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DISCIPLINA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA - 2020 FCMSCSP Marcella S D Ganme Introdução à Fisiatria Considerações Iniciais - Atualmente, segundo a OMS, cerca de 10% da população apresenta algum tipo de incapacidade. Dentre os tipos de deficiência, a mais prevalente é a mental (5% da população), seguida da física (2%), auditiva (1,5%), múltipla (1%) e, por último, visual (0,5%). - A reabilitação é o processo de ajudar um indivíduo a atingir o seu melhor potencial físico, psicológico, social, vocacional e educacional, compatível com seu déficit fisiológico e/ou anatômico, limitações ambientais, desejos e planos de vida. Assim, a reabilitação depende de uma avaliação biopsicossocial do indivíduo, garantindo a inclusão na sociedade, de acordo com os planos e expectativas do indivíduo. - Definições Lesão (deficiência): perda ou anormalidade de estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica. São distúrbios orgânicos. Incapacidade: restrição ou falta de habilidade para realizar uma atividade; é a consequência da lesão. Podem ser transitórias ou permanentes; motora, cognitiva ou dolorosa. Desvantagem (invalidez): resulta da incapacidade; limita ou impede o cumprimento de um papel que é normal para aquele indivíduo (depende da inserção social do indivíduo; idade, cultura, sexo, profissão) Toda lesão resulta potencialmente em incapacidade e pode ou não resultar em desvantagem para o indivíduo. ➔ Exemplo: paciente vítima de acidente automobilístico, sofreu trauma raquimedular, ficou paraplégico e dependente de cadeira de rodas ➔ a lesão é a paraplegia secundária a trauma; a incapacidade é a motora, que impede a deambulação; a invalidez, apenas com as informações descritas, não pode ser definida (o indivíduo teve que deixar de trabalhar? o indivíduo consegue desempenhar atividades de vida diária com certa independência?) - A incapacidade, quando é permanente, não é alterada pela reabilitação. O tratamento atua melhorando a capacidade funcional residual, não diminuindo a incapacidade. - O papel do médico fisiatra, portanto, é diagnosticar a incapacidade, definir o potencial de recuperação funcional, prevenir complicações secundárias às incapacidades e reduzir a desvantagem que aquela incapacidade gera no indivíduo. O objetivo da reabilitação é assegurar à pessoa com deficiência a mais ampla participação na vida social e ainda proporcionar a maior independência possível em atividades da vida diária. Dessa forma, as ações de reabilitação visam o desenvolvimento de capacidades, habilidades e recursos pessoais para promover a independência e a integração social das pessoas com deficiência. Avaliação da Incapacidade - Anamnese: identificação (idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, profissão, religião, estrutura familiar), queixa e duração (perguntar diretamente o que mais incomoda o paciente), HPMA (mecanismo de trauma, evolução da lesão), ISDA (disfagia, incontinência urinária e fecal, alterações sensoriais, etc), antecedentes pessoais (medicações e outras comorbidades + antecedentes funcionais, psicológicos, sociais e vocacionais), antecedentes familiares - Exame físico: geral, avaliação cognitiva, avaliação postural, força muscular, tônus muscular, sensibilidade, dor Avaliação cognitiva: nível de consciência, orientação temporo-espacial, comportamento, atenção, memória, fala… Avaliação postural: a boa postura é essencial para o processo de reabilitação; a postura ideal é aquela situação musculoesquelética com a qual se obtém o melhor rendimento funcional com o menor gasto energético; avaliar ergonomia nas atividades diárias (celular, computador, trabalho, estudo, carregar peso), avaliar amplitudes de movimento de cada articulação Força muscular: grau 0 a 5 (funcionamento normal do músculo); 1 contrai mas não movimenta, 2 movimenta mas não vence gravidade, 3 vence gravidade mas não vence resistência, 4 vence resistência leve. Tônus muscular: normotônico, hipotônico (flacidez), hipertônico (espasticidade ou rigidez plástica). Sensibilidade: tátil, térmica e dolorosa Equilíbrio e coordenação: romberg, índex-nariz, calcanhar-joelho Funcionalidade: realização de atividades de vida diária, medida de independência funcional, higiene e auto cuidado - A partir dos dados coletados na anamnese, exame físico, testes especiais e exames complementares, a equipe multidisciplinar pode determinar o potencial funcional do paciente, definir metas a serem atingidas e definir a estratégia da aplicação dos recursos terapêuticos. Tecnologia Assistiva Considerações Iniciais - O que é tecnologia assistiva? São instrumentos criados pelo homen para potencializar ou compensar uma função; na reabilitação, é utilizada visando o resgate da função humana em sua totalidade - Perguntas chave para dar início ao processo de reabilitação: Como o paciente estava antes da lesão? Como está agora? Como quer ficar? O paciente apresenta incapacidade funcional? O atendimento é precoce ou tardio? Há necessidade de tecnologia assistiva? - Medida de Independência Funcional (MIF): instrumento de mensuração da incapacidade de pacientes com restrições funcionais; pontuação mais elevada é 126 (independência total) e a menor, de 18 (dependência total). - Processo de seleção de TA: após avaliação funcional do paciente; é feita uma avaliação criteriosa das necessidades do paciente e a possibilidade de resolução do problema pelo uso de aparatos tecnológicos. Possibilidades de TA: órteses, adaptações para AVDs, assentos especiais, cadeira de rodas (controle postural, conforto, integridade tecidual), colchão (evitar úlceras de pressão) Órteses: visam prevenir lesões, impedir deformidades, estabilizar/imobilizar e garantir funções; são confeccionadas especificamente para cada paciente Equipamentos para colocar o paciente em ortostatismo: prancha ortostática, parapódio, RGO Recursos Terapêuticos e Meios Auxiliares de Marcha Considerações Iniciais - Marcha normal: é a locomoção para frente do corpo com eficiência (ou seja, gasto mínimo de eficiência). É formada pela fase de apoio (membro permanece em contato com o solo e sustenta o peso) e pela fase de balanço (tempo em que o membro permanece no ar) Fase de apoio: toque do calcanhar ➔ fase de contato (achatamento do pé no solo) ➔ apoio médio (peso corporal se move centralmente sobre o pé) ➔ saída do calcanhar (apoio terminal) ➔ propulsão (pré balanço); objetivos - absorção de choque, posicionamento para balanço, estabilidade e progressão Fase de balanço: inicial ➔ médio ➔ final (desaceleração); objetivos - liberação do pé da superfície, avanço do membro, preparar membro para o apoio - Passo x Passada Passo: Sequência do o contato inicial de um pé no solo até ao contato inicial do pé contralateral; P a s s a d a : S e q u ê n c i a d e d o i s contatos iniciais de um mesmo pé, equivalente ao ciclo da marcha - O treino de marcha é uma atividade cíclica que requer posicionamento repetitivo das extremidades inferiores, visando desenvolvimento de coordenação, controle postural, força muscular, equilíbrio, amplitude de movimento. Dispositivos facilitadores para treino: barras paralelas, rampas e escadas Dispositivos auxiliares de Marcha - Objetivos: aumentar base de apoio, diminuir carga no membro, fornecer informação sensorial, auxiliar na aceleração e desaceleração, diminui alterações no centro de massa - Prescrição: dor, fadiga, equilíbrio, fraqueza, instabilidade articular, eliminação de peso - Bengalas: amplia a base de sustentação e melhora o equilíbrio; usadas sempre na mão oposta ao membro afetado; NÃO são indicadas para restrição de descarga de peso. Madeira/alumínio: apoio estrutural simples 4 apoios: déficit neurológico ou tendência a queda Regulagem: apoio das mãos deve estar nivelada com o grande trocânter, cotovelo em flexão de 20-30 graus, uso do lado oposto ao membro afetado, cercade 15cm lateralmente da borda lateral do pé; não deve estar a frente do hálux do membro envolvido, avançando sempre simultaneamente - Muletas: dispositivos auxiliares mais usados em pós- operatório; aumentam o equilíbrio e aliviam a sustentação de peso no MI; são usadas bilateralmente, costumam gerar sobrecarga no MS por transferência de peso Canadense: apoio no antebraço; braçadeira no terço proximal do antebraço, apoio da mão na altura do trocânter maior Axilares: apoio axilar; 3cm abaixo da axila (evitar compressão do n. axilar), apoiada no gradil costal; 5 cm lateralmente ao pé Desvantagens: tendência do paciente de inclinação sobre barra axilar (lesões nervosas e vasculares) e difícil manejo em lugares pequenos e cheios - Como subir e descer escadas com bengalas e muletas? Para subir, membro bom vai na frente; para descer, membro afetado vai na frente. - Andadores: indicados mais na fase inicial de reabilitação; podem ser rígidos ou dobráveis, articulados ou não, com ou sem rodas; usados para melhorar o equilíbrio e aliviar a sustentação de peso; são os dispositivos auxiliares que garantem a maior estabilidade, devido a ampla base de sustentação Regulagem: apoio das mãos deve estar nivelada com o grande trocânter, cotovelo em flexão de 20-30 graus Desvantagens: incômodo, impossibilidade de subir escadas, inadequado para áreas pequenas Cadeira de Rodas - Não são dispositivos auxiliares da marcha, já que eliminam a marcha. Tem como objetivo a maximização da mobilidade e da função independente. Também são utilizadas na prevenção/minimização de deformidades ou lesão devido a descarga de peso. Descarga de Peso - Indicações: sem descarga de peso, descarga proprioceptiva (encostar membro no chão sem colocar peso) ou carga parcial (cerca de 50% do peso corporal). A descarga zero é pouco utilizada atualmente; em geral, mesmo após as cirurgias ortopédicas, a indicação é de dercarga proprioceptiva. - Muleta: Marcha em 3 pontos, é a forma de redução de descarga de peso mais utilizada. As muletas são levadas a frente, em seguida o membro afetado, então descarrega o peso do corpo e, por último, membro não afetado vai a frente. Marcha em 4 pontos: muleta esquerda, pé direito, muleta direita, pé esquerdo. É utilizada em caso de lesão das duas pernas (ambas com liberação para descarga de peso parcial) ou em pacientes neurológicos. Marcha em 2 pontos: a consequência natural de uma marcha em 4 pontos é a marcha em 2 pontos (muleta e pé contralateral vão juntos); ocorre com o treino. - Bengala: marcha em 3 pontos (bengala e perna lesionadas ➔ perna não afetada) - Andador: marcha em 3 pontos; ensinar paciente a sentar e levantar (pode ser: levantar com duas mãos no andados ou uma mão no apoio e uma no andador; para sentar segurar nos braços da cadeira com andador de costas para cadeira) Reabilitação Pediátrica Considerações Iniciais - Patologias pediátricas que levam a incapacidade de maior prevalência Neurológicas: paralisia cerebral (principal causa de incapacidade na infância), lesão medular, mielomeningocele, distrofia muscular, síndrome de down, síndromes genéticas, encefalopatias crônicas Ortopédicas: malformações congênitas, pé torto, fêmur curto, escoliose, amputações, artrite idiopática juvenil - Na criança, a reabilitação muitas vezes não deve recuperar funções perdidas, e sim desenvolver funções que ainda não foram adquiridas. Assim, é função da reabilitação pediátrica garantir o desenvolvimento neuropsicomotor da criança de acordo com a faixa etária. - Incapacidades na infância: podem ser motora (paraplegia, tetraplegias, hemiplegias, malformações), cognitiva (deficiência mental, atraso na fala, dificuldade de aprendizado, alterações comportamentais), dolorosa (artrite, dor articular pós operatória, dor articular mecano postural) ou sensorial (visual, auditiva) Paralisia Cerebral - É a principal causa de incapacidade na criança. Nos países desenvolvidos, acomete de 1,5-2,5 a cada 1000 nascidos vivos (prevalência vem aumentando nos últimos anos ➔ complicações no parto não levam mas a morte dos fetos, porém a problemas de desenvolvimento). No Br, há cerca de 30 mil novos casos por ano. - É definida por um conjunto de alterações oriundas de um determinado acometimento encefálico, caracterizado essencialmente por uma alteração persistente porém não estável do tônus, da postura e do movimento que se inicia durante o período de maturação anatomofisiológico do SNC ➔ encefalopatia (lesão encefálica) crônica não-evolutiva (lesão não regride nem melhora). - O comprometimento, na paralisia cerebral, é predominantemente motor. A encefalopatia crônica não evolutiva que leva a comprometimento predominantemente cognitivo é a deficiência mental. - Etiologia: causas pré-natais, peri-natais ou pós-natais Pré-natais: fatores maternos (comorbidades, idade), malformação de SNC, infecções (toxoplasmose, sífilis, rubéola, herpes, HIV), intoxicação (medicamento, drogas, álcool, tabaco, radiação), encefalopatia hipóxico- isquêmico, hemorragia uterina Perinatais (do parto até 28 dias de vida): são as causas mais frequentes; icterícia grave, hipóxia neonatal, convulsão neonatal Pós-natais (após 28 dias): infecções (meningoencefalites), causas vasculares (AVC), traumas, anóxia (quase afogamento) - Diagnóstico: clínico (anamnese + atraso de desenvolvimento neuropsicomotor + persistência de reflexos primitivos + presença de reflexos patológicos + alteração do tônus muscular e postura) + neuroimagem (TC de crânio, RNM de encéfalo, USG transfontanela ➔ exames podem estar normais e ainda sim não descartar paralisia cerebral) - GMFCS (gross motor function classificarion system): sistema de classificação da paralisia cerebral baseado na observação do movimento auto-iniciado pela criança e sua necessidade de teconologia assistiva. - Condições associadas: a paralisia cerebral está comumente associada com disfagia, bexiga neurogênica, constipação Disfagia: engasgos, broncoaspiração, refluxo gastroesofágico; crianças podem cursar com desnutrição, pneumonias de repetição por broncoaspiração Constipação crônica: pacientes tendem a ser constipados devido a fraqueza muscular, pouca atividade física, muito tempo deitado, dietas pobre em fibras, posicionamento inadequado para evacuar e uso de medicamentos que reduzem o peristaltismo Bexiga neurogênica: incontinência urinária, ITUs de repetição, maior risco de nefropatias; possibilidade de sondagem vesical de alívio para evitar fralda suja por longos períodos Deficiências mentais: baixo QI, dificuldade de aprendizidado, dificuldade de fala e linguagem Distúrbios psiquiátricos: espectro austista, depressão, agressividade, hiperatividade, déficit de atenção Formas da Paralisia Cerebral - Formas clínicas da paralisia: espástica (mais frequente), discinética, atáxica, mista Espástica (75 a 80%): indivíduo apresenta rigidez muscular, posturas viciosas (pé caído em equino, flexão de punho, flexão de joelho); subdivida em hemiplégica (1 lado do corpo), diplégica (2 membros inferiores) e tetraplégica (todos os membros) Discinética (15 a 20%): movimentos involuntários; pode ser coreatetósica ou distônica Atáxica (5%): alterações de equilíbrio e coordenação (lesão cerebelar) Mista: coexistência de duas formas (ex: espástica + discinética) - Forma espástica diplégica: Compromete quase exclusivamente MMII (alguns indivíduos apresentam leve fraqueza de MS); manifesta-se com atraso no desenvolvimento motor (rolar, movimentar MI, sentar; apoio plantar deficiente, adução em tesoura, rotação interna dos quadris, pé equinovalgo ➔ marcha em tesoura na ponta do pé); aquisição de marcha com 30-36 semanas; sinais de liberação piramidal (clônus, hiperreflexia, sinal de babinski, hipertonia espástica) Inteligência normal ou no limite inferior Neuroimagem revela lesões hipóxico-isquêmicas (leucomalácia periventricular)- Forma espástica hemiplégica: Assimetria de movimentos de membros superiores do 4o ao 5o mês de vida (movimenta um membro muito mais que o outro); conforme a criança cresce, adota atitude de Wernicke-Mann (abdução do ombro, pé caído em equino, flexão de punho com polegar empalmado) Hpotrofia do hemicorpo comprometido e sinais de liberação piramidal (hiperreflexia, clônus, sinal de Babinski, hipertonia espástica) Inteligência costuma estar preservada N e u ro i m a g e m c o s t u m a re v e l a r l e s õ e s h i p ó x i c o - i s q u ê m i c a s (encefalomalácia periventricular, cistos paroencefálicos) - Forma espástica tetraplégica: Forma mais grave, acomete os 4 membros por igual; desenvolvimento psicomotor é praticamente nulo (não sustentam o pescoço, não sentam, não interagem com o meio) Membros superiores ficam em flexão, membros inferiores ficam em extensão ou em flexão; há escoliose e luxação do quadril, frequentemente; cursa com distúrbios de deglutição e sialorréia (estase salivar) Deficiência mental profunda, falta de interação com o ambiente; epilepsia em mais de 50% dos casos Neuroimagem revela lesões extensas com atrofia difusa e encefalomalácia multicística - Forma discinética: Dividida em atetóide (compromete mais extremidades; realizam movimentos involuntários curvil íneos, serpenteantes) e disônico (compromete musculatura do tronco; erijecimento com tendência a movimentos bucolinguais e opistótono - não conseguem sentar); Mímica facial com careteamento constante, fala mal articulara e incrompreensível devido distonia da língua; incapacidade motora funcional intensa Inteligência preservada; forte angústia por incapacidade de comunicação - Forma atáxica: incoordenação motora generalizada; marcha disbásica, fala disártrica, tremores de ação, tônus muscular hipotônico Tratamento de Reabilitação na Criança - Objetivos: promover a aquisição de novas habilidades + prevenir complicações; melhoras a funcionalidade, inserção social, escolar e profissional, além de restaurar qualidade de vida da criança e família Estimular desenvolvimento neuropsicomotor Estimular mobilidade Prevenir deformidades Estimular comunicação e linguagem Tratar disfunções Orientar e educar a família ➔ compreender processo de luto, acolher, alinhar expectativas com metas realistas, trazer de forma ativa para tratamento Resumo da reabilitação infantil: 6 palavras ➔ função, família, saúde, amigos, diversão e futuro Reabilitação no Idoso Considerações Iniciais - Envelhecimento: declínio das funções orgânicas; a cada ano, a partir dos 30 anos, perdemos 1% de função. As primeiras alterações funcionais e estruturais ocorrem no final da terceira década de vida, como redução de massa óssea - AVC: 75% dos AVCs ocorrem na população acima de 65 anos; o risco sobra a cada década a cima dos 55 anos. Os idosos necessitam de um maior período de reabilitação, com lenta recuperação funcional e maior dependência a longo prazo - TCE: nos idosos, frequentemente associados a quedas; gera grandes períodos de reabilitação, com maiores incapacidades cognitivas do que na população mais jovem que sofre TCE - Imobilismo: exercícios de fortalecimento e atividades com endurence sub- máximo (40% da FCmáx) previnem o imobilismo e facilitam a realização de atividades da vida diária - Outros: quedas, incontinência urinária e fecal, incapacidade cognitiva Síndrome da Fragilidade - Dos 65 aos 80 anos, 10 a 15% dos idosos sofrem de síndrome de fragilidade; acima dos 85, 45% dos idosos são frágeis. - Idoso frágil: estado de vulnerabilidade fisiológica, relacionado à idade, que resulta em prejuízo de reserva homeostática e da capacidade do organismo de resistir a eventos estressores ➔ sarcopenia + disfunção imune + disfunção neuroendócrina Sarcopenia: declínio da massa muscular com substituição por tecido fibrótico ou adiposo; parâmetro da circunferência da panturrilha; tem como consequência diminuição da força muscular e da capacidade aeróbica máxima, prejuízo nas atividades de vida diária, fadiga, alteração de equilíbrio e marcha, maior risco de quedas Disfunção neuroendócrina: redução da taxa metabólica basal e aumento da resistência à insulina, alteração de GH, estrógeno e testosterona Difunção imune: elevação de mediadores inflamatórios e prejuízo nas respostas humoral e celular - Sinais e sintomas gerais: perda de peso, fraqueza, fadiga, inatividade, diminuição da ingesta alimentar, sarcopenia, desnutrição, alterações de marcha e equilíbrio, descondicionamento, diminuição da massa óssea - Como atuar? remover possíveis desencadeadores do ciclo, realizar suplementação nutricional, realizar exercícios resistidos Reabilitação na Síndrome do Imobilismo Considerações Iniciais - Imobilismo: estado em que o indivíduo vivencia ou está sob o risco de vivenciar limitações físicas do movimento. É resultado de uma série de fatores (repouso no leito, incapacidade motora funcional, dispositivo externo, outros). - A restrição do movimento tem como consequências repercussões anatômicas, fisiológicas e psicológicas. Há diminuição da qualidade de vida do paciente, aumento de morbidades e mortalidade, aumento do custo hospitalar. Sistemas comprometidos: musculoesquelético, cardiovascular, endócrino, genito-urinário, gastro-instestinal, tegumentar, nervoso, renal - A epidemiologia mundial do imobilismo não é bem conhecida, já que as classificações diferem sobre o tempo de limitação física para ser considerado imobilismo. Fatores de risco: redução da velocidade de marcha, Comprometimento Sistemático - Sistema muscular: com o imobilismo, há diminuição de massa muscular, força muscular (10-20% por semana de imobilidade) e resistência muscular. Com isso, há possibilidade de contraturas miogênicas por falta de uso do músculo (diminuição da síntese protéica, aumento da proteólise, hipóxia e fibrose muscular ➔ encurtamento). Síndrome dolorosa miodascial: aumento do cálcio intracelular leva a uma contração sustentada, levando a dor. É causada por uma desregulação energética muscular - Sistema cardiovascular: aumento da FC (atividade simpática aumentada por ↑ de estresse, dor) redução da reserva cardíaca por diminuição do tempo diastólico e do tempo de ejeção sistólico (tempo para encher e para ejetar é menor ➔ menos sangue sendo ejetado) resulta em menor fluxo coronariano hipotensão ortostática em decorrência da redução do volume sistólico (e, consequentemente, do débico cardíaco) trombose venosa profunda (TVP), associada à estase no fluxo sanguíneo nos MMII e também à redução no efeito de bombeamento dos músculos da panturrilha; além da hipercoagulabilidade que é induzida pela redução no volume plasmático (baixa volemia) - Sistema esquelético: aumento da reabsorção óssea, depleção de cálcio , vitamina D e hidroxiprolina, diminuição da tração osso-músculo; Durante a imobilidade, o processo de formação óssea para, mas a atividade dos osteoclastos continua, resultando na perda da densidade óssea, levando o osso a ter uma estrutura macia e fraca. Com poucos dias de repouso o cálcio circulante aumenta, e com três dias há um aumento de perda de cálcio pela urina, se a imobilidade se manter há chances de formação de cálculo renal - Sistema articular: diminuição da circulação do líquido sinovial (redução da nutrição e lubrificação da cartilagem ➔ atrofia progressiva), diminuição da síntese de matriz extracelular, proliferação de tecido gorduroso, fibrose capsular, inflamação e estresse biomecânicos (remodelamento articular) As contraturas são definidas como deformidades fixas das articulações em consequência da imobilidade, e ocorrem por causa da natureza dinâmica do tecido conectivo. Quando a movimentação é restrita, a atividade metabólica articular é alterada, e esses tecidos sofrem acentuado aumento de colágeno, se tornando mais densos; e as fibras que envolvem os músculos,os ligamentos e os tendões mais encurtados, resultando em uma diminuição global da flexibilidade das articulações - Sistema endocrinológico: aumento de PTH (leva a hipercalcemia), ACTH (resultando em aumento de cortisol e catecolaminas ➔ aumento de FC, vasoconstrição, inibição de crescimento de cartilagem), resistência insulínica periférica (hiperglicemia) - TGI e GTU: Posição supina ➔ drenagem de urina para ureteres e bexiga prejudicada ➔ aumento de tempo de precipitação e agregação de cristaloides ➔ cálculo renal Estase urinária ➔ ITUs O repouso no leito é comumente associado a redução do paladar, do olfato e perda do apetite, que levam ao desuso do trato intestinal, que por sua vez gera atrofia da mucosa e encolhimento das estruturas glandulares. Há também a diminuição da sensação de sede, o que pode facilmente evoluir com desidratação. Posição supina + desidratação + dieta pobre em fibras + fraqueza muscular ➔ redução do peristaltismo ➔ constipação - Sistema nervoso: alterações do SNP (redução da velocidade de condução por lesões compressivas, alterações metabólicas e nutricionais), alteração do SNC (gnosia, praxia, alteração de fala, distúrbio de memória e atenção), alteração neuropsiquica, delirium - Sistema tegumentar: úlceras por pressão - Equilíbrio hidroeletrolítico: hipercalcemia e hipercelciúria (excesso de excreção de cálcio), hipoprotreinemia (catabolismo muscular), depleção de nitrogênio, hiponatremia (redução de sódio), hipocalemia (redução de potássio), além de redução de zinco, enxofre, fósforo, selênio Tratamento - Tratamento precoce, global, intensivo e ativo (se possível) com equipe de reabilitação (médico, enfermeiro, fisioterapia, terapeuta ocupacional, técnico de órteses e próteses, psicólogos, cuidados, fono) - Posicionamento: MMII estendidos em rotação neutra, pés dorsifletidos, MMSS estendidos, ombros abduzidos em rotação neutra, punhos em semi-extensão, dedos semifletidos, antebraço semipronado ➔ minimiza efeitos deletérios do imobilismo - Exercícios ativos e passivos, com estímulos isométricos, isotônicos e isocinéticos visando restauro de função para atividades de vida diária; - Prevenindo danos sistêmicos: exercícios de condicionamento cardiovascular, uso de prancha ortostática, anticoagulação profilática, alongamento de sistema muscular, liberação miofascial, suplementação de cálcio e vitamina D, aumento de ingesta hídrica, controle glicêmico, rastreamento de infecções, uso de probióticos, dieta rica em fibras e proteínas, estabelecimento de rotina (ciclo sono vigília, atividades com horários determinados) OBS: homeostase do cálcio e do fosfato As glândulas paratireoides produzem o paratormonio (PTH) em resposta a baixa concentração plasmática de cálcio livre. O PTH, em concentrações altas, estimula osteoclastos e aumeta a reabsorção óssea, aumentando portanto a disponibilidade sérica de cálcio. Além disso, o PTH aumenta a reabsorção tubular de Ca, aumenta a absorção intestinal de CA, estimula a excreção renal de fosfato e estímula a conversão de vitamina D em sua forma ativa no rim (enzima 1alfa hidroxilase). A vitamina D, por sua vez, realiza feedback negativo na síntese de PTH, Também possui atividade proliferativa nos osteoclastos, aumenta a absorção intestinal e a reabsorção tubular de cálcio. A calcitonina, por sua vez, é produzida pela glândula tireoide em resposta a hipercalcemia sérica. O efeito da calcitonina é a queda do cálcio plasmático através da inibição dos osteoclastos (osteoblasto continua secretando OPG) Os osteoblastos tem receptores para PTH. Essa ligação promove prolieferação de osteoblasto, inibição da síntese de OPG e aumento da expressão de proteínas de membrana RANK-L). Essas proteínas se ligam a pré osteoclastos (expressam receptores RANK) e ativam os osteoclastos, induzindo diferenciação e proliferação. O P juntamente com o Ca forma a hidroxiapatita, que é o principal componente da matriz inorgânica do osso. Também participa das funções celulares como componentes de fosfolipídeos da membrana celular, dos ácidos nucléicos, do transporte de energia e da regulação da atividade de varias enzimas. A absorção do P ocorre no intestino delgado, principalmente no duodeno. Seus níveis sanguíneos, assim como os do Ca, são controlados pelo PTH, vitamina D e calcitonina valores normais de Ca plasmático:8,8-10,6 mg/dl valores normais de Ca urinário: 0-300mg/dia valores normais de paratormonio: 10-60pg/ml valores normais de calcitonina: <5pg/ml em mulheres e <12pg/ml em homens valores normais de vit d: 15-90pg/ml Reabilitação na Lesão Nervosa Periférica Considerações Iniciais - Os nervos periféricos são frequentementes t r a u m a t i z a d o s , r e s u l t a n d o e m esmagamentos ou secções que trazem como consequência perda ou diminuição da sensibilidade e da motricidade no território inervado. - Revestimento do SNP: o nervo periférico possui axônio encapado por bainha de mielina (células de Schwann), a qual permite a alta velocidade do impulso elétrico. Ao redor da bainha da mielina, há um revestimento de tecido conjuntivo chamado de endoneuro. Entre os endoneuros, há o perineuro (também é tecido conjuntivo). A capa externa do nervo, por sua vez, é o epineuro. E os dendritos não podem ser lesionados? os neurônios do SNP são pseudounipolares (ou seja, tem apenas 1 prolongamento que se bifurca, um atua como axônio e outra como dendrito) - Anatomia das fibras nervosas: A, B e C; quanto maior o diâmetro, maior a quantidade de mielina e, consequentemente, maior a velocidade de impulso A: alfa/beta com grande diâmetro muita mielina e condução rápida; em geral função motora e propriocepção; gama com diâmetro um pouco menor mas ainda bastante mielina, condução um pouco mais devagar; função em gera de tônus muscular; delta diâmetro ainda menor, um pouco menos de mielina e velocidade de condução menor; função de dor, toque e temperatura B: diâmetro < 3; tem mielina, mas menos que nas A; função pré-ganglionar simpática C: menor diâmetro, sem mielina, condução lenta; função pós ganglionar simpática - Reações patológicas no SNP: degeneração Walleriana, degeneração axonal e desmielinização segmentar Degeneração Walleriana: após lesão no nervo, há uma retração imediata da bainha de mielina. Após 24h, inicia-se um processo de degeneração e, em 48h, há fragmentação desta. A fragmentação da bainha leva a fagocitose. No local da bainha fagocitada, surgem as faixas de Bunger (regeneração axonal mediada por fatores de crescimento e células de Schwann). Essas bandas permitem que os cotos axônicos atravessem o local da lesão e chegem ao tubo de endoneuro e, posteriormente, até a fibra muscular, refazendo a inervação. Degeneração axonal: distúrbio metabólico que compromete o axônio; os axônios de maior calibre e comprimento são mais afetados, já que tem maiores necessidades metabólicas. Degeneração inicia nas porções distais e progridem em direção proximal; ocorre desmielinização secundária. Desmielinização segmentar: degeneração da bainha de mielina em um espaço internodal. Esse espaço, nas fibras mielínicas, é ocupado por uma célula de Schwann - Consequência da lesão: lesão no tronco do nervo pode ter consequências funcionais e mudanças de vida para o indivíduo devido à perda sensorial e motora, dor e desconforto. As lesões podem também causar uma remodelação no mapa cortical somatossensorial. - Alterações musculares: os músculos começam a sofrer alterações histológicas a partir da 3a semana após a lesão e, nos 3 primeiros meses, perdem peso rapidamente. Os miócitos começam a reduzir em diâmetro, devido à diminuição no número e no tamanho das miofibrilas, vão retraindo e perdendo progressivamente a capacidade de contrção e dando lugar à fibrose. Mielinopatias, Axonopatias e Neuropatias - Tipo de lesão Mielinopatia é uma desordem metabólica da célula de Schwann ou poralteração da mielina. Pode ser tóxica ou imunomediada. Axonopatias são desordem axonais e levam a desmielinização secundária; em geral tem prognóstico pior. Neuropatias: destruição do corpo celular e do gânglio da raiz dorsal - Classificação: de acordo com Seddon, as lesões nervosas periféricas são classificadas em Neuropraxia — lesão leve com perda motora e sensitiva, sem alteração estrutural; não há degeneração Walleriana; recuperação total dentro de dias ou semanas Axonotmese — é comumente vista em lesões por esmagamento, estiramento ou por percussão. Há perda de continuidade axonal e subseqüente degeneração Walleriana do segmento distal. Nesse tipo de lesão não ocorre perda de célula de Schwann, e a recuperação irá depender do grau de desorganização do nervo e também da distância do órgão terminal; Neurotmese — separação completa do nervo, com desorganização do axônio causada por uma fibrose tecidual com conseqüente interrupção do crescimento axonal. A recuperação espontânea é pobre sem intervenção cirúrgica - Além da classificação de Seddon, há classificação de Sunderland, que divide a classificação de Seddon em cinco tipos ou graus. A neuropraxia foi classificada como tipo I; já axonotmese foi dividida em 3 tipos, que variam de acordo com o grau da lesão, enquanto que a neurotmese foi classificada como tipo 5. Quadro Clínico das Lesões Periféricas - Motor: paralisia flácida ou espástica, fasciculação, câimbras, tremores, paresias - Sensitivo: anestesia, parestesias, disestesias, hiperestesia, alodínea - Autonômicas: sintomas intestinais, genitourinários, miose, ptose, redução de suor (lesão de fibras autonômicas) OBS: paralisia do nervo radial (“paralisia de sábado a noite”): punho caído + paciente não consegue estender cotovelo nem fazer joinha; lesão mais comum é por fratura do terço distal do úmero. Reabilitação na Lesão Medular Considerações Iniciais - A lesão medular é uma das síndromes que gera maior incapacidade e necessita de longos períodos de reabilitação. Até a segunda guerra mundial, a lesão medular não era nem abordada do ponto de vista terapêutico. - Etiologia da lesão medular: congênitas (falhas de desenvolvimento), traumática (mais comum), degenerativas, tumorais, infecciosas Congênitas: são as mielomeningoceles; fatores de risco por deficiência de ácido fólico, exposição a poluentes, exposição a calor intenso Traumáticas: armas de fogo, acidentes automobilísticos, quedas, esportes, destruição mecânicas Degenerativas: espondiloses (estreitamento do canal medular que leva a maior vulnerabilidade de lesão medular) Tumorais: primários (mieloma múltiplo é o mais comum; leva a fratura do corpo vertebral e, consequentemente, compressão medular) ou metástases (próstata, pulmão, mama) Infecciosas: poliomielite, esquistossomose (comunicação do sistema intestinal com o vertebral pelo plexo arterial), mal de Pott, abcesso discal (associado a consumo de crack e cocaína), HTLV1 (transmissão sanguínea sexual com tropismo pela coluna) - Epidemiologia: síndrome com características epidemiológicas dinâmicas; aumento da sobrevida considerável nas últimas décadas. Hoje, o principal fator de mortalidade para os pacientes com lesão medular é doença cardiovascular (perda de massa muscular com resistência periférica a insulina + sedentarismo) Br: 30-40 novos casos por milhão de habitante Idade: entre 16 e 30 anos, principalmente Sexo: 80% do sexo masculino 45% por acidente automobilístico, 17% por atos de violência, 18% por quedas, 12% por lesões esportivas 55% na região cervical, 30% na região torácica, 15% em região lombar; 80% das lesões medulares estão associadas com outras lesões Classificação da Lesão Medular - As lesões medulares são classificadas em plegias. Uma lesão cervical, ou seja, até T1, leva a uma tetraplegia; uma lesão abaixo de T1 (dorsal, lombar ou sacral) leva a uma paraplegia (completa ou incompleta). - Tetraplegias C3 ou acima: alta mortalidade por comprometimento de diafragma; pacientes que sobrevivem necessitam de ventilação mecânica constante C4: nenhum movimento até o ombro (consegue elevar o ombro). Alta dependência C5: flexão do antebraço preservada C6: extensão do punho preservado; em tese, esse paciente seria capaz de viver sozinho em uma casa totalmente adaptada C7: extensão do antebraço preservada T1: movimento dos dedos preservados - Paraplegias T6: paciente capaz de realizar ortostatismo T12: paciente capaz de caminhar em algumas situações L4: paciente com quadríceps preservado; é capaz de deambular apenas com muletas - Níveis da lesão: avaliados com testes de sensibilidade dos dermátomos (nível de 0 a 2) e da força muscular nos músculos chave (0 a 5) Nível neurológico da lesão: nível sensitivo + nível motor Nível vertebral: vértebra acometida Nível motor: nível com funcionamento motor mais alto Nível sensitivo: nível com funcionamento sensitivo mais alto Mm chaves: diafragma (C4), bíceps (C5), extensor do carpo (C6), tríceps braquial (C7), flexor dos dedos (C8), iliopsoas (L2), quadríceps (L3), tibial anterior (L4), extensor do hálux (L5), tríceps sural (S1) - Lesão completa ou incompleta: importante fator prognóstico; a lesão completa é caracterizada por nenhuma passagem de informação do córtex às raízes sacrais mais baixas (região perianal). Na lesão incompleta, o paciente tem percepção da região perianal. - Síndromes especiais: Síndrome Centro-Medular: compressão/edema na região central da medula, em geral por movimentos de “chicote” (hiperextensão); leva a comprometimento do MMSS (raízes estão mais internas que as raízes do MMII); preservação sacral e da marcha, em geral Síndrome de Brown-Sequard: hemissecção da medula; gera a interrupção do trato córtico espinal lateral + coluna branca anterior + espino talâmico lateral ➔ perda da força de um lado e da sensibilidade do outro lado Síndrome Medular Anterior: manutenção da prorpiocepção com perda de força Síndrome Medular Posterior: manutenção da força e perda de propriocepção Cone medular ou Cauda Equina: lesão das raízes nervosas; quadro de paralisia flácida e perda do controle vesical intestinal Tratamento - Lesão aguda: o atendimento pré-hospitalar da lesão medular é NÃO fazer nada. A coluna deve ser estabilizada com o colar cervical e a avaliação é feita no hospital. - A avaliação completa da coluna deve ser feita em até 6 horas após o trauma, já que a estabilização da lesão dentro desse período garante alta taxa de recuperação do tecido nervoso. Depois das 6 horas iniciais, a cada hora que passa, a taxa de tecido nervoso perdido aumenta exponencialmente. - Neuroimagem: em pacientes assintomáticos, a radiografia completa da coluna é obrigatória. Em pacientes sintomáticos, a realização da tomografia de coluna é obrigatória. A RNM só é feita se não for atrasar o procedimento cirúrgico de descompressão medular. - Complicações da lesão medular Insuficiência respiratória (principalmente nas lesões cervicais) por pneumonias, pulmão de choque, atelectasias, TEP. É decorrente da perda da musculatura intercostal, somado a paralisia abdominal. Assim, há perda da capacidade vital, desequilíbrio da relação ventilação perfusão, retenção de secreções, prejuízo de mecanismo de tosse a) Lesão C1-C2: paralisia total respiratória, necessita de ventilação mecânica de urgência b) Lesão C3-C5: insuficiência respiratória surge entre 3o a 5o dia após lesão, por acúmulo de secreções e diminuição do volume de reserva expiratório. Devem ser mantidos em UTI por pelo menos 7 dias, até estabilização respiratória adequada c) Lesão torácica alta: pode cursas com insuficiência respiratória por diminuição da reserva pulmonar e da mobilização de secreções Cardiovasculares: d) TVP (mais de 50% dos pacientes apresentam TVP nas primeiras duas semanas, cerca de 21% são assintomáticos) ➔ anticagulação profilática (heparinade baixo peso molecular + fatores mecânicos) e) Hipotensão postural (em geral lesão acima de T6): vasodilatação abaixo do nível medular e consequente represamento do sangue nos MMI I . A e l e v a ç ã o b r u s c a d o decúbito prova queda da PA c) Disreflexia autonômica (em geral lesão acima de T6): síndrome hipertensiva aguda devido a descarga simpática reflexa; estímulo (ex: bexiga cheia) leva a at ivação s i m p á t i c a c o m vasoconstrição excessiva ➔ aumento de HA ➔ estímulo vagal (porém lesão está entre o nervo vago e a medula). Est ímulo vagal chega até o coração (bradicardia), porém não abaixo do nível da lesão (manutenção da vasoconstrição excessiva). Acima da lesão, há vasodilatação, com rubor facial; tratamento com identificação e eliminação da causa + hipotensão ortostática provocada. Se não funcionar, medicação com soro (volume aberto) para vasodilatação e anti-hipertensivo, se necessário (contra-indicação de beta bloqueadores, paciente já está em bradicardia! escolha dos bloqueadores de canal de cálcio) Sistema genitourinário: atonia vesical, dilatação vesical, contração espástica da bexiga a) Bexiga neurogênica: interrupção na comunicação entre a bexiga e o centro da micção no cérebro,; presença de pequenos volumes na musculatura lisa da parede da bexiga estimulam a medula mas não chegam ao centro cortical ➔ relaxamento do esfíncter externo não é possível e ocorre contração involuntária do detrusor ➔ perda de pequenos volumes de urina e aprisionamento urinário por longos períodos ➔ risco de refluxo vésico ureteral e falência renal a longo prazo por obstrução pós-renal; tratamento com cateterismo intermitente (sonda de alívio a cada 3h) + medicação anti colinérgica (relaxamento da bexiga evita perdas de volume e evita refluxo vesico ureteral) TGI: atonia visceral, estase gástrica, distensão abdominal; paciente deve ser mantido com sonda nasogástrica até retorno do peristaltismo; alimentação é iniciada após 24 a 48hrs; realizar profilaxia de hemorragia digestiva alta b) Intestino neurogênico: motilidade do ólon é autônoma; após uma fase inicial de íleo neurogênico que ocorre na fase aguda, o tubo digestivo retorna ao peristaltismo, porém há comprometimento esfincteriano; o esfíncter anal compoe-se de uma porção interna de controle involuntário e uma externa de controle voluntário; em pacientes com lesão no nível do cone medular ou cauda equina, o relaxamento do esfíncter desencadeado pela chegada das fezes à ampola retal está abolido, levando a constipação; pode haver perda involuntária de fezes (esfíncter externo está flácido) Ossificação heterotrópica: formação de osso em tecidos moles em locais onde normalmente este não existe. Ocorre sempre abaixo do nível de lesão, mais comumente nos quadris, mas pode ocorrer em outras grandes articulações como joelho, ombro e cotovelo. Pode levar à formação de grandes massas ósseas peri-articulares e diminuir a amplitude articular ou até mesmo bloquear completamente a articulação, o que pode prejudicar a realização das atividades de vida diária Escaras ou úlceras de pressão Espasticidades: aumento do tônus muscular por lesão do sistema piramidal; há aumento da resistência ao estiramento muscular passivo - Sexualidade em pacientes com lesão medular: a ereção e o orgasmo sexual ocorrem em decorrência da atuação de dois centros: o centro medular baixo (S2, S3, S4; associado com reflexos e estímulos tatéis) e centro toracolombar (T11 e L2; referências corticais a estímulos sexuais); no homem a ejaculação depende da atuação e comunicação dos dois centros; o orgasmo genital ocorre também por atuação e comunicação dos dois centros; homens lesionados são capazes de manter a ereção por estímulo psicogênico (lesão baixa) ou tátil (lesão alta), essa ereção pode ser prolongada pelo uso de medicações; ejaculação em geral passa a ser retrógrada (não sai, vai para a uretra) na mulher, o principal reflexo ao estímulo desses centros é a lubrificação; assim, a relação pode ser melhorada com o uso de lubrificantes; continuam férteis, porém gravidez costuma ser de risco (podem entrar em trabalho de parto sem perceber) lesão medular alta: perda do estímulo psicogênico com manutenção do estímulo sacral; possibilidade de manutenção da ereção por estímulo de toque (mesmo que não tenha sensibilidade, pode ter ereção); o orgasmo deixa de ser genital e é causado por estímulo em outras áreas (mamilo, axila, pescoço) lesão medular baixa: manutenção do estímulo psicogênico com perda do reflexo ao toque - Prognóstico: uma das questões mais feitas aos médicos após a lesão medular é se o paciente será capaz de andar novamente. Para tal resposta, utiliza-se um Mapa de processo baseado em evidência, no quai as atividades de vida diária e a gravidade da lesão são avaliados semanalmente. Assim, a monitorização permite o alinhamento de expecativas a curto, médio e longo prazo. Um importantes fator prognóstico na capacidade de deambular novamente é a gravidade da lesão, ou seja, se é completa ou incompleta. Além disso, o nível neurológico graduado pela escala ASIA também é um importante preditor de deambulação, levando em consideração o nível motor e sensitivo; a idade também aparenta influenciar, de forma que a partir dos 65 anos, a perspectiva de andar novamente é menor. Reabilitação pós AVC Considerações Iniciais - Epidemiologia: 5-8 casos a cada mil habitantes; maior causa de mortes e de incapacidades no mundo Br: 190 mil casos, com 68 mil mortes/ano; 40% dos indivíduos que tem AVC ficam com sequelas incapacitantes, 30% tem recuperação completa e 30% vão a óbito Fatores de risco: HAS, doenças cardíacas, dislipidemias, DM, obesidade, tabagismo, etilismo, idosos, sedentarismo - Tipos de AVC: isquêmico (80%) ou hemorrágico (20%); os isquêmicos podem ser causados por placas ou trombos, porém clinicamente essa diferenciação não é feita. - Revisando a circulação cerebral: sangue chega no cérebro pelas aa carótidas e pelas aa vertebrais. A carótida interna entra no crânio pelo canal carotídeo e tem um trajeto tortuoso, denominado sifão carotídeo. Ramos da ACI após perfurar a dura máter: a. oftálmica, a, comunicante posterior, a. coroidea anteriro, a. cerebral média, a. cerebrai anterior, ramos perfurantes As artérias vertebrais originam-se da porção proximal das aa subcláv ias , ascendem no pescoço e passam pe los forames tranversos, entrando noc rânio pelo forame magno. Ramos: aa. espinais anterior e poster ior, aa. cerebelares inferiores posteriores, a. basilar A artéria basilar origina as aa. cerebelares inferiores anteriores, aa cerebelares superiores, a. do labirinto e aa cerebrais posteriores A artéria cerebral média é a mais frequentemente acometida pelo AVC. Perfis Clínicos do AVC - Ataque Isquêmico Transitório (AIT): microembolismos que geram uma isquemia cerebral de duração suficiente para causar sintomas neurológicos; sintomas se iniciam subitamente e se resolvem em até 24h; 30% dos pacientes que apresentam AIT terão um AVC nos próximos 5 anos - Trombose cerebral: AVC de origem aterosclerótica de grandes vasos do pescoço e base do crânio; é mais comum durante o sono (paciente acorda com sintomas) - Embolia cerebral: AVC com origem em coágulos de sangue do coração, grandes artérias ou valvas; déficit costuma ser súbito durante realização de uma atividade - AVC lacunar: oclusões em ramos profundos que fazem perfusão de estruturas subcorticais; lesões pequenas, com sintomas mais brandos - Hemorragia intraparenquimatosa (AVC hemorrágico): em geral causados por rupturas de microaneurismas; o mais comum é no tálamo e no putâmen; sintoma mais frequente é cefaleia e déficit neurológico precoce; mortalidade acima de 80% - Hemorragia subaracnóide (AVC hemorrágico): mais raras; ruptura de aneurisma na base do crânio; sintoma mais frequente é cefaleia intensa, vômitos e sinais deirritação meníngea; sintomas focais não estão presentes no início, mas aparecem decorrente de infarto cerebral - Investigação etiológica do AVC: ECG, raio-x de tórax, doppler das aa. vertebrais e carótidas, ecocardiograma transtorácico e transesofágico, exames de sangue (lipidograma, triglicérides, glicemia, hemograma, coagulograma, PCR, VHS, eletroforese de proteínas, ureia e creatinina) Localização do AVC - A. cerebral anterior: 2% dos casos; heminegligência do MI contralateral (se a lesão é esquerda, paciente esquece de mexer a perda direita, dificuldade em reconhecer aquele lado), incontinência urinária, distúrbios de comportamento, afasia (expressão e linguagem) - A. cerebral média: mais comum; hemiplegia contralateral, hipoestesia (redução de sensibilidade) de face e membro superior, hemianopsia (perda de campo visual) contralateral, desvio do olhar para o lado da lesão, afasia global (se acometer hemisfério dominante) ou heminegligência (se for no hemisfério não dominante) - A cerebral posterior: hemianestesia completa contralateral, hemianopsia ipsilateral, dislexia, discauculia (dificuldade de cálculos matemáticos) - Síndrome vertebro-basilares: síndrome de Weber, síndrome do aprisionamento e síndrome de wallenberg Síndrome de Weber: hematoma mesencefálico leva a paralisia do oculomotor ipsilateral e hemiplegia contralateral Síndrome de Wallenberg: oclusão da a. vertebral ou cerebelar posterior inferior, levando a infarto na região lateral da medula; cursa com deficiência da sensação de dor e temperatura contralateral, miose, ptose e redução de suor facial ipsilateral (síndrome de horner), diminuição de sensibilidade facial ipsilateral, disfagia, disfonia, disartria, nistagmo, vertigem, náuseas, vômitos Síndrome do Aprisionamento: oclusão da a. basilar; pacientes ouvem e veem, mas são incapazes de se mover ou falar; consciência preservada - Regras gerais da localização do AVC: hemianopsia, agnosia visual, diplopia, vertigem, nistagmo → território vertebro-basilar alterações de cognição, afasia, disgrafia, discalculia, desorientação espacial → território carotídeo Tratamento - Monitoramento clínico pós AVC: função respiratória, neurológica, função cardíaca, glicemia, eletrólitos, temperatura - AVC hemorrágico: apenas suporte; neurocirurgia em casos de necessidade de drenagem de hematoma - AVC isquêmico: trombólise (janela de 4h30min) antriagregante plaquetário nas primeiras 24hrs heparina pós 24hrs (nas primeiras 24hrs aumenta risco de transformação hemorrágica) - Reabilitação: Reabilitação na fase inicial: tratamento precoce visando prevenir complicações; mudança de decúbito, posicionamento adequado, mobilização passiva Avaliação inicial da incapacidade: força muscular, tônus muscular, amplitudes de movimento articular, presença de deformidades, alteração de sensibilidade, reflexos, alterações cognitivas, alterações de fala, alteração comportamental, alteração de deglutição Reabilitação motora: mobilização ativa, fortalecimento do lado não afetado, ortostatismo, treinos de equilíbrio, treino de marcha com meios auxiliares, fortalecimento da musculatura antigravitacional Reabilitação funcional: treino de atividade de vida diária, treino de atividades intrumentais, adaptações de domicílio, treino de coordenação motora Tratamento dos distúrbios de fala, linguagem e deglutição: conjunto com a fono; avaliação da necessidade de sonda para alimentação, adaptação da dieta - Espasticidade: membro trava inicialmente quando tenta movimentar, depois cede ao movimento; sinal do canivete quando solta; tratamento com toxina botulínica, baclofeno, tizanidina, benzodiazepínicos, fenol - Hemiplegia: em geral inicialmente se apresenta como quadro de flacidez associada a redução de reflexos profundos; ao longo dos dias, evolui de maneita lenta para hipertonia, espasticidade, hiperrreflexia, sinais de liberação piramidal proporcionada x desproporcionada (proporcionada se compromete MS e MI na mesma intensidade; desproporcionada se acomete um mais que outro); completa x incompleta (acometimento da face); direta x alternada (lado da face acometido); Reabilitação em Amputados Considerações Iniciais - Definição: amputação é a retirada parcial ou total, cirúrgica ou traumática, de um membro. - A reabilitação do paciente amputado engloba tanto uma reabilitação inicial, antes da prótese, quanto após a colocação da prótese para adaptação. - Etiologia: complicações de DM e doenças vasculares (75% das amputações), trauma (20%) e tumores (5%). As amputações do MS são principalmente relacionadas a choques elétricos, enquanto dos MI estão relacionadas com doenças cardiovasculares. - Quando iniciar a reabilitação desse paciente? O mais precocemente possível. A reabilitação do paciente, idealmente, deve começar antes mesmo da cirurgia de amputação, conscientizando o indivíduo sobre a necessidade da cirurgia, explicando como ocorrerá cada etapa após a amputação, avaliando estado mental, estado físico e habilidades. Prognóstico - Cada nível de amputação tem um prognóstico diferente, o qual é ditado pelo potencial de reabilitação. Ao realizar uma amputação, deve-se ter cuidadosa consideração à escolha do nível. Deve ser escolhido um nível que assegurará boa cicatrização, com adequada cobertura da pele e sensibilidade preservada. - Amputação de hálux: o hálux realiza a impulsão final contra o chão durante a deambulação; com a ausência do hálux, os outros 4 dedos compensam com aumento da "garra" - Ressecção de raios: perda de falanges e metatarsos; redução da área de apoio do pé e aumento da pressão no calcâneo e do 1o metatarso; demandam calçados adequados para distribuir a pressão - Transmetatarsal de Lisfranc: retirada de todos os metatarsos e falanges dos pés; redução da ação dos dorsiflexores leva a desequilíbrio de forças (pé em equino) e consequente sobrecarga (parte anterior do coto fica mais apoiada). Assim, há chance de formação de úlceras. - Transtibial: nível ideal é na transição musculotendínea do gastrocnêmico até a tuberosidade anterior da tíbia - Desarticulação de joelho: permite manutenção do equilíbrio entre flexores e extensores, adutores e abdutores; permite descarga de peso no coto Pós Operatório - Imediato: prevenção de contraturas e posições viciosas; garantir cicatrização; analgesia; processo de aceitação - Enfaixamento: visa reduzir o edema pós operatório, maturando o coto e reduzindo a dor. Também permite estimulação tátil do coto (estímulo para percepção e aceitação) Deve ser iniciar logo após retirada do dreno. - Dessensibilização do coto: visa reduzir sensibilidade neuropática; é feito em etapas (algodão, esponja, lixa, calor) - Cuidados com membro contralateral: prescrição de calçado especial (hiperprofundos, sem costura interna); fortalecimento de membro contralateral; exercícios de equilíbrio - Sensação fantasma: sensação de presença de parte do membro amputado; é uma ocorrência normal e esperada após a amputação, de forma que deve ser conversada previamente com o paciente. Com o passar dos anos, essa sensação tende a diminuir (remanejamento do homúnculo) - Dor fantasma: é diferente da sensação fantasma; sensação de queimação, esmagamento, facada na extremidade do membro que foi amputada. Ocorre por perda da influência inibitória que ocorre por impulsos aferentes; é extremamente incapacitante e deve ser tratada precocemente (exercícios, mobilidade, anti-depressivos e anti-convulsivantes, calor ou frio local, estimulação elétrica, atividades em frente ao espelho) - Complicações: infecções de coto, neuromas, espículas - Fatores limitantes para protetização: demência (contra-indicação absoluta), alterações cardiorrespiratória, alteração sensorial, proeminência óssea, aderência da pele ao osso, excesso de partes moles, dor Regulação Imunometabólica Considerações Iniciais - Fatores reguladoresda saúde: interação entre micronioma e epigenoma Idade: encurtamento telomeral decorrente de agressões, danos, redução da capacidade de regeneração; deficiência na proteoestase (retirada de proteínas defeituosas); quanto maior a idade, maior a concentração de mediadores inflamatórios Estilo de vida: sedentarismo e sono não reparador são fatores de grande importância; ingesta de nutrientes, estado de hidratação, presença de xenobióticos - Gligotoxicidade: presença descontrolada de glicação e formação de produtos avançados da glicação; levando a dano da matriz extra celular, disfunção celular e inflamação crônica de baixo grau A formação de AGEs (produtos avançados da glicação) ocorre pela ligação não enzimática de um açúcar a um grupo amina de proteínas, lipoproteínas e ácido nucléico. Essa ligação é catalisada pela presença de EROS. Há moléculas capazes de desfazer essa ligação, revertendo o processo de formação de AGEs. Os AGEs são moléculas pró-inflamatórias, pois se ligam aos receptores RAGE e levam a ativação de vias intra-citosólicas que ativam o NF-kB, levando a formação de EROS e ao aumento da atividade inflamatória. - Como avaliar a glicação? Hb glicada, albumina glicada e frutosamina Inflamação de Baixo Grau - Inflamação crônica de baixo grau: estado sustentado de ativação do sistema imune; leva a desequilíbrios no genoma, epigenoma e microbioma → dano cumulativo no sistema → retroalimentação ao desequilíbrio entre genoma, epigenoma e microbioma → retroalimentação a inflamação crônica - O desequilíbrio entre genoma, microbioma e epigenoma é um grande ativador da inflamação e leva a quadros de dor crônica, fadiga, alergia, desconforto intestinal, câncer, doenças renais, osteoartrite, osteopenia, sarcopenia, doenças autoimunes, alterações neurológicas - Sistema imune: é divido entre barreiras (muco, células epiteliais e células de adesão), resposta inata e resposta adaptativa Barreira intestinal: c) lúmen intestinal com bactérias produtoras de metabólitos; d) células epiteliais são constituídas por enterócitos, células de globet (muco), células de pannet (quando estimuladas por interleucinas, produzem peptídeos antimicrobianos, que ficam no muco e inibem a presença de bactérias patogênicas), células M (camada de muco mais rarefeita de forma que pode captar bactérias do lúmen e funcionar como uma APC); e) junções de adesão: constituídas em 3 níveis (tight-junction, junções de adesão e desmossomos) → estímulos podem “desarmar" essa junção e permitir entrada via paracelular f) lâmina própria com células do sistema inato - Moléculas sinalizadoras inflamatórias DAMPS: biomoléculas hospedeiras que podem iniciar e perpetuar uma resposta inflamatória não infecciosa; são - ácido úrico em excesso, proteínas danificadas, LDL oxidado, DNA mitocondrial, fragmentos celulares, AGEs PAMPS: é o caso do LPS e flagelina; encontradas na parede celular de bactérias gram + e - ROS - Receptores inflamatórios PRRs: receptores de padrão de reconhecimento; podem ser de membrana ou citosol; ativados por moléculas de dano ou patógeno e levam a ativação de NF-kB, AP-1 Nutrição e Doenças Crônicas - SPM: mediadores pró-resolvedores; são moléculas que levam à resolução da inflamação, controlando o processo. Evitam, portanto, a inflamação excessiva e generalizada. São Nrf2 (inibe NFkB). anexinas, galectinas, quemerinas, sestrinas e melanocortinas. - Os SPM atuam inibindo dilatação arterial, reduzindo permeabilidade vascular, reduzindo quimiotaxia, aumentam a presença de linfócitos Th, produzem IL 10 e 37, reduzem atividade do NKkB, aumentam corticóides endógenos - Como ativar a produção de SPM? são moléculas contitutivamente produzidas por nossas células imunes e teciduais, desde que estejamos em um estado de boa nutrição, atividade física e sono reparador - Ômega 3 e 6: 3 faz estímulo a produção de SPM, 6 estímula eicosanóides pró inflamatórios; equilíbrio entre os dois é fundamental para a saúde → ocupam a mesma posição no fosfolipídeo de membrana
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