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@_leticiaalbuquerq O exame clínico engloba a anamnese e o exame físico, os quais compreendem partes que se completam reciprocamente. A anamnese inclui os seguintes elementos: ■ Identificação ■ Queixa principal ■ História da doença atual ■ Interrogatório sintomatológico ■ Antecedentes pessoais e familiares ■ Hábitos de vida ■ Condições socioeconômicas e culturais. O exame físico, por sua vez, pode ser subdividido em: ■ Exame físico geral ■ Exame dos órgãos ou sistemas. SIGNIFICADO DE ANAMNESE: Anamnese (do grego aná –trazer de novo + mnesis – memória) significa trazer de volta à mente todos os fatos relacionados com a doença e o paciente. Consiste em um registro de dados obtidos numa conversa inicial com paciente. De início, deve-se ressaltar que a anamnese é a parte mais importante da medicina: primeiro, porque é o núcleo em torno do qual se desenvolve a relação médico-paciente, que, por sua vez, é o principal pilar do trabalho do médico; segundo, porque é cada vez mais evidente que o progresso tecnológico somente é bem utilizado se o lado humano da medicina é preservado. Conclui-se, portanto, que cabe à anamnese uma posição ímpar, insubstituível, na prática médica. A anamnese, se bem-feita, culmina em decisões diagnósticas e terapêuticas corretas; se malfeita, em contrapartida, desencadeia uma série de consequências negativas, as quais não podem ser compensadas com a realização de exames complementares, por mais sofisticados que sejam. A ilusão de que o progresso tecnológico eliminaria a entrevista e transformaria a medicina em uma ciência “quase” exata caiu por terra. Já se pode afirmar que uma das principais causas da perda de qualidade do trabalho médico é justamente a redução do tempo dedicado à anamnese. Até o aproveitamento racional das avançadas técnicas depende cada vez mais da ASPECTOS GERAIS @_leticiaalbuquerq entrevista. A realização de muitos exames complementares não resolve o problema; pelo contrário, agrava-o ao aumentar os custos, sem crescimento paralelo da eficiência. Escolher o(s) exame(s) adequado(s), entre tantos disponíveis, é fruto de um raciocínio crítico apoiado quase inteiramente na anamnese. Em essência, a anamnese é uma entrevista, e o instrumento de que nos valemos é a palavra falada. É óbvio que, em situações especiais (pacientes surdos ou pacientes com dificuldades de sonorização), dados da anamnese podem ser obtidos por meio da Linguagem Brasileira de Sinais (Libras), da palavra escrita ou mediante tradutor (acompanhante e/ou cuidador que compreenda a comunicação do paciente). • Reconstituição dos fatos e dos acontecimentos direta ou indiretamente relacionados com uma situação anormal da vida do paciente; • Melhor instrumento para fazer a triagem e analisar os sintomas e reconhecer os problemas de saúde do paciente; As metas primárias de uma anamnese são escutar e aumentar o bem-estar do paciente por meio de um relacionamento de confiança e suporte. (BATES- PROPEDÊUTICA MÉDICA) Possibilidades e objetivos da anamnese • Estabelecer condições para uma adequada relação médico-paciente; • Conhecer, por meio da identificação, os determinantes epidemiológicos que influenciam o processo saúde- doença de cada paciente • Fazer a história clínica, registrando, detalhada e cronologicamente, o(s) problema(s) de saúde do paciente • Registrar e desenvolver práticas de promoção da saúde • Avaliar o estado de saúde passado e presente do paciente, conhecendo os fatores pessoais, familiares e ambientais que influenciam seu processo saúde-doença • Conhecer os hábitos de vida do paciente, bem como suas condições socioeconômicas e culturais • Avaliar, de maneira clara, os sintomas de cada sistema corporal. Isso significa que uma boa anamnese é o que se retém do relato feito pelo paciente ou do diálogo, no caso do paciente expert, depois de ter passado por uma análise crítica, com o intuito de estabelecer o significado das expressões usadas e a coerência das correlações estabelecidas. Há de se ter cuidado com as interpretações que os pacientes fazem de seus sintomas e dos tratamentos. A anamnese é considerada a parte mais difícil do método clinico, porém é a mais importante. Para fazer uma entrevista de boa qualidade, antes de tudo o médico deve estar interessado no que o paciente tem a dizer. Ao mesmo tempo, é necessário demonstrar compreensão e desejo de ser @_leticiaalbuquerq útil àquela pessoa, com a qual assume um compromisso tácito que não tem similar em nenhuma outra relação inter-humana. ➢ A pressa é o defeito de técnica mais grosseiro que se pode cometer durante a obtenção da história, pois este erro pode ter graves consequências no atendimento ao paciente; ➢ A anamnese ainda é, na maioria dos pacientes, o fator isolado mais importante para se chegar a um diagnóstico, mas o valor prático da história clínica não se restringe à elaboração do diagnóstico, que deve ser uma meta fundamental do médico. A anamnese pode ser conduzida das seguintes maneiras: 1. Deixar o paciente relatar, livre e espontaneamente, suas queixas sem nenhuma interferência, limitando-se a ouvi-lo. Essa técnica é recomendada e seguida por muitos clínicos. O psicanalista apoia-se integralmente nela e chega ao ponto de se colocar em uma posição na qual não possa ser visto pelo paciente, para que sua presença não exerça influência inibidora ou coercitiva. (Anamnese Livre) 2. De outra maneira, denominada anamnese dirigida, o médico, tendo em mente um esquema básico, conduz a entrevista mais objetivamente. O uso dessa técnica exige rigor técnico e cuidado na sua execução, de modo a não se deixar levar por ideias preconcebidas. (Anamnese dirigida) 3. Outra maneira é o médico deixar, inicialmente, o paciente relatar de maneira espontânea suas queixas, para depois conduzir a entrevista de modo mais objetivo. (Anamnese conduzida) ■No caso de pacientes novos, na maioria dos cenários deve ser feita uma anamnese abrangente; ■Para pacientes que buscam assistência em razão de queixas específicas, como, por exemplo, tosse ou dor à micção, seria indicada uma anamnese mais limitada e focalizada no problema específico – algumas vezes, denominada anamnese (ou histórico de saúde) orientada para problemas ou focalizada; ■No caso de pacientes que procuram assistência por causa de condições crônicas ou contínuas, é mais apropriado ter como foco o automanejo do paciente, a resposta ao tratamento, a capacidade funcional e a qualidade de vida; ■Com frequência, os pacientes marcam consultas de acompanhamento da saúde com metas mais focadas de manter em dia os exames de rastreamento ou discutir preocupações sobre tabagismo, perda de peso ou comportamento sexual TIPOS DA ANAMNESE @_leticiaalbuquerq ■Um especialista pode precisar de uma anamnese mais abrangente para avaliar o paciente com numerosas causas possíveis. (BATES-PROPEDÊUTICA MÉDICA) A anamnese deve iniciar com interrogação ao paciente: “o que o(a) senhor(a) está sentindo?”, “qual é o seu problema?”. Porém, a narração para alguns pacientes ocorre de modo espontânea, em outros casos o médico precisa saber como obter as queixas do paciente. Para conseguir tal intento, Bickley e Szilagyi (2010) sugerem que o examinador utilize uma ou mais das seguintes técnicas: apoio, facilitação, reflexão, esclar ecimento, confrontação, interpretação, res postas empáticas e silêncio. Elementos componentes da anamnese A anamnese é classicamente desdobrada nas seguintes partes: identificação, queixa principal, história de doença atual (HDA), interrogatório sintomatológico (IS), antecedentes pessoais efamiliares, hábitos e estilo de vida, condições socioeconômicas e culturais 1. Identificação: A identificação é o perfil sociodemográfico do paciente que permite a interpretação de dados individuais e coletivos. Apresenta múltiplos interesses; o primeiro deles é de iniciar o relacionamento com o paciente, saber o nome de uma pessoa é indispensável para que se comece um processo de comunicação em nível afetivo. Abrange: nome, idade, sexo/gênero, cor/etnia (cor branca, parda, preta), estado civil, profissão, local de trabalho, naturalidade, procedência (Este item geralmente refere-se à residência anterior do paciente. Por exemplo, ao atender a um paciente que mora em Goiânia (GO), mas que anteriormente residiu em Belém (PA), deve-se registrar esta última localidade como a procedência), residência, nome da mãe (importante para quando ocorra entrada de pacientes com nomes idênticos), nome do responsável, cuidador ou acompanhante, religião, filiação a órgãos ou instituições previdenciárias ou plano de saúde. 2. Queixa principal ou motivo da consulta: Neste item, registra-se a queixa principal ou, mais adequadamente, o motivo que levou o paciente a procurar o médico, repetindo, se possível, as expressões por ele utilizadas. É uma afirmação breve e espontânea, geralmente um sinal ou um sintoma, nas próprias palavras da pessoa que expressa o motivo da consulta. Pode ser uma anotação entre aspas para indicar que se trata das palavras exatas do paciente. O médico deve ter cuidado quando o paciente já traz consigo o seu diagnostico, pois muitas vezes SEMIOTÉCNICA DA ANAMNESE @_leticiaalbuquerq essa observação não tenha uma comprovação médica antecipada, por exemplo, relacionar sintomas com uma dada doença exposta em sites. Nesse caso, o direcionamento seria procurar saber o que levou a pessoa ao atendimento médico e o que a incomoda. Quando o paciente chega ao médico encaminhado por outro colega ou outra instituição da área de saúde, no item correspondente à “queixa principal” registra-se de modo especial o motivo da consulta. Por exemplo: para um jovem que teve vários surtos de doença reumática, com ou sem sequelas cardíacas, e que vai ser submetido a uma amigdalectomia e é encaminhado ao clínico ou cardiologista para averiguação da existência de “atividade reumática” ou alteração cardiovascular que impeça a execução da operação proposta, registra-se, como motivo da consulta: “Avaliação pré-operatória de amigdalectomia. O paciente já teve vários surtos de doença reumática.” ■ Sugestões para obter a “queixa principal”: • Qual o motivo da consulta? • Por que o(a) senhor(a) me procurou? • O que o(a) senhor(a) está sentindo? • O que o(a) está incomodando? ■ Exemplos de “queixa principal”: • Dor de ouvido • Dor no peito há 2 horas • Exame da admissão para o trabalho. 3. História da doença atual: A história da doença atual (HDA) é um registro cronológico e detalhado do motivo que levou o paciente a procurar assistência médica, desde o seu início até a data atual. A HDA, abreviatura já consagrada no linguajar médico, é a parte principal da anamnese e costuma ser a chave mestra para chegar ao diagnóstico. Sintoma-guia: o sintoma ou sinal que permite recompor a história da doença atual com mais facilidade e precisão. O sintoma mais salientado pelo paciente, a queixa de mais longa duração, queixa principal. Posteriormente, procurar investigar o tempo de inicio do sintoma. Terceiro passo, procurar saber como esses sintomas evoluíram. Quarto passo, procurar saber como o sintoma-guia está presente no momento. Esquema: ■ Início ■ Características do sintoma ■ Fatores de melhora ou piora ■ Relação com outras queixas ■ Evolução ■ Situação atual. 4. Interrogatório sintomatológico: Essa parte da anamnese, denominada também anamnese especial ou revisão dos sistemas, constitui, na verdade, um @_leticiaalbuquerq complemento da história da doença atual. O interrogatório sintomatológico documenta a existência ou ausência de sintomas comuns relacionados com cada um dos principais sistemas corporais. Sua principal utilidade é levar o médico a levantar possibilidades e reconhecer enfermidades que não guardam relação com o quadro sintomatológico registrado no HDA. É no IS que se origina a suspeita diagnostica mais importante. Outra importante função do interrogatório sintomatológico é avaliar práticas de promoção à saúde. • Sintomas gerais (febre, astenia=fraqueza, alterações de peso, sudorese, calafrios, cãibras) • Pele e fâneros • Cabeça e pescoço • Tórax • Abdome • Sistemas urinário e genital • Sistema hemolinfopoético • Sistema endócrino • Coluna vertebral, ossos, articulações e extremidades • Músculos • Artérias, veias, linfáticos e microcirculação • Sistema nervoso; • Exame psíquico e avaliação das condições emocionais. 5. Antecedentes pessoais e familiares: antecedentes pessoais considera-se avaliação do estado de saúde passado e presente do paciente, conhecendo fatores pessoais e familiares que influenciam seu processo saúde- doença. Antecedentes pessoais fisiológicos: gestação e nascimento, desenvolvimento psicomotor e neural e desenvolvimento sexual. Antecedentes pessoais patológicos: doenças sofridas pelo paciente, alergia, cirurgias, traumatismo, transfusões sanguíneas, história obstétrica, vacinas e medicamentos em uso. Antecedentes familiares: Os antecedentes começam com a menção ao estado de saúde (quando vivos) dos pais e irmãos do paciente. Se for casado, inclui-se o cônjuge e, se tiver filhos, estes são referidos. Não se esquecer dos avós, tios e primos paternos e maternos do paciente. Se tiver algum doente na família, esclarecer a natureza da enfermidade. Em caso de falecimento, indagar a causa do óbito e a idade em que ocorreu. Observar se existe doenças em relação a genética. 6. Hábitos e estilos de vida: Este item, muito amplo e heterogêneo, documenta hábitos e estilo de vida do paciente e está desdobrado nos seguintes tópicos: alimentação; ocupação atual e ocupações anteriores; atividades físicas; hábitos (uso de tabaco, bebidas alcoólicas, anabolizantes, anfetaminas e drogas licitas); 7. Condições socioeconômicas e culturais: As condições socioeconômicas e culturais avaliam a situação financeira, vínculos afetivos familiares, filiação religiosa e crenças espirituais do paciente, bem como condições de @_leticiaalbuquerq moradia e grau de escolaridade. Este item está desdobrado em: • Habitação; • Condições socioeconômicas • Condições culturais; • Vida conjugal • Relacionamento familiar; Como realizar uma boa anamnese: ■ É no primeiro contato que reside a melhor oportunidade para fundamentar uma boa relação entre o médico e o paciente. ■ Cumprimente o paciente, perguntando logo o nome dele e dizendo-lhe o seu. Não use termos como “vovô”, “vovó”, “vozinho”, “vozinha” para as pessoas idosas. ■ Demonstre atenção ao que o paciente está falando e procure identificar de pronto alguma condição especial – dor, sonolência, ansiedade, hostilidade, tristeza, confusão mental – para que você saiba a maneira de conduzir a entrevista. ■ Conhecer e compreender as condições socioculturais do paciente representa uma ajuda inestimável para reconhecer a doença e entender o paciente. ■ Perspicácia e tato são qualidades indispensáveis para a obtenção de dados sobre doenças estigmatizantes ou distúrbios que afetam a intimidade da pessoa. ■ Ter sempre o cuidado de não sugestionar o paciente com perguntas que surgem de ideias preconcebidas. ■ O tempo reservado à anamnese distingue o médico competente do incompetente, o qual tende a transferir para as máquinas eo laboratório a responsabilidade do diagnóstico. ■ Sintomas bem investigados e mais bem compreendidos abrem caminho para um exame físico objetivo. Isso poderia ser anunciado de outra maneira: só se acha o que se procura e só se procura o que se conhece. ■ A causa mais frequente de erro diagnóstico é uma história clínica mal obtida. ■ Obtidas as queixas, estas devem ser elaboradas mentalmente pelo médico, de modo a encontrar o desenrolar lógico dos acontecimentos, que é a base do raciocínio clínico. ■ Os dados fornecidos pelos exames complementares nunca corrigem as falhas e as omissões cometidas na anamnese. Laudos não são diagnósticos, são apenas laudos. ■ Somente a anamnese possibilita ao médico uma visão de conjunto do paciente, indispensável para a prática de uma medicina de excelência. Relação médico-paciente e princípios bioéticos: • Beneficência. Buscar fazer sempre o bem para o paciente. • Não maleficência. Não fazer nada de mal ao paciente. RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE @_leticiaalbuquerq • Justiça. Fazer sempre o que é justo ao paciente. • Autonomia. Possibilitar que o paciente decida sobre o tratamento, tendo o direito de aceitá-lo ou não, depois do devido esclarecimento. Justiça se relaciona com uma distribuição igual de tudo que diz respeito a saúde; Ao examinar o paciente, o médico precisa levar em conta o gênero e a orientação sexual, a cor, as questões morais, sociais e, em alguns casos, sua opção religiosa. Valores bioéticos; • Alteridade. Respeitar a diferença no outro. • Sigilo. Respeitar o segredo sobre as informações do paciente. Código do estudante de medicina ➢ Princípios fundamentais: III- A escolha pela medicina exige compromissos humanísticos e humanitários, com promoção e manutenção do bem-estar físico, mental e social dos indivíduos e da coletividade. ➢ Eixo 3 (relações interpessoais do estudante): Art. 23. Cabe ao estudante demonstrar empatia e respeito pelo paciente. Art. 28. O estudante de medicina deve respeitar a privacidade, que contempla, entre outros aspectos, a intimidade e o pudor dos pacientes. Art. 29. A quebra de sigilo médico é de responsabilidade do médico assistente, sendo esse ato vedado ao acadêmico de medicina. Relação médico-paciente REFERÊNCIA: Relação médico-paciente. Rocha, Bruno.2011 A relação médico-paciente passou por várias transformações. Nos primórdios da medicina, muitas vezes o médico era visto de maneira dogmático, como um “ser superior” Com o passar do tempo, essa perspectiva tornou-se defasada, e a relação médico- paciente passou a ser próxima e cuidadosa, médico amigo. . No entanto, ultimamente, a especialização da medicina, que embora tenha gerado um salto gigantesco no conhecimento e tratamento de patologias, também gerou uma nova barreira na aproximação entre o médico e o paciente, pois um médico especialista em determinado assunto trata apenas a parte doente em que é especializado e não mais o paciente como um todo, como um indivíduo que tem problemas familiares, esperanças e crenças. Ao mesmo tempo, felizmente, hoje existe uma corrente de resgate do termo médico de cabeceira, há uma busca pela humanização, o paciente agora volta ser visto como indivíduo impregnado por sua cultura e vontades, dando beneficência do médico lugar a autonomia do paciente. A construção da relação médico-paciente nasce da abordagem utilizada pelo profissional, devendo imprimir características humanas, subjetivas, de uma forma natural. Não deve se limitar à objetividade das tecnologias. Deve também @_leticiaalbuquerq usar de sua anamnese para que, através das queixas relatadas pelo doente e também procurando conhecer o estilo de vida do indivíduo, desenvolva o tratamento mais eficaz. Já que a relação é um aspecto chave para a melhoria da qualidade do serviço, deve-se buscar a personalização da assistência humanizada do atendimento e o direito à informação, assim como o consentimento informado. Um dos efeitos colaterais de uma relação médico-paciente deficiente e pouco comunicativa e o processo judicial que pode acarretar ao profissional consequências diversas e graves, podendo até perder o direito de exercer a Medicina; além de custos e gasto de tempo para ambos os lados. A precária relação entre médico- paciente pode levar ao erro médico e eventuais danos físicos e morais ao paciente. O médico deve se colocar no lugar do paciente. ➢ Modelos de relação médico- paciente: Em 1972, o professor, Robert Veatch, do Instituto Kennedy de Ética da Universidade Georgetown, definiu quatro modelos de relação médico-paciente: • Modelo Sacerdotal é o mais arcaico, que propõe e completa submissão do paciente ao médico, sem valorizar a cultura e opinião do paciente; há pouco envolvimento (relação) e a decisão é tomada somente pelo médico em nome da beneficência. • Modelo Engenheiro é o inverso do sacerdotal. Nele o médico tem a função de informar e executar procedimentos. A decisão é inteiramente tomada pelo paciente. Nesse modelo o médico tem uma atitude de acomodação (‘’lava suas mãos’’), e baixo envolvimento. • Modelo Colegial: há um alto envolvimento entre o profissional e o doente. O poder de decisão é compartilhado de forma igualitária através de uma negociação e não há relação de superioridade/inferioridade. • Modelo Contratualista: é o mais adequado, em que o conhecimento e as habilidades do médico são valorizados, preservando sua autoridade. Havendo a participação ativa tanto do paciente quanto do médico, devido a isso há uma efetiva troca de informações e um comprometimento de ambas as partes Comunicação de más notícias REFERÊNCIA: “Como comunicar más notícias: revisão bibliográfica”. Victorino,2007. Comunicar más notícias a pacientes e seus familiares em Hospitais é uma das mais difíceis e importantes tarefas com que se deparam as equipes de saúde e principalmente os médicos. Apesar dos avanços tecnológicos, a comunicação continua sendo a ferramenta primária e indispensável com a qual médico e paciente trocam informações. Elementos como a empatia, compreensão, interesse, desejo de ajuda e bom humor são indispensáveis para conseguir um ambiente de conforto emocional, no qual o paciente terá um conhecimento de sua doença e diagnóstico, e o médico agirá segundo seus conhecimentos, experiência clínica e suas capacidades humanas. @_leticiaalbuquerq Neste sentido, o intercâmbio de informações engloba não apenas aquilo que o paciente necessita saber como também informá-lo apropriadamente e reassegurar de que ele tenha compreendido a informação. Assim, é necessário que se trabalhe em dois pólos: verificar que a informação seja compreendida corretamente e se necessário corrigi-la (com ênfase na tarefa) e preocupar-se com a reação afetiva envolvida na passagem da informação. Esta última implica em considerar os sentimentos e expectativas que o paciente tem em relação ao profissional de saúde (transferência), bem como com os sentimentos e expectativas que o profissional de saúde tem do paciente (contratransferência). Má notícia pode ser compreendida como aquela que altera drástica e negativamente a perspectiva do paciente em relação ao seu futuro (Vandekief, 2001; Muller, 2002; Lima, 2003). Os fatores mais importantes para pacientes quando recebem más notícias são a competência do médico, sua honestidade e atenção, o tempo para permitir as perguntas, um diagnóstico direto e compreensível e o uso de um linguajar claro. Conhecer bem o médico e o uso do toque pelo médico (por exemplo, segurar a mão do paciente) são fatores que impactam menos. Já os familiares buscam privacidade, uma atitude positiva do médico, sua competência, clareza e tempo para perguntas (Muller, 2002). Um dos fatores que podem contribuir para a dificuldade em se conseguiruma boa comunicação das más notícias são os próprios medos dos médicos. Os pacientes geralmente desejam uma revelação franca e empática de um diagnóstico terminal ou outras más notícias. Recomendações para anunciação de más notícias: 1. Estabelecer uma relação médico, equipe de saúde e paciente adequada; 2. Conhecer cuidadosamente a história médica; 3. Ver o paciente como pessoa; 4. Preparar o ambiente para noticiar o paciente; 5. Organizar o tempo; 6. Aspectos específicos da comunicação: linguagem clara, informar o paciente sobre todo o estado e as possibilidades de tratamento; 7. Encorajar e validar as emoções; 8. Atenção e cuidado com a família: Face à comunicação de uma má noticia o profissional deverá ficar atento à situação familiar do paciente e levar em conta as necessidades particulares da família em função de seus antecedentes culturais e religiosos. A presença de um membro da família geralmente serve de apoio e suporte para o paciente. No caso de más notícias previstas (antecipadas), pergunte antes quem ele quer que esteja presente e o quanto ele gostaria que os outros fossem envolvidos. Assim, a comunicação deve permitir a passagem de mensagens de maneira firme, porém com prudência e esperança. As evidencias mostram que a atitude do @_leticiaalbuquerq profissional e a capacidade de comunicação desempenham um papel fundamental e decisivo no modo que o paciente enfrentará seu problema (Muller, 2002) ➢ Bates - Propedêutica Médica - Lynn S. Bickley. 11ª Edição. 2015. Editora Guanabara Koogan. ➢ Semiologia Médica - Celmo Celeno Porto - 7ª Edição. 2013. Editora Guanabara Koogan. ➢ Relação médico-paciente. Rocha, Bruno. 2011. ➢ “Como comunicar más notícias: revisão bibliográfica”. Victorino,2007. REFERÊNCIAS
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