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HEMORRAGIAS DA SEGUNDA METADE - Inserção baixa da placenta ou placenta prévia (IBP) - Descolamento prematuro da placenta (DPP) - Ruptura uterina - Vasa prévia INSERÇÃO BAIXA DA PLACENTA É a placenta que, na 2a metade, se insere parcial ou totalmente no segmento inferior do útero, e acaba obstruindo a saída do bebê. Pode ser chamada de placenta prévia. Na primeira metade, é chamada de inserção baixa de placenta. A região ístmica se alonga a partir de 8 a 12 semanas até 16 semanas. O istmo é incorporado no corpo uterino, no segmento inferior. A placenta se insere normalmente na região fúndica, anterior ou até ístmica, mas quando ela se insere totalmente no istmo, a indicação é de cesárea. Incidência: 0,3% ou 1:300/400 partos, em 50% dos exames de USG entre 16 a 20 semanas pode ser diagnosticada, 90% tem implantação normal ao repetir o exame depois de 30 semanas, neste caso, indicar evitar relações sexuais. Caso haja confirmação de placenta prévia deve-se fazer cesárea. Fatores de risco: - Multiparidade - Idade - Cesárea anterior → devido a cicatriz que permanece na região ístmica do útero - IBP anterior - Gestação múltipla - Curetagens prévias → mesmo motivo da cesárea, formação de sinéquias - Extração manual - Miomatose e adenomiose - Tabagismo Etiopatogenia: - Não é totalmente conhecida. - Primitiva: Hipomaturidade do ovo e impropriedade do terreno - Secundária: Crescimento inusitado da placenta, mega placenta. Fisiopatologia: - Sangramento ocorre quando modificações progressivas no colo uterino e segmento inferior exercem tração sobre a placenta - Coito e exame vaginal podem ser desencadeantes - Sangramento primariamente materno, ou seja, quando há sangramento sempre é primeiro a mãe que está sangrando e não o bebê. Condições associadas: - Acretismo placentários - TPP e prematuridade - Apresentações anômalas: dificilmente o bebê fica cefálico - RCIU: falta de suprimento sanguíneo suficiente. - Vasa prévia e inserção velamentosa de cordão - Embolia amniótica Classificação: - Lateral - não chega nem perto do orifício interno do útero - Marginal - chega mais perto do orifício interno do útero - Central: parcial ou total → indicação absoluta de cesárea. No geral, placenta prévia é indicação de cesárea Quadro clínico: - Sangramento indolor, vermelho vivo, de repetição, progressivo, geralmente ao final do 2o semestre. A medida que o tempo passa o volume sanguíneo vai sendo maior. - Sangramento sentinela: sempre aparece, mas para, mas reaparece e assim vai. - Frequente apresentações anômalas Diagnóstico: - Não fazer exame de toque se houver sangramento! → risco de aumentar o sangramento. O primeiro exame físico é o exame especular, e aferir sinais vitais. - USG com doppler colorido: transabdominal e transvaginal (escolha) - Ressonância nuclear magnética: acretismo Diagnóstico diferencial: - Descolamento prematuro de placenta - Ruptura uterina - Ruptura de vasa prévia Conduta expectante: - Sangramento ausente: controle hematimétrico, controle da vitalidade, evitar relações sexuais e exercícios, corticóide (prevenção de imaturidade pulmonar) - Sangramento presente: internação, controle hematimétrico, controle da vitalidade fetal, imunoglobulina anti-D (Rh-) e corticóide e alta. - Abaixo de 32 semanas ainda faz-se, além da maturidade pulmonar, a proteção neurológica com sulfato de magnésio. Conduta resolutiva: - Maturidade fetal presente ou com 34 semanas - Comprometimento de vitalidade fetal - Sangramento materno de grave intensidade *Via de parto: cesárea, sob anestesia geral (preferencialmente). Sempre com placenta prévia, deve-se entrar em cirurgia preparado para realizar histerectomia se necessário. Já deixa reserva de sangue preparada e dois acessos calibrosos prontos. Morbidade: - Hemorragia materna - Complicações operatórias - Hemotransfusão - Acretismo placentário - Prematuridade DESCOLAMENTO PREMATURO DA PLACENTA (DPP) É a separação da placenta normalmente inserida de forma abrupta antes do nascimento. A placenta só deve descolar da parede uterina depois que o bebe nasce, quando isso acontece de forma prematura caracteriza uma emergência obstétrica, pois causa sangramento recorrente podendo levar a óbito fetal e materno. Fatores de risco: - Antecedente de DPP: risco de 10 a 15x maior - Hipertensão (eclâmpsia): risco 5x maior - Drogas (cocaína, crack) - Trauma - Sobredistensão uterina - Tabagismo - RPMO (bolsa rota) Etiopatogenia: - Causas traumáticas - Causas não traumáticas Fisiopatologia: - Alterações uterinas: hipertonia reflexa (tônus pode atingir 40 mmHg) → colapso venoso > diminuição do fluxo > aumento da pressão intra venosa > estase > ruptura dos vasos > maior descolamento. *Grandes chances de histerectomia - Apoplexia miometrial (útero de Couvelaire): dissociação e necrose → aspecto marmóreo no útero - Alterações na coagulação: coagulação intravascular disseminada (CIVD) → consequência: passagem de tromboplastina na circulação materna, aumento do consumo dos fatores de coagulação - Alterações renais: necrose tubular aguda e necrose cortical → choque, liberação de serotonina - Alterações hipofisárias: síndrome de Sheeran Diagnóstico laboratorial: - Aumento de TP (aumento do INR) e TTPA - Aumento de D-dímero - Hipofibrinogenemia - Anemia microangiopática Quadro clínico: - Sangramento único, doloroso, episódio único, forte intensidade - Muita dor - Hipertonia uterina - Comprometimento de vitalidade fetal - Clínico: sangramento, dor, tônus uterino aumentado - Fazer USG é perda de tempo, partir para o parto - Laboratorial: hematimetria, tipo sanguíneo, prova de coagulação → cesárea Classificação: - Grau I: leve, coágulo retroplacentário, muitas vezes identificado no parto. Não chegou ter quadro de dor, nem sangramento importante - Grau II: abdome tenso e dolorido, sangramento maior, útero com tônus aumentado, mas o feto segue vivo - Grau III: óbito fetal - III A: sem coagulopatia (⅔) - III B: com coagulopatia - CIVD (⅓) Tratamento: - Medidas gerais: ABC, dois acessos venosos calibrosos, infusão de cristalóides (SF, RL), oxigenação (95%), amniotomía, Lab (Hb, Ht, tipo sanguíneo, prova de coagulação), reserva de sangue, monitorização fetal. - Grau I: feto vivo → resolução obstétrica imediata, via de parto mais rápida (normalmente cesárea) - Grau II: feto vivo → resolução imediata. Via de parto mais rápida (o que normalmente acontece é via alta de parto). - Grau III: óbito fetal → resolução obstétrica: não necessariamente cesárea, deve-se fazer avaliação clínica da mãe. Realizar a correção da coagulopatia, se necessário. RUPTURA UTERINA Causas: - Incisão de cesárea anterior é a razão mais comum para deiscência da cicatriz - Outras causas: curetagem uterina anterior ou perfuração, uso inapropriado de ocitócico e trauma. Fatores de risco: - Cirurgia uterina anterior - Anomalia uterina congênita - Hiperdistensão uterina - Neoplasia trofoblástica gestacional - Adenomiose - Corioamnionite - Anomalia fetal - Aumento da pressão uterina - Dequitação dificultosa - Placenta increta ou percreta Quadro clínico: - Sangramento vaginal - Dor - Parada súbita das contrações → indica ruptura uterina. - Ausência de batimentos cardíacos fetais - Subida da apresentação - Partes fetais palpáveis no abdômen materno - Taquicardia grave e hipotensão Outros achados: - O achado mais frequente é a deterioração súbita do padrão dos batimentos cardíacos - Propedêutica: USG e RNM - Tratamento: deiscência assintomática de cicatriz → conduta expectante. Rotura sintomática (parto cesárea imediato) Síndrome de Bandl-Frommel: - Relacionado a obstrução do canal de parto - Iminência de ruptura uterina: contrações subentrantes, hipertonia uterina, sinal de Bandl (anel de constrição próximo a cicatriz umbilical), Sinal de Frommel: retesamento dos ligamentos redondos. Tratamento: - Medidas preventivas: acompanhamento criterioso do trabalho de parto em cesárea anterior. Uso cauteloso de ocitocina - Síndrome de Bandl-Frommel ou ruptura sintomática → CESÁREA IMEDIATAMorbidade: - Materna: hemorragia com anemia, ruptura de bexiga, histerectomia e óbito materno - Fetal: desconforto respiratório, hipóxia, acidemia, morte fetal (50 a 75%), morte neonatal. RUPTURA VASA PRÉVIA Na ruptura de vasa prévia quem sangra é o bebê. É um vaso do cordão ou da placenta que recobre o orifício do colo do útero que, quando rompe a bolsa, rompe o vaso e fica sangrando. É uma causa rara de hemorragia, ocorre em IBP, inserção velamentosa do cordão ou lobo sucenturiado (anexo da placenta). O diagnóstico pode ser feito anteparto, por amnioscopia, USG com doppler ou palpação dos vasos no exame vaginal. Testes: - Apt Test: baseado na resposta colorimétrica da hemoglobina fetal - Coloração de Wright do sangue vaginal: para células vermelhas nucleadas - Teste de Kleihauer-Betke: limitado pois apresenta demora de 2 dias Conduta: - Cesárea imediata se o padrão dos BCF não é tranquilizador - Administrar 10 a 20 ml/kg de solução salina em bolus para o bebê, se há sinais de choque no pós parto.
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