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Resumo P R O D U Ç Ã O : V I T O R D A N T A S P R O D U T O R V E R I F I C A D O D O P A S S E I D I R E T O Antidepressivos Vitor Dantas – FARMACOLOGIA ANTIDEPRESSIVOS DEPRESSÃO Os transtornos depressivos são caracterizados por humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações cognitivas e somáticas que afetam a funcionalidade do indivíduo, eles são um grupo de doenças que se diferenciam entre si pela intensidade e duração dos sintomas. EPIDEMIOLOGIA ▪ De 2 a 3% das pessoas com depressão tem prejuízo das atividades. ▪ Segundo dados da OMS (WHO): nos próximos 20 anos a depressão deverá ocupar o 2° lugar no ranking das patologias dispendiosas e fatais. 15% da população mundial atingida em pelo menos um momento da vida. Metade do percentual acima está sujeito a episódios recorrentes. Mais de 400 milhões de indivíduos sofrem de depressão Obs.: 11% é o risco de os homens sofrerem de depressão enquanto nas mulheres este pode chegar a 18,6%. NATUREZA DA DEPRESSÃO É o mais comum dos distúrbios afetivos Pode variar de alteração muito leve, beirando a normalidade, até a depressão grave, acompanhada de alucinações e delírios No mundo: importante causa de incapacidade e de morte prematura Risco significativo de suicídio Geralmente associada a outras condições psiquiátricas: ansiedade, distúrbios alimentares, dependência de fármacos QUADRO CLÍNICO Os transtornos depressivos são caracterizados por diferentes intensidades dos seguintes sintomas, sendo que nem todos eles precisam estrar presentes em um mesmo paciente: Sensação de tristeza e desesperança Incapacidade de sentir prazer em atividades usuais Alterações nos padrões de sono e apetite Perda de vigor Pensamentos suicidas Obs.: alguns autores dividem os sintomas em componentes emocionais (humor depressivo, anedonia, apatia, autoestima baixa e etc) e biológicos (retardo do pensamento, perda do libido, distúrbios sono e etc). É importante lembrar que a depressão é diferente da tristeza profunda. Existe um tipo de depressão, a bipolar, que tem a mania como um de seus componentes. A mania é apresentação de forma oposta do quadro depressivo: Entusiasmo Raiva Pensamentos e fala rápidos Extrema autoconfiança Diminuição de autocrítica TIPOS DE SÍNDROME DEPRESSIVA Depressão unipolar → Alterações de humor na mesma direção. Nesse tipo, a maioria é não familiar (75%). Distúrbio bipolar → A depressão se alterna com a mania. Nesse transtorno, o principal fármaco é o lítio, sendo esse que possui um curto índice terapêutico e com isso, seus níveis séricos devem ser acompanhados. FISIOPATOLOGIA - TEORIA DAS MONOAMINAS Proposta por Schildkraut – 1965 A depressão pode ser causada por déficit funcional de transmissores de monoaminas, norepinefrina e 5- hidroxitriptamina (5-HT), enquanto a mania resulta de excesso funcional. Essa descoberta foi feita com um estudo observacional: Baseou-se na capacidade de fármacos conhecidos facilitarem a transmissão monoaminérgica, e de fármacos, como a Reserpina causarem depressão. Resumo A depressão resulta de uma transmissão monoaminérgica funcionalmente deficiente no SNC. Essas monoaminas conhecidas hoje são a dopamina, noradrenalina e serotonina. Ou seja, como na depressão existe uma baixa desses neurotransmissores a farmacologia se baseia no aumento deles. Vitor Dantas – FARMACOLOGIA RESUMO DA FISIOPATOLOGIA RASTREIO Ao se deparar com uma pessoa com tristeza intensa, perturbações depressivas ou outro tipo de sofrimento, o primeiro passo deve ser fazer uma boa escuta e permitir que a pessoa relate aquilo que está lhe afligindo. Em linhas gerais, os dois problemas relacionados com a depressão são a falta de um diagnóstico correto e de um tratamento adequado. Como a depressão envolve a serototina, noradrenalina e dopamina, a escolha do melhor fármaco se dá a partir da análise da sintomatologia do paciente. CLASSES DE ANTIDEPRESSIVOS ▪ Antidepressivos triciclicos (ADTS) clássicos ▪ Inibidores seletivos da captura de serotonina (5-HT) – ISCS – Mais utilizados ▪ Inibidores da Monoaminooxidade - (IMAO) → Pouco utilizados ▪ Inibidores da captação de serotonina e norepinefrina – ICSN ▪ Antidepressivos atípicos Obs.: O efeito não é imediato, demorando de 2 a 4 semanas. ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS (ADTS) Os ADTs bloqueiam a captação de norepinefrina e serotonina no neurônio pré-sináptico e, portanto, se fossem descobertos atualmente, poderiam ser referidos como ICSNs, exceto pelas diferenças nos efeitos adversos dessa nova classe de antidepressivos. Obs.: A introdução de fármacos mais seletivos tem reduzido substancialmente a utilização desses fármacos, uma vez que os antidepressivos tricíclicos são mais antigos (1950) e podem gerar muitos efeitos adversos. ▪ Representantes Imipramina (Tofranil), Desipramina (Norpramin), Amitriptilina (Tryptanol), Nortriptilina (Pamelor), Clomipramina (Anafranil), Doxepin (Sinequan). ▪ Mecanismo de ação Os ADTs são inibidores potentes da recaptação neuronal de norepinefrina, dopamina e serotonina no terminal nervoso pré-sináptico. Ao inibir essa recaptação, os neurotransmissores na fenda sináptica tendem a aumentar, facilitando a transmissão monoaminérgica pós-sináptica e promovendo a melhora clínica. Obs.: Os ADTs também bloqueiam os receptores, histamínicos e muscarínicos. E essa ação que justifica alguns efeitos adversos. ▪ Ações Os ADTs melhoram o humor e o alerta mental, aumentam a atividade física e reduzem a preocupação mórbida. O início da melhora do humor é lento, necessitando de 2 semanas ou mais. A resposta do paciente pode ser usada para ajustes da dosagem. Após a resposta terapêutica, a dosagem pode ser reduzida gradualmente para melhorar a tolerância, a menos que ocorra recaída. Exige a retirada lenta para minimizar a síndrome de descontinuação e os efeitos colinérgicos de rebote. Em resumo: Sintomas emocionais melhoram devido a inibição na captura de serotonina. Sintomas biológicos melhoram devido a facilitação da transmissão noroadrenérgica. ▪ Usos terapêuticos Eficazes no tratamento de depressão moderada e grave, principalmente me casos refratários. Alguns pacientes com transtorno de pânico também respondem aos ADTs. Fibromialgia, dor crônica, enxaqueca. Enudese noturna. Obs.: Em alguns casos específicos a Amtriptilina pode ser usada para enxaqueca, a Clomipramina pode ser utilizada para ejaculação precoce, a Nortriptilina pode ser utilizada na ajuda da parada ao tabagismoo. ▪ Efeitos adversos O bloqueio dos receptores muscarínicos leva a visão turva, xerostomia, retenção urinária, taquicardia sinusal, constipação e agravamento do glaucoma de ângulo fechado. Os ADTs também bloqueiam os receptores α-adrenérgicos, Vitor Dantas – FARMACOLOGIA causando hipotensão ortostática, tonturas e taquicardia reflexa. A sedação pode ser significativa, especialmente durante as primeiras semanas do tratamento, e está relacionada com a capacidade que esses fármacos têm de bloquear os receptores H1 histamínicos. O aumento de massa corporal é um dos efeitos adversos dos ADTs. Disfunção sexual ocorre em uma minoria de pacientes, e a incidência é menor do que a associada com o ISCS. INIBIDORES SELETIVOS DA CAPTAÇÃO DE SEROTONINA (ISCS) São os antidepressivos mais usados, geram menos efeitos colaterais e sem risco de overdose. ▪ Representantes Fluoxetina (Prozac), Paroxetina (Paxil), Sertralina (Zoloft), Citalopram (Celexa), Escitalopram (Lexapro), Fluvoxamina (Luvox). Obs: O escitalopram é o S-enantiômero puro do citalopram. ▪ Mecanismo de ação Atuam inibindo seletivamente a recaptação de serotonina (300 a 3.000 vezes maior em relação aos outros). Além disso, os ISCSs têm escassa atividadebloqueadora em receptores muscarínicos, αadrenérgicos e H1-histamínicos. ▪ Usos terapêuticos Depressão Transtorno obsessivo-compulsivo, de pânico, de ansiedade generalizada, de estresse pós-traumático, de ansiedade social Transtorno disfórico pré-menstrual Bulimia nervosa (para a qual apenas a fluoxetina está aprovada). ▪ Efeitos adversos Os ICSNs, ao contrário dos ADTs, têm pouca atividade em receptores adrenérgicos α, muscarínicos ou histamínicos e, assim, têm menos efeitos adversos mediados por esses receptores do que os ADTs. Assim, pode ocorrer: cefaleia, sudoração, ansiedade e agitação, efeitos gastrintestinais (GI) (náuseas, êmese e diarreia), fraqueza e cansaço, sonolência. INIBIDORES DA MONOAMINOXIDASE A monoaminoxidase (MAO) é uma enzima mitocondrial encontrada em nervos e outros tecidos, como fígado e intestino. No neurônio, a MAO funciona como “válvula de segurança”, desaminando oxidativamente e inativando qualquer excesso de neurotransmissor (norepinefrina, dopamina e serotonina) que possa vazar das vesículas sinápticas quando o neurônio está em repouso. ▪ Representantes Carboxazida (Marplan), Fenelzina (Nardil), Selegilina (Emsam), Tranilcipromina (Parnate). ▪ Mecanismo de ação A maioria dos IMAOs forma complexos estáveis com a enzima, causando sua inativação. Isso resulta em aumento dos estoques de norepinefrina, serotonina e dopamina no interior dos neurônios e subsequente difusão do excesso de neurotransmissor para a fenda sináptica. Obs.: O uso de IMAOs é limitado devido às complicadas restrições de dieta exigidas durante a utilização desses fármacos. Existem fármacos irreversíveis – Não seletivos que atuam em MAOA e MAOB (Ex.: Fenelzina). Além disso, existem os reversíveis – Seletivos (Ex.: Moclobemida – seletivo para MAOA). ▪ Usos terapêuticos Indicados para pacientes deprimidos que não respondem ou são alérgicos aos ADTs ou que apresentam forte ansiedade. Uma subcategoria especial de depressão, denominada depressão atípica, pode responder aos IMAOs preferencialmente. Obs.: Devido ao risco de interações entre fármacos e entre fármaco e alimentos, os IMAO são considerados os fármacos de última escolha em vários centros de tratamento. Vitor Dantas – FARMACOLOGIA ▪ Efeitos adversos Esses fármacos inibem a MAO não só no cérebro, mas também no fígado e no intestino, onde catalisam desaminações oxidativas de fármacos e substâncias potencialmente tóxicas, como a tiramina, que é encontrada em certos alimentos. Por isso, os IMAOs mostram elevada incidência de interações com fármacos e com alimentos. Assim, os principais efeitos adversos são: Hipotensão postural (bloqueio simpático) Efeitos atropínicos (como dos ADTs) Ganho de peso Estimulação do SNC (agitação, insônia) Superdosagem: Convulsões IMAOs x Alimentos Queijos envelhecidos e carnes, fígado de aves, peixes em conserva ou defumados e vinhos tintos normalmente possuem a tiramina. A Tiramina é inativada pela MAO-B no intestino, assim, os Indivíduos tratados com IMAO são incapazes de degradar a tiramina presente na dieta. Quando não degradada a tiramina causa liberação de grande quantidade de catecolaminas armazenadas nos terminais nervosos, resultando em “crise hipertensiva” com sinais e sintomas como cefaleia occipital, rigidez no pescoço, taquicardia, náuseas, hipertensão, arritmias cardíacas, convulsões e possivelmente colapso. Os pacientes precisam, portanto, ser orientados para evitar alimentos contendo tiramina. Além disso, pode ser prescrita uma medicação seletiva para MAO A, como por exemplo a moclobemida, um inibidor específico da MAO-A e não causa a “reação ao queijo”, provavelmente porque a tiramina ainda pode ser metabolizada pela MAO-B. INIBIDORES DA CAPTAÇÃO DE SEROTONINA E NOREPINEFRINA ▪ Representantes Venlafaxina (Efexor), Desvenlafaxina (Pristiq), Duloxetina (Cymbalta), Milnaciprana. ▪ Mecanismo de ação Bloqueiam a recaptação de serotonina e norepinefrina, aumentando a concentração desses neurotransmissores na fenda sináptica, sendo benéfico para pacientes com depressão. ▪ Usos terapêuticos Podem ser eficazes no tratamento de depressão em pacientes nos quais os ISCSs foram ineficazes. Além disso, a depressão com frequência é acompanhada de sintomas dolorosos crônicos, como dor lombar e dor muscular, contra os quais os ISCSs são relativamente ineficazes. Obs.: Tanto os ICSNs como os ADTs, com sua inibição da captação de serotonina e de norepinefrina, são eficazes algumas vezes para aliviar a dor associada com a neuropatia diabética periférica, a neuralgia pós-herpética, a fibromialgia e a dor lombar. ▪ Efeitos adversos Os ICSNs, ao contrário dos ADTs, têm pouca atividade em receptores adrenérgicos α, muscarínicos ou histamínicos assim, tem menos efeitos adversos mediados por esses receptores do que os ADTs. Entretanto, os ICSNs podem causar síndrome de interrupção se o tratamento for suspenso de modo súbito. VENLAFAXINA E DESVENLAFAXINA A única diferença é no perfil farmacocinético, o perfil farmacodinâmico é o mesmo. A desvenlafaxina é o metabólito ativo, desmetilado da venlafaxina. Por exemplo, se o paciente possui um problema hepático ele pode não biotransformar a venlafaxina, assim a desvenlafaxina seria mais indicado. ▪ Uso Depressão, transtorno de ansiedade generalizada, síndrome do pânico. ▪ Efeitos adversos Náuseas, cefaleia, disfunções sexuais, tonturas, insônia, sedação e constipação. Em doses elevadas, pode ocorrer aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. DULOXETINA Ela é extensamente biotransformada no fígado em metabólitos inativos e deve ser evitada em pacientes com disfunção hepática. ▪ Uso Depressão, dor neuropática, fibromialgia, incontinência urinária. ▪ Efeitos adversos Efeitos adversos GI são comuns com a duloxetina, incluindo náuseas, xerostomia e constipação. Insônia, tonturas, sonolência, sudoração e disfunção sexual também são observadas. A duloxetina pode aumentar a pressão arterial e a frequência cardíaca. Ela é um inibidor moderado da isoenzima CYP2D6 e pode aumentar a concentração de fármacos biotransformados por essa via, como os antipsicóticos, podendo gerar uma intoxicação. Vitor Dantas – FARMACOLOGIA ANTIDEPRESSIVOS ATÍPICOS Os antidepressivos atípicos são um grupo misto de fármacos que têm ação em vários locais diferentes. ▪ Representantes Bupropiona (Wellbutrin, Zyban), Mirtazapina (Remeron), Nefazodona, Trazodona (Desyrel), Vilazodona (Viibryd), Vortioxetina (Brintellix). BUPROPIONA Este fármaco é um inibidor da captação de dopamina e norepinefina fraco, aliviando os sintomas de depressão. ▪ Uso Depressão, tratamento da dependência (nicotina), déficit de atenção. ▪ Efeitos adversos Boca seca, sudoração, nervosismo, tremores e um aumento dose-dependente do risco de convulsões. Obs.: O uso da bupropiona deve ser evitado em pacientes sob risco de convulsões ou naqueles que sofrem de transtornos de alimentação, como bulimia. MIRTAZAPINA Aumenta a neurotransmissão de serotonina e norepinefrina, servindo como antagonista nos receptores pré-sinápticos α2. Além disso, parte da atividade antidepressiva pode ser relacionada ao antagonismo de receptores 5-HT2. ▪ Uso Esse fármaco é sedativo → potente atividade anti- histamínica, mas não causa os efeitos adversos antimuscarínicos dos ADTs, nem interfere na função sexual, como os ISCSs. Efeito sedativo: pode ser uma vantagem em pacientes deprimidos com dificuldade para dormir. ▪ Efeitos adversos Frequentemente, ocorre aumento do apetite e da massa corporal. FONTES Aula do Prof. André Cruz Livro: Farmacologia Ilustrada
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