinal no lado da lesão. A paralisia espástica é produzida por interrupção dos outros tratos descendentes que não o trato corticoespinal. • Faixa ipsilateral de anestesia cutânea no segmento da lesão. Resulta de destruição da raiz posterior e sua entrada na medula espinal ao nível da lesão. • Perda ipsilateral da discriminação tátil e das sensações vibratória e proprioceptiva abaixo do nível da lesão. Esses sinais são causados por destruição dos tratos ascendentes no funículo posterior no mesmo lado da lesão. • Perda contralateral das sensações de dor e temperatura a baixo do nível da lesão. Decorre de destruição do trato espinotalâmico lateral cruza do no mesmo lado da lesão. Como o trato cruz a obliquamente, a perda sensitiva ocorre dois ou três segmentos abaixo da lesão distalmente. • Perda contralateral mas não completa da sensação tátil a baixo do nível da lesão. Esse déficit origina -se de destruição do trato espinotalâmico anterior cruzado no lado da lesão. Aqui, de novo, como o trato cruza obliquamente, o déficit sensitivo ocorre dois ou três segmentos abaixo do nível da lesão distalmente. A perda contralateral da sensação tátil é incompleta porque o tato discriminativo que segue nos tratos ascendentes no funículo posterior contralateral permanece intacto. REFERÊNCIAS: · DE SOUSA GOMES, Rúbia Soares et al. Traumatismo raquimedular por projétil de arma de fogo, manifestando clinicamente com Síndrome de Brown Séquard. Anais do Seminário Científico do UNIFACIG, n. 3, 2018. · SINCE ITS DISCOVERY, Brown-Séquard Syndrome. Síndrome de Brown-Séquard de sde su descubrimiento Universitas MEdica, v. 60, n. 2, 2019. · SNELL RS. Neuroanatomia clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.