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Cartografia Sistemática - Unidade 4 - Introdução à Cartografia Cartografia Sistemática Unidade 4 - Introdução Gilson Donisete dos Santos Cartografia Sistemática - Unidade 4 - Introdução à Cartografia Introdução Estudar Geografia é uma oportunidade de descobrirmos o mundo em que vivemos, de olhar os espaços que nos cercam de outra maneira, não apenas como observadores passivos, mas como agentes atuantes e críticos em tudo que está à nossa volta. E a cartografia com isso? Ela nos ajuda a descobrir esse mundo por meio da Geografia, estabelecendo um entendimento maior sobre o que estudamos e o que vivemos. Nas unidades anteriores, aprendemos como surgiu a cartografia e como ela foi extremamente importante para as navegações e os descobrimentos. Vimos que estabelecer a direção norte requer conhecimentos que transcendem os livros didáticos. Descobrimos também que as várias formas de representar a esfera terrestre é utilizado por meio do Datum para a confecção de cartas mais precisas e mundialmente utilizadas. Nesta unidade, falaremos um pouco sobre os processos modernos de confecção de mapas, como o uso de fotogrametria e de sensoriamento remoto e como eles nos auxiliam na representação, com precisão, das diversas formas de relevo. Vamos nessa? Cartografia Sistemática - Unidade 4 - Introdução à Cartografia 1. Fotogrametria e Sensoriamento Remoto O termo Fotogrametria deriva das palavras gregas photos, que significa luz; gramma, que significa algo desenhado ou escrito e metron, que significa "medir". Portanto, Fotogrametria, de acordo com suas origens, significaria "medir graficamente usando luz". Segundo o IBGE, é a ciência que trata da obtenção de medições fidedignas de imagens fotográficas. É a ciência da elaboração de cartas topográficas que congrega diversos processos e métodos matemáticos e físicos a partir de fotografias ou imagens aéreas ou orbitais, utilizando-se instrumentos óticos-mecânicos sofisticados. A fotogrametria tem por finalidade a determinação da forma e dimensões de objetos por meio de medidas obtidas em fotografias aéreas ou terrestres. Sua utilização tem inúmeras aplicações, podendo citar o auxílio a projetos de estradas, cadastro urbano e rural, dimensionamento de bacias hidrográficas, projetos urbanísticos, localização e dimensionamento de jazidas, reconhecimento de áreas de risco, reflorestamentos, etc. A grande vantagem de se usar a fotogrametria é a rapidez no levantamento e obtenção de imagens, podendo recobrir uma extensa área a ser mapeada. A fotogrametria pode ser dividida em duas: fotogrametria terrestre, quando as fotos são tiradas de câmeras estacionadas em pontos do terreno; e fotogrametria aérea ou aerofotogrametria, se as fotografias forem tomadas de pontos de vista no espaço. 1.1. Fotogrametria Terrestre O uso da Fotogrametria Terrestre surgiu como opção para levantamentos arquitetônicos por volta de 1840. Após a Segunda Guerra Mundial, a conservação de monumentos foi motivada, conduzindo, em 1964, a elaboração da Carta Internacional sobre conservação e restauração de monumentos e sítios históricos, conhecida como Carta de Veneza. Os dados gráficos (imagens) são captados utilizando uma câmera métrica terrestre, a partir de uma posição fixa (tripé, suporte, içada por guindaste ou sobre plataforma). Cartografia Sistemática - Unidade 4 - Introdução à Cartografia Tem como finalidade serviços especializados de medições e controles de deformações; restauração de patrimônio arquitetônico ou de engenharia civil; e restauração de monumentos de arqueologia. Figura 1: Câmera métrica. Fonte: Bitly. Saiba mais! Demonstração de uso de câmara para fotogrametria terrestre em ambiente urbano. Disponível em: https://bit.ly/2KtAsIQ. Acesso em Ago 2019. 1.2. Fotogrametria aérea ou Aerofotogrametria A fotogrametria aérea consiste no processo de aquisição de informações (imagens) a partir de sensor embarcado (aeronaves, tripuladas ou não). Este levantamento é, hoje, a tecnologia mais usada para se cartografar grandes áreas, tanto pela relativa facilidade, quanto pelo fato de apresentar custos relativamente baixos. A aerofotogrametria foi desenvolvida principalmente no início do século XX. Inicialmente, utilizando balões e depois, aviões e os helicópteros. Atualmente, são https://bit.ly/2KtAsIQ Cartografia Sistemática - Unidade 4 - Introdução à Cartografia utilizadas aeronaves tripuladas, satélites e drones equipados com câmeras especiais, capazes de registrar dados para diferentes fins. Dentre essas aplicações, podemos citar a Engenharia e a Arquitetura, que se utilizam dos drones como ferramenta de apoio em diversos projetos, comprovando que os drones têm ganhado espaço significativo na economia mundial. Um dos principais usos da aerofotogrametria no Brasil foi o projeto Radam Brasil (inicialmente na Amazônia e depois em toda o país, daí o nome). Consistia em um mapeamento, utilizando fotografias aéreas. Ajudou na confecção de mapas mais precisos em diversas áreas, entre eles, o mapa do relevo brasileiro, segundo a classificação de Jurandyr Ross. Figura 2: Projeto Radam. Fonte: Bitly. Os drones têm sido cada vez mais utilizados devido trazer mais facilidade, agilidade e menor custo aos levantamentos cartográficos, propiciando o mapeamento de áreas menores e ampliando o leque de aplicações. Saiba mais! Projeto do governo no site do Serviço Geológico Brasileiro de preservação das imagens originais do Projeto Radam Brasil da década de 1970. Basta clicar nas quadrículas e buscar a faixa desejada. Disponível em: https://bit.ly/2c2Zv6j. Acesso em Ago de 2019. https://bit.ly/2c2Zv6j Cartografia Sistemática - Unidade 4 - Introdução à Cartografia 1.3. Sensoriamento Remoto Segundo Lillesand e Kiefer (1994), sensoriamento remoto é a ciência e a arte de obter informação sobre um objeto (alvo), área ou fenômeno através da análise de dados adquiridos por um dispositivo (sensor) que não está em contato direto com o objeto, área ou fenômeno sob investigação. Esta técnica refere-se à obtenção de imagens à distância através de aparelhos chamados de sensores remotos. Estes sensores (câmeras) são colocados a bordo de aeronaves ou de satélites de sensoriamento remoto - também chamados de satélites observação da Terra. Um sensor a bordo do satélite gera um produto de sensoriamento remoto denominado de imagem ao passo que uma câmera aerofotográfica, a bordo de uma aeronave, gera um produto de sensoriamento remoto denominado de fotografia aérea. Para se obter imagens por meio do sensoriamento remoto, é necessário ter uma fonte de energia, no caso o Sol. A energia que incide sob a superfície é refletida para um satélite que por meio de sensores receptivos enviam as informações para uma estação receptora localizada no solo, que realiza o tratamento das informações. Figura 3: Satélite e estação de recepção. Fonte: Bitly. Antes do surgimento dos satélites orbitais utilizados na produção cartográfica por meio do sensoriamento remoto, o uso da aerofotogrametria era muito comum Cartografia Sistemática - Unidade 4 - Introdução à Cartografia e até hoje estas técnicas são insubstituíveis para várias aplicações. Hoje em dia, com o avanço tecnológico digital, as imagens produzidas pelos sensores de satélites estão com qualidade das fotografias aéreas convencionais. Existem hoje um número muito grande de satélites que orbitam nosso planeta. Eles são responsáveis por uma gama cada vez maior de informações utilizadas nas mais diversas áreas de nosso cotidiano. Informações sobre o tempo e o clima, aumento de desmatamento, ocupações em áreas de preservação ou mesmo qualidade do ar são cada vez mais processadas e registradas através de satélites e do sensoriamentoremoto. Figura 4: Imagem gerada pelo Landsat 8. Variações nas cores das águas podem mostrar padrões de sedimentos, bem como algas potencialmente problemáticas, indicadas por maiores concentrações de clorofila. Lago Ontário. Fonte: Nasa. Saiba mais! A fotogrametria e os Drones. Cartografia Sistemática - Unidade 4 - Introdução à Cartografia Com a evolução da tecnologia a utilização da fotogrametria passou a ser realizada através de imagens obtidas pelos Drones. Através deste aparelho é possível utilizar os recursos da fotogrametria de forma mais acessível, moderna e autônoma. Os drones são equipamentos modernos, de pequeno ou médio porte que possuem uma alta tecnologia, design prático e um custo acessível para as empresas. É composto por câmeras e receptores GPS, que permitem que o usuário guie o Drone através de um aparelho portátil, permitindo assim um bom e fácil manuseio do mesmo. A Fotogrametria convencional, por ter um alto custo, passou a ser menos utilizada nos dias de hoje, sendo aderida em sua maioria em projetos onde são imageadas grandes áreas, ou regiões onde existem restrições para uso de drones, como nas proximidades de aeroportos. Já os Drones têm grande participação nos setores da construção civil, mineração, meio ambiente, infraestrutura e principalmente no setor agrícola, sendo considerada uma tecnologia cada vez mais crescente e utilizada no mercado atual. Disponível em: https://bit.ly/31hw6LN. Acesso em Ago 2019. 1.4. GNSS - SISTEMAS GLOBAIS DE NAVEGAÇÃO POR SATÉLITE Os Sistemas Globais de Navegação por Satélite, também conhecidos como GNSS, são Tecnologias que permitem a localização espacial em qualquer parte da superfície terrestre, através da recepção de sinais de rádio enviados por satélites. São divididos em: GPS, GLONASS, GALILEU, COMPASS e IRNSS. O primeiro da lista é o mais conhecido e de origem americana, foi desenvolvido nos Estados Unidos em 1960 e lançado em 1978. O segundo, GLONASS, é um sistema em atividade que foi desenvolvido em 1976 pela antiga URSS, atualmente Rússia. Os demais sistemas, Europeu (GALILEU), Chinês (COMPASS) e Indiano (IRNSS), respectivamente, ainda estão em fase de construção. 1.4.1. GPS (Global Positioning System) É um sistema que foi mantido em segredo por 5 anos. Seu objetivo inicial foi o uso para fins militares, mas na década de 1980 foi liberado para fins civis. Até o momento não é cobrada nenhuma taxa para seu uso, algo que pode ser realizado https://bit.ly/31hw6LN Cartografia Sistemática - Unidade 4 - Introdução à Cartografia no futuro. O sistema possui 24 satélites, cada Satélite possui uma envergadura de 5,1 m e peso aproximado de 850 kg. Sua vida útil é de aproximadamente 7 anos. Eles orbitam em torno de 20.000 km distribuídos em 6 planos orbitais. É necessário no mínimo 4 satélites para se obter a posição de um determinado ponto, ressalvando que quanto maior quantidade de satélites, melhor será a precisão da posição na superfície da Terra. Figura 5: Constelação de satélites. Disponível em: https://bit.ly/2TdTerC. Acesso em Ago 2019. 2. Altimetria (formas do relevo e curvas de nível) https://bit.ly/2TdTerC Cartografia Sistemática - Unidade 4 - Introdução à Cartografia A altimetria ou hipsometria tem por finalidade a medida da diferença de nível, também chamada de distância vertical, entre dois ou mais pontos no terreno. Podemos considerar a altimetria como a ciência (ou técnica) da medição de alturas ou de elevações, bem como a interpretação de seus resultados. Figura 6: Altimetria - Cota x Altitude. Fonte: https://bit.ly/2YxoFmx. Acesso em Ago 2019. Onde: ● Altitude: é a distância vertical entre um ponto na superfície da Terra e a superfície de referência altimétrica (nível médio dos mares). ● Cota: é a distância medida ao longo da vertical de um ponto até um plano de referência qualquer. A altitude corresponde a um nível verdadeiro, que é a superfície de referência para a obtenção da DV (distância verdadeira) ou DN (diferença de nível) e que coincide com a superfície média dos mares, ou seja, o Geóide. A cota corresponde a um nível aparente, que é a superfície de referência para a obtenção da DV (distância verdadeira) ou DN (diferença de nível) e que é paralela ao nível verdadeiro. Chama-se nivelamento a operação realizada para determinar as diferenças de nível. Para o cálculo da diferença de nível entre dois pontos A-B, simbolizado geralmente por DNA-B, tem-se: DNA-B = Cota B – Cota A https://bit.ly/2YxoFmx Cartografia Sistemática - Unidade 4 - Introdução à Cartografia ou DN A-B = Altitude B – Altitude A Como vimos na unidade 3, a planimetria estuda uma porção de um terreno desconsiderando o relevo e o resultado deste estudo tem como produto final uma planta bidimensional. Já na altimetria o resultado será uma planta tridimensional, onde será considerado o relevo, representado pela coordenada cartesiana Z. Figura 7. Representação da coordenada cartesiana Z. Existem linhas que são usadas para representar fenômenos que aparecem no terreno de forma linear, como ferrovias, rodovias, rios, canais, fronteiras, ou para representar fenômenos de mesma intensidade, como pressão atmosférica, pluviosidade, altitude, temperatura, profundidade, salinidade, etc. São mais comuns as isolinhas: ● Isotermas: Unem pontos de igual temperatura nos mapas. ● Isóbaras: Unem pontos de igual pressão atmosférica. ● Isoietas: Unem pontos de igual pluviosidade. ● Isoípsas: Unem pontos de mesma altitude. ● Isóbatas: Unem pontos de igual profundidade. ● Isoalinas: Unem pontos de mesma salinidade. 2.1. Curvas de nível: Cartografia Sistemática - Unidade 4 - Introdução à Cartografia As curvas de nível são isolinhas imaginárias (isoípsa) que indicam as altitudes ou cotas de um determinado local. São curvas que ligam pontos de mesma altitude ou cota. Podem ser mestras (a cada 5 curvas) ou intermediárias. Curva de nível é o nome usado para designar uma linha imaginária que agrupa dois pontos que possuem a mesma altitude. Por meio dela são confeccionados os mapas topográficos, pois a partir da observação o técnico pode interpretar suas informações através de uma visão tridimensional do relevo. Figura 8: Curvas Mestras e secundárias. Fonte: Bitly. As linhas abaixo são exemplos de curvas de níveis. Relevos de mais íngremes possuem curvas de níveis mais próximas umas da outras, enquanto que as mais distantes representam terrenos mais planos. A partir da visualização de uma curva de nível é possível identificar se o relevo de uma determinada área é acidentado, plano, montanhoso, íngreme e etc. Diante dessa afirmação, percebe-se que a configuração das linhas é determinada pelas características do relevo da área mapeada. Essa condição, de ca-ráter geométrico, confere à curva de nível sua grande validade para fins cartométricos e a constitui na melhor forma de representação do relevo. Cartografia Sistemática - Unidade 4 - Introdução à Cartografia Figura 9. Curvas de nível. Fonte: Bitly. As curvas de nível jamais se cru-zam, pois em toda a sua extensão cada linha contém o mesmo valor de altitude e é equidistante das linhas sucessivas ou imediatamente vizinhas, já que o corte horizontal no relevo ter-restre, a partir da superfície de referência (nível zero), é feito em altitudes equidistantes. Observe o esquema dessa construção: Cartografia Sistemática - Unidade 4 - Introdução à Cartografia Figura 10: Transposição de curva de nível. Fonte: Bitly. Referência de Nível (RN): são pontos fixos no terreno que correspondem às cotas ou altitudes de um nivelamento. Podem ser: ● Artificiais: madeira de lei, concreto armado, etc. ● Naturais: soleira da porta de edifícios. As curvas de nível permitem ao usuário ter um valor aproximado da altitude em qualquer parte domapa. Esse método apresenta as seguintes características: ● todos os pontos de uma curva de nível se encontram na mesma elevação; ● cada curva de nível fecha-se sempre sobre si mesma; ● as curvas de nível nunca se cruzam, podendo se tocar em saltos-d’água ou despenhadeiros; ● em regra geral, as curvas de nível cruzam os cursos-d’água em forma de “V”, com o vértice apontando para a nascente. Como já falamos, as curvas de nível mais próximas significam declives mais elevados e curvas de nível mais afastadas representam áreas de declives mais suaves. Já as curvas de nível concêntricas, com os valores mais elevados no centro, representam montanhas ou montes, mas se os valores estiverem ao contrário, com valores mais baixos, então, temos uma área deprimida. Cartografia Sistemática - Unidade 4 - Introdução à Cartografia Figura 11: Pão de açúcar, curva de nível, perfil topográfico. Fonte: FERREIRA, Graça Maria Lemos. Atlas Geográfico Espaço Mundial. São Paulo: Moderna, 4 Ed. 2013. 3. ALTIMETRIA (DECLIVIDADE) Declividade em topografia, é a relação entre a diferença de nível (DN) e a distância horizontal (DH). Também pode ser definida como a inclinação da superfície do terreno em relação à horizontal, ou seja, a relação entre a diferença de altura entre dois pontos e a distância horizontal entre esses pontos. É dada pelo ângulo de inclinação (zenital) da superfície do terreno em relação à horizontal. Os valores de declividade podem variar de 0° a 90°, e podem também ser expressos em porcentagem. Podemos calcular a declividade utilizando a fórmula: Declividade = 𝐷𝑉 𝑋100 𝐷𝐻 , onde o valor será expresso em porcentagem. Cartografia Sistemática - Unidade 4 - Introdução à Cartografia Figura 12: Declividade do terreno em relação ao rio. Fonte: Bitly. 4. Altimetria (hidrografia e perfil topográfico) Como vimos a topografia é a ciência que estuda os acidentes geográficos, bem como sua localização. Através da altimetria, parte da topografia responsável por analisar a variação de altitude do terreno, podemos registrar em elementos cartográficos, como muita precisão o espaço geográfico. 4.1. Hidrografia Existem várias maneiras de representar as cotas altimétricas, de modo que o observador consiga identificar os mais variados acidentes geográficos presentes nas paisagens. Como todo elemento cartográfico, a hidrografia também tem que ser representada de maneira bastante cuidadosa, uma vez que existem diversos cursos d’água e cada um pode ser representado adequadamente sobre as cartas ou mapas. A imagem abaixo mostra os elementos presentes na legenda de uma carta onde há a representação de elementos hidrográficos. Cartografia Sistemática - Unidade 4 - Introdução à Cartografia Figura 13: Elementos hidrográficos representados em uma legenda Fonte: Bitly. Existem outras formas de representação dos elementos cartográficos em mapas e cartas, como cores e símbolos. Nas cartas, representadas pelas curvas de nível, os elementos hidrográficos são apresentados em conjunto com os elementos do relevo. Abaixo seguem alguns exemplos ● Talvegue: é a linha de recolhimento de água. Para se encontrar um talvegue numa planta é só verificar as curvas de menor cota “apontando” para as curvas de maior cota, significa que desce um talvegue. Figura 14: Talvegue. Fonte: Bitly. ● Divisor de águas: é a linha que divide o sentido de escoamento da água. É através dele que se delimita uma bacia. Para encontrar na planta, deve-se procurar as elevações, gargantas e curvas de cota maior apontando para curva de cota menor teremos os divisores Cartografia Sistemática - Unidade 4 - Introdução à Cartografia Figura 15: Divisor de águas. Fonte: Bitly ● Garganta: é o local que consiste no maior ponto entre dois talvegues e maior ponto entre dois divisores. Esse relevo se assemelha a uma sela de cavalo. Onde o centro da sela seria a garganta, as partes mais altas seriam os divisores e as partes mais baixas (onde se colocam as pernas) seriam os talvegues. Figura 17: Garganta. Fonte: Bitly. ● Contraforte são salientes que se destacam no relevo, normalmente em serras. Cartografia Sistemática - Unidade 4 - Introdução à Cartografia Figura 18: Contraforte. Fonte: Bitly. 4.2. Perfil Topográfico Uma outra forma de representar as variações das altitudes do relevo é fazendo o caminho inverso, ou seja, a partir das curvas de nível e dos sinais indicados, o relevo que está sendo representado no plano horizontal pode ser representado (desenhado) no plano vertical. Desta maneira teremos uma outra importante forma de representação do relevo: os perfis topográficos, que em outras palavras, trata-se de uma vista lateral do relevo. Os perfis, resultantes de uma linha que corta as curvas de nível no plano horizontal, reconstituem a vis-ta lateral do terreno, permitindo reconhecer corretamente sua super-fície acidentada. O emprego de perfis do terreno se dá particularmente nas áreas de engenharia (vias de transporte), telecomunicações, geografia, urbanismo etc. A construção de um perfil permite apreciar com clareza a possibilidade de progressão no terreno, montagem de postos de observação, determinação de áreas de visibilidade. Observe, por exemplo abaixo mostrando o perfil topográfico de grande parte do território brasileiro. Cartografia Sistemática - Unidade 4 - Introdução à Cartografia Figura 19: Perfil topográfico. Fonte: FERREIRA, Graça Maria Lemos. Atlas Geográfico Espaço Mundial. São Paulo: Moderna, 4 Ed. 2013. Se a topografia é a representação do relevo de um terreno com a representação de seus acidentes naturais ou artificiais, perfil topográfico é a repre-sentação do contorno dos acidentes geográficos que se acham à superfí-cie de uma porção do terreno. É um elemento cartográfico que resulta de um corte vertical imaginário sobre o relevo, mostrando a silhueta de cadeias de montanhas, vales de rios, etc. Perfil topográfico é uma representação ortográfica nos planos cartesianos de um corte vertical do terreno segundo uma direção de um corte previamente escolhido, de tal forma que seja possível representar intuitivamente os desníveis e a topografia do terreno. Um dos processos para construir um perfil topográfico é o seguinte: 1. Em um papel milimetrado traça-se uma linha básica e transferem-se com precisão os sinais para essa linha. 2. Levantam-se perpendiculares no princípio e no fim dessa linha e determina- se uma escala vertical. 3. Quer seguindo-se as linhas verticais do milimetrado, quer levantando-se perpendiculares dos sinais da linha-base, marca-se a posição de cada ponto correspondente na escala vertical. 4. Em seguida, todos os pontos serão unidos com uma linha, evitando-se traços retos. Cartografia Sistemática - Unidade 4 - Introdução à Cartografia Figura 20: Construção de perfil topográfico. Alguns cuidados devem ser tomados na representação do perfil: 1. Iniciar e terminar com altitude exata. 2. Distinguir entre subida e descida quando existir duas curvas de igual valor. 3. Desenhar cuidadosamente o contorno dos picos, se achatados ou pontiagudos. 4. Estabelecer a escala vertical a ser utilizada. Síntese Durante essas quatro unidades tivemos contato com a introdução à cartografia. Vimos um pouquinho de como essa ciência é de extrema importância para a Geografia e para as diversas ciências que precisam representar, através de mapas, o espaço geográfico. Nesta Unidade, você conheceu um pouco mais sobre os elementos cartográficos que nos auxiliam na interpretação de mapas, como os elementos altimétricos, as curvas de nível, fotogrametria aérea e o sensoriamento remoto. Portanto você estudou: Cartografia Sistemática - Unidade 4 - Introdução à Cartografia ● Os conceitos básicos sobre Fotogrametria, como ela é importantepara a cartografia, tendo como exemplo o Projeto Radam Brasil; ● O Sensoriamento Remoto e que existem diversos sistemas que utilizam satélites orbitais, como o GPS, o Glosnas e o Galileo; ● Que os levantamentos fotogramétricos podem ser feitos por drones (VANTs), que são muito mais acessíveis que os demais sistemas; ● Sobre o funcionamento geral das curvas de nível, bem como a interpretação das formas do relevo com nelas; ● Que a declividade sobre uma carta topográfica pode ser medida tendo a distância vertical e a horizontal do terreno; ● Sobre a interpretação da drenagem no contexto das curvas de nível; ● Sobre como confeccionar perfis topográficos tendo como base as curvas de nível. Nos vemos em breve! Um grande abraço e bons estudos! Cartografia Sistemática - Unidade 4 - Introdução à Cartografia Bibliografia FERREIRA, Graça Maria Lemos. Atlas Geográfico Espaço Mundial. São Paulo: Moderna, 4 Ed. 2013. OLIVEIRA, Cêurio de. Curso de Cartografia Moderna. Fundação IBGE, 1988. IBGE Mapeamento Topográfico. Disponivel <http://www.ibge.gov.br> . Acesso em maio de 2008. Apostila- Fundamentos de Topografia – Luis Veiga, Maria Zanetti e Pedro Faggion/UFPR. 2007. Apostila de Planimetria – Humberto Alencar/IFPE Apostila de Topografia – Luis Véras/UFRPE. 2003. Apostila de Topografia – Maria Brandalize/ PUC – PR. DOUBECK, A. Topografia. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 1989. ESPARTEL, L. Curso de Topografia. 9 ed. Rio de Janeiro: Globo, 1987. MCCORMAC, J.– Topografia. 5º Edição. LTC.2007. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Manual Técnico de Noções Básicas de Cartografia. Rio de Janeiro: Fundação IBGE, 1998. CALDINI, Vera Lúcia de Moraes. Atlas Geográfico Saraiva. São Paulo: Saraiva, 2013. CARVALHO, Edilson Alves de. A Cartografia: bases conceituais. UFRN, 2008. ALMEIDA, R. D. de. Do desenho ao mapa: iniciação cartográfica na escola. 4.ed. São Paulo: Contexto, 2006. (Coleção Caminhos da Geografia). CASTROGIOVANNI, A. C.; COSTELLA, R. Z. Brincar e cartografar com os diferentes mundos geográficos: a alfabetização espacial. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006. Cartografia Sistemática - Unidade 4 - Introdução à Cartografia Referências Imagéticas Figura 1: Câmera métrica. Bitly. Disponível em: https://bit.ly/2KkXHGj. Acesso em Ago 2019. Figura 2: Projeto Radam. Bitly. Disponível em: https://bit.ly/2YLgYV7. Acesso em Ago 2019. Figura 3: Satélite e estação de recepção. Disponível em: https://bit.ly/2OHdiUF. Acesso em Ago 2019. Figura 4: Imagem gerada pelo Landsat 8. Variações nas cores das águas podem mostrar padrões de sedimentos, bem como algas potencialmente problemáticas, indicadas por maiores concentrações de clorofila. Lago Ontário. Disponível em: https://go.nasa.gov/2YMyw7z. Acesso em Ago 2019. Figura 5: Altimetria. Disponível em: https://bit.ly/2YJn0G3. Acesso em Ago 2019. Figura 8: Transposição de curva de nível. Disponível em: https://bit.ly/2M0Yuy5. Acesso em Ago 2019. Figura 9. Curvas de nível. Disponível em: https://bit.ly/2YI4uBZ. Acesso em Ago 2019. Figura 10: Transposição de curva de nível. Disponível em: https://bit.ly/2M0Yuy5. Acesso em Ago 2019. Figura 12: Declividade do terreno em relação ao rio.. https://bit.ly/2TepiLU. Acesso Ago 2019. Figura 13: Elementos hidrográficos representados em uma legenda.https://bit.ly/33lgsRt. Acesso Ago 2019. Figura 15: Pão de açúcar. Fonte Bitly. Disponível em: https://bit.ly/2Fmvry1. Acesso em Ago 2019. Figura 16: Construção de perfil topográfico. Disponível em: https://bit.ly/31jBCgU. Acesso em Ago 2019. Figura 17: Garganta. Disponível em: https://bit.ly/2M6dk6C. Acesso em Ago 2019. Figura 18: Contraforte. Disponível em: https://bit.ly/2M6dk6C. Acesso em Ago 2019. https://bit.ly/2KkXHGj https://bit.ly/2YLgYV7 https://bit.ly/2OHdiUF https://go.nasa.gov/2YMyw7z https://bit.ly/2YJn0G3 https://bit.ly/2M0Yuy5 https://bit.ly/2YI4uBZ https://bit.ly/2M0Yuy5 https://bit.ly/2TepiLU https://bit.ly/33lgsRt https://bit.ly/2Fmvry1 https://bit.ly/31jBCgU https://bit.ly/2M6dk6C https://bit.ly/2M6dk6C Cartografia Sistemática - Unidade 4 - Introdução à Cartografia Figura 20: Construção de perfil topográfico. Disponível em: https://bit.ly/2YuUUCZ. (adaptado pelo autor). Acesso em Ago 2019. https://bit.ly/2YuUUCZ
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