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Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Enxertos e retalhos A pele é o maior órgão do corpo e tem espessuras variadas. Independentemente da espessura, ela terá duas camadas: a derme e a epiderme. Quando vamos enxertar, vamos pegar peles com espessuras parecidas. O enxerto é uma área doadora que você vai transferir para uma área receptora, isso sem irrigação direta. Não existe nenhum vaso que irriga diretamente essa pele. A única coisa que irriga é o contato da rede vascularizada por difusão. Ela só vai ter a microcirculação com a angiogênese. O primeiro trabalho sobre enxerto de pele foi na Alemanha em 1822, com reconstrução de nariz. Mas foi na Segunda Guerra Mundial que os enxertos ganharam destaque. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Indicações É indicado para feridas traumáticas. Nas imagens acima, temos um paciente que teve uma lesão vascular, onde precisou amputar o metatarso. Para fechar essa ferida, nós utilizamos o enxerto. Ressecções oncológicas. Aqui, era um tumor no couro cabeludo, não vai dar para fechar primariamente e vamos lançar mão do enxerto. Queimaduras são o caso mais comum de enxertia. Contratura cicatricial. Geralmente as que não fez enxerto e não teve o tratamento adequado, fica com essa banda cicatricial que impede que o paciente levante o pescoço. É feito uma incisão e inserimos pele aí. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Reconstruções de auréola em pacientes que fizeram mastectomia. Tirar pele da região medial da coxa e faz enxertia de auréola. Dá uma coloração próxima. Primeira coisa que é feito é o fechamento primário, dar ponto nas bordas e tentar resolver. 2° enxerto. Não tem como fechar com pontos. 3° Retalho local. Quando o enxerto vai ficar com a sequela e o paciente perde alguma função. Como por exemplo ou enxerto que retire a pele da pálpebra, impedindo que o paciente feche o olho. 4° Retalho à distância 5° Retalho Livre. Em termos de execução e eficácia, o enxerto é relativamente simples de fazer e resolve muitos problemas. Podemos classificar a luz de três maneiras. Em relação as formas de obtenção 1° Auto enxerto -> quando tiro pele do mesmo paciente e implanta no mesmo paciente. O risco de rejeição é menor. 2° Aloenxerto ou homoenxerto -> aqui você está levando enxertos entre indivíduos da mesma espécie, mas não geneticamente iguais. Tem grande risco de perda. Se for doado de um cadáver certamente irá perder, porém o objetivo é fazer um curativo biológico para evitar perda de evaporação e evitar infecção por porta de entrada. 3° Xeno-enxerto -> peles de espécies diferentes. Zero compatibilidade. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 No xeno-enxerto temos o exemplo da pele de tilápia em grandes queimados. Aqui, o objetivo não é que a pele integre, mas nos ganha muito tempo para que a pele epitelize. Quanto a espessura 1° pele parcial 2° pele total Enxerto de pele total. (A, B, C e D) -> Quando tira apenas epiderme e derme e fica o subcutâneo na parte de baixo. A e B retirados -> enxerto de pele parcial. Pode retirar até parte da derme. Quando retira total da área doadora, não cria uma nova pele ali. Somente enxerto de pele total precisa fechar com sutura. Assim, área de pele total a ser retirada deve ser pequena e limitada. No caso de enxerto de pele parcial, elas tendem a reepitelizar novamente. Desde que fique um pouco da derme, o ferimento vai fechar. Nesse exemplo, não é necessária muita pele, então podemos fazer uma ressecção de pele total. Necessário fechar a área doadora com pontos depois. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Nesse caso, temos uma ferida maior. Não temos tanta área doadora de pele total. Nesse caso, fazemos uma pele parcial. Notar que houve uma contratura secundária na segunda imagem (TEMA DE PROVA!). A contratura primária é causada pela elastina do enxerto de pele total, e acontecem assim que a pele é retirada. Se eu preciso de um enxerto de 3 cm, retirar um pouco a mais pois haverá contratura primária. A contração secundária ocorre depois que cicatriza a área enxertada. Causada pelos miofibroblastos ao redor da ferida. Ocorre no enxerto de pele parcial. OBS.: Áreas de dobradura e articulação, e ainda áreas que é necessário muito movimento, precisamos fazer um enxerto de pele total, onde há bastante elastina. Agora, peitos e ombros, onde não tem muita alteração de mobilidade, pode fazer um enxerto parcial. Quanto à forma. 1. Em estampilha ou selo (vários pedacinhos de enxerto, deixando várias ilhas sem enxertos, e vai cicatrizando por segunda intenção). Quase não é feito. 2. Laminar 3. Malha 3. Malha Faz bastante. Tira pede parcial e passa uma máquina onde ela fenestra todo o tecido. Com isso nós ganhamos em extensão de área. Vantagem: aumenta a cobertura. Tem as fenestras aue permitem a drenagem do exsudato. Desvantagem: o aspecto estético é muito feio. Se parece com couro de jacaré depois que cicatriza. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Área doadora depende do tamanho da lesão. Pele parcial vai se regenerar. Se for pele total, não se regenera e precisa fechar com pontos. Pescoço é uma área que necessita de movimentação. Deixar que cicatrize por segunda intenção, poderia gerar uma contratura. Fazemos enxerto de pele total. Se usar pele parcial, com a retração secundária que vai gerar, pode gerar sequela de movimento. No caso de uma ferida grande como essa acima, não tem como colocar pele total aqui. Em compensação, é uma área que é possível fazer enxerto de pele parcial. Aqui no enxerto, mostra algumas incisões com bisturi para que a área seja drenada. As fitas de micropore estão ali para ajudar a fixar o enxerto para que ele não seja perdido. Deixa pelo menos 5 dias. Se tirar com óleo, a fita não puxa a pele junto. Esse esquema mostra de onde podemos retirar enxerto de pele total. Geralmente são de áreas de dobras que nós retiramos. São poucas as áreas em que podemos retirar pele total. Em contrapartida, podemos retirar pele parcial de vários pontos. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 A pele parcial pode ser retirada de duas maneiras. A primeira delas é retirar com uma faca de Blair. É possível regular a abertura da lâmina e ela é passada tangencialmente a pele esticada. É um material meio arcaico, e pode serrilhar um pouco a pele. Exige mais técnica. A segunda maneira é o dermátomo elétrico. Se parece com uma máquina de cortar cabelo. Com o dermátomo sai uma pele de melhor qualidade e na espessura correta. O ideal é que a pele seja preparada com óleo, para que a máquina não agarre. Ideal que a área receptora tenha sangue, mas com sangue dentro do vaso. O sangue solto precisa ser limpo e hemostaseado. Uma poça de sangue faria com que houvesse perda de contato entre o enxerto e a área receptora. A área precisa estar irrigada e com tecido de granulação. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Existem três fases para uma boa integração do enxerto. A primeira fase imediata é a de embebição - > é o primeiro contato do leito doador com leito receptor. São os dois primeiros dias, onde ainda sai exsudato e começa a ter umadifusão plasmática. A segunda fase é a inosculação -> depois do segundo dia. Começa a criar uma rede de fibrina e o enxerto começa a "colar". Por isso curativo de enxerto não pode ser retirado até o quinto dia. Neovascularização -> após o quinto dia. O enxerto já começa a ser irrigada por microcirculação Como complica o enxerto? > A não integração do enxerto. Ou seja, você perde o tecido. > Hipertrofia da área doadora, além de sequelas de outra contratura. > Hipercromia de área doadora também. No primeiro caso, era um paciente que retirou o melanoma, mas era um paciente com má circulação e diabético. Não está encostado com a área receptora. No segundo caso, a área doadora ficou escura. Depois pode tentar fazer peeling e alguns tratamentos para tentar clarear o local. Paciente com lesão no couro cabeludo. Enxerto pega no osso? Depende! Tem tecido conectivo ali? Se sim, o periósteo é vascularizado e pega. Pega em cima de cartilagem? Se tiver pericôndrio pega. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 RETALHOS CUTANEOS As pessoas confundem muito o que é retalho e o que é enxerto. No enxerto não tem nenhum vaso que o irrigue diretamente e no retalho já tem. Você transfere um segmento de pele de um local para outro, mantendo um pedículo vascular. Ligação de um retalho é composta por dois tipos de irrigação. A primeira é uma macrocirculação. A macrocirculação são artérias de grandes vasos que dão em artérias segmentares, e que seguem como artérias perfurantes. Essa macrocirculação geralmente são para retalhos maiores, retalhos compostos. Nos retalhos cutâneos, nós usamos a microcirculação. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 A microcirculação é formada pelo plexo submucoso e dérmico. Alterações fisiológicas após elevação de um retalho. A primeira coisa que acontece é interrupção do fluxo sanguíneo de algumas regiões. Ainda existe um fluxo sanguíneo, mas ele é parcial, a irrigação já não vem mais de todos os lados apenas, de onde a pele do retalho ainda está fixa. Então o processo de autonomização do retalho, e começa a criar mais vasos para aumentar o fluxo. Com o tempo começa a ter a neovascularização, para irrigar aquele retalho de novo. Classificação em relação ao suprimento sanguíneo. Qual é a artéria que está irrigando onde a seta está apontando? Está vindo apenas de uma região. Se não sabemos o nome da artéria, é um retalho que chamamos de randomizado. O suplemento vem exclusivamente por subderme ou derme. Aqui já é um retalho maior, cujo sei qual artéria irriga: Artéria angular do nariz, ramo da artéria facial. É um retalho que chamamos de axial, temos uma artéria dominante levando todo o fluxo sanguíneo. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Aqui temos um de local ou retalho de avanço. Mas de onde está vindo sangue? Está tudo incisado por todos os lados. Está vindo do plexo subdermico! A incisão é feita na pele, mas o subcutâneo não foi retirado. 3 :1 -> avança 3 cm em cima mas pelo menos 1cm ainda precisa estar preso ao subcutâneo. Ainda em retalhos locais, temos o retalho de rotação. Nesse caso foi feito duas rotações para retirar uma lesão que estava no meio da cabeça do vôzinho. Temos ainda um retalho de transposição. Pode ser chamado também de retalho romboide. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Retalho bilobado ou de dupla transposição. Na primeira seta, um lobo serve para tapar a pele onde foi retirada a lesão, e a segunda pele, para reparar onde foi feito o primeiro retalho. Retalho de interpolação. Falta muita pele para tapar apenas uma ilha. Deixa parte do pedículo garrado justamente para ter a circulação. Depois de 21 dias, onde a neoangiogênese já está sendo formada, esse pedículo é retirado. Retalhos a distância pediculado. Aqui temos um defeito no nariz, e é preciso retirar pele da fronte para tampar a lesão retirada. Assim como no exemplo dado anteriormente, o pedículo fica por 21 dias até ser retirado. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Defeito no cotovelo do paciente que não pode ficar exposto. Enxerto aqui seria muito complicado. Precisaria de enxerto de pele total, porém a área muito grande. Foi feito um retalho pediculado na região do flanco. Novamente por 21 dias, depois resseca o pedículo e solta o braço. Composição dos retalhos. Pode ser simples, quando tem uma única estrutura, no caso dos retalhos, é pele. O composto geralmente leva a pele com músculo, precisa ter um vaso nutrindo tudo isso não pode ser apenas um retalho randomizado. (Precisa ser retalho axial)
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