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Universidade do Estado da Bahia – UNEB Departamento de Educação – Campus VIII Curso: Bacharelado em Direito Disciplina: Direito do Consumidor Docente: Ivandro Pinto de Menezes Discente: Maria Nathália Cardoso de Araújo Questão/Avaliação “A empresa farmacêutica “X”, fabricante de um produto farmacêutico para bronquite, tipo “bombinha”, produziu e colocou esse produto no mercado. Todavia, um lote contendo 1.000 unidades saiu com problema na válvula do spray, que, ao ser acionada, destacava-se do inalador e, como era de pequeno porte, poderia ser ingerido pelo usuário. A empresa somente tomou conhecimento do problema quando um consumidor acabou acidentando-se dessa maneira.” 01. Tendo conhecimento do problema, que medida deve a empresa tomar com base no CDC? Conforme o estabelecido no §1º do art. 10 do CDC, a empresa farmacêutica “X” deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários. Tais anúncios deverão ser veiculados na imprensa, rádio e televisão às expensas do referido fornecedor do produto. 02. Se a empresa adotar todas as medidas elencadas no CDC, isso eximiria sua responsabilidade em caso de novo acidente com outro usuário? Não, uma vez que o legislador consagrou a responsabilidade civil objetiva nas relações de consumo. Sendo assim, para a caracterização da responsabilidade civil, não mais importa se o responsável legal agiu com culpa (imprudência, negligência ou imperícia) ao colocar no mercado o produto ou serviço defeituoso. Segundo Felipe Peixoto Braga Netto (2014, p. 149): De acordo com o sistema de responsabilidade civil instituído pelo CDC, o fornecedor de produtos e serviços responderá, independentemente de culpa, desde que o consumidor prove ter sofrido dano, e prove, ainda, o nexo causal entre o dano e a atividade do fornecedor. Isto posto, na situação narrada haveria a responsabilização da empresa farmacêutica “X” em caso de novo acidente com outro usuário. O Código de Defesa do Consumidor estabelece que a responsabilização do réu passa a ser objetiva, já que responde “independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores” (art. 12, caput). Ainda utilizando os ensinamentos de Felipe Peixoto Braga Netto (2014, p. 56), importante consideração é feita em relação ao princípio da segurança: [...] Importante observar que o art. 10, §1º, não traz hipótese de excludente de responsabilidade civil do fornecedor. Isto é, ainda que ele comunique o fato (periculosidade do produto, posteriormente à colocação no mercado) às autoridades e aos consumidores mediante anúncios publicitários, ainda assim responderá pelos danos causados pelo produto ou serviço. 03. Admita a hipótese de um consumidor ter sabido do ocorrido e das medidas tomadas pela empresa, mas, descuidadamente, utilizou o produto. Ocorrendo o defeito e ele vindo a falecer, a empresa será responsável? Explique. Sim. O CDC adota a responsabilidade objetiva do fornecedor para definir a responsabilidade civil de suas relações, prevista no art. 12, caput, ao afirmar que o fornecedor responde “independentemente da existência de culpa” pela reparação dos danos causados aos consumidores. O fato de a empresa ter tomado as medidas cabíveis previstas no art. 10, §1º, não a exime da responsabilidade mesmo o consumidor tendo utilizado o produto de forma descuidada. Ocorre que, ao elencar, de forma taxativa, as excludentes de responsabilidade no art. 12, §3º, previu no inciso III apenas “a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro”, deixando de trazer a ideia de culpa concorrente existente no art. 945 do Código Civil. Nesse sentido, Carlos Roberto Gonçalves (2014, p. 295) preleciona que “só se admite como causa exonerativa da responsabilidade a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro, não a culpa concorrente”. No caso analisado, não há culpa exclusiva do consumidor, uma vez que resta configurada a responsabilidade objetiva do fornecedor/fabricante. Por não se tratar de ponto pacífico na doutrina, é importante destacar que o STJ tem considerado o grau de culpa do consumidor para a fixação do quantum indenizatório, sem afastar, entretanto, a responsabilidade civil do fornecedor. 04. E se a empresa sabia do problema ao colocar o produto no mercado. Isso altera sua responsabilidade? Não. A responsabilidade prevista no CDC é objetiva, ou seja, independe de culpa, bastando, para caracterizá-la, a existência do dano e o nexo causal. Assim é o entendimento de Felipe Peixoto Braga Netto (2014, p. 136): A responsabilidade civil do fornecedor, portanto, francamente objetiva, está inspirada na teoria do risco proveito, devendo, assim, quem aufere os bônus (lucros) da atividade, responder pelos ônus (danos) que elas venham causar a terceiros. Ou, de igual sorte, a teoria do risco criado, mercê da qual quem cria, por sua atividade, um risco (insere medicamente perigosos no mercado) deve responder pelos danos que dele decorram.
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