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@resumosdamed_ 1 MACROSCOPIA E MICROSCOPIA DAS ÁREAS CORTICAIS RELACIONADAS COM A MOTRICIDADE IDENTIFICAR A ÁREA MOTORA PRIMÁRIA OU GIRO PRÉ- CENTRAL (ÁREA 4 DE BRODMANN) E CONHECER SUA FUNÇÃO: A motricidade voluntária só é possível porque as áreas corticais que controlam o movimento recebem constantemente informações sensoriais. A decisão de executar um determinado movimento depende da integração entre os sistemas sensoriais e motor. Um simples ato de alcançar um objeto exige informação visual para localizar o objeto no espaço e informação proprioceptiva para criar a representação do corpo no espaço, possibilitando que comandos adequados sejam enviados ao membro superior. O processamento sensorial tem como resultado uma representação interna do mundo e do corpo no espaço, e o planejamento do ato motor inicia-se a partir de uma destas representações. O objetivo do movimento é determinado pelo córtex pré-frontal, que passa sua decisão às áreas motoras do córtex, que são: a área motora primária (Ml) e as áreas secundárias pré-motora e motora suplementar. CONHECER AS PRINCIPAIS CONEXÕES AFERENTES DA ÁREA MOTORA PRIMÁRIA: A área motora primária (MI) ocupa a parte posterior do giro pré- central, correspondente à área 4 de Brodmann. Do ponto de vista citoarquitetural, é um isocórtex heterotípico agranular caracterizado pela presença das células piramidais gigantes ou células de Betz. A área 4 é a que tem o menor limiar para desencadear movimentos com a estimulação elétrica, e determina movimentos de grupos musculares do lado oposto. Do mesmo modo, focos epilépticos situados na área 4 causam movimentos de grupos musculares isolados, podendo se estender progressivamente a outros grupos, à medida que o estímulo se propaga. Com auxílio desses dois métodos, estimulação elétrica e observação de casos de epilepsia focal, foi possível mapear o córtex motor primário de acordo com a representação das diversas partes do corpo, ou seja, foi possível fazer sua somatotopia. Essa somatotopia corresponde à já descrita para a área somestésica e pode ser representada por um homúnculo de cabeça para baixo. @resumosdamed_ 2 É interessante notar a grande extensão da área correspondente à mão, quando comparada com as áreas do tronco e membro inferior. Isso mostra que a extensão da representação cortical de uma parte do corpo, na área 4, é proporcional não a seu tamanho, mas à delicadeza dos movimentos realizados pelos grupos musculares nela representados. Esta organização somatotópica pode sofrer modificações decorrentes do aprendizado e de lesões. As principais conexões aferentes da área motora são com o tálamo, através do qual recebe informações do cerebelo e dos núcleos da base, com a área somestésica e com as áreas pré-motora e motora suplementar. Por sua vez, no homem, a área 4 dá origem a grande parte das fibras dos tratos corticoespinhal e corticonuclear, principais responsáveis pela motricidade voluntária, especialmente na musculatura distai dos membros. CONHECER A DISTRIBUIÇÃO SOMATOTÓPICA DO HOMÚNCULO MOTOR SEGUNDO PENFIELD E RASMUSSEN: O homúnculo motor ou o córtex motor primário está localizado ao lado do homúnculo sensorial. Está localizado exatamente no sulco central do córtex frontal. Esta área é a mais importante para o funcionamento motor do nosso corpo. Em colaboração com outras áreas, como o córtex motor suplementar e levando em conta as referências recebidas do tálamo, elabora e executa os movimentos motores do nosso corpo. É por isso que a sua aparência é ligeiramente diferente da do homúnculo sensorial: a sua boca, os seus olhos e especialmente as suas mãos são enormes devido à maior especificidade na localização dos receptores e dos nervos motores. https://amenteemaravilhosa.com.br/nascemos-destros-comum-ser-canhoto/ @resumosdamed_ 3 IDENTIFICAR AS ÁREAS DE ASSOCIAÇÃO SECUNDÁRIAS MOTORAS E CONHECER SUA FUNÇÃO: ÁREA MOTORA SUPLEMENTAR (ÁREA 6 DE BRODMANN): A área motora suplementar ocupa a parte da área 6, situada na face medial do giro frontal superior. Suas principais conexões são com o corpo estriado, via tálamo, com a área motora primária e com a área pré-frontal. Assim como a área pré-motora, a função mais importante da área motora suplementar é o planejamento motor, de sequências complexas de movimentos, para o que são importantes suas amplas conexões aferentes com o corpo estriado, que também está envolvido neste planejamento motor. ÁREA PRÉ-MOTORA (ÁREA 6 DE BRODMANN): A área pré-motora localiza-se no lobo frontal, adiante da área motora primária 4, e ocupa toda a extensão da área 6 de Brodmann, situada na face lateral do hemisfério. É muito menos excitável que a área motora primária, exigindo correntes elétricas mais intensas para que se obtenham respostas motoras. As respostas obtidas são menos localizadas do que as que se obtêm por estímulo da área 4, e envolvem grupos musculares maiores, como os do tronco ou da base dos membros. Nas lesões da área pré-motora, esses músculos têm sua força diminuída (paresia), o que impede o paciente de elevar completamente o braço ou a perna. Através da via córtico-retículo-espinhal, que nela se origina, a área pré-motora coloca o corpo, especialmente a musculatura proximal dos membros, em uma postura básica preparatória para a realização de movimentos mais delicados, a cargo da musculatura distal dos membros. A área pré-motora integra o sistema de neurônios-espelhos e projeta-se, também, para a área motora primária e recebe aferências do cerebelo (via tálamo) e de várias áreas de associação do córtex. Entretanto, a função mais importante da área pré-motora está relacionada com planejamento motor. IDENTIFICAR A CÁPSULA INTERNA E SUAS PORÇÕES; CONHECER A FUNÇÃO E A SOMATOTOPIA EM RELAÇÃO À VIA PIRAMIDAL: @resumosdamed_ 4 O trato corticoespinhal da via piramidal é constituído por fibras originadas no córtex cerebral, que passam no bulbo em trânsito para a medula, ocupando as pirâmides bulbares. É, por isso, denominado também de trato piramidal. É motor voluntário. A cápsula interna contém a grande maioria das fibras que saem ou entram no córtex cerebral. Estas fibras formam um feixe compacto que separa o núcleo lentiforme, situado lateralmente, do núcleo caudado e do tálamo, situados medialmente. Acima do nível destes núcleos, as fibras da cápsula interna passam a constituir a coroa radiada. Distinguem-se, na cápsula interna, uma perna anterior, situada entre a cabeça do núcleo caudado e o núcleo lentiforme, e uma perna posterior, bem maior, localizada entre o núcleo lentiforme e o tálamo. Estas duas porções da cápsula interna encontram-se formando um ângulo que constitui o joelho da cápsula interna. Portanto, a cápsula interna é um importante conjunto de fibras de projeção do telencéfalo, que contém a maioria das fibras que entram ou saem do córtex cerebral. As fibras que se dirigem ao córtex vêm do tálamo, sendo denominadas radiações talâmicas. Já as fibras originadas no córtex formam os tratos descendentes (córtico-espinal, córtico-pontino e córtico-nuclear). A cápsula interna separa o tálamo, medialmente, do núcleo lentiforme (putamen + globo pálido), lateralmente. Acima do núcleo lentiforme se continua como coroa radiada e inferiormente, com a base do pedúnculo cerebral. Além disso, possui três partes: ramo anterior, ramo posterior e joelho. Ela é extremamente importante pois a maioria das fibras que entram ou saem do córtex passam por ela. É dividida em ramo anterior, joelho e ramo posterior. Separa o tálamo do núcleo caudado anteriormente e separa o tálamo do núcleo lentiforme, posteriormente. Lesões dessa área secundárias a obstrução de vasos ou hemorragias são frequentes (AVE) e podem causar hemiplegia e hemianestesiacontralateral. @resumosdamed_ 5 IDENTIFICAR A COROA RADIADA E ENTENDER A RELAÇÃO COM A CÁPSULA INTERNA: É um conjunto de fibras de projeção (ascendentes e descendentes) situadas acima do núcleo lentiforme, que conectam o córtex cerebral às partes inferiores do cérebro através da cápsula interna. IDENTIFICAR OS PEDÚNCULOS CEREBRAIS DIREITO E ESQUERDO E CONHECER A SOMATOTOPIA EM RELAÇÃO À VIA PIRAMIDAL: Os pedúnculos cerebrais são vistos ventralmente e aparecem com dois grandes feixes de fibras que surgem na borda superior da ponte e divergem cranialmente para penetrar profundamente no cérebro. Delimitam assim uma profunda depressão triangular, a fossa interpeduncular, limitada anteriormente por duas eminências pertencentes ao diencéfalo, os corpos mamilares. O fundo da fossa interpeduncular apresenta pequenos orifícios para a passagem de vasos, denominado substância perfurada posterior. @resumosdamed_ 6 As fibras do trato piramidal, após saírem do córtex cerebral, descem pela coroa radiada, passam pela perna posterior da capsula interna, ocupam a base do pedúnculo cerebral, a base da ponte e as pirâmides na base do bulbo. Pelo fato de suas fibras ocuparem as pirâmides do bulbo, recebeu o mesmo o nome de trato piramidal. IDENTIFICAR OS NÚCLEOS TALÂMICOS RELACIONADOS COM A MOTRICIDADE EM RELAÇÃO À VIA PIRAMIDAL E COMPREENDER AS RADIAÇÕES TALÂMICAS: NÚCLEO VENTRAL ANTERIOR: Recebe a maioria das fibras, que, do globo pálido, se dirigem para o tálamo. Projeta-se para as áreas motoras do córtex cerebral e tem função ligada ao planejamento e execução da motricidade somática. Além disso, envia informações processadas no globo pálido (núcleo da base) para o córtex motor do cérebro, no giro pré- central. NÚCLEO VENTRAL LATERAL: Também chamado ventral intermédio, recebe as fibras do cerebelo e projeta-se para as áreas motoras do córtex cerebral. Integra, pois, a via cerebelo-tálamo-cortical. Além disto, o núcleo ventral lateral recebe parte das fibras que do globo pálido se dirigem ao tálamo; também relacionado com controle da motricidade. Recebe fibras do globo pálido e do cerebelo (via cerebelo-tálamo-cortical) e as envia para o córtex motor do cérebro. @resumosdamed_ 7 IDENTIFICAR E CONHECER AS FUNÇÕES DOS NÚCLEOS DA BASE (NB): Os NB são constituídos por massas de substância cinzenta (núcleos) situadas no interior do centro branco medular do cérebro que é a @resumosdamed_ 8 substância branca do telencéfalo. Originalmente, considerava-se, do ponto de vista estritamente anatômico, apenas cinco NB: o núcleo caudado, o putâmen, o globo pálido, o corpo amidalóide e o claustro. Dessas estruturas, apenas duas não se relacionam diretamente com a função motora: o corpo amidalóide (relacionado com o comportamento emocional e a memória) e o claustro (de função desconhecida, embora se especule que esteja relacionado com função visual). O putâmen e o globo pálido constituem o núcleo lentiforme e esse, juntamente como o núcleo caudado forma o chamado corpo estriado. O corpo estriado ventral é constituído por três estruturas: a substância inominada, o núcleo accubems e o tubérculo olfatório. A substância inominada situa-se na base do cérebro, superiormente ao trígono olfatório e à substância perfurada anterior e ventralmente ao globo pálido e à comissura anterior. O núcleo accumbens localiza-se em posição anterior e ventral no cérebro, inferiormente ao putâmen (mais especificamente na porção em que ele se liga à cabeça do núcleo caudado) e superiormente à substância perfurada anterior. O tubérculo olfatório é uma pequena eminência situada posteriormente ao trigono olfatório e anteriormente à porção substância perfurada anterior. O corpo estriado dorsal é dividido em neostriado ou striatum, formado pelo núcleo caudado e o putâmen, e o paleostriado ou pallidum, constituído pelo globo pálido. Já o corpo estriado ventral divide-se em striatum ventral ou estriado ventral, formado pelo núcleo accubems e o tubérculo olfatório, e pallidum ventral ou pálido ventral que corresponde à substância inominada. NÚCLEOS DO TELENCÉFALO (CORPO ESTRIADO – NÚCLEO CAUDADO, PUTAME, GLOBO PÁLIDO MEDIAL E PÁLIDO LATERAL): CORPO ESTRIADO: Situado lateralmente ao tálamo, encontra-se a cápsula interna que, por sua vez separa o núcleo lentiforme do núcleo caudado. Corpo estriado é o termo utilizado para definir o núcleo caudado e o putâmen (uma das três estruturas que formam o núcleo lentiforme), interligados funcionalmente. A designação estriado deve-se ao fato de que fibras estriadas atravessam a cápsula interna para interconectar o caudado ao putâmen. NÚCLEO CAUDADO: Em forma de C, intimamente relacionado aos ventrículos laterais, lateralmente ao tálamo. O núcleo caudado é subdividido em cabeça, corpo e cauda. Por vezes refere-se aos núcleos caudados e putâmen como neo-estriado ou estriado (striatum), por conta da conexão fisiológica que há entre ambos. O corpo estriado ventral defini-se como núcleo accumbens. A cauda do núcleo caudado possui uma estrutura arredondada pertencente ao sistema límbico denominado corpo amigdalóide. NÚCLEO LENTIFORME: Separado do núcleo caudado e do tálamo pela cápsula interna. O núcleo lentiforme é composto por três estruturas a serem estudadas: putâmen (mais escurecido), globo pálido (mais claro devido ao @resumosdamed_ 9 grande número de fibras mielinizadas) lateral e globo pálido medial. Ao conjunto dos dois globos pálidos denominamos paleoestriado ou pallidum. A cápsula externa separa o claustrum do putâmen. Já o claustrum é separado da insula pela cápsula extrema. A função do claustrum é desconhecida. @resumosdamed_ 10 NÚCLEO DO DIENCÉFALO: NÚCLEO SUBTALÂMICO: As formações subtalâmicas só podem ser observadas em secções do diencéfalo, uma vez que não se relacionam com sua superfície externa ou com as paredes do III ventrículo. Estando situado na transição com o mesencéfalo, algumas estruturas mesencefálicas estendem-se até o subtálamo, como o núcleo rubro, a substância negra e a formação reticular, constituindo a chamada zona incerta do subtálamo. Contudo, o subtálamo apresenta algumas formações cinzentas e brancas que lhe são próprias, sendo a mais importante o núcleo subtalâmico. Este núcleo tem conexões nos dois sentidos com o globo pálido através do circuito pálido-subtálamo-palidal, importante para a regulação da motricidade somática. NÚCLEO DO MESENCÉFALO: SUBSTÂNCIA NEGRA: A substância negra do mesencéfalo e os núcleos subtalâmicos são intimamente relacionados aos núcleos da base. A substância negra comunica-se com o corpo estriado via neurônios dopaminérgicos (inibitórios). Já os núcleos subtalâmicos comunicam-se com o globo pálido e com a substância negra através de neurônios glutaminérgicos, excitatórios. @resumosdamed_ 11 IDENTIFICAR A PONTE E O BULBO DO TRONCO ENCEFÁLICO, RECONHECENDO AS PIRÂMIDES BULBARES E A DECUSSAÇÃO DAS PIRÂMIDES E A SOMATOTOPIA EM RELAÇÃO À VIA PIRAMIDAL: O tronco encefálico localiza-se entre a medula e o diencéfalo, situando-se ventralmente ao cerebelo. Na sua constituição entram corpos de neurônios que se agrupam em núcleos e em fibras nervosas, que, por sua vez, se agrupam em feixes denominados tractos, fascículos ou lemniscos. Estes elementos da estrutura interna do tronco encefálico podem estar relacionados com relevos e depressões de sua superfície. Muitos dos núcleos do tronco encefálico recebem ou emitem fibras nervosas que entram na constituição dos nervos cranianos. Dos 12 pares de nervos cranianos, 10 fazem conexão no tronco encefálico. BULBO: É também conhecido por bulbo raquídeo ou medula oblonga. Tem a forma de um cone e é a parte mais caudal do troncoencefálico. Sua parte inferior está ligada à medula espinhal e a parte superior à ponte. Seu limite superior se encontra no nível do sulco bulbo-pontino (margem inferior da ponte) e seu limite inferior se encontra no nível do forame magno. O bulbo recebe informações de vários órgãos do corpo, controlando as funções autônomas, chamadas de vida vegetativa, como: batimentos cardíacos, respiração, pressão do sangue, reflexos de salivação, tosse, espirro e o ato de engolir. De cada lado da fissura mediana anterior existe uma eminência denominada pirâmide, formada por um feixe compacto de fibras nervosas descendentes que ligam as áreas motoras do cérebro aos neurônios motores da medula. Este trato é chamado de trato piramidal ou trato córtico-espinhal. Na parte caudal do bulbo, as fibras deste trato cruzam obliquamente o plano mediano e constituem a decussação das pirâmides. É devido à decussação das pirâmides que o hemisfério cerebral direito controla o lado esquerdo do corpo e o hemisfério cerebral esquerdo controla o lado direito. Por exemplo: em uma lesão encefálica à direita, o corpo será acometido em toda sua metade esquerda. PONTE: É a parte do tronco encefálico interposto entre o bulbo e o mesencéfalo. Está situada ventralmente ao cerebelo e repousa sobre a parte basilar do osso occipital e o dorso da sela túrcica do esfenoide. Sua base situada ventralmente apresenta uma estriação transversal em virtude da presença de numerosos feixes de fibras transversais que a percorrem. Estas fibras convergem de cada lado para formar um volumoso feixe, o pedúnculo cerebelar médio, que se penetra no hemisfério cerebelar correspondente. Considera-se como limite entre a ponte @resumosdamed_ 12 e o pedúnculo cerebelar médio (braço da ponte) o ponto de emergência do nervo trigêmeo (V par craniano). Esta emergência se faz por duas raízes, uma maior, ou raiz sensitiva do nervo trigêmeo, e outra menor, ou raiz motora do nervo trigêmeo. COMPREENDER TODO O TRAJETO DAS VIAS PIRAMIDAIS ATÉ A MEDULA ESPINAL IDENTIFICANDO OS TRATOS CORTICOSPINAL ANTERIOR E LATERAL EM CORTES TRANSVERSAIS DA MEDULA ESPINAL E COMPREENDER A SUA DISTRIBUIÇÃO SOMATOTÓPICA NOS FUNÍCULOS LATERAL E ANTERIOR E NA COLUNA ANTERIOR DA MEDULA ESPINAL: TRATOS CORTICOESPINHAIS: Unem o córtex cerebral aos neurônios motores da medula. Um terço de suas fibras originam-se na área 4, área motora primária, um terço na área 6, áreas pré-motoras e motoras suplementares, e um terço no córtex somatossensorial, que contribui para a regulação do fluxo de informação sensorial na coluna posterior. As fibras têm o seguinte trajeto: área 4 (maioria), coroa radiada, perna posterior da cápsula interna, base do pedúnculo cerebral, base da ponte e pirâmide bulbar. No nível da decussação das pirâmides, uma parte das fibras continua ventralmente, constituindo o trato corticoespinhal anterior. Outra parte cruza na decussação das pirâmides para constituir o trato corticoespinhal lateral. As fibras do trato corticoespinhal anterior ocupam o funículo anterior da medula e, após cruzamento na comissura branca, terminam em relação com os neurônios motores contralaterais, responsáveis pelos movimentos voluntários da musculatura axial. Ele pertence, pois, ao sistema antero-medial da medula. Na maioria das pessoas, ele só pode ser individualizado até os níveis torácicos médios. O trato corticoespinhal lateral é o mais importante, pois ocupa o funículo lateral ao longo de toda a extensão da medula e suas fibras influenciam os neurônios motores da coluna anterior de seu próprio lado. Na maioria dos mamíferos, as fibras motoras do trato corticoespinhal lateral terminam na substância cinzenta intermédia, fazendo sinapses com interneurônios, os quais, por sua vez, se ligam aos motoneurônios da coluna anterior. Nos primatas, inclusive no homem, além dessas conexões indiretas, um número significativo de fibras corticoespinhais faz sinapse diretamente com os neurônios motores alfa e gama. Convém lembrar que nem todas as fibras do trato corticoespinhal são motoras. Um número significativo delas, originadas na área somestésica do córtex, termina na coluna posterior e estão envolvidas no controle dos impulsos sensitivos. Sem dúvida, entretanto, a principal função do trato corticoespinhal lateral é motora somática. A maioria de suas fibras termina em relação com neurônios motores que controlam a musculatura distal dos membros e é o principal feixe de fibras responsáveis pela motricidade voluntária no homem, e pertence ao sistema lateral da medula. Entretanto, ao contrário do que se admitia até há alguns anos, esta função é exercida também pelo trato rubroespinhal, que age sobre a musculatura distal dos membros, e pelos tratos reticuloespinhais, que agem sobre a musculatura axial e proximal dos membros. Entende-se, pois, que, em virtude desta ação compensadora desses dois tratos, as lesões do trato corticoespinhal lateral não causam quadros de hemiplegia como se acreditava, e @resumosdamed_ 13 os déficits motores que resultam dessas lesões são relativamente pequenos. Há fraqueza muscular (paresia) e dificuldade de contrair voluntariamente os músculos com a mesma velocidade com que poderiam ser contraídos em condições normais. A fraqueza muscular pode ser muito pronunciada logo após a lesão, mas regride consideravelmente com o tempo. Entretanto, o sintoma mais evidente, e do qual os doentes não se recuperam, é a incapacidade de realizar movimentos independentes de grupos musculares isolados (perda da capacidade de fracionamento). Assim, os doentes, ou os macacos, no caso de lesões experimentais, não conseguem mover os dedos isoladamente e não fazem mais oposição entre os dedos polegar e indicador. Desse modo, movimentos delicados, como os de abotoar uma camisa, tornam-se impossíveis. A capacidade de realizar movimentos independentes dos dedos é uma característica exclusiva dos primatas, que se deve à presença de fibras do trato corticoespinhal que se ligam diretamente aos neurônios motores. A função de possibilitar tais movimentos pode, pois, ser considerada como a função mais importante do trato corticoespinhal nos primatas, principalmente porque é exercida exclusivamente por ele e, desse modo, em casos de sua lesão, não pode ser compensada por outros tratos. Além dos déficits motores descritos, a lesão do trato corticoespinhal dá origem, também, ao sinal de Babinski, reflexo patológico que consiste na flexão dorsal do hálux quando se estimula a pele da região plantar. @resumosdamed_ 14 COMPREENDER O TRATO CORTICONUCLEAR OU CORTICOBULBAR E SUA RELAÇÃO COM OS NERVOS CRANIANOS: O trato corticonuclear tem o mesmo valor funcional do trato corticoespinhal, diferindo deste principalmente pelo fato de transmitir impulsos aos neurônios motores do tronco encefálico e não aos da medula. Assim, o trato corticonuclear põe sob controle voluntário os neurônios motores situados nos núcleos motores dos nervos cranianos. As fibras do trato corticonuclear originam-se principalmente na parte inferior da área 4 (na região correspondente à representação cortical da cabeça), passam pelo joelho da cápsula interna e descem pelo tronco encefálico, associadas ao trato corticoespinhal. À medida que o trato corticonuclear desce pelo tronco encefálico, dele se destacam feixes de fibras que terminam nos neurônios motores dos núcleos da coluna eferente somática (núcleos do III, IV, VI e XII) e eferente visceral especial (núcleo ambíguo, IX e X, e núcleo motor do V e do VII). Como ocorre no trato corticoespinhal, a maioria das fibras do trato corticonuclear faz sinapse com neurônios intemunciais situados na formação reticular, próximo aos núcleos motores, e estes, por sua vez, ligam-se aos neurônios motores. Do mesmo modo,muitas fibras desse trato terminam em núcleos sensitivos do tronco encefálico (grácil, cuneiforme, núcleos sensitivos do trigêmeo e núcleo do trato solitário), relacionando-se com o controle dos impulsos sensoriais. Embora as semelhanças entre os tratos corticoespinhal e corticonuclear sejam muito grandes, existe uma diferença entre eles que tem importância clínica: enquanto as fibras do trato corticoespinhal são fundamentalmente cruzadas, o trato corticonuclear tem grande número de fibras homolaterais. Assim, a maioria dos músculos da cabeça está representada no córtex motor dos dois lados. Essa representação bilateral é mais acentuada nos grupos musculares que não podem ser contraídos voluntariamente de um lado só, como os músculos da laringe e faringe, os músculos da parte superior da face (orbicular, frontal e corrugador do supercílio), os músculos que fecham a mandíbula (masseter, temporal e pterigoídeo medial) e os músculos motores do olho. Por esse motivo, tais músculos não sofrem paralisia quando o trato corticonuclear é interrompido de um só lado (por exemplo, em uma das cápsulas internas), como ocorre frequentemente nos acidentes vasculares cerebrais (“derrames” cerebrais). Entretanto, pode haver um ligeiro enfraquecimento dos movimentos da língua, cuja representação no córtex motor já é predominantemente @resumosdamed_ 15 heterolateral e uma paralisia dos músculos da metade inferior da face, cuja representação é heterolateral. Os neurônios motores do núcleo do nervo facial, responsáveis pela inervação dos músculos da metade inferior da face, recebem fibras corticonucleares do córtex do lado oposto, enquanto os responsáveis pela inervação dos músculos da metade superior da face recebem fibras corticonucleares do córtex dos dois lados. Esse fato permite distinguir as paralisias faciais centrais das periféricas. COMPREENDER OS CIRCUITOS MOTORES DIRETO E INDIRETO E AS VIAS SUBSIDIÁRIAS: CIRCUITO MOTOR: Origina-se nas áreas motoras do córtex e na área somestésica e projeta-se para o putâmen de maneira somatotópica, ou seja, para cada região do córtex há uma região correspondente no putâmen. A partir do putâmen, o circuito motor pode seguir por duas vias, direta e indireta. Ligado ao circuito motor há um circuito subsidiário, no qual o putâmen mantém conexões recíprocas com a substância negra. Este circuito é importante porque as fibras nigroestriatais são dopaminérgicas e exercem ação modulatória sobre o circuito motor. Esta ação é excitatória na via direta e inibitória na via indireta. O fato do mesmo neurotransmissor, dopamina, ter ações diferentes explica-se pelo fato de que no putâmen existem dois tipos de receptores de dopamina, Dl excitador e D2 inibidor. Nas duas vias o pálido medial mantém uma inibição permanente dos dois núcleos talâmicos resultando em inibição das áreas motoras do córtex. VIA DIRETA: Na via direta, a conexão do putâmen se faz diretamente com o pálido medial e deste para os núcleos ventral anterior (VA) e ventral lateral (VL) do tálamo de onde se projetam para as mesmas áreas motoras de origem. Além disso, nesta via, o putâmen inibe o pálido medial, cessa a inibição deste sobre o tálamo resultando ativação do córtex e facilitação dos movimentos. @resumosdamed_ 16 VIA INDIRETA: Já na via indireta, a conexão é com o pálido lateral que, por sua vez, projeta-se para o núcleo subtalâmico e deste para o pálido medial. Do pálido medial, seguido do tálamo e córtex como na via direta. Além disso, nesta via, a projeção excitatória do núcleo subtalâmico sobre o pálido medial aumenta a inibição deste sobre os núcleos talâmicos resultando em inibição do córtex e dos movimentos. A ação excitatória das fibras dopaminérgicas nigroestriatais sobre o putâmen também inibe o pálido medial, com efeito semelhante ao de via direta, ou seja, há ativação dos núcleos talâmicos, resultando ativação do córtex motor, com facilitação dos movimentos. COMPREENDER A CONSTITUIÇÃO E IMPORTÂNCIA FUNCIONAL DOS NEURÔNIOS: Os neurônios são as células responsáveis pela recepção e transmissão dos estímulos do meio (interno e externo), possibilitando ao organismo a execução de respostas adequadas para a manutenção da homeostase. Para exercerem tais funções, contam com duas propriedades fundamentais: a excitabilidade e a condutibilidade. Excitabilidade é a capacidade que permite a uma célula responder a estímulos, sejam eles internos ou externos. Portanto, excitabilidade não é uma resposta, mas a propriedade que torna a célula apta a responder. Essa propriedade é inerente aos vários tipos celulares do organismo. No entanto, as respostas emitidas pelos tipos celulares distintos também diferem umas das outras. A resposta emitida pelos neurônios assemelha-se a uma corrente elétrica transmitida ao longo de um fio condutor: uma vez excitados pelos estímulos, os neurônios transmitem essa onda de excitação – chamada de impulso nervoso – por toda a sua extensão em grande velocidade e em um curto espaço de tempo. Esse fenômeno deve-se à propriedade de condutibilidade. Os neurônios são considerados a unidade básica do sistema nervoso. Estas são as verdadeiras células condutoras do tecido nervoso, as responsáveis pela recepção e pela transmissão dos impulsos nervosos sob a forma de sinais elétricos. Estas células não têm a capacidade de se regenerar. Os neurônios são compostos pelo corpo celular ou pericário, dendritos e axônios. @resumosdamed_ 17 Pericário ou corpo celular: é nesta estrutura que se dá a síntese proteica, sendo também nesta aqui que ocorre a convergência das correntes eléctricas geradas na árvore dendrítica. Cada corpo celular neuronal contém apenas um núcleo que se encontra no centro da célula. É também nesta estrutura que estão alojadas todas as funções celulares em geral. Dendritos: são prolongamentos especializados em receber e transportar os estímulos das células sensoriais, dos axônios, e de outros neurônios. Possuem múltiplas ramificações e extremidades arborizadas, o que lhes dá a capacidade de receber múltiplos estímulos de vários neurônios de maneira simultânea. Axônios: são prolongamentos únicos especializados na condução de impulsos, que transmitem informações do neurônio para outras células (nervosas, musculares, glandulares). Normalmente existe apenas um único axônio em cada neurônio. Os neurônios podem ser divididos e classificados segundo algumas características particulares como a forma e a função. • Quanto à forma: ➢ Multipolares: possuem vários dendritos e um axônio. ➢ Bipolares: possuem um dendrito e um axônio. ➢ Pseudo-unipolares: apresentam próximo ao corpo celular, prolongamento único, mas este se divide em dois, dirigindo-se um ramo para a periferia e outro para o sistema nervoso central. • Quanto à função: ➢ Motores (eferentes): controlam órgãos efetores, como glândulas e fibras musculares. ➢ Sensoriais (aferentes): recebem estímulos do organismo ou do ambiente. ➢ Interneurônios: estabelecem conexões entre outros neurônios, formando circuitos complexos. ENTENDER AS SUBDIVISÕES DO CÓRTEX CEREBRAL E SEUS CONSTITUINTES: O córtex cerebral é formado por três grandes faces: • Face Súpero-Lateral; • Face Medial; • Face Inferior. Embora o córtex cerebral tenha faces, estas não são suaves devido ao seu desenvolvimento embrionário. As faces caracterizam-se por elevações ou dobras chamadas giros (circunvoluções) e depressões chamadas sulcos. Estes sulcos definem cada giro (circunvolução), @resumosdamed_ 18 enquanto que os grandes sulcos chamados fissuras limitam e dividem o córtex cerebral em quatro subdivisões principais, chamadas lobos, que são: • Lobo Frontal; • Lobo Parietal; • Lobo Temporal; • Lobo Occipital. Estes lobos são nomeadosde acordo com sua relação com os ossos do crânio. Assim, o lobo frontal é a parte que fica imediatamente profundamente ao osso frontal; junto ao osso parietal encontra-se o lobo parietal; o lobo temporal está próximo do osso temporal; e o lobo occipital encontra-se em relação com o osso occipital do crânio. Cada hemisfério possui três pólos: (1) Frontal, (2) Occipital e (3) Temporal; e três faces: (1) Súpero-lateral (convexa); (2) Medial (plana); e (3) Inferior ou base do cérebro (irregular), repousando anteriormente nos andares anterior e médio da base do crânio e posteriormente na tenda do cerebelo. SULCOS E GIROS: Sulco Lateral: é o sulco que separa o lobo frontal do lobo temporal. Ele é subdividido em ascendente, anterior e posterior. Sulco Central: separa o lobo parietal do frontal. O sulco central é ladeado por dois giros paralelos, um anterior, giro pré-central, e outro posterior, giro pós-central. As áreas situadas adiante do sulco central relacionam-se com a MOTRICIDADE, enquanto as situadas atrás deste sulco relacionam-se com a SENSIBILIDADE. Sulco Parieto-Occipital: situado no telencéfalo, na face medial, separando o lobo parietal do occipital. LOBOS: Os lobos cerebrais recebem o nome de acordo com a sua localização em relação aos ossos do crânio. Portanto, tem-se cinco lobos: Frontal, Temporal, Parietal, Occipital e o Lobo da Ínsula, que é o único que não se relaciona com nenhum osso do crânio, pois está situado profundamente no sulco lateral. NAS IMAGENS DE LÂMINA DE CÉREBRO IDENTIFICAR, COMPREENDER A CONSTITUIC ̧ÃO, LOCALIZAC ̧ÃO E IMPORTÂNCIA FUNCIONAL DAS SEGUINTES ESTRUTURAS: No córtex são encontradas 2 células da glia fundamentais: I. Astrócitos: são as maiores células da neuroglia. Apresentam prolongamentos citoplasmáticos terminando em pedicelos que envolvem os vasos sanguíneos (pés vasculares), além @resumosdamed_ 19 disso → formam uma barreira protetora entre a pia-máter e o tecido nervoso; dão suporte estrutural e funcional aos neurônios; e possuem capacidade proliferativa em cicatrizações após injúria. Obs: a íntima associação dos astrócitos e dos capilares encefálicos sugere papel na regulação do metabolismo encefálico. II. Micróglias: são as menores células gliais, possuindo ação fagocitária. Além disso, elas são apresentadoras de antígenos e secretoras de citocinas. No córtex cerebral existem neurônios, células neurogliais e fibras. As células da neuróglia cortical não têm nenhuma característica especial. Os neurônios e as fibras distribuem-se de vários modos, em várias camadas, sendo a estrutura do córtex cerebral muito complexa e heterogênea. Nisto difere, pois, do córtex cerebelar, que tem uma organização estrutural mais simples e uniforme em todas as áreas. Quanto à sua estrutura, distinguem-se dois tipos de córtex: isocórtex e alocórtex. No isocórtex existem seis camadas, o que não ocorre no alocórtex, cujo número de camadas varia, mas é sempre menor que seis. Cada uma dessas camadas tem papéis diferentes e varia em espessura relativa entre as diferentes regiões corticais (por exemplo, uma região somatossensorial como as áreas 1, 2 e 3 de Brodmann tem uma camada granular interna espessa em comparação com as suas camadas piramidais; uma região motora como a área 4 de Brodmann tem uma camada piramidal interna espessa em comparação com as suas próprias camadas de células granulares). As camadas celulares do córtex cerebral, de superficial para profunda, são: I. Camada Molecular (ou plexiforme): é uma camada de fibras, com dendritos apicais e aferentes não específicos; II. Camada Granular Externa: interneurônios para aferência não específicas; III. Camada Piramidal Externa: composta de células pequenas e médias, com eferências de associação curtas; IV. Camada Granular Interna: composta por interneurônios para aferências específicas; @resumosdamed_ 20 V. Camada Piramidal Interna (ou ganglionar): composta por células grandes com longas eferências de projeção ou associação; VI. Camada de Células Fusiformes (ou multiforme): composta por células de formato variável com longas eferências de projeção ou associação. A camada molecular, situada na superfície do córtex, é rica em fibras de direção horizontal e contém poucos neurônios. Nas demais camadas predomina o tipo de neurônio que lhes dá o nome. São três os principais neurônios do córtex: • Células Piramidais: têm um corpo celular cônico de mais de 30 µm de diâmetro, e um dendrito apical e muitos dendritos basais, bem como um axônio que deixa a base da célula para a substância branca. Estes neurônios formam as células eferentes do córtex cerebral. As células piramidais existem em todas as camadas, predominando, entretanto, nas camadas piramidal externa e interna, que são consideradas camadas predominantemente efetuadoras • Células Granulares: são pequenas células que têm um corpo celular redondo de menos de 10 µm de diâmetro. As células granulares servem como interneurônios, recebendo aferências de fibras corticais aferentes e fazendo sinapse com neurônios eferentes (isto é, células piramidais) do córtex cerebral. As células granulares existem em todas as camadas, mas predominam nas camadas granular interna e externa. • Células Fusiformes: possuem um axônio descendente, que penetra no centro branco medular, sendo, pois, células efetuadoras. Predominam na VI camada, ou camada de células fusiformes. @resumosdamed_ 21 REVER A VIA NIGROESTRIADA: A maioria dos neurônios dopaminérgicos localiza-se no mesencéfalo, em duas regiões muito próximas: a área tegmentar ventral, pertencente à formação reticular, e a substância negra, no qual origina-se a via nigroestriatal que termina no corpo estriado, sendo muito importante no controle da atividade motora. Na área tegmentar ventral origina-se a via dopaminérgica mesolímbica que se projeta para o núcleo accumbens, núcleos do septo e o córtex pré-frontal integrantes do sistema de recompensa ou de prazer do cérebro. Sua descoberta veio reforçar a chamada hipótese dopaminérgica da esquizofrenia, segundo a qual os sintomas psíquicos observados nessa doença resultariam de alterações na transmissão dopaminérgica para o sistema límbico e o córtex pré-frontal. Haveria uma hiperatividade na via dopaminérgica mesolímbica, tanto que a administração de drogas que bloqueiam os receptores dopaminérgicos tem efeitos benéficos sobre a doença. @resumosdamed_ 22 Comparando-se as áreas de projeção das vias dopaminérgicas com as já estudadas para as vias serotoninérgicas e noradrenérgicas, verifica-se que, enquanto estas se distribuem a quase todo o sistema nervoso central as vias dopaminérgicas têm distribuição bem mais restrita e localizada. Além das regiões descritas como tendo funções modulatórias, existem neurônios dopaminérgicos de distribuição mais restrita em várias partes do encéfalo, em especial no hipotálamo, onde estão envolvidos na regulação endócrina e autonômica. ANÁLISE CLÍNICA E PATOLÓGICA: SÍNDROMES PIRAMIDAIS: Por definição, o trato piramidal são todas as fibras que cursam longitudinalmente pela pirâmide bulbar, não importando seu local de origem no córtex cerebral ou destino final na medula. As células piramidais fazem parte de quase todo o córtex cerebral, mas apenas uma parte dos axônios dessas células passa pelas pirâmides bulbar. Portanto, as únicas lesões que provocariam uma síndrome piramidal pura seriam interrupções à passagem das fibras, onde as mesmas se encontram isoladas na pirâmide bulbar. PATOLOGIAS HIPOCINÉTICAS: DOENÇA DE PARKINSON: Caracteriza-se por três sintomas básicos: tremor, rigidez e bradicinesia. O tremor manifesta-se nas extremidades quando elas estão paradas,e desaparece com o movimento. A rigidez resulta de uma hipertonia de toda a musculatura esquelética. A bradicinesia manifesta-se por lentidão e redução da atividade motora espontânea, na ausência de paralisia. Há também grande dificuldade para dar-se início aos movimentos. Verificou-se que, na doença de Parkinson, a disfunção está na substância negra, resultando em diminuição de dopamina nas fibras nigroestriatais. Desse modo, cessa a atividade moduladora que essas fibras exercem sobre as vias direta e indireta, resultando em aumento da inibição dos núcleos talâmicos. A descoberta desse fato inspirou a terapêutica da doença de Parkinson, que visa aumentar o teor de dopamina nas fibras nigroestriatais. Tentativas para obter-se esse resultado através da administração de dopamina não obtiveram sucesso, pois essa amina só atravessa a barreira hematoencefálica em concentrações muito altas e tóxicas para o restante do @resumosdamed_ 23 organismo. Verificou-se, entretanto, que o isômero levógiro da diidroxifenilalanina (L-Dopa) atravessa a barreira, é captado pelos neurônios e fibras dopaminérgicas da substância negra e transformado em dopamina, o que causa melhora dos sintomas da doença de Parkinson. Baseado no que foi estudado sobre o circuito motor, pode-se compreender o que provavelmente ocorre na fisiopatologia dessa doença. A perda da aferência dopaminérgica para o estriado leva à diminuição de atividade da via direta, onde a dopamina tem ação excitatória, e ao aumento na via indireta, onde a dopamina tem ação inibitória. A diferença das ações da dopamina nos dois circuitos deve-se ao fato de que no circuito direto o receptor é D 1 ativador e no circuito indireto D2 inibitório, devido às diferentes ações da dopamina nas duas vias. Estas alterações levam ao aumento na atividade do pálido medial e consequente aumento da inibição dos neurônios talamocorticais, ocasionando os sintomas hipocinéticos característicos da doença. Na doença de Parkinson, em relação à via indireta, ocorre excessiva atividade do núcleo subtalâmico, o que parece ser um fator importante na produção dos sintomas. Por isso, a lesão desse núcleo, reduzindo a excitação excessiva do pálido medial, melhora os sinais de parkinsonismo. Resultados similares podem ser obtidos lesando-se, por cirurgia estereotáxica, o pálido medial. PATOLOGIAS HIPERCINÉTICAS: COREIAS DE SYDENHAM E HUNTINGTON: Coreia são movimentos involuntários, irregulares, sem finalidade, não rítmicos, abruptos, rápidos, não mantidos, erráticos, caracterizados por um fluxo de movimentos de uma parte do corpo para outra, que se repete com intensidade e topografiavariáveis. Tem-se como exemplo clássico das coreias a doença de Huntington. Trata-se de uma enfermidade neurodegenerativa, de natureza genética, causada por uma mutação localizada no cromossomo 4, com o desenvolvimento de atrofia no nível do corpo estriado, particularmente da cabeça do núcleo caudado. Outro exemplo de coreia é a coreia de Sydenham, de origem autoimune, que pode ocorrer na febre reumática e pode ser o primeiro sintoma da coreia. Um tumor ou infarto no estriado (caudado ou putâmen) pode causar coreia unilateral aguda (hemicoreia). A coreia de Sydenham é uma coreia decorrente de infarto do núcleo caudado geralmente diminuem com o tempo sem tratamento. Nas coreias, ocorre a perda de função da via inibitória entre o putâme e o segmento lateral do globo pálido, provocando uma excessiva atividade inibitória dessa estrutura sobre o núcleo subtalâmico; a consequência é uma redução do seu tônus excitatório sobre o segmento medial do globo pálido e a pars reticulata e, finalmente, uma redução da ação inibitória do tálamo sobre o córtex cerebral motor, provocando, assim, a ocorrência de movimentos involuntários anormais excessivos definidos como coreia. ATETOSES: @resumosdamed_ 24 É um termo que descreve um tipo particular de movimento comum a pessoas com condições como a doença de Huntington e outras que afetam o sistema nervoso central. O movimento atético é lento e sinuoso, e afeta principalmente os braços, pernas, mãos e pés. BALISMOS: Define-se balismo como um movimento involuntário do tipo coreico, de grande amplitude, afetando os membros, que ocorre sobretudo unilateralmente. O balismo, particularmente a sua forma lateralizada (que ocorre em um dimídio, conhecida como hemibalismo), é considerado o único distúrbio do movimento hipercinético que apresenta uma área específica de lesão nos GB, que é o núcleo subtalâmico. Desse modo, perde-se a ação excitatória do núcleo subtalâmico sobre o segmento medial do globo pálido e apars reticulata, e, consequentemente, vai existir uma redução da ação talâmica sobre o córtex motor, facilitando a ocorrência do movimento involuntário anormal. Lesão na substância negra: Doença de Parkinson (hipocinesia). Lesão no núcleo subtalâmico (glopo pálido): Balismos (hipercinesia). Lesão nos núcleos da base: Coreia e Atetose. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. MACHADO, A. Neuroanatomia funcional, 3ª.edição.Atheneu. São Paulo, 2013. 2. NETTER, F. H. Atlas de anatomia humana. 5ª.edição. Elsevier. São Paulo, 2011. 3. MENESES, Murilo S.. Neuroanatomia aplicada. 3. ed ed. Rio de Janeiro: , 2016.
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