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DATA: 11/03/2021 Juliana Oliveira – T. IV-B Anamnese “O tratamento de uma doença pode ser inteiramente impessoal; o manejo de um paciente é obrigatoriamente pessoal” (F. Péabody). • A sociedade distingue o médico com o privilégio de acessos aos anseios mais íntimos seus semelhantes. • Assim, se espera do estudante de medicina a conscientização de suas funções como técnico de saúde, confortador, hábil, conhecedor da natureza humana e amiga. • Conhecimento técnico para diagnóstico e terapêutica x Abordagem ao paciente durante período de investigação e tratamento. ▪ Dar um sentido humanístico ao exercício de suas habilidades técnicas ▪ Paciente em cuidados paliativos “A clínica é soberana. “ Função do médico: Identificar o estado de saúde do paciente, sua intensidade e reversibilidade, bem como elaborar planos de tratamento para essa disfunção. Método clínico: Anamnese + Exame clínico Conhecimento sólido no nível pessoal: Tratar doente e não a doença, facilita a coelheira de dados (sinais e sintomas) ANAMNESE: ID, QP, HPMA Objetivos de aprendizagem Compreender a importância da anamnese e estar apto para realização dos primeiros passos da anamnese, qual seja: ID - Identificação QP Queixa principal HPMA História pregressa da moléstia atual (História da doença atual) Bibliografia PORTO, Celmo Celeno; PORTO, Arnaldo Lemos. Semiologia Médica. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/# /books/9788527734998/cfi/6/64!/4/90/ 2@0:100 Aula 04 – Prof. Beatriz Blasio https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527734998/cfi/6/64!/4/90/2@0:100 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527734998/cfi/6/64!/4/90/2@0:100 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527734998/cfi/6/64!/4/90/2@0:100 DATA: 11/03/2021 Juliana Oliveira – T. IV-B objetivo da anamnese ➢ Obter a narrativa dos dados referntes ao estado de saúde do paciente. ANA = TRAZER DE NOVO MNESIS = MÉMORIA ➢ Em essência, a anamnese é uma entrevista, e o instrumento de que nos valemos é a palavra falada. distância enorme, basicamente porque o diálogo entre o médico e o paciente tem objetivo e finalidade preestabelecidos, ou seja, a reconstituição dos fatos e dos acontecimentos direta ou indiretamente relacionados com uma situação anormal da vida do paciente. • Estabelecer condições para uma adequada relação médico-paciente • Conhecer, por meio da identificação, os determinantes epidemiológicos que influenciam o processo saúde-doença de cada paciente • Fazer a história clínica, registrando, detalhada e cronologicamente, o(s) problema(s) de saúde do paciente • Registrar e desenvolver práticas de promoção da saúde • Avaliar o estado de saúde passado e presente do paciente, conhecendo os fatores pessoais, familiares e ambientais que influenciam seu processo saúde-doença • Conhecer os hábitos de vida do paciente, bem como suas condições socioeconômicas e culturais • Avaliar, de maneira clara, os sintomas de cada sistema corporal. • Coleta de dados básicos subjetivos ▪ Relato livre ▪ Anamnese dirigida ▪ Mista • Coleta de dados objetivos: ▪ Exame Físico • Exames complementares: Coleta de dados básicos direcionado de acordo com as etapas anteriores. significa trazer de volta à mente todos os fatos relacionados com a doença e o paciente. DICA NA PRÁTICA: 1. Cumprimente o paciente, perguntando logo o nome dele e dizendo- Tia 2. Deixar o paciente relatar, livre e espontaneamente, suas queixas sem nenhuma interferência, limitando-se a ouvi-lo 3. Demonstre atenção ao que o paciente está falando e procure identificar de pronto alguma condição especial dor, sonolência, ansiedade, hostilidade, tristeza, confusão mental para que você saiba a maneira de conduzir a entrevista. 4. Conhecer e compreender as condições socioculturais do paciente representa uma ajuda inestimável para reconhecer a doença e entender o paciente. 5. Perspicácia e tato são qualidades indispensáveis para a obtenção de dados sobre doenças estigmatizantes ou distúrbios que afetam a intimidade da pessoa. DATA: 11/03/2021 Juliana Oliveira – T. IV-B SEMIOTECNICA DA ANAMNESE: O médico tem de estar imbuído da vontade de ajudar o paciente a relatar seus padecimentos. Para conseguir tal intento, Bickley e Szilagyi (2010) sugerem que o examinador utilize uma ou mais das seguintes técnicas: apoio, facilitação, reflexão, esclarecimento, confrontação, interpretação, respostas empáticas e silêncio. • APOIO: Afirmações de apoio despertam segurança no paciente. Exemplo: Eu compreendo -lo a prosseguir no relato de alguma situação difícil. • FACILITAÇÃO: O médico consegue facilitar o relato do paciente por meio de sua postura, de ações ou palavras que o encorajem, mesmo sem especificar o tópico ou o problema que o incomoda. Exemplo: O gesto de balançar a cabeça levemente pode pode significar para o paciente que ele está sendo compreendido. • REFLEXÃO: Consiste basicamente na repetição das palavras que o médico considerar as mais significativas durante o relato do paciente. • ESCLARECIMENTO: Nesse caso, o médico procura definir de maneira mais clara o que o paciente está relatando. Exemplo: Se o paciente se refere à tontura, o médico, por saber que esse termo tem vários significados, procura esclarecer a qual deles o paciente se refere (vertigem? Sensação desagradável na cabeça?). • CONFRONTAÇÃO: Consiste em mostrar ao paciente algo acerca de suas próprias palavras ou comportamento. Exemplo: O paciente mostra-se tenso, ansioso e Aí, o médico pode confrontá- e. • INTERPRETAÇÃO: O médico faz uma observação a partir do que vai notando no relato ou no comportamento do paciente. Exemplo: • RESPOSTA EMPÁTICAS: É compreensão e aceitação sobre algo relatado pelo paciente. A resposta empática pode ser por palavras, gestos ou atitudes: colocar a mão sobre o braço do paciente, oferecer um lenço se ele estiver chorando ou apenas dizer a ele que compreende seu sofrimento. No entanto, é necessário cuidado com esse tipo de procedimento. A palavra ou gesto do médico pode desencadear uma reação inesperada ou até contrária por parte do paciente. • SILÊNCIO: Há momentos na entrevista em que o examinador deve permanecer calado, mesmo correndo o risco de parecer que perdeu o controle da conversa. O silêncio pode ser o mais adequado quando o paciente se emociona ou chora. Saber o tempo de duração do silêncio faz parte da técnica e da arte de entrevistar. Elementos componentes da anamnese A anamnese é classicamente desdobrada nas seguintes partes: identificação, queixa principal, história de doença atual (HDA), interrogatório sintomatológico (IS), antecedentes pessoais e familiares, hábitos e estilo de vida, condições socioeconômicas e culturais. DATA: 11/03/2021 Juliana Oliveira – T. IV-B 1. IDENTIFICAÇÃO Perfil sociodemográfico do paciente que permite a interpretação de dados individuais e coletivos. i. NOME ii. IDADE iii. SEXO/GÊNERO iv. COR/ETNIA OBS: Embora não sejam coisas exatamente iguais, na prática elas se confundem. Em nosso país, onde existe uma intensa mistura de etnias (Figura 6.1), é preferível o registro da cor da pele como faz o IBGE usando-se a seguinte nomenclatura: ■ Cor branca ■ Cor parda ■ Cor preta. A influência da etnia no processo do adoecimento conta com muitos exemplos; o mais conhecido é o da anemia falciforme, uma alteração sanguínea específica dos negros, mas que, em virtude da miscigenação, pode ocorrer em pessoas de outra cor. Outro exemplo é a hipertensão arterial, que mostra comportamento evolutivo diferente nos pacientes negros: além de ser mais frequente nesse grupo, a hipertensão arterial apresenta maior gravidade, com lesões renais mais intensas e maior incidênciade acidentes vasculares encefálicos. Em contrapartida, pessoas de cor branca estão mais predispostas aos cânceres de pele. Considerando o alto grau de miscigenação (ver Figura 6.1) da população brasileira, há necessidade de se ampliarem os estudos da influência étnica nas doenças prevalentes em nosso país, inclusive nos indivíduos de cor parda. O primeiro passo é o registro correto da cor da pele nos estudos epidemiológicos e nos prontuários médicos. v. ESTADO CIVIL Não só os aspectos sociais referentes ao estado civil podem ser úteis ao examinador. Aspectos médico-trabalhistas e periciais podem estar envolvidos, e o conhecimento do estado civil passa a ser um dado valioso. vi. PROFISSÃO É um dado de crescente importância na prática médica, e sobre ele teceremos algumas considerações em conjunto com o item que se segue vii. LOCAL DE TRABALHO Não basta registrar a ocupação atual. Faz-se necessário indagar sobre outras atividades já exercidas em épocas anteriores. Por isso, nos prontuários, devem constar os itens profissão e local de trabalho na identificação, e os itens ocupação atual e ocupações anteriores nos hábitos de vida OBS: Em certas ocasiões, existe uma relação direta entre o trabalho do indivíduo e a doença que lhe acometeu. Enquadram-se nessa categoria as chamadas doenças profissionais e os acidentes de trabalho. Por exemplo, indivíduos que trabalham em pedreiras ou minas podem sofrer uma doença pulmonar determinada por substâncias inaladas ao exercerem sua profissão; chama-se pneumoconiose, e é uma típica doença profissional. O indivíduo que sofre uma fratura ao cair de um andaime é vítima de um acidente de trabalho. Em ambos os casos, ao lado dos aspectos clínicos, surgem questões de caráter pericial ou médico-trabalhista. viii. NATURALIDADE Local onde o paciente nasceu. ix. PROCEDENCIA DATA: 11/03/2021 Juliana Oliveira – T. IV-B Este item geralmente refere-se à residência anterior do paciente. Por exemplo, ao atender a um paciente que mora em Goiânia (GO), mas que anteriormente residiu em Belém (PA), deve-se registrar esta última localidade como a procedência. x. RESIDÊNCIA Quanto a este item, anota-se a residência atual. Nesse local deve ser incluído o endereço do paciente. As doenças infecciosas e parasitárias se distribuem pelo mundo em função de vários fatores, como climáticos, hidrográficos e de altitude. Conhecer o local da residência é o primeiro passo nessa área. Além disso, deve-se lembrar de passagem que a população tem muita mobilidade e os movimentos migratórios influem de modo decisivo na epidemiologia de muitas doenças infecciosas e parasitárias. xi. NOME DA MÃE Anotar o nome da mãe do paciente é uma regra comum nos serviços de saúde no sentido de diferenciar os pacientes homônimos. xii. NOME DO RESPONSÁVEL, CUIDADOR E/OU ACOMPANHANTE. O registro do nome do responsável, cuidador e/ou acompanhante de crianças, adolescentes, pessoas idosas, tutelados ou incapazes (problemas de cognição, por exemplo) faz-se necessário para que se firme a relação de corresponsabilidade ética no processo de tratamento do paciente. xiii. RELIGIÃO Alguns dados bastante objetivos, como a proibição à hemotransfusão em testemunhas de Jeová e o não uso de carnes pelos fiéis da Igreja Adventista, têm uma repercussão importante no planejamento terapêutico. Outros dados mais subjetivos podem influenciar a relação médico-paciente, uma vez que o médico usa em sua fala a pauta científica, que muitas vezes pode se contrapor à pauta religiosa pela qual o paciente compreende o mundo em que vive. xiv. FILIAÇÃO A ÓRGÃOS/INSTITUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS E PLANOS DE SAÚDE Ter conhecimento desse fato possibilita o correto encaminhamento para exames complementares, outros especialistas ou mesmo a hospitais, nos casos de internação. O cuidado do médico em não onerar o paciente, buscando alternativas dentro do seu plano de saúde, é fator de suma importância na adesão ao tratamento proposto. 2. QUEIXA PRINCIPAL Registra-se a queixa principal ou, mais adequadamente, o motivo que levou o paciente a procurar o médico, repetindo, se possível, as expressões por ele utilizadas. guisa de queixa -se-á esclarecer o sintoma que ficou subentendido sob outra denominação. comodidade, pressa ou ignorância, o médico pode ser induzido a aceitar, dando ares científicos a conclusões diagnósticas oferecidas pelos pacientes ou seus familiares. As consequências de tal procedimento pode ser muito desagradáveis. DATA: 11/03/2021 Juliana Oliveira – T. IV-B motivo mais importante pode não ser o que ela enunciou primeiro. Para se identificar a queixa principal, nesse caso, deve-se perguntar o que a levou a procurar atendimento médico ou o que mais a incomoda. Quando o paciente chega ao médico encaminhado por outro colega ou outra instituição da área de -se de modo especial o motivo da consulta. 3. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL (HDA) Um registro cronológico e detalhado do motivo que levou o paciente a procurar assistência médica, desde o seu início até a data atual. A HDA, abreviatura já consagrada no linguajar médico, é a parte principal da anamnese e costuma ser a chave mestra para chegar ao diagnóstico. 3.1 SINTOMA GUIA: Sintoma ou sinal que permite recompor a história da doença atual com mais facilidade e precisão; por exemplo: a febre na malária, a dor epigástrica na gastrite ou úlcera péptica, as convulsões na epilepsia, o edema na síndrome nefrótica, a diarreia na colite ulcerativa. Contudo, isso não significa que haja sempre um único e constante sintoma-guia para cada enfermidade. O encontro de um sintoma-guia é útil para todo médico, mas para o estudante adquire especial utilidade; sem grandes conhecimentos clínicos e sem experiência, acaba sendo a única maneira para ele reconstruir a história de uma doença. Como orientação geral, o estudante deve escolher como sintoma-guia a queixa de mais longa duração, o sintoma mais salientado pelo paciente ou tomar como sintoma- DICA NA PRÁTICA 1. Qual o motivo da consulta? 2. Por que o(a) senhor(a) me procurou? 3. O que o(a) senhor(a) está sentindo? 4. O que o(a) está incomodando? OBS: Dor de ouvido Dor no peito há 2 horas Exame da admissão para o trabalho. DICA NA PRÁTICA 1. Deixe que o paciente fale sobre sua doença. 2. Identifique o sintoma-guia. (dor/sensação) 3. Descreva o sintoma-guia com suas características e analise-o minuciosamente. 4. Use o sintoma-guia como fio condutor da história e estabeleça as relações das outras queixas com ele em ordem cronológica. 5. Verifique se a história obtida tem começo, meio e fim. 6. Não induza respostas. 7. Apure evolução, exames e tratamentos realizados em relação à doença atual. 8. Resuma a história que obteve para o paciente, a fim de ele possa confirmar ou corrigir algum dado ou acrescentar alguma informação esquecida. OBS: SINTOMA É A SENSAÇÃO SUBJETIVA REFERIDA PELO DOENTE (DOR, ANSIEDADE, MAL-ESTAR, PERDA PONDERAL, FEBRE, HEMORRAGIA. SINAL É A SENSAÇÃO SUBJETIVA REFERIDA PELO DOENTE (DOR, ANSIEDADE, MAL-ESTAR, PERDA PONDERAL, FEBRE, HEMORRAGIA) SINAL E SINTOMA PATOGNOMÔNICO SÃO AQUELES ESCLUSIVOS DE UMA DETERMINADA DOENÇA. SINDROME: CONJUNTO DE SINAL E SINTOMAS QUE SE APRESENTAM CONJUNTAMENTE E QUE PODEM TER CAUSAS DIVERSAS. (SINDROME ICTÉRICA, SINDROME METABÓLICA, SINDROME DISPÉPTICA) DATA: 11/03/2021 Juliana Oliveira – T. IV-B 4. INTERROGATÓRIO SINTOMATOLÓGICO Essa parte da anamnese, denominada também anamnese especial ou revisão dos sistemas, constitui, na verdade, um complemento da história da doença atual. Os elementos que compõem o esquema para análise de qualquer sintoma são: Início; Características do sintoma; Fatores de melhora ou piora; Relação com outras queixas; Evolução; e Situação atual. Dica na prática Esquema para análise de um sintoma, tomandocomo modelo a dor. Início Deve ser caracterizado com relação à época de aparecimento. Se foi de início súbito ou gradativo, se teve fator desencadeante ou não Médico: Quando a dor surgiu? Paciente: Há 3 dias. Médico: Como ela começou? Paciente: De repente, depois que peguei um saco de cimento. Características do sintoma Definir localização, duração, intensidade, frequência, tipo, ou seja, características próprias a depender do sintoma Médico: Onde dói? Paciente: A dor é no peito, do lado direito, na frente. Paciente: A dor vai para as costas. Médico: Quanto tempo dura? Paciente: O tempo todo, não para. Médico: Como é essa dor? Paciente: É uma dor forte, em pontada Fatores de melhora ou piora Definir quais fatores melhoram e pioram o sintoma, como, por exemplo, fatores ambientais, posição, atividade física ou repouso, alimentos ou uso de medicamentos Médico: O que melhora a dor? Paciente: Melhora quando eu deito do lado direito. Médico: O que piora a dor? Paciente: A dor piora quando faço esforço físico e à noite quando esfria o tempo. Relação com outras queixas Registrar se existe alguma manifestação ou queixa que acompanha o sintoma, geralmente relacionado com o segmento anatômico ou funcional acometido pelo sintoma Médico: Você está tossindo? Paciente: Não. Médico: Você tem falta de ar? Paciente: Eu sinto um pouco de falta de ar sim. Evolução Registrar o comportamento do sintoma ao longo do tempo, relatando modificações das características e influência de tratamentos efetuados Médico: Essa dor se modificou nestes 3 dias? Paciente: Ontem eu tomei um analgésico e a dor melhorou, mas é só o efeito do remédio acabar que a dor volta. Situação atual Registrar como o sintoma está no momento da anamnese também é importante Médico: Como está a dor agora? Paciente: Agora a dor está muito forte e está dificultando minha respiração. Nada mais melhora. Preciso de ajuda.
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