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Alan Paz Prolapso de Órgãos Pélvicos o Epidemiologia - Ocorre em 30% das mulheres, mais comum em pacientes mais idosas - Destas, cerca de 11% vão precisar de cirurgia - Entre o início dos sintomas e a paciente procurar o serviço, geralmente demora 5-7 anos, a paciente sente vergonha porque o problema causa alteração estética da vulva. o Suporte Pélvico: dado principalmente por 2 estruturas, a fáscia endopélvica e o músculo elevador do ânus. Quando uma dessas 2 estruturas (ou ambas) são lesionadas, ocorre prolapso de órgãos pélvicos. ▪ Fáscia endopélvica: tecido conjuntivo que sustenta a bexiga, o útero e o reto. ➢ Ligamentos uterossacrais: suporte e estabilização do útero e da porção superior da vagina ao sacro e à parede pélvica lateral. - Na maioria das vezes, são originados do colo uterino e da vagina, podendo, no entanto, se originar de apenas um deles. - Ao realizar histerectomia em paciente cuja origem desse ligamento é no colo uterino, é importante que ele seja re-fixado à vagina, para evitar prolapsos. - Junto aos ligamentos cardinais (espessos e laterais), formam o nível 1 de sustentação vaginal. A perda do nível 1 contribui para prolapso apical. ➢ Arco tendíneo: condensação da fáscia responsável pelos pontos de fixação lateral e apical para os segmentos vaginais, portanto, se contrapõe ao prolapso de parede vaginal anterior e ao prolapso apical - Também chamado de “linha branca” - Junto aos ligamentos paravaginais (contíguos ao complexo uterossacros/cardinais, só que por todo o comprimento da vagina) e à fáscia superior do m. elevador do ânus, compõe o nível 2 de sustentação vaginal. A perda do nível 2 contribui para prolapso da parede vaginal anterior. ▪ Corpo perineal: área de fixação de diversos músculos, centro tendíneo do períneo. - Junto aos músculos perineais, superficiais e profundos, e tecido conectivo fibromuscular, forma o nível 3 de sustentação vaginal, cuja perda está relacionada à prolapso de parede vaginal posterior e deiscência perineal ▪ Músculo elevador do ânus: músculos puborretal, pubococcígeo e íliococcígeo - A contração do m. puborretal leva as estruturas (vagina, bexiga e reto) para frente e tem importância na continência e na função sexual. Além dele, o m. esfíncter externo do ânus também contribui para o fechamento do ânus no mecanismo de continência. - Ligamento uretropélvico: passa por baixo da uretra, é o primeiro anteparo no qual a uretra repousa diante de qualquer esforço, fazendo seu fechamento e impedindo saída de urina aos esforços ▪ Uretra - Formada por 4 camadas, contendo musculatura estriada (controle voluntário, camada mais externa) e musculatura lisa (controle involuntário, camada mais interna), além de submucosa e mucosa - A uretra possui sua própria musculatura intrínseca, além de ser controlada por outros músculos (ex: m. uretrovaginal, que contrai involuntariamente na hora do esforço para ajudar na continência) - A contração da musculatura gera obliteração da luz uretral - O coxim vascular (plexo vascular, próximo do epitélio) também ajuda no mecanismo de continência. Com a diminuição do estrógeno e afinamento desse tecido, há menor vascularização, havendo menor reforço para obliteração da luz da uretra e facilitando a incontinência. o Sinais e Sintomas ▪ Sinais: queda de um ou mais dos seguintes - Parede anterior da vagina - Parede posterior da vagina - Útero, colo uterino, ápice da vagina (pós-histerectomia) ou períneo ▪ Sintomas - Plenitude vaginal, pressão na pelve - Apoio (splinting): sustentação manual do prolapso para melhorar os sintomas - Digitação (digitation): manobra para auxiliar na evacuação (inserção dos dedos na região prolapsada, permitindo saída das fezes) ➢ Para ser considerado doença, o POP deve ser atribuível à queda de órgão pélvico de forma que a redução cirúrgica ou não cirúrgica proporcione alívio dos sintomas, restaure a função e melhore a qualidade de vida. (Ginecologia de Williams, 2ª ed) o Fatores de risco ▪ Etnia - Mulheres brancas e hispânicas possuem maior predisposição - As negras possuem melhor mecanismo de continência devido a maior densidade de colágeno, além de formato pélvico diferente ▪ Idade Avançada - Relacionado à diminuição do estrógeno a partir do climatério, gerando alteração do tecido conjuntivo em quantidade e qualidade, gerando atrofia urogenital (ressecamento vaginal, afinamento da mucosa e perda da capacidade de contração) e diminuição do suporte pélvico (fáscia endopélvica mais fina) ▪ Gestação: acima de 20 semanas, já causa por si só peso na pelve e pode causar danos nas estruturas pélvicas ▪ Parto vaginal - Pode causar dano permanente, contudo, não se indica cesárea só por conta disso (pra evitar) - Pacientes que entraram em TP com pelo menos 4 cm de dilatação, mesmo se fizeram cesárea, já há maior risco, porque houve estiramento maior da musculatura - Parto instrumental: danos causados pelo fórceps ou pelo vácuo-extrator, porque para usar o fórceps é preciso fazer episiotomia (causa mais danos às estruturas do que as lesões pela passagem do polo cefálico). - Lacerações no parto ▪ Aumento de pressão abdominal cronicamente - Tosse crônica (DPOC, asmáticas, fumantes) - Esforço físico - Atividades físicas extenuantes (ex: crossfit). Durante o movimento de força, é preciso contrair o períneo junto para evitar isso. - Constipação crônica - Obesidade (sobrecarga de peso crônica) ▪ Alterações do tecido conjuntivo - Doenças do tecido conjuntivo: síndrome de Marfan, Ehler-Danos - Alterações do colágeno do tipo 2 (geralmente familiar, histórico familiar de prolapso genital) - Tabagismo: diminui a circulação, pode determinar enfraquecimento do tecido conjuntivo e da musculatura Incontinência Urinária o Fisiologia da micção: controle central da urina, controla a vontade de urinar - Através da medula, há controle da bexiga por meio de nervos (nervo pudendo somático, nervo sacral somático, inervação parassimpática e simpática) ▪ Fase de enchimento vesical: armazenamento da urina, mecanismo de continência - SNA simpático atua no receptor β3 → relaxamento do detrusor da bexiga (vesical); coordenadamente, há contração da base da bexiga e do músculo uretral por ação do sistema simpático em receptores α1 → continência vesical - À medida que a bexiga vai se expandindo com líquido, há ativação da inervação simpática (enchimento) ▪ Fase de esvaziamento vesical: inervação parassimpática - SNA parassimpático atua no receptor M3 → contração do detrusor da bexiga (vesical); paralelo a isso, não por atuação parassimpática, há relaxamento uretral → esvaziamento vesical. Se eu bloqueio M3, terá menos contrações, com isso aliviará a incontinência. Porém, essas medicações causam efeitos adversos, como xerostomia, além de interferirem em na cognição da paciente, por isso não é tanto usado, principalmente em pacientes idosas (quedas), glaucoma de ângulo fechado (piora), com doenças tireoidianas, com asma. - Uma medicação bastante usada é uma que ativa o receptor β3, para relaxar a bexiga e permitir que não perca a urina. Porém, não pode ser feita em pacientes com hipertensão. OBS: na presença de ITU por E. coli, pode haver liberação de toxinas que causam inibição dos receptores α1 da uretra e da base da bexiga, causando incontinência urinária. • Incontinência Urinária de Urgência (IUU) - Na alteração de alguma das fases (enchimento/esvaziamento vesical), pode acontecer de causar uma bexiga hiperativa, acarretando em IUU o Quadro clínico: urgência miccional, nictúria e incontinência de urgência - Paciente com vontade de urinar, mas não aguenta segurar até chegar no banheiro - Por mais que contraia o assoalho pélvico, a urina continua a sair - O volume de urina perdido pela mulher até ela conseguir contrairos músculos novamente e impedir essa saída dependerá do acometimento de cada mulher o Tratamento: tenta-se bloquear essa contração exagerada da bexiga (inibição do parassimpático, que faz a micção) • Incontinência Urinária de Esforço (IUE) – Entre as mais comuns - Aumento da pressão (esforço) → uretra se abre e urina sai - Geralmente são pacientes que quando tossem, urina sai, mas a paciente pode conseguir contrair a musculatura pélvica e interromper a saída de urina (se ela souber contrair) - Perda de urinas em pingos - Contração paradoxal: a paciente sem consciência pélvica (sem treinamento, não consegue contrair a m. pélvica), na tentativa de parar a micção, ao invés de contrair a musculatura pélvica, contrai a musculatura abdominal, fazendo uma contração paradoxal (piora o quadro, faz mais xixi). No exame, pede para ela contrair o assoalho pélvico com o nosso dedo na vagina, se ela ao invés disso contrai pernas e abdome, é necessário ensiná-la a contrair o assoalho (fisioterapia pode ajudar, permitindo que ela adquira controle. Se não, só a cirurgia resolve (tela- faz função do ligamento). - Ocorre por 2 alterações principais (um dos mecanismos está debilitado, ou ambos): o Deficiência esfincteriana intrínseca - Devido a dano (ex: cirurgia prévia, radioterapia, neuropatia diabética, hipoestrogenismo) a alguma porção da musculatura lisa ao redor da uretra - Precisa de cirurgia o Hipermobilidade uretral - Alteração na posição da uretra que faz com que ela não tenha anteparo/sustentação suficiente para a continência (ela pode até contrair por si, mas não tem suporte ao redor) - Pode ser que a paciente consiga corrigir só com fisioterapia *Algumas pacientes possuem IUU e IUE, podendo ser necessário realizar cirurgia e ainda manter medicação ou fisioterapia. Porém, pode avaliar o que mais a afeta. Se a perda em gotas, ou em grande volume por não conseguir chegar ao banheiro a tempo (pode tratar preferencialmente a que mais limita a paciente). Prolapso de Órgãos Pélvicos - Descida de estruturas que estão rodeando a vagina, podem herniar pela vagina - Para fazer o exame, desarticula o espéculo vaginal o Prolapso vaginal anterior: se vê a mucosa vaginal no prolapso, mas por trás tem bexiga e uretra, coloca espéculo a partir da fúrcula pra ver. É muito associado à incontinência por esforço. - A mucosa vaginal mais pregueada evidencia que o prolapso possivelmente é mais lateral, enquanto que o prolapso de parede vaginal sem muito pregueamento sugere que o prolapso é na linha média Prolapso vaginal anterior o Prolapso vaginal posterior: parede vaginal posterior abaulada, coloca espéculo em cima - Constipação intestinal por impactação das fezes na região prolapsada, paciente faz “digitação” → insere os dedos para empurrar o prolapso e conseguir evacuar Prolapso vaginal posterior o Prolapso apical - Em paciente histerectomizada, é a descida da cúpula vaginal - Em paciente com útero, há apresentação do colo do útero, ou até mesmo do útero completo - O prolapso pode ser só do colo uterino ou de várias estruturas juntas (bexiga, vagina e reto) - Às vezes, o prolapso é redutível (consegue colocar a “bola” prolapsada pra dentro), contudo, num estado mais avançado, não se consegue mais interiorizar - Incontinência urinária oculta: uretra dobrada no prolapso de várias estruturas, dificultando a micção (prevenindo a incontinência urinária). Ao realizar a cirurgia corretiva de prolapso, a paciente passa a ter queixa de incontinência devido à retificação da uretra, sem anteparo que a sustente. - Diagnóstico diferencial: colo do útero hipertrófico. Pode-se diferenciar ao exame físico. - Na cirurgia do ligamento sacro-espinhoso coloca a estrutura para dentro e fixa, mesmo em casos mais graves. o Sinais e Sintomas - Urinários: maior risco de ITU devido à maior exposição, podendo reter por impedimento físico (mais comuns) - Intestinais: constipação grave, perdas fecais e de flatulência pelo esforço repetitivo do esfíncter anal - Sexuais: estética vaginal alterada, além de dor e desconforto, incontinência urinária durante o ato, impedimento do ato pelo prolapso - Outros: Sensação de peso em baixo ventre e lombar • Pelvic Organ Prolapse Quantification (POP-Q) - Avaliação para determinação do grau do prolapso, a fim de uniformização dos diagnósticos, é uma medida objetiva. São avaliados 9 pontos. - O prolapso é medido em relação ao hímen o Na prática: poucos ginecologistas usam - Não precisa colocar as letrinhas, basta o jogo da velha e preencher com as medidas em centímetros - No meio, estão as medidas que serão realizadas sem esforço. Não coloca sinal positivo/negativo o Pontos de referência - Os símbolos positivo (+) e negativo (-) informam a distância do referido ponto à carúncula himenal, o plano himenal é o ponto zero - Os valores são negativos quando os pontos se localizam dentro da vagina (mais profundo à carúncula) e positivos quando estão fora (mais externo à carúncula) - As medidas sempre devem ser feitas com a paciente fazendo esforço, exceto os pontos do “meio” da tabela ▪ Parede vaginal anterior ➢ Aa: ponto na linha média da parede vaginal anterior que está a 3 cm do meato uretral externo (corresponde ao ponto de localização da JUV, em que a uretra se encontra com a bexiga. É o ponto mais móvel da região). - Em mulheres normais, esse ponto continua se localizando na posição -3 cm após manobra de Valsalva (esforço) - Em mulheres com POP, esse ponto sai do lugar após esforço, sendo sua medida máxima de prolapso +3 cm ➢ Ba: ponto de maior prolapso da parede anterior da vagina (“ponto que mais sair”) ▪ Parede vaginal posterior ➢ Ap: ponto na linha média da parede vaginal posterior, situado a 3 cm da carúncula himenal - Sua posição varia de -3 cm (normal) a +3 cm (prolapso máximo do ponto Ap) - O prolapso desse ponto fala à favor de hipermobilidade uretral ➢ Bp: ponto de maior prolapso da parede posterior da vagina OBS: o ponto A é marcado com corante/caneta dermográfica. O ponto B, em situações normais, coincide com o ponto A e localiza-se em -3 cm. ▪ Pontos do ápice vaginal ➢ C: distância da carúncula himenal até o colo uterino (ou cúpula vaginal, em histerectomizada) após esforço - A partir dessa medida e do tvl (total vaginal length) em mulher sem prolapso, é possível mensurar o comprimento do colo uterino - tvl - C = comprimento do colo uterino (ex: tvl de 10 cm, C de -7 cm, colo uterino de 3 cm) ➢ D: ponto do fórnice posterior em mulher que tem colo uterino - Em mulher histerectomizada, ele é omitido (representado como um “–“ no #) parede anterior Aa parede anterior Ba colo uterino ou cúpula C hiato genital gh corpo perineal pb comprimento vaginal total tvl parede posterior Ap parede posterior Bp fórnix posterior D - Atentar que há diferença entre valor de fórnix omitido (-) e valor de fórnix “0” no POP-Q, porque 0 representa que esse ponto está no mesmo nível do hímen, não que não existe. - Mensuração a partir do fundo de saco posterior ▪ Pontos do “meio da tabela”: são medidas sem que a paciente esteja fazendo esforço, ao contrário do resto ➢ Hiato genital: distância entre o centro da uretra até a fúrcula vaginal ➢ Corpo perineal: medida da pele entre a fúrcula vaginal e o ânus ➢ Comprimento vaginal total: maior profundidade vaginal em centímetros. colocar uma “régua” na vagina até o fundo de saco vaginal lateral esquerdo (por convenção) • Estadiamento: - Estágio 0: não existe prolapso (acima de -1 pra dentro da vagina e não sai do lugar ao esforço), pontos C e D estão entre o CVT – 2* - Estágio I: a porção mais distal do prolapso localiza-se a mais de 1 cm pra dentro da carúncula (acima de -1, ou seja, -2, -3, etc, mas sai do lugar) - Estágio II: a porção maisdistal do prolapso localiza-se em ponto entre -1 e +1 (ou até 1 cm pra dentro da carúncula ou até 1 cm pra fora) - Estágio III: porção mais distal do prolapso localiza-se a mais de 1 cm pra fora da carúncula himenal (> +1 cm), mas de distância menor que o valor do comprimento vaginal total (CVT) - 2cm (ex: em paciente com TVL de 10 cm, esse valor é de 8cm. Se o ponto mais distal está mais externo à +1 cm da carúncula, mas nesse caso, ainda inferior a +8, é estágio III). - Estágio IV: eversão completa do comprimento do trato genital inferior, a porção mais distal do prolapso mede pelo menos o CVT (TVL) - 2 *Ex: se CVT for de 10, C e D estão entre -8 e -10. OBS: a cirurgia começa a ser considerada a partir do estágio II, mas a partir do III e IV ela é de fato recomendada. • Exames Complementares o Incontinência Urinária: estudo urodinâmico - Sonda na vagina que serve para medir as pressões abdominais, esforços que a paciente faz, verifica o que acontece com a bexiga durante o enchimento. - Na IUE: se estiver abaixo de 60, evidencia deficiência esfincteriana intrínseca. Se acima de 90, evidencia hipermobilidade uretral. - Na IUU: detecta contrações do detrusor não inibidas pelo SNA • Exame Físico da Paciente com Prolapso/Incontinência o Marcha: verificar alguma anormalidade que possa evidenciar lesão medular, AVC, etc o Inspeção vulvar o Exame especular univalvar: desarticula o espéculo e usa apenas uma válvula para fazer o exame uroginecológico • Tratamento dos POPs - Para mulheres assintomáticas/levemente sintomáticas, pode-se ter conduta expectante - Em prolapsos significativos, pode-se optar entre tratamentos cirúrgico e não cirúrgico o Fisioterapia: reforço da musculatura perineal no pré-operatório, exercícios de Kegel - A partir desses exercícios, as mulheres aprendem a contrair conscientemente os músculos antes e durante situações de aumento da pressão abdominal - Ativação de nervos para melhorar a incontinência (tanto de urgência quanto de esforço) - Há baixa evidência científica para o seu uso na prevenção e tratamento de prolapso, mas têm risco mínimo e baixo custo, portanto, podem ser indicados a mulheres assintomáticas/levemente sintomáticas - Quando o prolapso já está instalado, a fisioterapia praticamente não ajuda e é necessária intervenção cirúrgica o Estilo de vida - Perda de peso ajuda, porque o próprio aumento de pressão abdominal propicia as perdas urinárias e o prolapso - Abandonar tabagismo, tratar outras causas que podem estar influenciando na gênese e na piora dos sintomas (ex: diabetes descompensada) o Cirúrgico ▪ Tela - Uso de tela maleável, específica para área genital (poros grandes para permitir passagem de macrófagos e impedir infecções) - A tela é fixada sob a mucosa e se incorpora sob o tecido, forma uma fibrose sobre a tela e gera contenção, a tela faz o papel da fáscia endopélvica - NÃO usar em prolapsos de parede posterior devido ao risco de fístulas para área retal ▪ Sutura: era o tratamento de escolha quando não se tinha tela, atualmente se usa quando não se tem tela - Abrir a mucosa, identificar o ponto de rotura da fáscia endopélvica e suturá-la, contudo, por vezes a fáscia não está muito boa (colágeno de baixa qualidade, a sutura pode rasgar de novo, etc) - Preferir usar a tela quando possível - Em prolapso de parede posterior, deve-se suturar a fáscia retovaginal - Em prolapso de cúpula vaginal, pode-se realizar sacropexia da cúpula vaginal (via laparoscópica, utilizar uma tela e fixar o fundo da vagina no sacro) ou, mais comumente, fixação ao ligamento sacroespinal (suturar o fundo da vagina ao ligamento sacroespinhoso, via vaginal) o Pessários: estruturas de silicone dentro da vagina - Tratamento clínico, pode ser usado em mulheres que não estão aptas (ex: doença cardíaca) ou não querem ser submetidas à cirurgia - Coloca o prolapso pra dentro e insere o pessário para sustentar - Utilizar por cerca de 1 semana, higienizá-lo, e passar 1 noite ou 1 dia inteiro sem usar, porque como está muito ajustado à mucosa, pode causar diminuição da circulação na área e propiciar alguma necrose - Não muito usado no Brasil • Tratamento da Atrofia Genital, Disfunção Sexual - Uso de estrógenos tópicos (ex: ESTRIOL) ou promestrieno - Associados, podem ser feitos lubrificantes vaginais à base de água - Usando esses tratamentos, também pode haver uma melhora da incontinência urinária (devido ao espessamento vaginal e melhor fechamento da uretra), principalmente com o uso de estrógenos ▪ PROMESTRIENO - Pouca absorção sistêmica, atua mais sobre a vagina, é indicado para pacientes em que há contraindicação para o uso de estrógenos - Usar inicialmente por 15 dias seguidos e depois para a vida toda 3x/semana (uso contínuo), porque quando ela para a medicação, a atrofia retorna ▪ ESTRIOL - Utilizar do mesmo jeito que o promestrieno, mas como é mais potente, a dose de ataque é usada por menos dias (ex: 10 dias ao invés de 15) ▪ Laser vaginal - Uso de dispositivo que emite laser por algumas sessões - Promove espessamento da mucosa vaginal, melhorando a lubrificação e reduzindo o desconforto • Tratamento da Incontinência Urinária o Esforço: slings - Em casos que apenas o tratamento cirúrgico suficiente (só a fisioterapia não resolve), pode-se colocar o sling, que ficará no lugar do ligamento uretropélvico (anteparo onde a uretra vai bater quando houver aumento de pressão abdominal) - Esse sling (“tela”) sofrerá uma fibrose, formando um anteparo e corrigindo a incontinência. o Urgência (hiperatividade detrusora) - Indicar micção programada, mesmo que esteja sem vontade (ex: urinar a cada 2 horas), não deixar a urgência chegar - No geral, faz-se um diário miccional para programar a micção, porque impedindo que a bexiga se encha, impede também a urgência e a incontinência - Não é indicado cirurgia, no geral se usa drogas anticolinérgicas e fisioterapia pélvica ▪ Drogas anticolinérgicas: mais comum de se usar, causam bloqueio do SNA parassimpático - Efeitos colaterais: ressecamento vaginal e de boca, interfere em funções cognitivas, aumentando risco de queda. Devem ser usadas com muita cautela. ❖ OXIBUTININA: droga mais usada - Anticolinérgica, age nos receptores de forma mais geral ❖ TOLTERODINA: - Anticolinérgica, age mais especificamente nos receptores M3, embora algumas pacientes também refiram ressecamento de boca - Melhor aderência ao tratamento ▪ Toxina botulínica: usada em casos mais graves, geralmente quando se tem causas neurológicas associadas - Bloqueio da musculatura do detrusor, impedindo que ela se contraia e ocasione a micção - Injetada em pontos específicos da parede vesical a partir da cistoscopia Aplicação do sling para IUE. Localização mais usada, passando pelos forames obturatórios. Outra possível aplicação, mas menos usada, é o sling retropúbico.
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