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Julia Paris Malaco – UCT16 SP4 – fadiga, perda de peso e anemias Imunossupressão Imunossupressão X caquexia/nutrição A desnutrição protéico-energética é consequência de baixa ingestão de alimentos e resulta em deficiência de calorias e aminoácidos. A imunidade inata e a adquirida são reguladas por uma grande rede de comunicação química, que inclui a síntese de células apresentadoras de antígenos, imunoglobulinas e citocinas. Algumas consequências de deficiências nutricionais são a redução de anticorpos humorais e da superfície de mucosas, da imunidade celular, da capacidade bactericida de fagócitos, da produção de complemento, do número total de linfócitos, do equilíbrio dos subtipos de linfócitos T e dos mecanismos inespecíficos de defesa. Processo infeccioso → inflamação → altera o metabolismo (remodelamento) → estado catabólico maior → consumo adicional de energia → para manter os níveis altos de glicemia disponíveis → quanto mais hiperglicêmico o paciente ficar é pior. A desnutrição primária leva a atrofia de órgãos linfoides e deficiência grave de linfócito T. O sistema imune celular é mais diretamente afetado do que o sistema imune humoral. A resposta imune inata também é afetada por deficiências de micronutrientes. O ferro e os elementos traços como zinco, selênio, modulam a função imune e influenciam a instalação e o desenvolvimento de infecções. Os dados sustentam as seguintes conclusões gerais: suprimento inadequado destes micronutrientes essências supressão das atividades de células da resposta inata e adquirida do sistema imune; decréscimo das atividades de células individuais, redução do total de número de células efetoras de um ou mais tecido, combinação de células com capacidade diminuída; Ferro: Em crianças, a anemia por deficiência de ferro está associada com diminuição da atividade fagocitária e dos níveis de imunoglobulinas, além de prejudicar a resposta de célula T e produção de IL-2. Zinco: essencial para a atividade de muitas enzimas. Sua deficiência tem sido associada com redução da atividade do hormônio tímico, de citocinas Th1 linfopenia. O zinco induz uma resposta de citocinas específicas em células mononucleares do sangue periférico, estimulando essas células, de forma dose-dependente, a produzir interleucina-1 (IL- 1), interleucina-6 (IL-6), fator de necrose tumoral-alfa (TNF-alfa) e IFN-gama. Deficiência de zinco em humanos pode ser acompanhada por desequilíbrio da função de células Th1 e Th2, diminuição da atividade de timulina, diminuição do recrutamento de células virgens, redução da porcentagem de células T citolÌticas e diminuição da atividade lítica de células NK. Desequilíbrios nutricionais afetam a capacidade do hospedeiro produzir resposta inflamatória protetora, acarretando prejuízos às defesas imunológicas do mesmo, inclusive à função fagocitária, imunidade mediada por células, sistema complemento, secreção de anticorpos, produção e função de citocinas. O esgotamento de nutrientes antioxidantes promove imunossupressão celular, podendo a desnutrição intensificar a gravidade de infecções e acentuar a sua evolução A caquexia é uma síndrome associada à perda de massa celular, reduzida ingestão de alimento, diminuição de atividade física e acelerada degradação de proteínas. Entre as substâncias humorais que possuem papel chave no estabelecimento da síndrome caquética estão as citocinas. Estes mediadores são produzidos pela maioria das células do organismo. Entretanto, os macrófagos constituem a principal fonte destas Julia Paris Malaco – UCT16 moléculas. De fato, estas células exercem um papel fundamental na imunocompetência e possuem um alto potencial secretório, sendo responsáveis pela liberação de mais de cem substâncias, incluindo as citocinas, o óxido nítrico e o ânion superóxido e macromoléculas como os proteoglicanos. O TNF-a e ́ uma citocina pro ́-inflamato ́ria produzida principalmente por macro ́fagos. Ela apresenta muitos efeitos importantes que diferem de acordo com sua concentrac ̧a ̃o. Em baixas concentrações, a citocina aumenta a si ́ntese de mole ́culas de adesa ̃o pelas ce ́lulas endoteliais, o que permite aos neutro ́filos sua adere ̂ncia aos vasos sangui ́neos no local de infecc ̧a ̃o. Ela também intensifica a atividade respirato ́ria no interior de neutro ́filos, o que aumenta o efeito de eliminaça ̃o dos fagócitos. Tambe ́m causa febre. O TNF-a e ́ também conhecido como caquetina, porque inibe a ac ̧a ̃o da lipase em tecidos adiposos, reduzindo, portanto, a utilizac ̧a ̃o de a ́cidos graxos. Esse feno ̂meno resulta em caquexia. A IL-1 induz muitos dos mesmos efeitos biológicos do TNF e estas duas citocinas parecem agir de maneira sinérgica. A IL-6 direciona a síntese de proteínas agudas no fígado sendo o mediador final comum resultante das atividades de uma cascata de citocinas elicitadas pela presença de células tumorais, endotoxina, TNF e IL- 1. O PIF (fator indutor de proteólise) estimula a proteólise, levando à perda de massa muscular. Todas essas alterações são responsáveis pelo quadro de emagrecimento e caquexia, presente num elevado percentual de pacientes com câncer. Diminuição de anticorpos humorais e da superfície de mucosas, da imunidade celular, da capacidade bactericida de fagócitos, da produção de complemento, do número total de linfócitos, do equilíbrio dos subtipos de linfócitos T e dos mecanismos inespecíficos de defesa – barreiras anatômicas da pele e mucosas, microbiota intestinal, substâncias secretoras como linfocina, suco gástrico e muco, febre, alterações endócrinas e seqüestro de ferro sérico e tecidual – são conseqüências de deficiências nutricionais. Imunossupressão X alcoolismo O álcool reduz os níveis de vitaminas do complexo B, principalmente de B12 e inibe a produção saudável. Isso pode levar a ruptura celular, somada ao efeito tóxico do álcool, pode levar à anemia macrocítica ou megaloblástica, pois a B12 está envolvida na formação dos glóbulos brancos. Neste quadro, a formação de hemácias fica alterada, levando a pior funcionamento e capacidade de levar o oxigênio às células do corpo. As calorias provenientes alto consumo de álcool são adicionadas ao Valor Energético Total (VET) e podem representar 50% das suas necessidades. Devido a isso, substitui o consumo de alimentos como fonte de energia e de nutrientes, ocorrendo perda de peso. Como também, possui as “calorias vazias”, apesar de seu alto valor energético, faltam nutrientes essenciais como proteínas, vitaminas. E essas não são utilizadas eficientemente como fonte de combustível, pois o excesso de calorias ingeridas na forma de álcool não pode ser estocado. Dessa forma, ocorrem desvios metabólicos para priorização da desintoxicação do etanol, com perda energética significativa. Soma-se a isso a termogênese dos alimentos aumentada, juntamente com o metabolismo basal, transformando o álcool em causa tanto da desnutrição primária, pelo fato de deslocar os nutrientes da dieta, como de desnutrição secundária, por ser responsável pela má absorção e agressão celular decorrentes de sua toxicidade direta. O álcool estimula diretamente a liberação de outros neurotransmissores como a serotonina e endorfinas que parecem contribuir para os sintomas de bem estar presentes na intoxicação alcoólica. Em etilistas, além da má absorção intestinal, há menor estoque hepático e aumento na degradação pelo hipermetabolismo hepático ou pela peroxidação lipídica (devido deficiência de vitamina E em alcoolistas). É denominada desnutrição primária quando há uma dieta inadequada em nutrientes (dieta pobre emproteínas, vitaminas, etc.) e desnutrição secundária o tipo de desnutrição onde o álcool afeta a biodisponibilidade dos nutrientes por vários mecanismos. Como consequência destas deficiências, esses pacientes apresentam, usualmente, anemia megaloblástica, esteatose hepática, estresse oxidativo e imunossupressão Como resultante das alterações hepáticas, sobretudo em pacientes que consomem álcool, nota-se que o cirrótico também desenvolve desnutrição protéico-energética (DPE). A origem desta má nutrição é multifatorial, destacando-se três, dentre esses fatores. O primeiro é a diminuição do consumo de nutrientes, já que muitos dos pacientes seguem uma dieta de baixas Julia Paris Malaco – UCT16 calorias. O segundo relaciona-se à digestão e absorção alterada de macro e micronutrientes. O terceiro, é a alteração no metabolismo dos nutrientes por comprometimento do fígado. Assim, a severidade da doença hepática se correlaciona com o grau de desnutrição, e esta tem impacto direto no prognóstico do paciente. A diminuição da ingestão calórica pode ocorrer em pacientes cirróticos devido à ascite e à hipertensão portal (HP), a qual compromete a absorção e a digestão de nutrientes. A expansão, tanto quanto a acomodação gástrica em pacientes com ascite encontram-se comprometidas e acarretam a saciedade precoce, reduzindo o consumo alimentar. Imunossupressão X trauma Indivíduos com caquexia têm um risco aumentado de morte, infecção e quedas; cicatrização mais lenta da ferida; significativamente menor capacidade de exercício e respiração; e diminuição geral da qualidade de vida. Vários fatores frequentemente convergem para causar desperdício catabólico. A desnutrição devido ao consumo reduzido de alimentos ou à absorção deficiente de nutrientes ocorre com frequência em fases posteriores da doença crônica e pode causar perda acentuada de tecido muscular e adiposo. Embora a caquexia seja tipicamente acompanhada de perda de apetite, raramente responde ao aumento da ingestão de alimentos sozinho. A inflamação também desempenha um papel importante na deterioração da massa corporal entre indivíduos com caquexia. Tanto a doença aguda quanto a crônica podem causar um aumento acentuado na produção de moléculas de sinalização de células inflamatórias chamadas citocinas. Esses mediadores inflamatórios alteram numerosos processos metabólicos, resultando na redução da síntese protéica muscular e aumento da degradação protéica muscular. Várias citocinas específicas têm sido associadas à caquexia, incluindo interleucina-1, interleucina-2, interleucina-6, interferon-γ e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α). As citocinas inflamatórias ativam um importante regulador metabólico chamado fator nuclear kappa B (NF-κB), que, por sua vez, promove diversas alterações fisiológicas que promovem a deterioração tecidual. As citocinas inflamatórias também estimulam a liberação do hormônio adrenal cortisol e hormônios neurotransmissores chamados catecolaminas; tanto o cortisol como as catecolaminas podem exacerbar o desperdício catabólico, interrompendo o metabolismo das células musculares e alterando a taxa metabólica basal. Estado hipermetabólico no trauma: Nesses pacientes a desnutrição afeta negativamente a resposta metabólica, e vice- versa, além de levar os pacientes a uma suscetibilidade aumentada para desfechos adversos e futura deterioração nutricional. Após trauma grave, queimadura ou infecção acontece uma fase universal aguda → caracterizada predominantemente por um estado catabólico hipermetabólico Apesar de parecer que essa é uma fase essencial para a recuperação, uma má adaptação prolongada ou distúrbio metabólico está associada com complicações de morbimortalidade. Fase universal aguda inicial: Há aumento do gasto energético + liberação de citocinas inflamatórias [TNF-alfa] + liberação de de hormônios [epinefrina, cortisol e glucagon] → atuam como estimulantes catabólicos Dependendo da gravidade do trauma, o gasto energético pode aumentar de 20% a 50% nesses pacientes, comparados com pacientes de cirurgia eletiva. Combinação de fase aguda + aumento do gasto energético = leva ao estado hipermetabólico I Entre 3 a 7 dias após o trauma, os pacientes graves desenvolvem aumento do metabolismo lipídico + resistência à insulina + hiperglicemia = estado hipermetabólico tipo II [devido a resistência há depleção de aminoácidos e lipídios]; acredita-se que uma perda de 10% a 15% da perda de peso é normal, contudo pacientes desnutridos não conseguem fazer turnover protéico o que aumenta o risco de mortalidade, com cicatrização ineficiente e menos renovação celular. Na desnutriçãoleva a imunodeficiência, como enfraquecimento do funcionamento de leucócitos, diminuição do funcionamento das cél. T e formação de complexos com anticorpos → faz com que o paciente seja mais suscetível a complicações e futura perda de recursos corporais Julia Paris Malaco – UCT16 Dependência química A dependência de substâncias pode ser entendida como alterações cerebrais (neurobiológicas) provocadas pela ação direta do uso prolongado de uma droga de abuso. Essas alterações são influenciadas por aspectos ambientais (sociais, culturais, educacionais), comportamentais e genéticos. O sistema de recompensa inclui neurônios dopaminérgicos encontrados na área tegmental ventral. Esses neurônios são conectados ao núcleo accumbens e a outras áreas, tais como o córtex pré-frontal. Ele tem participação fundamental na busca de estímulos causadores de prazer, tais como alimentos, sexo, relaxamento. Por meio do reforço positivo da recompensa, obtida durante essas experiências, o organismo é impelido a buscá-las repetidas vezes. Cria-se uma memória específica para isso. O sistema de recompensa, desse modo, é um importante mecanismo de autopreservação. A dopamina é o neurotransmissor sintetizado dentro do sistema de recompensa. Para sua síntese é necessária a presença do aminoácido tirosina. Por meio da enzima tirosina hidroxilase, a tirosina é transformada em forma em DOPA (3,4 - hidroxifenilalanina). A dopamina tem sua origem na descarboxilação da DOPA. Em seguida, é armazenada nas vesículas dos terminais pré- sinápticos para ser liberada na fenda após um estímulo neuronal. O sistema dopaminérgico possui três tratos considerados como os mais importantes, de grande interesse para o entendimento da neurobiologia da dependência química. Um destes é o trato mesolímbico-mesocortical, que se projeta a partir da área tegmental ventral (ATV) para a maior parte do córtex frontal (funções psíquicas superiores) e sistema límbico (emoção) e parece ser a via dopaminérgica relacionada à recompensa. Região mesolímbica: situada no mesencéfalo, que se origina na área tegmentar ventral e se projeta para o núcleo accumbens, córtex pré- frontal e outras áreas límbicas, estando fortemente implicada no processo da dependência química. Área tegmentar ventral: rica em neurônios contendo dopamina cujos axônios se projetam para áreas cerebrais envolvidas nas emoções, pensamentos, memórias e execução de comportamentos. Núcleo accumbens: a região cerebral rica em receptores dopaminérgicos e implicada na motivação e aprendizagem, sendo, portanto, importante no mecanismo de reforçamento positivo ou negativo. A maioria das substâncias causadoras de dependência, cria esse efeito por meio da ativação do sistema dopaminérgico de recompensa. Sendo esse processo podendo ser realizado de forma direta ou indireta. Fisiopatologia Cada droga tem seu mecanismo, mas todas atuam, direta ou indiretamente, ativando o sistema de recompensa cerebral, que é constituído pelo sistema mesolimbicoe mesocortical, e formado por circuitos neuronais responsáveis pelas ações reforçadas positiva e negativamente. O termo reforço, refere-se a um estímulo que fará com que um determinado comportamento ou resposta se repita normalmente devido ao prazer que causa (reforço positivo) ou ao desprazer e desconforto que é aliviado por meio desse comportamento (reforço negativo). Quando há um estímulo prazeroso, o cérebro lança um sinal, que aumenta a dopamina no núcleo accumbens. Esse sinal é reforçador, associado a sensações de prazer, fazendo com que a busca pela droga se torne cada vez mais provável. O sistema mesolimbico e mesocortical têm origem na área tegmentar ventral (TV). O sistema mesolímbico vai até núcleo accumbens: é composto por projeções dopaminérgicas que partem da área tegmentar ventral e chegam, principalmente, ao núcleo accumbens. Julia Paris Malaco – UCT16 Área tegmentar ventral: é onde se localizam os corpos neuronais dopaminérgicos e é responsável também pelas projeções desses neurônios para as demais estruturas do sistema de recompensa. Núcleo accumbens: é responsável pelo aprendizado e pela motivação, bem como pela valorização de cada estímulo. É importante salientar que existem projeções dopaminérgicas para outras estruturas cerebrais, tais como o hipocampo, estrutura associada com aprendizagem e memória espaciais. Amígdala: estrutura responsável pelo processamento do conteúdo emocional de estímulos ambientais O sistema mesolímbico está relacionado ao mecanismo de condicionamento ao uso da substância, bem como à fissura, à memória e às emoções ligadas ao uso. O sistema mesocortical vai até área pré- frontal: é composto pela área tegmentar ventral, pelo córtex pré-frontal, pelo giro do cíngulo e pelo córtex orbitofrontal. Córtex pré-frontal: é responsável pelas funções cognitivas superiores e pelo controle do sequenciamento de ações. Giro do cíngulo: por estar localizado acima do corpo caloso, tem conexões com diversas outras estruturas do sistema límbico e tem as seguintes funções → atenção, memória, regulação da atividade cognitiva e emocional Córtex orbitofrontal: é responsável pelo controle do impulso e da tomada de decisão As alterações que ocorrem no sistema mesocortical em decorrência do consumo de substâncias psicoativas estão relacionadas com a compulsão e a perda do controle para o consumo de drogas. Ambos os sistemas, mesolímbico e mesocortical, funcionam paralelamente entre si e com as demais estruturas cerebrais configurando o sistema de recompensa cerebral, sendo que a dopamina é o principal neurotransmissor presente nesse sistema, porém, não o único. Neurotransmissores como a serotonina, noradrenalina, glutamato e o ácido gama- aminobutírico (GABA) são responsáveis pela modulação do SNC e também estão presentes no sistema de recompensa. Dependência: A dependência física é um fenômeno que geralmente está associado à tolerância e que costuma resultar de mecanismos semelhantes aos que provocam tolerância farmacodinâmica. Dependência física é a necessidade da droga para manter o funcionamento normal. Na ausência da droga, revelam-se as adaptações que produziram a tolerância. A característica da dependência física é a manifestação de sintomas de abstinência na ausência da droga. Tolerância: refere-se à diminuição do efeito de uma droga com o uso contínuo. Sensibilizaçao: O efeito oposto, denominado sensibilização (também chamado de tolerância inversa), refere-se a um desvio da curva de dose- resposta para a esquerda, de modo que a administração repetida de uma droga provoca um maior efeito de determinada dose ou há necessidade de uma dose menor para obter o mesmo efeito. Dependência X perda de peso O cérebro interpreta e integra os sinais neuronais e hormonais para promover uma resposta reguladora coordenada da homeostase energética. Esse sistema é centrado no hipotálamo e no tronco cerebral, os quais possuem conexões neuronais recíprocas. Especificamente dois grupos de neurônios do núcleo arqueado do hipotálamo parecem ser cruciais: Neurônios orexígenos: ligados ao estímulo do apetite - expressam o neuropeptídeo Y (NPY) e a proteína relacionada à agouti (AgRP) São ativados pela fome Neurônios anorexígenos: relacionados à saciedade - expressam pró- opiomelanocortina (POMC) e transcrito regulado por anfetamina e cocaína (CART) São ativados pela plenitude/satisfação Os neurônios do núcleo arqueado projetam-se para outro núcleo, o paraventricular (NPV). Ele processa as informações e manda para circuitos fora do hipotálamo, a partir disso coordena o corpo a gastar ou poupar energia. Serotonina: aumento na atividade pós-sináptica dos receptores serotoninérgicos provoca, posteriormente, redução na quantidade de alimento ingerido durante uma refeição e modifica o padrão de alimentação. Medicamentos que inibem a recaptação dos neurotransmissores de 5-HT, permitindo que os mesmos permaneçam em maior quantidade e por um tempo maior na fenda sináptica, Julia Paris Malaco – UCT16 promovem maior sensação de saciedade e, em estudos experimentais, demonstram aumento do metabolismo basal. Dopamina e Noradrenalina: o aumento da produção de noradrenalina e dopamina, estimulando os núcleos hipotalâmicos laterais e, consequentemente, inibindo a fome. Sinais a curto prazo Indicam a ingestão de uma refeição coordenado principalmente pelo “eixo intestino- cérebro”. O “eixo intestino-cérebro” existe para transmitir informações vindas do trato gastrointestinal para o: Hipotálamo: através dos hormônios intestinais e flutuação da glicemia, por e quimiorreceptores. Tronco cerebral: através do nervo vago mediado por mecanorreceptores e quimiorreceptores, quem sinalizam densidade de energia do alimento contido no trato gastrointestinal. Os neurônios vagais aferentes expressam uma variedade de receptores, incluindo aqueles para colecistoquinina (CCK), leptina, peptídeo semelhante ao glucagon 1 (GLP-1) e 2 (GLP-2), além dos receptores para grelina. CCK: liberada pelo duodeno em resposta dos lipídios ou proteínas no lúmen intestinal. Ela atua por meio de receptores sensoriais no duodeno, enviando sinais ao cérebro sobre o conteúdo nutricional no intestino. Informação sobre o paladar, olfato, visão, memória de alimentos e do contexto social: o trato solitário envia para os centros do hipotálamo e outros centros, a integração destes sinais resulta na ativação da expressão gênica de mediadores envolvidos na regulação da saciedade Os hormônios intestinais circulantes influenciam a atividade neuronal no sistema nervoso central ou diretamente pela penetração na barreira hematoencefálica, agindo dessa maneira no hipotálamo e no tronco cerebral, ou via receptores no nervo vago aferente. A antecipação de uma refeição, bem como alimento no estômago e intestino delgado, promovem a secreção de muitos desses hormônios intestinais, por via de estímulos mecânicos e químicos. Esses sinais estão envolvidos tanto com o início como com o término da ingestão alimentar. Sinais a longo prazo Regulação dos estoques de energia: Regulado pela quantidade de tecido adiposo Menos tecido adiposo resulta em estimulação da alimentação e redução no gasto de energia Mais tecido adiposo resulta em redução do apetite e gasto de energia. Regulado pela insulina e leptina: A insulina é produzida pelo pâncreas e é liberada na corrente sanguínea após uma refeição. A leptina é secretada pelo tecido adiposo em um processo dependente de insulina e é proporcional a massa de gordura corporal. Um aumentode leptina diz para o cérebro que o corpo tem um estoque suficiente de energia, e que ele deve gastar energia e não se alimentar, e o inverso também ocorre. CART (Transcrito Regulado por Cocaína e Anfetamina): A serotonina hiperpolariza e inibe, no núcleo arqueado, o neuropeptídeo Y (NPY) e a proteína relacionada à agouti (AGRP), deprimindo a transmissão inibitória gabaérgica da α-melanotropina (α-MSH) e do transcrito regulado por cocaína e anfetamina (CART). Estes mecanismos associados produzem saciedade e estímulo à termogênese. O álcool O álcool tua de maneira indireta. O ácido gama-aminobutírico (GABA) é o principal neurotransmissor inibidor no SNC, desempenhando um papel importante na regulação da excitabilidade neuronal ao longo de todo o sistema nervoso. O álcool age como um agonista indireto desses neurotransmissores. Ao entrar no cérebro, a droga interage com receptores de GABA, elevando os efeitos inibidores, o que causa relaxamento e sedação do organismo. Num segundo momento, ela reduz Julia Paris Malaco – UCT16 o número de receptores GABA, o que explica a tolerância ao álcool. O glutamato, por sua vez, é o principal neurotransmissor excitatório do cérebro e atua na memória e na cognição. O álcool interage também com os sítios de ligação desse neurotransmissor, reduzindo a neurotransmissão glutaminérgica excitatória, causando o efeito depressor. O Álcool também estimula diretamente a liberação de outros neurotransmissores como a serotonina e endorfinas que parecem contribuir para os sintomas de bem-estar presentes na intoxicação alcoólica. Mesmo pequenas quantidades de álcool aumentam as concentrações de serotonina e dopamina em um dos centros de recompensa do cérebro. O resultado desses efeitos são sentimentos de prazer quando pequenas quantidades de álcool são consumidas. Ambos os componentes depressivos e excitatórios do sistema de recompensa são ativados pelo álcool. Essa droga afeta particularmente áreas do cérebro envolvidas na formação de memória, tomada de decisão e controle impulsivo. Diversas partes são afetadas pelo efeito sedativo do álcool, tais como aquelas responsáveis pelo movimento, julgamento e respiração. Com o consumo contínuo, a tolerância aos efeitos do álcool pode se desenvolver. Os receptores de GABA podem tornar-se insensíveis aos efeitos do álcool e de outros agonistas do GABA. Essencialmente, o corpo se acostuma a estados aumentados de estimulação de GABA e quando o agonista (álcool) não está presente, o corpo sente níveis mais altos de estresse e estimulação excitatória dos efeitos do Glutamato. A dependência faz com que o indivíduo beba mais regularmente, em maior quantidade, para obter os mesmos resultados. A ingestão do álcool provoca diversos efeitos, que aparecem em duas fases distintas: uma estimulante e outra depressora. Nos primeiros momentos após a ingestão de álcool, podem aparecer os efeitos estimulantes como euforia, excitação e agitação motora. Com o passar do tempo, começam a aparecer os efeitos depressores como a letargia, o prejuízo da coordenação motora e da capacidade de julgamento/crítica Biopsicossocial da dependência química Aspectos psicológicos: Os aspectos psicológicos envolvem dificuldades de lidar com frustrações e resolver problemas, traumas da infância, sintomas de depressão, tristeza sem motivo, quadros de ansiedade ou qualquer outro sentimento ligado ao psicológico. Esses fatores podem estar diretamente ou indiretamente relacionados com a dependência química. Cada pessoa apresenta um caso clínico diferente, logo não é possível chegar a uma única resposta para o problema. Aspectos sociais: Já os aspectos sociais são mais abrangentes e abstratos, pois têm a ver desde a um ambiente negativo em casa, que pode favorecer ou facilitar o uso de alguma substância, até a incidência de pontos de tráfico de drogas perto do local onde a pessoa vive. Os riscos que essa população enfrenta são: a vulnerabilidade à violência, a alimentação incerta e sem condições de higiene, a pouca disponibilidade de água potável, a privação de sono e afeição e a dificuldade de adesão a tratamento de saúde. Julia Paris Malaco – UCT16 Os problemas de saúde mais recorrentes nessa população e citados no Manual são: problemas nos pés, infestações, DST/ HIV/aids, gravidez de alto risco, doenças crônicas, consumo de álcool e drogas, saúde bucal e tuberculose Estabelecer vínculos é uma aprendizagem possível e uma dimensão humana que podemos desenvolver. Alguns pressupostos são necessários: o despojamento e a empatia, a capacidade de compreender sem julgar e o respeito, que estabelece limites. Sabemos que não somos capazes de estabelecer vínculos positivos com todas as pessoas, por isso é bom trabalhar em equipes que avaliam constantemente suas ações. Não podemos tudo, precisamos conhecer nossos limites e possibilidades. O vínculo é irmão da gratuidade, sabe esperar o tempo do outro, perceber os pequenos passos que possibilitam, não é imediatista nem coisifica as pessoas para contabilizar êxitos e respostas obtidas. A população em situação de rua desafia nossa capacidade de aceitação e convivência. Os que mais necessitam, os que estão em situação de maior risco, muitas vezes, são os que mais resistem, são também os que mais nos humanizam e preparam para as melhores ações. CAPS Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) nas suas diferentes modalidades são pontos de atenção estratégicos da RAPS: serviços de saúde de caráter aberto e comunitário constituído por equipe multiprofissional e que atua sobre a ótica interdisciplinar e realiza prioritariamente atendimento às pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, em sua área territorial, seja em situações de crise ou nos processos de reabilitação psicossocial e são substitutivos ao modelo asilar. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são os dispositivos da rede de saúde mental dos municípios que oferecem à população serviços voltados ao cuidado intensivo, personalizado e de promoção à saúde. Trata-se de um serviço público extra hospitalar de assistência a pessoas que sofrem com transtornos mentais, em especial, transtornos severos e persistentes. Incluem-se nessa demanda o atendimento a usuários com problemas de uso/abuso de substâncias psicoativas. A implantação dos CAPS foi muito importante, pois além de ser um avanço nos tratamentos de pessoas portadoras de transtornos mentais, regulamentou os serviços destinados aos usuários de álcool e outras drogas, o que rompe com associação entre dependentes químicos e criminalidade. Equipe técnica multiprofissional Assistente Social Arte educador Educadores social Enfermeiras Médico clínico geral Médico psiquiatra Psicólogas Técnico de enfermagem Atribuições do CAPS Acolhimento universal e diário; Atendimento individual, em grupos, à família e em oficinas terapêuticas Elaboração de um diagnóstico situacional e clínico de cada usuário que acessa o serviço Formulação de estratégias de cuidado e/ou do projeto terapêutico, adequados à necessidade de cada usuário; Agenciamento e encaminhamento dos casos que não sejam compatíveis com o trabalho de CAPS, mas que requeiram outra modalidade de cuidado Visitas domiciliares e atividades comunitárias Supervisionar e capacitar as equipes de atenção básica, serviços e programas de saúde mental no âmbito do seu território e/ou do módulo assistencial, entre outras funções. O dependente químico tem como característicasde personalidade e comportamento: baixa autoestima, rejeição, abandono, carência afetiva, insegurança, medo, raiva, tristeza, culpa, arrependimento, vergonha, ambivalência (ama e odeia ao mesmo tempo), egoísmo, mentira, chantagem emocional, oscilação do estado de humor, impulsividade, imaturidade, agressividade, baixa tolerância à frustração, transtornos de conduta, e dentre outras que comprometem até o caráter do dependente. Tuberculose Doença infecciosa e transmissível, causada após a inalação do Mycobacterium tuberculosis, que afeta os pulmões, embora possa acometer outros órgãos e sistemas. Agente etiológico: Bactérias do complexo mycobacteria tubercolosisi: bacilos álcool ácido resistente BAAR -> colorações mais simples (de gram) não vai corar, devido sua espessa camada lipídica. A fucsina cora- método de Ziehl- Neelsen. Julia Paris Malaco – UCT16 Transmissão: por via aérea, de uma pessoa com TB pulmonar, que elimina bacilos no ambiente (caso fonte), a outra pessoa. Acomete, principalmente, o pulmão que também é a porta de entrada da maioria dos casos. As gotículas exaladas (gotículas de Pflüger) rapidamente se tornam secas e transformam-se em partículas menores (núcleos de Wells), essas contêm um a dois bacilos que se mantém em suspensão no ar por muitas horas e são capazes de alcançar os alvéolos, onde podem se multiplicar e provocar a primo-infecção.. A doença clínica que ocorre diretamente após a infecção é classificada como tuberculose primária, sendo a sua ocorrência comum entre crianças nos primeiros anos de vida e entre indivíduos imunocomprometidos. Mesmo se o indivíduo não desenvolveu a doença os bacilos latentes podem persistir durante anos antes de serem reativados, produzindo tuberculose secundária (ou pós-primária), que, devido à frequente ocorrência de cavitação, é mais comumente infectante do que a doença primária. Fisiopatologia O indivíduo é contaminado o microorganismo alcança os alvéolos (porção inferior do lobo superior ou porção superior do lobo médio) penetra nos macrófagos (por endocitose - receptores reconhece o microrganismo, por exemplo receptor de manose) microrganismo bloqueia a formação do fagolisossomo (por bloquear a ação das proteínas que juntam o fagossomo com o lisossomo) começa a proliferação descontrolada do dia da infecção até a terceira semana-ocorre bacteremia pode se proliferar principalmente nos pulmões e linfonodos - maioria não tem sintoma ou apenas sintomas de gripe leve aqui. Depois de 3 semanas, os linfócitos T nos linfonodos reconhece, libera interleucina 12 que estimula cel T a e se diferenciam no perfil TH1, responsável por uma hipersensibilidade tardia. Os linfócitos T também secretam interferon gama que estimula a formação do fagolisossoma, uma imunidade instituída. O interferon gama também estimula produção de óxido nítrico, através da sintetase (enzima para a produção de óxido nítrico e EROS para destruir a bactéria). Macrófago ativado libera TNF, atrai monócitos- que ajudam no combate e se diferenciam em células epitelioides que se depositam no local de proliferação, formando uma reação granulomatosa (granuloma ao redor). O granuloma interrompe a nutrição das bactérias, libera óxido nítrico que leva a necrose caseosa do tecido que fica contido no interior do granuloma. Depois da eliminação essas células induzem fibrose do granuloma- a necrose é substituída por tecido calcificado no local - esse nódulo é bom até, porque é uma resposta efetiva. Quadro clinico Período de incubação: 4 a 12 semanas. Possui tosse persistente por 3 semanas ou mais (seca ou produtiva, com ou sem escarros hemoptoicos). Sintomas associados são febre vespertina, sudorese noturna, perda ponderal, hiporexia, astenia, mal-estar geral, prostração, mialgia, dispneia, fácies de doença crônica. Maior risco de adoecimento para a TB descrito é a infecção pelo HIV, no qual apresentação ativa é influenciada pelo grau de imunodeficiência; Assim, manifestações extrapulmonares são mais comuns, como linfadenite, pleurite, pericardite e meningite, com ou sem comprometimento pulmonar. Primária Paciente nunca foi exposto, não é sensibilizado - maioria é contida - forma granuloma, caseação, tecido fibroso e cicatriz. Alguns idosos, imunossuprimidos pela falha no perfil de resposta TH1, podem ter a TB primária progressiva, parecida com pneumonia bacteriana aguda. -consolidação lobo inferior, adenopatia hilar, efusão pleural (acúmulo de líquido), podem ser alguns sintomas. Raro ver cavitação, por isso tem a consolidação aqui. Julia Paris Malaco – UCT16 Quadro clínico pode ser insidiosas, irritação com febre baixa, sudorese noturna e inapetência. Nem sempre a tosse está presente. O exame físico pode ser inexpressivo. Secundária Quando fica latente, e em situações onde está com baixa imunidade, pode ter reativação e levar a TB secundária. Daí vai ter resposta imune imediata (já está sensibilizado). E as respostas levam a lesões destrituvas, formando a cavitaçãoerosão onde tinha necrose Acomete qualquer idade, mais comum no adolescente e adultos jovem, característica principal a tosse seca ou produtiva. Pode ser assintomática quando está localizada. Sintomas sistêmicos são mal estar, anorexia, perda de peso, febre vespertina. Pode evoluir e surgir escarro purulento, dor pleurítica, manifestações extrapulmonares. TB extrapulmonar Pleural: Local mais acometido. Derrame pleural: se tiver derrame e mais nada associado, como insuficiência cardíaca, pneumonia, aí pensa em TB. Acomete jovens e cursa com dor torácica do tipo pleurítica. A tríade astenia, emagrecimento e anorexia ocorre, e febre com tosse seca. Eventualmente, simula pneumonia bacteriana aguda. Análise do líquido (toracocentese): vai ter glicose baixa, aumento de proteínas, aumento de cél linfomonocitárias (linfócitos e monócitos). Padrão ouro: biópsia pleural. Meningoencefálica: meningite basal exsudativa é a clínica mais comum e é mais frequente em crianças <6anos não vacinadas, e imunodeprimidos. Forma mais sequelante da doença é a resposta inflamatoria Intensa, lesa neurônio. É gradativo, começa com cefaleia e dificulta diagnóstico. Aumenta proteína no líquor, diminui glicose, predomínio linfomonocitario. TC pode identificar hidrocefalia. Padrão ouro cultura, mas já começa a tratar e depois confirma Miliar: criança não vacinada, imunodeprimidos. Bacilo se dissemina por todo lugar- medula, fígado, baço. É grave porque o paciente já é imunossuprimido. Paciente fica anêmico, pancitopênico. O aspecto radiológico da lesão, os pequenos nódulos parecem "milho de passarinho" Padrão ouro é biópsia hepática, pulmonar. Pode fazer também aspirado de medula. Diagnostico Suspeita/história clínica Sintomático respiratório Indivíduo com tosse de duração ≥ 3 semanas Exames: escarro, baciloscopia, cultura (padrão ouro) PCR, teste rápido molecular. Uma baciloscopia positiva e o quadro clínico de TB juntos fecham o diagnóstico de tuberculose e autoriza início do tratamento. No entanto, a confirmação bacteriológica só ocorre com a cultura (padrão-ouro) e/ou testes moleculares. Achados radiológicos TB primaria: granuloma TB primária progressiva: Consolidação TB secundária: Cavitação Tratamento Os antibióticos utilizados no tratamento da TB interferem na maquinaria enzimática ou bloqueiam a síntese de algum metabólito essencial à sobrevivência do bacilo. Os fármacos só atuam onde existe metabolismo, ou seja, onde a infecção está ativa, e não latente. Estes serão destruídos pelosistema imunológico do indivíduo. É por conta dos bacilos latentes e dos que vivem em locais com pouco oxigênio no organismo, que o tratamento da tuberculose precisa ser longo. Existem duas fases no tratamento da TB: a fase intensiva e a fase de manutenção. A fase intensiva tem o objetivo de diminuir a população bacilar consideravelmente, incluindo os resistentes. Já a fase de manutenção visa à eliminação de bacilos latentes ou persistentes e a diminuição da chance de recidiva. São 4 fármacos principais: RIPE/RHZE: rifampicina (R), isoniazida (I/H), pirazinamida (P/Z) e etambutol (E). No esquema básico é feito 2 meses de RHZE e 4 meses de RH Julia Paris Malaco – UCT16 Mecanismo de Ação dos medicamentos RHZE: A rifampicina bloqueia a transcrição, inibindo a síntese de RNA. Inibe especificamente a RNA-polimerase-DNA-dependente (DDRP) da bactéria sensível, cessando a síntese de proteínas da célula bacteriana. A isoniazida inibe a síntese do ácido micólico, componente essencial da parede celular das micobactérias. O exato mecanismo de ação pelo qual a pirazinamida inibe o crescimento da Mycobacterium tuberculosis é desconhecido; é tuberculostática em pH ácido e mostra-se eficaz contra microrganismos intracelulares em macrófagos. Etambutol é um agente anti-tuberculose que inibe o transporte dos ácidos micólicos na parede celular do bacilo da tuberculose. Também podem inibir a síntese de espermidina em micobactérias. A ação é geralmente bactericida, e pode penetrar as membranas celulares para exercer o seu efeito letal. Perda de peso X tuberculose A desnutrição pode conduzir ao comprometimento do sistema imunitário, que por sua vez afeta diversos mecanismos importantes, tais como a fagocitose, a imunidade mediada por células, a concentração de anticorpos e a produção de citocinas. Em contrapartida, em caso de infeção ocorre um aumento das necessidades nutricionais, frequentemente associada com a perda de peso corporal. A desnutrição compromete seletivamente a resposta imunitária mediada por células, devido a uma redução da expressão dos interferon-gama, do fator necrose tumoral alfa e outras substâncias micobactericidas que são importantes para limitar o desenvolvimento da TB. Uma vez que a imunidade mediada por células é a defesa mais importante contra a TB, um indivíduo desnutrido torna-se um alvo fácil para desenvolver TB ou para que uma TBL evolua para TBA. Enquanto a desnutrição tem um papel importante no desenvolvimento da TBA pulmonar, à obesidade é atribuído um papel protetor. Deste modo, quando se compara o risco de desenvolver TBA entre indivíduos classificados em diferentes categorias do índice de massa corporal (IMC), é possível observar uma associação inversa, independentemente do sexo, da idade e das alterações radiológicas. Quando a infecção se instala ocorrem interações complexas que resultam da resposta do ser humano à infecciosidade do microrganismo, sendo estas interações capazes de modular a resposta metabólica e a perda de peso. Dependendo da gravidade e/ou da duração do desequilíbrio nutricional, pode haver comprometimento do estado nutricional do paciente. Outro aspecto que, igualmente, deve ser considerado é a interação entre fármacos e nutrientes. Na sua presença, a droga pode não atingir níveis eficientes no sangue, seus efeitos podem ser prolongados pela absorção lenta ou, ainda, os fármacos podem causar depleção de nutrientes, conduzindo a deficiências nutricionais. Durante o desenvolvimento da TBA, o processo catabólico responsável pela perda de massa corporal é habitualmente anterior ao diagnóstico, o gasto energético em repouso está aumentado devido a um aumento da produção de citocinas com atividade lipolítica e proteolítica, o que eleva as necessidades energéticas básicas. Em paralelo, a ingestão alimentar tende a diminuir devido à presença de anorexia associada à doença. Estas alterações resultam em perda de peso com eventual perda de massa muscular, sempre que a ingestão alimentar não aumenta ou o gasto energético em repouso não diminui. A síntese protéica e a utilização de aminoácidos também podem estar inibidas devido à presença de citocinas pro-inflamatórias – “bloqueio anabólico”. Esta alteração no metabolismo é a que mais contribui para a perda de massa corporal, mais propriamente de massa muscular, onde a maior parte das proteínas provenientes da alimentação são usadas pelo organismo na oxidação e ganho de energia, não sendo canalizadas para a síntese endógena de proteínas Atuação do TNF alfa que pode induzir ao emagrecimento: o TNF-α causa anorexia, suprimindo centros de saciedade e a síntese de lipoproteína lípase, uma enzima que facilita a liberação de ácidos graxos pelas lipoproteínas, de modo a poderem ser utilizadas pelos tecidos. Julia Paris Malaco – UCT16 Atuação da IL-6 no emagrecimento: a IL-6 é a principal citocina envolvida na indução das proteínas de fase aguda e síntese de fibrinogênio. Alguns estudos têm mostrado que a IL-6 tem pequeno efeito sobre a proteólise muscular, embora seja capaz de estimular a gliconeogênese no fígado. Juntamente com outras citocinas, sozinhas ou combinadas é capaz de reduzir a ingestão alimentar e também interferir no balanço de energia. Todos estes mecanismos vão desencadear a síndrome de anorexia e caquexia. Prevenção: A vacina BCG (bacilo Calmette- Guérin), ofertada no Sistema Único de Saúde (SUS), protege a criança das formas mais graves da doença, como a tuberculose miliar e a tuberculose meníngea. Exames de imagem Há, basicamente, duas formas de apresentac ̧a ̃o da tuberculose nos pulmões: a primária (infecção inicial) e a pós-primária (de reativac ̧a ̃o). A resposta à infecção pelo M. tuberculosis é caracterizada na forma primária por infiltração polimorfonuclear e por rápida formação de necrose caseosa, seguida por fibrose mural, em um processo relativamente limitado em hospedeiros com imunidade preservada. Já nas formas pós-primárias, ao contrário das formas primárias, em que a cura é a regra, observa-se tendência para progressão da necrose e da inflamação, determinando maior destruição do tecido acometido e envolvimento de estruturas circunjacentes. A extensão desse acometimento determina o potencial de complicações e o grau de seqüela dos órgãos envolvidos. Tuberculose prima ́ria Tão logo o bacilo aloja-se no pulmão, inicia-se um processo inflamatório, cuja expressão radiológica é um nódulo ou consolidação alveolar, havendo rápida disseminação aos linfonodos do hilo e eventualmente do mediastino. À associação do nódulo ou consolidação pulmonar com linfadenomegalia no hilo pulmonar dá-se o nome de complexo primário. O complexo primário é, em geral, assintomático ou oligossintomático, evoluindo para cura espontânea na maioria dos casos. Em uma minoria, a doença se desenvolverá. Tanto na radiografia simples como na TC, o achado típico da tuberculose primária é de consolidação lobar ou segmentar, mais comum no lobo médio ou nos lobos inferiores (pode acometer virtualmente qualquer lobo), acompanhada de linfadenomegalias hilares e/ou mediastinais (estas nem sempre visíveis na radiografia). As linfadenomegalias são mais comuns em crianças (90-95%) do que em adultos (10-30%) e podem estar presentes mesmo sem haver alterações pulmonares. Geralmente, associa-se à hipodensidade central, sinal que indica necrose/liquefação em doenc ̧a tuberculosa ativa. Outros achados mais raros na tuberculose primária incluem disseminação hematogênica (inclusive com disseminação miliar nos pulmões, discutida adiante) e derrame pleural. Depois da infecção,pode ser encontrado um pequeno nódulo pulmonar calcificado (conhecido como no ́dulo de Ghon) ou linfonodos hilares e/ou mediastinais calcificados (que, associados ao no ́dulo de Ghon, recebem o nome de complexo de Ranke). Tais alterações são sequelares. Após a infecção primária, o paciente pode manter bacilos latentes viáveis por anos e eventualmente desenvolver no futuro a forma pós-primária. Julia Paris Malaco – UCT16 Tuberculose po ́s-prima ́ria Tipicamente, a doença predomina na região ápico-posterior dos pulmões, mais especificamente nos segmentos apicais e posteriores dos lobos superiores e segmentos superiores dos lobos inferiores, em que há maior teor de oxigênio e menor drenagem linfática. Frequentemente, o acometimento é assimétrico entre os pulmões. A disseminação da infecção ocorre pela via broncogênica, e escavação pulmonar é comum, apesar de nem sempre estar presente. O acometimento linfonodal é mais raro. Na radiografia simples, os principais achados de imagem são consolidações de limites mal definidos, nódulos e opacidades reticulares, que apresentam extensão variável, acometendo um ou ambos os pulmões. As cavidades são achados comuns, geralmente de paredes irregulares e sinuosas em meio às consolidações. A presença de nível hidroaéreo de etiologia tuberculosa é incomum, sendo mais frequentemente causado por infecção bacteriana superajuntada. Outras alterações menos comuns são as linfadenomegalias hilares e mediastinais e o derrame pleural, presentes apenas na minoria dos casos. Muitas vezes, os achados são acompanhados de alterações crônico-cicatriciais, como calcificações, distorção arquitetural e redução volumétrica do lobo acometido. Na TC, os achados mais freqüentes são as opacidades acinares e os micro nódulos centro- lobulares, tipicamente com aspecto de “a ́rvore em brotamento”, presentes em ate ́ 95% dos pacientes. Tais opacidades tendem a confluir em consolidações maiores, com alta propensão à escavação, presente em pelo menos 50% dos casos. A escavação permite o acesso dos bacilos a ̀ luz brônquica, podendo se disseminar para outras regiões dos pulmões e também para outros hospedeiros. Outro achado da tuberculose pós-primária são os nódulos, conhecidos por tuberculomas. Podem ser solitários ou múltiplos e podem ser o único achado ou virem acompanhados das demais alterações da doença. A diferenciac ̧a ̃o entre tuberculomas e neoplasias pulmonares pode ser difi ́cil, muitas vezes só elucidada via controle evolutivo ou biópsia. Alterações decorrentes de fibrose, caracterizadas por bandas parenquimatosas, opacidades reticulares, distorção arquitetural, bronquiectasias e enfisema para-cicatricial podem ser identificadas. É também comum a simultaneidade de alterações inflamatórias agudas e cicatriciais, traduzindo o caráter temporalmente heterogêneo da doença, em que áreas de cicatriz ou fibrose co-existem com novos focos de atividade da doença. Pode ocorrer derrame pleural em ate ́ 18% dos casos. Pneumotórax e linfadenopatias são vistos apenas em 5% dos pacientes. Tuberculose miliar Também conhecida como tuberculose disseminada, esta forma ocorre quando há disseminação hematogênica do bacilo da tuberculose, formando múltiplos granulomas menores que 5,0 mm difusos pelos pulmões. A radiografia de to ́rax pode ser normal no ini ́cio do quadro, demonstrando os pequenos nódulos pulmonares difusos cerca de 3 a 6 semanas após a disseminação hematogênica. A TC demonstra a doença antes da radiografia, com o aspecto típico de múltiplos pequenos nódulos (entre 0,1 e 0,4 cm) não calcificados, Julia Paris Malaco – UCT16 disseminados de maneira randômica em todos os campos pulmonares, bilaterais, com leve predomínio médio-basal (presente em até 85% dos casos). p
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