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1 Keyse Mirelle – 6° Período Otorrinolaringologia – 24/08/2021 PATOLOGIAS DO OUVIDO EXTERNO A orelha externa, devido à sua peculiar localização, anatomia e fisiologia, está sujeita a uma ampla gama de afecções, variando desde quadros poucos sintomáticos e autolimitados até infecções agressivas, com alto índice de mortalidade. Exemplo: Paciente chegou no ambulatório com uma otite externa, com bastante edema em concha, a paciente não sentia dor, mas normalmente quando é nessa região a dor é bastante dolorosa. ANATOMIA Devemos lembrar a anatomia (de fora para dentro) onde temos o pavilhão auricular onde a região inferior não possui cartilagem e a superior possui. Devemos lembrar que a pouca cartilagem que possui na região inferior ela se continua até a região do conduto (terço externo do conduto – seta verde) e mais um pouco na frente já seria a região óssea (cheia de buraquinhos). Podemos afirmar que a cartilagem do pavilhão tem relação com a cartilagem do conduto. Por exemplo, quando temos uma otite externa temos dor com a movimentação do pavilhão auricular ou do trago, isso ocorre porque movimentamos a cartilagem do conduto. OTITE EXTERNA DIFUSA - Também chamada de ‘‘Orelha do nadador’’ - Comum em locais quentes e úmidos-climas tropicais Obs: banho de mar e piscina, ou seja, banhos de imersão - Orelhas traumatizadas: cotonóides, introdução de objetos (palito de dente, fósforo) - Lavagens excessivas: ele remove a camada de cerúmen, elevando o pH, macerando a pele e acúmulo de restos epiteliais, que associado ao ambiente quente e úmido, favorecem a proliferação de patógenos e infecção. PATÓGENOS - Pseudomonas aeruginosa (a bactéria mais comumente relacionada com infecção do ouvido externo, exceto em uma patologia que é a furunculose – otite externa localizada que ocorre por Staphylococcus aureus) - Proteus mirabilis - Staphilococcus aureus - Estreptococos - Bacilos gram-negativos SINTOMATOLOGIA - Otalgia e dor à manipulação de pavilhão auricular (dor ao apertar o trago e dor quando aperta na articulação, a dor costuma ser intensa) Obs: Vale ressaltar que a dor a manipulação de pavilhão não só acontece na otite externa. Por exemplo em RN - Perda auditiva condutiva (isso normalmente acontece por conta do edema, inchaço do conduto e dificuldade do ar passar, consequentemente tem dificuldade também do som passar o qual resulta na perda auditiva). - Zumbido (normalmente quando há perda) - Otorréia (ela não costuma escorrer, ela é uma secreção densa = secreção grumosa, ou seja, é o oposto do ouvido médio que é uma secreção fluida e escorre) SINAIS - Edema de CAE (= edema de conduto) - Hiperemia - Secreção espessa com debris epiteliais A pele na imagem acima tem característica de ‘’pele molhada ou úmida’’, conseguimos ver um inchaço (edema no próprio epitélio) e umidade. 2 Keyse Mirelle – 6° Período Otorrinolaringologia – 24/08/2021 Também observamos descamação na primeira imagem acima. Obs: Devemos ficar atentos sobre a umidade, porque muitos pacientes já chegam no consultório utilizando de gota otológica. Então, esses pacientes relatam que estão com dor de ouvido, devemos então perguntar se dói quando mexe o pavilhão, mas não tem debris só vem a umidade por ele está usando gota e ao examinar o paciente tem disfunção de articulação. Ai não sabemos então se esse paciente está ou não com otite externa ou se essa dor é desde o início da articulação, como temporomandibular, porque a própria gota também gera essa modificação da pele como mostra na imagem acima e aí ficamos perdidos se é infecção ou se é da gota. Temos que tomar cuidado, como mostra na imagem acima porque as vezes está bastante edemaciado, como mostra na 3 imagem que tem uma secreção mais espessa. As vezes também tem um eczema do lado de fora como se a pele estivesse ‘’desfarelando’’ e por vezes o processo inflamatório vem para a região de concha (região mais externa). TRATAMENTO - Limpeza adequada: IMPORTANTE!!! Obs: não fazemos limpeza em todos os pacientes na primeira consulta, mas não podemos deixar sujeira lá, mesmo que tenhamos tratado e utilizado gota. Então, se o paciente não tiver uma otalgia intensa vamos fazer a limpeza de ouvido. Sendo assim, se pudermos limpar desde o início iremos fazer, mas se não puder vamos limpar quando o paciente estiver melhor. - Analgesia - ATB tópico e corticoide tópico na forma de gotas ou curativos otológicos - Corticoide oral (pode ser utilizado, hoje em dia o professor só usa quando tem edema) - ATB (=antibiótico) oral quando edema ultrapassa limites do CAE (=conduto auditivo externo) - Proteção otológica (vamos evitar de molhar o ouvido, então vamos pedir para o paciente utilizar algodão e pinga umas gotinhas de óleo no algodão, retiramos o excesso do óleo, e botamos no ouvido, após terminar o banho vamos retirar esse algodão) - Compressa morna (alivia a dor) OTITE EXTERNA LOCALIZADA - Chamada de ‘’Circunscrita ou furunculose’’ Obs: Staphylococcus aureus é a bactéria q geralmente ocorre em furúnculos. - Infecção do conjunto folículo piloso – glândula sebácea, localizados no 1/3 externo do CAE (=conduto auditivo externo) - Mesmos fatores desencadeantes da difusa - Resulta da obstrução da unidade pilossebácea - Germe gram-positivos, principalmente o Staphylococcus aureus. SINTOMATOLOGIA - Otalgia e dor à manipulação de pavilhão auricular - Perda auditiva condutiva - Sinais: • Edema circunscrito de CAE • Hiperemia • Flutuação local Obs: Nos sinais já observamos que temos uma alteração diferente ao da otite média externa difusa, pois na difusa tínhamos um edema em todo o anel do conduto, já na localizada temos um edema circunscrito (=localizado) e também vai ocorrer ponto de flutuação (=olho do furúnculo), mas nem todos os casos tem esse ponto de flutuação. 3 Keyse Mirelle – 6° Período Otorrinolaringologia – 24/08/2021 TRATAMENTO - Limpeza adequada - Analgesia - Calor local: compressas por 15 min 3-4x/dia - ATB tópico e corticoide tópico na forma curativos otológicos (cremes). Normalmente o professor usa a pomada Bactroban em cima desse furúnculo, essa só serve para Staphylococcus. - ATB oral (já entramos de primeira) - Se persistir: incisão e drenagem OTITE EXTERNA NECROSANTE - Conhecida como Otite externa maligna, mas isso não é sinônimo de câncer. - É uma doença infecciosa que se inicia no CAE e se dissemina para o restante do osso temporal e ossos da base do crânio - Caráter progressivo e potencialmente letal - Menor morbimortalidade atualmente pelos avanços diagnósticos e terapêuticos Obs: Isso ocorre porque mesmo que a gente entre com antibiótico errado, uma dose inadequada vamos segurar o processo, ou seja, o processo fica ali mais dormente, sendo assim ele não avança. Além disso, em alguns casos não devemos utilizar a dose de bula porque é ineficiente, e sim devemos ter coragem para aumentar essa dose para ter um tratamento eficaz. O perfil dos pacientes: - Imunocomprometidos – em especial idosos e diabéticos (80%), principalmente insulinodependentes - Outras doenças que causam comprometimento imunológico: desnutrição, neoplasia, quimioterapia, radioterapia, SIDA, deficiências primárias de imunoglobulinas. Temos que tomar cuidado com os idosos mais do que se fosse um paciente jovem, porque ele tem risco de evoluir para OE maligna, o mesmo ocorre para diabéticos. Por isso, não devemos rotular pacientes!!! PATÓGENOS - Pseudomonas aeruginosa - Staphilococcus aureus - Staphilococcus epidermidis - Proteus mirabilis - Arpergillus fumigattus - Candida albicans FISIOPATOLOGIA - Se inicia como uma OE, o microorganismo se instala na junção ósteocartilaginosa e segue para o osso temporal. - Pode se propagar atravésdas fissuras de Santorini, do forame estilomastóideo ou da sutura timpanomastóidea. - Causa osteíte, osteomielite e necrose dos tecidos moles. Obs: A osteíte e osteomielite ela vai causando o processo inflamatório e vai ‘’comendo’’ o osso. - Se não diagnosticado pode envolver a base de crânio através de canais vasculares, fossa infratemporal, músculos, mastoide, parótida, ATM. Pode envolver os pares cranianos: VII, IX, X, XI, XII; pode envolver o ápice petroso, acometendo o V e o VI; levar a trombose do seio cavernoso, acometendo o III, IV e VI. QUADRO CLÍNICO - Otalgia e otorreia em imunocomprometido que não melhora com o tratamento. - Piora da otalgia, cefaleia e dor em ATM, piora da otorreia (piosanguinolenta), hipoacusia, hiperemia e edema de pavilhão. Obs: Normalmente o paciente começa com uma otorreia que não escorre, mas se for um idoso ou imunocomprometido ai começou a escorrer o ouvido, vamos então imediatamente pensar que está se transformando em otite externa maligna. Logo, se começou a escorrer ele está fazendo tecido de granulação e secreção fluida. - Raramente febre e sinais de toxemia (imunocomprometimento) OTOSCOPIA - Edema de CAE - Hiperemia - Tecido de granulação na junção osteocartilagionosa - Secreção (geralmente fluida) - Sinais de mastoidite, trombose do seio sigmoide, abscesso cerebral e paralisia dos nervos podem surgir. 4 Keyse Mirelle – 6° Período Otorrinolaringologia – 24/08/2021 Na imagem abaixo mostra uma zona de necrose com secreção fluida, na segunda imagem temos um pólipo que é um tecido de granulação grande, na terceira imagem temos um pólipo com secreção grumosa por trás, mas conseguimos ver esse tecido avermelhado e brilhante. E geralmente quando o paciente tem pólipo a secreção fica fluida. OBS: SE O PACIENTE FOR DIABÉTICO, IDOSO E ENCONTRARMOS UM PÓLIPO, ATÉ QUE SE PROVE O CONTRÁRIO SERÁ UMA OE MALIGNA. DIAGNÓSTICO - História - Cultura com antibiograma (geralmente só pedimos se o paciente estiver internado) - Anatomopatológico (diferenciar de carcinoma) - TC com contraste (pedimos para avaliar acometimento ósseo e extensão) - RNM (pedimos para acometimento intracraniano e trombose de seios e grandes vasos) - Cintilografia com tecnécio e gálio (osteomielite) – raramente pedimos. Obs: O tecnécio é utilizado para fazer diagnóstico, logo ele positiva rapidamente, mas por outro lado ele demora muito tempo para normalizar. Já o gálio ele normaliza ou tem uma regressão desde o inicio do tratamento. Sendo assim, tecnécio é bom para diagnóstico e o gálio para avaliação de tratamento. DICA DO PROFESSOR: Primeiro acontece a traição (T de tecnécio) e depois o ‘’gálio’’. Sendo assim, quem aconteceu primeiro foi o tecnécio e o gálio vem depois. - Exames laboratoriais, VHS e PCR (para avaliar índice glicêmico e a parte inflamatória) TRATAMENTO - Deve ser agressivo • Hospitalização com ATB EV • Se no início, ATB oral (ou podemos utilizar também nos casos que o uso do ATB foi feito de forma/dose errada) • Limpeza e retirada de tecidos desvitalizados • Curativos (extremamente importante) • Cirurgia a depender do caso e complicação Obs: Nem sempre vamos hospitalizar o paciente com OE maligna. Obs: Existem estudos que a dose mais alta de ATB funciona. Obs: Para limpeza utilizamos a cauterização química, é bastante importante, ele queima o tecido inflamatório. OTITE EXTERNA FÚNGICA - Conhecida como Otomicose - Isolada (menos frequente, porque o paciente procura menos o atendimento médico, porque não sente dor e somente prurido) ou associada a infecção bacteriana - Umidade e temperatura elevada - Comum em OMC, uso de AASI, mastoide aberta, uso prolongado de gotas, antecedentes de micose em outro local, DM e imunodeficiência. - Fungos são isolados em 31% dos sadios, como saprófitas. PATÓGENOS - Aspergillus • Flavus (amarelo-esverdeado) • Niger (escuro ou negra) • Fumigatus (cinza-esverdeado ou cinza-azulado) - Candida (albicans e parapsilosis) – branco Obs: geralmente o tratamento fúngico é bem mais difícil de fazer do que um tratamento bacteriano. QUADRO CLÍNICO - Geralmente é pobre - Principal sintoma é o prurido - Plenitude aural e otorreia SINAIS - Presença de fungo - Umidade e otorreia 5 Keyse Mirelle – 6° Período Otorrinolaringologia – 24/08/2021 - Perfusão pode estar presente, principalmente nas otites externas fúngicas que temos dificuldade de tratar e não vemos uma melhora, podendo ser uma perfuração puntiforme. **Nos casos associados a bacteriana, sintomas mais exuberantes. TRATAMENTO - Limpeza adequada: IMPORTANTE - Fungicidas tópicos - Proteção otológica OBS: Existe um erro muito grande entre os ORL, porque fazem limpeza do tipo lavagem de ouvido em OE. Está errado porque não pode ‘’molhar’’ o ouvido. Podendo causar uma doença crônica. Obs: Nesses casos do tratamento fúngico, se a limpeza com aspirador não fornece tão bem, vamos solicitar que o paciente faça uso de medicamento manipulado e aí ele vai fazer uso da mesma medicação que o professor usa, só que de dosagem maior. Então vamos lavar com essa medicação e o paciente responde muito bem. MIRINGITE BOLHOSA -Chamada de Otite externa hemorrágica - Otalgia importante (paciente queixa-se de muita dor) - Vesícula com conteúdo hemorrágico em MT ou 1/3 interno de CAE - Principalmente no inverno - Geralmente é Viral ou pode ser micoplasma pneumoniae - Tratamento é controle da dor sistêmica e gotas anestésicas - Ruptura das bolhas alivia dor, porém predispõe a infecção (não sugerimos) OTITE EXTERNA GRANULOSA - Infecção da porção interna do CAE - Sintomatologia escassa (leve otorreia, plenitude e hipoacusia) - Otoscopia: tecido de granulação de MT (membrana timpânica) ou CAE (conduto auditivo externo) - Tratamento: limpeza, cauterização química, gotas ou creme com ATB e corticoide Vemos um pólipo lá no fundo OBS: Se encontrarmos paciente com sintomatologia escassa e tecido de granulação será OE granulosa, mas se encontrarmos paciente com grande sintomatologia e tecido de granulação será OE maligna. 6 Keyse Mirelle – 6° Período Otorrinolaringologia – 24/08/2021 HERPES ZOSTER - Vírus varicela-zoster em pessoas que já tiveram varicela (catapora) através de reativação do vírus que fica nos gânglios da raiz dorsal dos nervos da pele. - Imunodeficiência ou estresse podem reativar. - Vesículas dolorosas com base inflamada em um dermátomo respeitando a linha média. - Pode ser disseminado em pacientes em quimioterapia ou com HIV. - Quadro otológico com otalgia e cefaleia, vesículas em concha e parede superior de CAE que depois rompem-se e vira uma crosta. - Quadro bastante doloroso e autolimitado - Se acometer o facial, com paresia ou paralisia, podendo apresentar ou não, PANS (=perda auditiva) e tontura- Síndrome de Ramsay-Hunt - Tratamento: cuidados locais, curativos, analgesia e corticoterapia e uso de antivirais. Vemos as vesículas nas conchas (primeira imagem) ou crostas (na última imagem) PERICONDRITE E CONDRICTE - Inflamação do pericôndrio e da cartilagem respectivamente - Após o trauma ou infecção da pele (OE, celulite e pircings) - Eritema, calor e induração do pavilhão, edema, pontos de flutuação, febre e linfonodomegalia. - Lóbulo é poupado (porque ele não tem cartilagem). - Ponto de flutuação indica separação do pericôndrio, diminuindo aporte nutricional e necrose da cartilagem, em horas, levando a deformidade. - Patógenos da OE - Tratamento: ATB oral, drenagem, desbridamento - Em caso de piora: Hospitalização DERMATITE IRRITATIVA E ALÉRGICA DE CONTATO - Ocorre em pacientes susceptíveis que produzem uma resposta cutânea localizada, irritativa ou alérgica,ao contato com determinados agentes. - Dermatite alérgica: níquel (brinco), borracha (fones), corantes (xampus e cosméticos), medicamentos (neomicina)- geralmente não ocorre no primeiro contato (diferente da irritativa), mas apenas após período de sensibilização. - Dermatite eczematosa infecciosa: inflamação cutânea do CAE pelo contato com secreção purulenta da OM. - Tratamento: controle da otite média e cuidados com conduto. Secreção que escorreu do ouvido médio e causou essa dermatite DERMATITE SEBORREICA - Doença inflamatória crônica em CAE e pavilhão, associada a lesões em couro cabeludo, testa e pálpebras. - Caracteriza-se por glândulas sebáceas numerosas e ativas, levando a descamação, exsudação e prurido. - Tratamento: xampus a base de enxofre e selênio, alternados com corticosteroides tópicos. CERUMEN - É conhecida como ‘’cera’’. - Quanto mais enegrecida significa que está mais endurecida. 7 Keyse Mirelle – 6° Período Otorrinolaringologia – 24/08/2021 CORPO ESTRANHO Esponja, papel, palito de fósforo, barata, feijão, milho. ESTENOSE Estenose de conduto: o conduto apresenta-se bem estreitado, como mostra na primeira imagem. Exostose (segunda imagem): protuberâncias ósseas. Geralmente ocorre mais em pacientes que tomam banho em aguas frias, como surfistas Osteoma (terceira imagem): Protuberância, geralmente, vinda de um local só. MAL FORMAÇÕES Os pacientes que tem esse furo, como na imagem 3, chamamos de Coloboma ou sinus pré-auricular e geralmente sai uma massinha/secreção, mas normalmente não precisa fazer nada porque não sai o tempo inteiro. Mas tem paciente que faz abscesso ou que sai pus. Sendo assim, não é sempre que precisa operar só em alguns casos. NEOPLASIA MALIGNA
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